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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Limites atravessados e outras histórias #Pinheirinho

Ao mesmo tempo em que Alckmin ultrapassava o rubicão testando os limites da aceleração do fascismo, queimando pontes, ritos, imaginários, símbolos e percebendo ele mesmo que havia algo errado no reino da Dinamarca após o pega pra capar em cima de pobre no caso Pinheirinho, a esquerda se perguntava sobre a ultrapassagem dos limites da omissão de o pragmatismo do Governo Petista, de sua cúpula e dos limites de sua tática do "finge que não viu".

O ato contra Pinheirinho teve mais eco que o esperando e mais eco do que a fórmula de ocultamento das TVs e jornais conseguia conter.  A coisa "fedeu" como se diz no pitoresco lugarejo abaixo do viaduto de Madureira. Juntou-se novamente a esquerda, indignou-se novamente uma classe média que antes aceitava o fascismo à sua porta pela tranquilidade contra os maus elementos, emputeceu-se o populacho habitante dos "Pinheirinhos", irritou-se políticos cujos acordos foram desfeitos pela truculência, enfureceu-se juízes cujas decisões e disputas de competência forma ignoradas, destruíram-se igrejas e centros de macumba.

Há mais coisas rompidas e tratoradas que casas e o lumpem costumeiramente jogado para baixo do tapete no modus operandi urbanista Brasileño. Há silêncios, ritos, símbolos estuprados, cujos resultados são capazes de mudar o eixo da política recente a médio prazo.

Talvez o eixo moral e sensível nos torne fatalistas, tristes e ofendidos pela realidade. A indignação é alimentada disso, mas antes de mais nada precisamos de indignação e calma. Indignação pra construir a resistência e calma para ver, já que há muito para ver.

O Governo Alckmin rompeu limites tratados como cláusula pétrea da tradição politica Brasileira por seus pares, e isso não tem volta.  Também ultrapassou o limite da truculência desmontando símbolos da fé junto com casas e vidas pobres.  Causou um sentimento de raiva nas periferias e rompeu o diálogo com lideranças populares, mesmo as de direita, que por ventura construíram base político eleitoral para o PSDB em SJC, em São Paulo e quiça em todo o estado. Sem falar na relação com o judiciário cujas primas donas devem pensar no que fariam se um mísero governador ao não obedecer à suas decisões e rituais os trata-se como um.. morador de Pinheirinho.

Entre tantos rumos da cagada, Alckmin talvez já esteja pedindo desculpas sutis, que acho que não vão colar.

Por outro lado os limites do pragmatismo da esquerda e da "esquerda" foram postos mais que à prova,o grua de omissão que o Governo Federal assumiu jogou pro terra todo o esforço colocado em prática redução de danos de uma reintegração de posse na base da porrada e que deram na decisão judicial suspendendo a reintegração por 15 dias. Ao recuar no enfrentamento indignado da negligencia do Palácio dos Bandeirantes, o Governo Dilma não só se mostrou fraco como acirrou o tensionamento com a base partidária ligada a Movimentos sociais e ligadas a ideais socialistas. Em suma, Dilma se queimou com a esquerda e a cúpula do PT queimou pontes e acordos com sua base de esquerda e isso terá repercussões.

Os Movimentos Sociais então se sentem vendidos, já começam a se mobilizar com ações bem claras de demarcação disso. E não duvido rompimento definitivo com o Governo Federal ou um acirramento entre cúpula e base ao ponto de novos rachas. Não é pouca coisa a ação conjunta entre CSP- Conlutas e o MTST no Ministério da justiça, essa ação diz muito.

PSOL e PSTU se destacaram na questão toda tanto pelo pronto atendimento das demandas da população quanto pela persistência e equilíbrio na ação, isso ficou marcado ao ponto de analistas moderados os elogiarem.

Enfim a ação no Pinheirinho foi um divisor de águas, no que vai dar isso é cedo pra se dizer, mas existem  nortes aparecendo, e isso pode ser bom, por incrível que pareça para a esquerda. A questão toda apontou para uma união entre forças díspares  do âmbito da esquerda no que deve ocorrer: Na rua, na chuva, na fazenda.

Houve uma coordenação mínima de ação coletiva de forças da esquerda em vários campos, mas que no que devem convergir convergiram e atuaram com força, mesmo que sem poder impedir a crueldade. É preciso ter em mente que esta é a união que interessa e para além do eleitoral, o campo político mais importante, e não sermos tentados a um retorno da idade do ouro da união da esquerda  esta mitologia levada a cabo pelo politburo stalinista com o fim de reduzir a dissidência.

Por fim após mais uma tragédia que muito nos indigna é preciso estarmos atentos e forte, não temos tempo de temer a morte e temos ainda lenha pra queimar.


sábado, 7 de janeiro de 2012

Mulher falando de sexo? Contra-revolucionário!

Eu nem sou leitor assíduo do Biscate Social Club e confesso achar a temática média do Blog "coisa de mulherzinha", eu que ogristicamente acho que tudo fora de Futebol, Política e filme de Zumbi é "coisa de mulherzinha, se é que vocês me entendem. 

Queria no entanto, devido a curtir demais a iniciativa tanto política quanto comportamental de esculhambar o machismo atávico e burrão do Brasileirismo, elogiar em um post, que se iniciou poético, a beleza política, artística, comportamental e sexual de mulheres assumindo-se como livres, livres e donas do seu nariz, cabeça, tronco e membros.

Mas qual o que? é impossível nessa vida não topar com gente que diz fazer "política" e "revolução" sem entender o viés ausente dos manuais práticos das bronhas do gueto e sem cagar a volumosa regra da "inteligentsia" de "vanguarda".

Mulher falar de sexo e de liberdade de pegar, vestir, trepar, beijar? Contra-Revolucionário e não feminista! Social Club? Incapaz de haver discussão de idéias! E pior negozinho acha que isso ai é argumento sem notar a raiz da palavra socialismo, o que é óbvio porque o que mais rola é radical que não olha nada pela raiz.. 

E sigamos o bonde da "esquerda" sem auto-crítica e pĺena de manuais, incapaz de olhar o próprio machismo atávico, o quão é pró-forma a critica ao sexismo, ao machismo da sociedade, ao patriarcalismo. Porque mulher pode denunciar a opressão da sociedade no trabalho, na reprodução, mas falar de sexo? trepar? como assim feminista trepa? Anátema!

Depois do "barata-voa" com epítetos de "mal amada" a quem fez apenas uma singela brincadeira zoando o Hetero Branco, o clássico arquétipo do dominante e opressor, citado até por Caetano em "O Estrangeiro", a "lição" dos Bolcheviques de cursinho, da vanguarda do gueto.

Estamos bem... 

O que interessa é que a beleza do biscatear deve ser louvada, especialmente para quem não curte a cagação de regra da "mulher pra casar" e "mulher pra trepar" e mesmo não lidando muito bem com o fudevu na zona da não-monogamia acha um barato o conceito de "mulher pra amar".

Até porque na singela opinião do Groucho-Marxista Quisifodista aqui presente, não há revolução sem sexo, e nem sexo sem revolução, a não ser que você chame revolução de tomada de poder e aquele papai e mamãe modorrento de trepada.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Solucionáticas?


No texto abaixo eu meto uns paus, faço umas críticas e reclamo de umas coisas, entendi que estava também incluindo algumas solucionáticas enrustidas no apontamento da problemática. Seguidor das leis de Rei Dadá esperava e entendia que alguns apontamentos incluídos sub repticiamente no texto ficariam claros, mas amigos bem sacadores não sacaram e resolvi escrever as propostas num “Que fazer?” caboclo meia boca.

Primeiramente acho que é bom explicar, embora seja óbvio, que de Lênin eu não tenho nem a careca. Segundamente não tenho experiencia forte em administração pública, ou seja, jamais atuei no poder então meus pitacos são especificamente de fora, cometendo obviamente deslizes no que foge à minha alçada.

As críticas que coloco relativas aos posicionamentos partidários são simples de esclarecer o que proponho: Fortalecimento das instancias internas com nucleação forte, nucleação de base com relações inter núcleos via plenárias regionais frequentes e com isso levantamento de questões à plenárias de direção que encaminhem diretrizes às executivas partidárias. O uso de um falso centralismo democrático travestido de colegiado de correntes e tendencias é golpe imediato na democracia interna de partidos como PT e PSOL.

O PSTU e PCB já partem do centralismo democrático clássico, críticas à parte sobre a existência ou não de burocratização neles, mas partidos como PSOL e PT se colocam como partidos de correntes de de núcleos, se você interrompe o oxigênio partidário com enfraquecimento dos núcleos você amplia a burocratização e mata o partido, ao menso a diversidade e se bobear sua inclinação socialista, ainda mais se a opção pelo eleitoralismo levar à filiação de grupos que nunca foram parte da esquerda, nem mesmo na proximidade pontual.

Pra sair da armadilha de comportamento olímpico com relação ao povo sem uma relação direta de convencimento acredito que o primeiro momento é abandonar a ideia da população não ter consciência e ir no caminho antropológico de “etnografia”, ou seja, viver com a população e dialogar, colocar as ideias no pano, ver qualé, passear pelos locais, discutir, interagir e sim, ser convencido também. Atividades e pesquisa são fundamentais, entender a dimensão das relações sociais e de parentesco nas comunidades idem, entender o que significa honra, palavra, dádiva,etc, mais ainda.

É fundamental desconstruir a ideia de povo como algo dado e cuja definição de Marx é tomada como regra e não o como Marx chegou a esta definição. Nada é menos materialista do que pegar uma ideia construída fora do dia a dia político brasileiro como fundamento para análises nossas. E mesmo em muitas análises feitas por brasileiros a ideia de povo é tomada via “bancada”, ou seja, o povo é visto do alto de uma análise de classe média/alta ou mais ainda mesmo quando vista in loco trabalhada com o arquétipo de povo. Sem contar que devíamos escrever “povo” dada a diversidade do que significa esta categoria.



De que povo estamos falando? Como ele respira, ouve, lê, anda, fala? Tem sotaque? Que sotaque? De onde vem esse sotaque? Como são as relações de gênero deste povo? Como são as relações entre fenótipos diferentes? Como são suas construções? Como eles veem e querem suas casas , ruas, escolas, trabalho, sexo, música? São perguntas abertas, e é óbvio que são feitas também da “bancada”, porque as perguntas mudam de acordo com o campo. É preciso que a “prática como critério da verdade” seja algo além de um discurso e algo além de pesquisas quantitativas e observação abertas, cheias de estereótipos de uma população variada país afora. É preciso abandonar o anti-intelectualismo e o medo da ciência e largar de mão dogmas pseudocientíficos e filosóficos que por vezes travam e são atualizados até mesmo dentro das tradição ideológicas por outras formas de abordagem do real. 


É preciso para nossas relações políticas irmos além do aparato e arcabouço puramente ideológico e acrescentar a ele o que se produz como ciência. Dessa forma talvez tenhamos menos comunistas com elitismo cultura ou machistas. Talvez com isso tenhamos menso comunistas que tem um belo discurso, mas reproduzem os mesmos preconceitos culturais, de gênero e raça que dizem combater.


Não precisamos gostar de funk ou de ruas apertadas ou de pagode ruim, ou de letras de música dizendo que a mulher tem de chupar pirocas pras entender que isso é sim culturas e é tão legítima e válida quanto Chico Buarque. E é preciso menos moralismo cultural, menos rotulação sobre como deve ou nãos e comportar o diferente.

Muitas vezes lemos que o que diz a Tati Quebra Barraco é reforço no machismo, mas é mesmo? Lá no ambiente onde foi construído grito da Tati é reforço ao machismo ou ofende o machismo local? Aposto na segunda opção. A mulher dizer claramente que faz sexo como quer e não é vagabunda é como queimar sutiãs naquele ambiente. Podemos discutir o quanto isso na nossa concepção de comportamento é reprodução e nessa viagem inter grupos sociais como o conceito exposto pela Tati é por nós entendido, mas antes de usar esse entendimento para explicar universalmente o significado da música convém ir lá e ver in loco como essa música funciona na cabeça de quem fez e de quem ouve primeiramente, antes da viagem da favela pras boites da zona sul carioca.

Comunista que chama funk de sub música tá numa redoma, e pior, reproduz um preconceito que diz que música é apenas uma música aprovada pelas classes dominantes, cujo gosto foi assumindo pelas classes médias. No início do século XX essa sub música, também originada fora do país, era o samba. Nas décadas de 1950 a 1970, iniciozinho, essa sub música era o rock.

Da mesma forma é preciso ações de conquista de diálogo horizontal como uma juventude que anda por ai doida por um 15-M tupiniquim. E acredito que do mesmo jeito da relação com o “povo” é preciso entender que rapaziada é essa. É preciso entender que determinadas construções da forma partido cuja horizontalização e trajetória das discussões e processos decisórios é interrompida são o fim da picada pra uma multidão de pessoas que estão expostas à fragmentação da comunicação n cotidiano chamada Internet. E essa fragmentação não é quebra, é diversidade, é polifonia, a ideia de síntese, cujas discussões determinam um ponto de convergência pode estar sendo substituída na prática pela ideia de polifonia, onde todos os grupos e desejos se materializam na ação direta, onde não é preciso esperar a revolução pra discutir o problema de gênero, por exemplo.

Há problemas nas manifestação espontâneas de Madri ao Cairo, na primavera árabe e na rebeldia europeia? Claro, e esses problemas são menso da diversidade e mais da ausência de organicidade. Essa organicidade não significa que todos tem de empunhar a mesma bandeira, mas talvez da organização dessas diversas lutas no sentido de também derrubar o inimigo. Não necessariamente focar numa bandeira única, mas ampliar as lutas diversas, todas nas ruas, todas com solidariedade mútua e todos sufocando o inimigo numa batalha em várias frentes, mas ao mesmo tempo agora.

Para combater a crise da esquerda é preciso antes de mais nada entender o “público alvo”, depois entender que estamos em crise e perder o saudosismo da unidade perdida. A partir desses passos talvez tenhamos muito mais ganho do que estamos tendo e podemos enfrentar a ideia do estado à nossa frente, inimigo ainda, e também do governo que deve sim ser pressionado para a realização dos desejos desse “público”.

Com isso talvez a esquerda possa ir além do que está sendo feito. Um exemplo é a luta pelos 10% do PIB para a educação, fundamental, mas que para na luta por verbas e que pode e deve usar as mais diversas experiencias de esquerda para a educação, da “Escola do Aluno Caminhador” à “Escola Possível” de Miguel Arroyo, iniciativas que partiam da realidade do aluno para construir um processo educacional que minimizasse a violência da “socialização” via educação. Paulo Freire tá aí pra isso.

Será que a escola que queremos é só a escola com 10% do PIB pra educação? Como é o professor na escola que queremos? Como é o aluno? A educação já é um assunto tão periférico, cuja importância merecia aspas, pois fica mais no discurso do que na prática de entendimento crítico de seu papel, porque os profissionais da educação não levam pra rua o papo sobre a escola onde estudam os filhos da sociedade? Porque nós os lutadores não vamos pra rua pressionando a sociedade a entender o que ela está fazendo apoiando bravamente a luta de bombeiros e ignorando a luta dos professores de seus filhos, que são tão massacrados e proletarizados quanto os vermelhinhos e tão vítimas quanto os alunos de uma escola que deforma, que humilha, que entedia e que destrói o indivíduo o tornando em geral um mero repetidor? Qual o medo e ir além do econômico e também repensar publicamente e em conjunto com a sociedade o próprio sistema de educação? Será que enfrentar o pai da criança, que foi aluno da mesma escola deformadora e por isso também tem uma péssima ideia do professor como inútil é tão difícil?

Além disso, que governo queremos para nós? É apenas um governo bacaninha que faz o “bem pro povo” ou é um governo que amplie a imersão do “povo” nos processos decisórios? Cadê a ideia do Orçamento participativo e sua adaptação para meios de interferência popular direta e embate político constante na sociedade que seja federal? E que estado queremos? É esse ai adaptado ou outro? O Outro mundo possível é um mundo velho com Botox?

Enfim, na busca pela solucionática acabei criando outras problemáticas e nem paro no ar que nem beija-flor.

Algumas sugestões estão ai e podemos sim avançar a partir delas, indo além do discurso, colocando o assunto à baila e na prática. Talvez com isso comecemos a disputar a hegemonia das consciências coma direita, sem levar luz, sem tentar pagar de “orientador”, mas debatendo e discutindo, colocando soluções práticas, debatendo soluções práticas, de baixo pra cima, à esquerda de quem entra.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Estranho mundo de Bob Socialista

No dia a dia político embates, debates, porradarias e dissenções são mais comuns do que se pensa. O pau quebra de manso e contradições são mais que normais, paradoxos idem.

No mesmo Agosto que desgostou militantes PSOLinos com a filiação de Paulo Pinheiro no Rio de Janeiro (Rimou!), o PT me tira da cartola uma belíssima resolução pedindo regulação da mídia e meio que pressionando o Planalto para que algo se faça. A parada ia ser mais séria, mas no conchavismo nuestro de cada dia acabou em moção. O que se propõe alternativa tomou um baile do que foi dito morto.

Isso não significa que os bolcheviques estejam chegando no PT, talvez signifique mais que o PSOL esteja se tornando um sub-PT sem máquina.Também não é de soltar fuegos em la piazza, no esperanto ítaloportunhol de cada dia, mas de recolocar na mesa o debate sobre o que é alternativa para a esquerda dentro de um quadro de burocratização galopante dos aparatos partidários.

Um post recente de Emir Sader em seu blog há uma conclamação ao PT de ocupação de um espaço à esquerda, mas o tom é de uma ocupação pela via da institucionalidade. Da mesma forma o tom dos artigos e discursos das figuras públicas do PSOL são no máximo e com esforço na mesma linha.  A média das colocações dos principais partidos da esquerda são de louvor à institucionalidade. E com o perdão antecipado que pelo aos companheiros de PSTU e PCB, por mais combativas que sejam suas ações e colocações não se colocam como alternativa real para uma ação para além da burocracia, embora em ambos esteja a benéfica crítica da opção pela institucionalidade.

Nessa ladainha a cada dia temos mais um reforço da posição da extrema direita na cabeça do povo, levando a um fenômeno da discussão com muros, ou seja, na ausência de debates, opção pela irreflexão e escolha prioritária do momento e da ação minimalista como saída, pela esquerda ou direita.

Com a  distancia cada vez maior da população, das bases e opção pela ocupação da instituição, com também interrupção da democracia interna evitando abalos em poderes constituídos intrapartidários, a esquerda se torna cada vez mais parecida com o que combate. 

Além disso a opção de quem já ocupa a institucionalidade pelo viés mais simplista de manter a relação com a população e suas bases acaba se tornando uma repetição do que já existe, com distanciamento do partido e estado da população, sem a ampliação e real empoderamento da população na determinação dos destinos do estado e partido.

Em suma, os partidos de esquerda optam pela distancia das bases e povo na determinação dos destinos de partidos e país, em um paradoxo imenso para quem se propõe defensores dos direitos do povo e da conquista de emancipação por ele. Parece que a rapaziada quer libertar o povo de um monte de coisa, mas mantendo um cabresto controlado por ela.

A opção pela instituição já torna o PT algo que pode ser tudo, menos de esquerda. O PSOL com sua política de fortalecimento eleitoral a qualquer custo caminha para o mesmo tipo de partido: Partido de esquerda burguês com o máximo de proposta de ampliação do horizonte democrático e reformas do estado burguês sem nenhuma forte ampliação do papel da população no controle deste, muito menos na derrubada do sistema.

Os demais partidos de esquerda, por mais que no discurso defendam realmente a revolução e o socialismo e a ampliação do poder da população, mantém uma relação de distancia e de burocratização sectária, com ausência de real relação de horizontalidade com a dita "massa".



Enquanto isso fora desse estranho mundo de Bob da esquerda, a relação da direita com a população se mantém firme e forte, pois sem precisar enfrentar o arcabouço de preconceitos viventes na tradição ou discutir a quebra do paradigma senhor/escravo e "Cada macaco no seu galho", nada de braçada na proximidade e intimidade que possuem com estes valores e quebram qualquer busca de alternativa de mudanças na cabecinha da patuléia.

 Aliado a isso a opção de parte da esquerda, especialmente a petista, de manter o diálogo com o povo menos na busca de alternativa e mais na busca de acomodação faz com que estas forças de "esquerda" acabem por participar dessa relação, serem parte dela e, pasmem, acreditarem nela.

E enquanto as alternativas escaceiam, nos movimentos e organizações não partidárias o discurso de reflexão é interrompido ou pelo obreirismo sectário ou pelo anti-intelectualismo. Discutir o uso de palavras é considerado "intelectualismo". Da mesma forma radicalismo é berrar, e Pensamento intelectual é repetir ad infinitum um bando de papagaios de pós-modernistas.

A crise que desponta no horizonte traz mais que pesadas nuvens pro dia a dia econômico, traz também pesadas nuvens pro horizonte político onde o ganho de força da direita e extrema-direita é cada vez maior, com o dia a dia repetindo o preconceito, o ódio, a hierarquização social ao máximo, inclusive entre gêneros e raças. 




Enquanto "Analistas" confundem crise entre Tucanos e DEM com crise da direita, ignorando a crise enorme que a esquerda passa, as forças reacionárias nadam de braçada na consciência viva da população. 

A Classe média se bobear é hoje mais conservadora que nos anos 1950 e a dita "Nova Classe Média" acaba por assumir os valores da antiga com louvor, repetindo não a postura política que em principio a elevou de patamar, mas a postura que havia antes de ódio de classe de uma classe média que acha bacana ser homofóbico.


A crise que desponta no horizonte pode ser mais que econômica e colocar mais água na fervura da perda de espaço para ideais de esquerda, e não importa se o governo Petista enfrentará com show de bola ou não, resta saber se enfrentará para além do econômico e como as demais forças dialogarão com este enfrentamento.


Os debates, dissenções, quebra-paus internos da esquerda passam ao largo de toda a problemática relação de perda de hegemonia de seus ideais na sociedade.

 Ou confundindo vitória na eleição com conquista de hegemonia ou optando pelo fortalecimento eleitoral como caminho para esta disputa, a esquerda ignora as mensagens recebidas tanto de aumento do pensamento reacionário como da crítica aos métodos tradicionais que usam os partidos numa critica interessante da forma partido em uso como acabada e patinam num mundo onde Partidos "Necessários" se tornam a cada dia mais semelhantes aos partidos de "Esquerda".

Nesse estranho mundo de Bob as alternativas parecem nítidas, mas no mundo real a ausência delas ampliam o espaço de chegada do mais puro fascismo.




quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A práxis e o tal Bonde da História

Duas frases são meio comuns na esquerdolandia: "A práxis é o critério da verdade" e "Estamos perdendo o bonde da história". 

Bem, a  práxis é muito mais que prática, inclui método, ideologia e como isso se mistura na criação de condições para a existência da sociedade ou, na modesta opinião de vosso escriba, da existência de uma estrutura social segundo determinado conjunto de práticas, métodos, ideologias e cultura. Grosso modo a tal práxis é sim o critério da verdade, sendo que esta verdade o é para os usuários da tal práxis, e isto não a torna universal, dadas as variáveis de métodos, linhas ideológicas, cultura,s presentes na sociedade e no próprio espectro da sociologia. Escrevi isso tudo pra dizer que quando me saltam esta frase, mais fácil de ser dita que "psiu", saco logo do coldre a resposta:"De qual verdade cê tá falando?". 

Não sou exatamente uma anta e nem o mais sábio, estudado e gostosão telectual dos planeta, mas dou minhas cacetadas.E faço o tal questionamento numa boa, porque um tanto de coisas são ditas sob o pano de marxismo que muitas vezes viram mantras sem significado. Tomam a práxis como dada e não como um elemento inclusive a ser entendido e variável dentro de algo tão complexo quanto uma sociedade e mesmo no que tange à complexidade do universo ideológico da esquerda.

A esquerda socialista e marxista, sem contar que existam socialistas não marxistas, é muito mais complexa e variável do que gostaria de ser e até de aceitar.Duvido muito que um militante do PSTU, do PCB, do MTL, do Enlace, do PT e do Revolutas tenham uma linha reta de categorias marxistas que aceitam e tomam para si como válidas para seu processo analítico da realidade. Chego a pensar que se bobear podemos criar uma linha que colocaria como opostos duas vertentes do pensamento socialista marxista e entre elas diferenças cujas gradações não são bolinho. E ai estou me prendendo explicitamente à quem se reivindica marxista e que considera práxis uma categoria relevante. Nesta linha o próprio entendimento de práxis seria diverso, e todas utilizariam metodologia marxista.

Então, se mesmo na esquerda socialista o entendimento de práxis é diferente nos mais diversos grupos e linhas teóricas do marxismo, imagina fora da esquerda socialista. A práxis continua critério da verdade em minha modesta opinião, mas a verdade é que são elas.

A verdade é algo tão variável quanto as interpretações da história e do que é práxis e por isso o tal "bonde da história" que tantos perdem, ou acusam uns aos outros de perder, fica meio vivendo em um samba do afro-brasileiro levemente atordoado, o antigo samba do crioulo doido.

Se perde mesmo o tal bonde da história? O que ele é? isso é um jargão pra dizer que uma corrente ou linha teórica tá ali mamada na beira da estrada sem eira nem beira ou significa algo mais? Bem, considerando que a história é um treco mais complexo do que uma linha de bonde ou um trilho reto a seguir a metáfora tem entendimento claro de perda por algo ou alguém do momento certo para agir dentro de sua práxis e estar de tal forma na crista da onda dos movimentos do dia a dia que sua compreensão se torna quase que luminosa para as tais "massas".

Alguém hoje perdeu o bonde da história com sua práxis? Não sei ao certo, na minha modestíssima opinião o tal bonde passou pra maioria da esquerda ou pior, o povo tava dentro do bonde coçando a práxis nuestra de cada dia e resolveu sair do bonde, descendo no ponto errado. Quem hoje em dia mantém um discurso socialista e continua dando a linha na pipa do povo, mudando a sociedade com sua práxis? Ninguém, manolo!

Se alguém te disser que tá na crista da onda pesquisa na padaria o que a rapaziada pensa da vida e se tu tirar algo der socialismo ali sem forçar a barra te dou um bolo de batata. Quem disputa no dia a dia a consciência das pessoas? quem coloca sua práxis em julgamento no tribunal das rua,s do dia a dia? E quem fazendo isso leva alguma mensagem que não seja a da aceitação do mundo, uns incluindo ai a mensagem de que é preciso lutar por direitos, outros não? Ninguém.

 A tal práxis como critério da verdade colcoa na percepção do cabra que tá olhando a festa do bonde de fora um bando de verdade com gente com belos discursos de esquerda, marxistas e que na prática não constroem condições para mudar a sociedade e no fundo querem mesmo é afastar qualquer possibilidade da galera do bonde mudar a sociedade, mantendo enquanto isso alguma espécie de nicho de mercado da pregação sobre o bonde.

Como se vai mudar a sociedade com uma práxis que busca é conquistar postos na mesma sociedade, sem mudá-la ou mudá-los antes? O Bonde da História metafórico tem mais revoltas onde negam a  forma-partido clássica da burguesia que piolho em mendigo e o que as formas-partidos burguesas fazem com sua práxis e belos discursos marxistas? afastam essas mudanças com práticas anti-democráticas, ignoram demandas da população pra rua e pelegam na caruda, optando pela via institucional que, pasmem, mantém a tal sociedade, a tal estrutura social que os discursos dizem querer mudar.

Como critério da verdade essas práxis me dizem que a tal verdade nem curte muito este bonde da história e no fundo quer é saltar dele o quanto antes. Enquanto isso no bonde o grito é do bonde sinistro, o bonde do terror, cada vez mais fascistas, cada vez com mais gente adotando sua práxis. Do lado da esquerda os discursos continuam lindos, mas a práxis continua afastando gente que pode atrapalhar numa retomada dos trilhos.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A novilingua governista

Tem horas que o sagrado direito à democracia é interrompido pela presença da democracia parcial, aquela cujos militantes com fé demais acreditam que critica isenta é a feita por eles, e todas as demais são ataques pessoais. O neo-esquerdismo de esquerda inventou a novilingua onde chamar um texto de imbecil é estender o conceito à autoria, mas chamar um partido de patético é crítica isenta, até porque o partido não são as pessoas, um texto é. Claro que quem acha isso é um individuo fofo e cheio de boas intenções, mas um membro da classe que não participa da construção de absolutamente nada coletivo e nem entende o funcionamento de partidos, mesmo estes  ditos de esquerda com muitas aspas pelos neo-esquerdistas do governismo.

 Nas discussões sobre o mínimo a fofura acha que isso aqui é uma crítica: "O PSOL não chega a ser contraditório nem hipócrita, só ridículo. É evidente que quanto maior o salário mínimo, melhor seria. Acredito que ninguém negue isso. Mas propor aumento para R$ 700 é irresponsável. É a tal da oposição pela oposição.".  Mesmo o PSOL colocando aqui toda sua proposta, sem tira rnem por colocando tudo o que exige a autora. Por propor o aumento de R$ 700, baseando-se em uma proposta clara o partido é "um partido fraco e ridículo"  porque é "uma esquerda sofista que valoriza mais o discurso do que resultado prático mal pode ser chamada de esquerda".

No meio do texto a autora ainda diz que ó que importa é mostrar "uma diretriz que lhe permitisse governar e implementar as mudanças", mas ignora que o PSOL aponta isso, ou seja, além de reduzir política a governar acha que governar é só seguir uma diretriz x determinada por um governo que adota postura y, fugir de dirtrizes deste govenro é ser ridiculo enão ser de esquerda. 

Já Determinar que o binomio corte de custos e aumento de juros é arma administrativa efetiva, em um retorno da política economica de Palocci, alterada futuramente por Mantega que com isso fez-se a mãe da imensa recuperação do Brasil na crise,  é o máximo da política de esquerda e salvaguarda avanços.

 Ou  fiquei maluco ou eu vejo que o povo pra apoiar o govenro deixa o senso crítico, ideológico e o cacete a quatro em casa e nem se preocupa com a  honestidade intelectual de ao menos ler a proposta dos demais e as taxa já como "irresponsável", num misto de governismo fundamentalista ocm saudade da Heloisa Helena, porque cai do cavalo diante da proposta dos partidos com inicio, meio e fim, base de recursos apontada,etc.. Ou seja, não soube o que fazer com isso e partiu pro pau, mas decretando que peu nela é ataque pessoal, em nós é crítica isenta.

 Não sou exatamente o mais fofo dos embatedores, tenho pouca paciencia com sofismas, mentiras e viedeotapes, não acho que partidos são monolítos, nem acho que eles não mereçam críticas,mas acho sim que merecem respeito, principalmente quando se dão ao respeito e abdicam da oposição imbecil e partem pra uma oposiçao propositiva e sim, eficiente na demarcação e tensionamento do governo à esquerda. Cresci em um Pt milhões de vezes mais radical que o mais radical PSOL, fazendo oposição com muito mais ferocidade, mas lá aprendi também a necessidade de respeitar adversários, de dialogar e de propor. O que  vi é que novo PT quer a parte do ataque, mas não quer a do lombo doendo, a da vidraça, principalmente quando foge à suas propostas da eleição e até a seu programa.

E a novilingua do novo PT matou a palavra crítica, a trocou para elogio construtivo. A proposta do PSOL para o mínimo o colcoa como arma de distribuição de renda, e isso virou patético, irresponsável. O Corte de custos com fim de concursos (Promessa de palanque da candidata Dilma, que a novilingua já esqueceu), ao apontamento de desconstrução da política de Gil e Juca no MINC e o aumento do mínimo sem recuperação de seu valor são propostas fodaças de esquerda e que são avanços. 

O estranho é que na década de 90 o PSDB tinha estas políticas e elas não eram avaços, e o PT naquela época nem propunha por escrito a metodologia de aumento do mínimo com origem de recursos, apenas propunha o aumento.,

 Como escrevi outro dia e posso repetir tá na hora dessa galera ou assumir mudança de posição política e o preço pelo tom de seus textos ou melhorar o nível de análise do governo que apoiam. Quando eu começo a concordar com muitos apoiadores de primeira hora de Dilma e eu continuo radical e mau, então algo está errado e alguns fofos perderam o trem ou queimaram barcos, pontos e esqueceram como voltar..

 O direito à critica e a democracia  estão aí, mas todos eles tme o preço do interlocutor responder e quando se  arrisca a dizer que propostas são ridiculas, recomenda o bom senso lê-las e ao assumir posturas políticas públicas assume-se o preço da oposição. A incompetencia do DEMSB acostumarma a neo-esquerda da novilingua governista ao pau puro, a histeria anterior do PSOL ajudava, mas hoje isso mudou e pelo jeito a fofura não curtiu muito e deu chilique.

Querem seguir a política do Palocci? Vão na fé, mas assumam o pau por isso, patético é desqualificar a oposição porque vocês fazem merda.

domingo, 31 de outubro de 2010

Dilma: A primeira mulher eleita, os desafios da esquerda e a agenda conservadora.

 A eleição de Dilma Roussef  ao mesmo tempo que aponta avanços, indica preocupações que a esquerda socialista tem de ter de enfrentar . A importância da eleição da primeira mulher para o cargo de presidente é extremamente importante, como o foi a eleição do primeiro operário, da mesma forma que o governo do PT ser pautado por uma conduta democrático é de animar.Não podemos ignorar a preocupação com a melhoria da vida da população pobre, mesmo com as limitações da política de gerência do capital.

 No entanto não podemos esquecer que ocorreram recuos constantes com relação à questões de extrema importância para a esquerda em geral e em especial para a esquerda socialista. A questão da comunicação foi tratada de forma negligente sob a capa da uma CONFECOM que nunca foi tratada com a seriedade que merece, o que aconteceu foi a negativa de enfrentamento da mídia hegemonica, o partido do capital do qual falava Gramsci. Outra questão é  questão da reforma agrária de de relação com o MST, também tratada de forma tímida e inclusive contando com negativas por parte dos partidários do governo de relações profundas com o MST  outros movimento de base.As questões listadas no PNDH3 que vão da legalização do aborto ao combate da homofobia e a luta pela divulgação dos arquivos da ditadura e punição dos torturadores foram tratadas como secundárias e rifadas na primeira manifestação de enfrentamento que as forças conservadoras e seus gurus midáticos deram em um frenesi de obscurantismo assustador e que veio a se repetir de forma preocupante no fim do primeiro turno das eleições.

 As próprias conferencias, que seriam uma ferramenta interessante de diálogo entre sociedade, movimentos sociais e governos, foram um fiasco e na verdade uma ferramenta útil de cooptação e de desmobilização de movimentos ao invés de uma ferramenta de ação dos movimentos junto ao governo. Não podemos esquecer que em nome da derrota do PSDB se elegeu um governo que é supervalorizado no que tem de esquerda e inclusive é colocada de forma acrítica uma postura de aceitação de limitações do governo e do partido que o capitaneia em um quadro de governo de coalizão, ignorando que a ala dominante do Partido dos Trabalhadores não parece ter uma motivação especial em avançar em bandeiras históricas da esquerda como as supracitadas, lembrando mais do que nunca uma estrutura burocratizada de partidos socialistas que tendem a social democracia de estilo europeu, como um PSOE Espanhol. 

 Os desafios da esquerda socialista, e também da esquerda governista, socialista ou não, é o de construir consensos possíveis com os movimentos sociais de forma a agir em bloco para tensionar o governo para avanços reais à esquerda e dar o sangue para criar uma opção real de esquerda socialista que avance para além do discurso e que exija que o governo eleito vá para além da gerência qualificada do capitalismo, que seja uma ferramenta de transformação social do país, inclusive para avanços que nem são socialistas, são apenas democráticos, como os direitos civis dos LGBTT, legalização do aborto, legalização das drogas, reforma agrária e urbana radicais, controle social da mídia,etc.

A esquerda com todos os equívocos que ocorreram nas últimas eleições sai mais forte, sai da eleição com avanço de diálogo entre partidos da esquerda socialista e com ampliaçaõão da representação da esquerda radical nos parlamentos e com um importante diálogo criado com a juventude. Não se pode esquecer o elemento simbólico da eleição de Dilma, que é uma poderosa ferramenta de atração de militantes para a luta da esquerda e que sim, pode ser um meio de luta sólida pelo avanço da esquerda na sociedade brasileira, que ainda demonstra alto grau de conservadorismo.

É hora de arregaçar as mangas e irmos além do mito e do simbólico, sem no entanto desprezá-los. É preciso não ser o pessimistas que olha os números da esquerda radical, sem olhar as campanhas de filiação, nem o otimista do "Oba Oba" do abraço ao simbolíco da primeira mulher sem olhar o contexto desta eleição.