Mostrando postagens com marcador universidades comprometidas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador universidades comprometidas. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Entre dois tipos de Barbárie


O papel do professor e da escola, como tudo, mudam historicamente. A globalização, as falhas do sistema de educação, a linguagem, a exposição à linguagem não escrita como hegemônica na comunicação, ao multiculturalismo, o combate ao racismo e à homofobia, a conquista de direitos da criança e adolescência via ECA, muitos fatores competem para levarem à necessidade de um repensar global da educação.

O professor não é mais o “mensageiro da iluminação” oriundo do século XIX e nem a escola é simples o “posto avançado da civilização” que vai levar conhecimento aos “selvagens”. Esta postura Jesuítica é desmontada, foi desmontada, por uma série de fatores positivos e negativos que vão desde o negativo desmonte da escola como protagonista da formação de seres humanos aptos à uma reflexão critica sobre o mundo, até a positiva mudança do eixo da educação como imposição de “luz” a “pobres ignorantes” para uma educação de interação de linguagens e explicações diferentes do real, a da ciência , da academia, aliada à percepção “nativa” dos alunos e comunidade sobre o real.

Ao capitalismo, ao sistema governamental que o serve e à hegemonia político-cultural que controla ambos no país não interessam mudanças substanciais no eixo de formação pela educação,basta uma educação regulamentada pela hierarquização de conhecimento e papéis a serem executados, uma “construção” de seres aptos aos diferentes níveis de exigência do “mercado’. A alguns é permitido voos mais altos, a outros basta saberem não se cortarem com facas e atravessarem as ruas. Daí níveis diferentes de investimento financeiro ou de programas pelo poder público e privado nas diferentes regiões dos estados, cidades e do país na educação. Dai também a maior preocupação com índices de aprovação do que com o resultado prático do ensino, que é o que o “alunindio” aprendeu da “civilização”.

A escola, que varia de lugar pra lugar em sua aparência, é nas regiões mais pobres um depósito de pessoas, cuja política educacional atinge em geral para apenas tolerar sua presença e deixá-los partir quando acabar o tempo exigido da mesma. A escola como espaço de mediação entre família e sociedade fracassa ao fazer o aluno ao chegar ver sua face deteriorada, no aspecto opressor, escuro,retentor, agonizante. O abrigo da família é confrontado com o abandono da escola. É chegar, tolerar quatro horas e meia,sair livre. É nítida a felicidade ao sair, fora os amigos,pra quem tem, o que salva no ir à escola?


O professor é refém de uma formação que o torna um sacerdote mal pago e responsável último por todo o sistema, mesmo ele sendo abandonado pelos poderes à míngua do parco salário, péssima estrutura de apoio,nenhum programa politico pedagógico que envolva sociedade, poderes públicos e academia como fim de formar um eixo de transformação e melhoria da escola. Ao professor cabe lidar como aluo mal adaptado no espaço de mediação chamado escola, mal visto,atendido e respeitado, a ele cabe cuidar como substituto da Família nessa creche prolongada do aluno.

O ECA e outras conquistas, por vezes culpadas pelo professor e direção das escolas, impedindo o abandono pela escola, e pela sociedade, de crianças que não fossem a moleza adaptável, levaram uma responsabilidade ao estado que foi transferida para a ponta, pra escola e por isso ao professor. Os alunos que antes eram jogados às feras da rua foram corretamente abrigados pela força da lei no aparato estatal pronto pra isso,a escola, quem o estado deveria tornar capaz de absorvê-los, assumindo a responsabilidade pelo todo da sociedade e não apenas pelo lado “Palatável” dela. Assumindo a responsabilidade e aparelhando a escola para tal,com mais do que TVs, Computadores e DVDs,mas com profissionais capazes de fornecer o suporte psicológico, pedagógico e de segurança para que o responsável final pelo aluno, o professor, pudesse atuar.

Este Estado, no entanto, opta pela comoda e solene omissão, deixando a ponta no abandono,”vendida” e tendo de lidar com suas próprias contradições e responsabilidades e dom as do aparato estatal como inteiro.

O professor precisa entender seu papel de mediador “de conhecimentos”, como um orientador para que o aluno se relacione com o real à sua volta e juntando-o com o conhecimento vindo de fora construa sua própria e autonomia capacidade de lidar com o todo? Claro. O professor também precisa descer do púlpito do sacerdócio? Óbvio. A escola precisa ser mais do que um “presídio” de jovens e crianças? Sim. A escola precisa deixar de ser chata, como foi para os pais destas crianças, e liar com a diferença cognitiva que a tecnologia trouxe? Óbvio. No entanto como fazer isso se seus pés e mãos são cortados? Se sua responsabilidade sobre as crianças e sua obrigação de lidar como seres com direito não possui o apoio necessário,o suporte necessário pra lidar com todos os problemas advindos dessa mudança de postura? Como fazer isso se não há para com ambos a formação necessária, nem nas universidades e menos ainda no investimento do estado para a construção dela via programas de apoio?

A mudança na educação de hoje passa sim pela mudança do professor pela melhoria do professor, pela melhoria da escola, mas antes de mais nada passa pela mudança na sociedade ao redor da escola e pelo estado, que ignoram a ponta e tratam ambos como se fossem escória. Da mesma forma a mesma sociedade que culpa professores pelo mal da educação é aquela que finge não vê-los quando estes após anos de estudo recebem menos que o mais mal pago servidor, tratado suas greves apenas como transtorno.

Esta mesma sociedade acredita que educação é o empilhamento de livros e “conhecimento’ das escolas pagas que preferem ignorar o real à sua volta, discuti-lo, debatê-lo, e formar gente,pessoas,formas de vida racionais e criticas e não robôs reprodutores de preconceito e que os servidores públicos abandonados nas escolas publicas são “vagabundos”.

Enquanto isso a escola como “posto avançado da civilização” falha nas duas pontas, na privada e na pública e o anacrônico professor é massacrado, proletarizado e destruído. O resultado e ou a barbárie com bacharelado ou a barbárie do abandono.

Acreditem, nenhuma das duas é bonita.

sábado, 8 de outubro de 2011

Quem serão os Intelectuais do pós-lulismo?


Maravilhado pelo Artigo "Os intelectuais no pós-lulismo" encasquetei com um ponto: O Pro-Uni e as cotas nas universidades públicas.

Os pontos de cultura fazem o surgir do intelectual orgânico? tá,pode ser,mas este tende a ser desprezado pela "tenda dos milagres" dos Especialistas. Este tende a ser ignorado, a não ser em casos especiais ou em grandes feitos.

Os caras que estão na universidade via programas levados a cabo pelo governo tendem a ser simpáticos a ele e, querendo ou não professores mais ou menos alinhados à  critica da mídia (que na minha experiencia pessoal são poucos, mas existem), lerão aqui e ali intelectuais que independente de serem de direita ou esquerda  ajudam com novas ferramentas ao pensar. Isso tem mais impacto em áreas como História, Comunicação, Pedagogia, do que em Administração e Engenharia,mas terá impacto. ninguém lê Thompson e Burke impunemente, Levi -Strauss, Umberto Eco, idem.  E negozinho sai do "lumpem" pra ter contato com isso e passa a ter ferramentas pro pensar o real, e vai usar a ferramenta e assim surgem intelectuais.

O 1% , numa perspectiva pessimista, que sair dali com este impacto fará uma diferença enorme e terá mais chances de ser ouvido porque passou pelos critérios meritocráticos da "Intelectualidade amestrada", não vai ser facilmente desqualificado. E mesmo que seja ignorado pela mídia, são formados 1% anualmente em ao menos 5 anos pra cá. A Evasão é alta? é, mas mesmo assim é menor do que era antes, porque o cabra conseguiu chegar ali e se agarra  com unhas e dentes. Então há uma geração de gente que começará a produzir conhecimento vindos de uma outra ótica, de um outro parâmetro social de percepção cultural. 

Essa rapaziada pode ser conservadora, mas se o for será de outra forma onde o elitismo, se houver, não será igual ao clássico. Notadamente se houver o elitismo ele o será paradoxal e talvez combatido pela mesma comunidade do qual o cara saiu,e sabemos que não é exatamente fácil sair de uma comunidade e ir pra um outra comunidade, especialmente uma "mais branca", ou seja,a  tendência é o cara não ir de encontro ao que ele chama de casa..

Então o que defendo é que estão sendo construídos intelectuais que pensarão o Brasil a partir de uma perspectiva pessoal de mudança via Governo Lula. Estes são os intelectuais do pós-lulismo.

A perspectiva do pós-lulismo vai além do que acreditamos ser certo ou errado em seu governo e vai além dos "planos" seja da mídia ou do governo e seus apoiadores.  Idelber aponta um questionamento perfeito e coloca algumas questões sob o ponto de vista de tentar perceber o que a intelectualidade já em ação fará, pensará ou agirá. Entendo que numa perspectiva de "pós-lulismo" temos de pensar na intelectualidade formada por ele, sob suas políticas e sob a lógica do debate político levado a cabo durante esta era.

O impacto da entrada de mais gente nas universidades muda a própria lógica da formação "técnica" dos cursos formados sob este ponto de vista. A formação de professores, por exemplo, como é feita? que professores gerarão?  O que eles lêem? E os universitários que foram mais longe e inundarem mestrados e doutorados, que produção terão? como ela influenciará o pensamento dos próximos?

Independente de classificações ideológicas cabíveis ou não sobre o governo a realidade produzirá um quadro a ser lido e analisado, e esta realidade terá um impacto, como já tem e foi exemplificado pelo Idelber ao citar os pontos de cultura, sobre a intelectualidade não só para a intelectualidade que já está  na ativa, mas na própria cara do que será a intelectualidade em um futuro próximo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

NOTA DOS BLOGUEIROS DE ESQUERDA (EBLOG) EM APOIO AOS ESTUDANTES DA PUCRS


O grupo dos Eblog – Blogueiros de Esquerda – apoia os estudantes combativos da PUCRS e repudia veementemente as agressões desferidas pelo Diretório Central de Estudantes (DCE) dessa universidade há mais de 20 anos. As agressões – físicas ou não – se repetem ano após ano, a cada eleição fraudada, ameaça ou via de fato, e a Reitoria da PUCRS, vergonhosamente, se omite, assim como o Ministério Público, deixando à própria sorte milhares de estudantes de uma das universidades mais importantes do país, mas que não consegue sequer garantir aos próprios alunos a segurança e o direito à democracia interna. Dessa forma, repudiamos não apenas as ações do DCE, mas as omissões dos diversos órgãos que deveriam proteger a liberdade dos estudantes contra uma máfia instalada desde a década de 1990. Ao mesmo tempo, manifestamos nosso apoio e solidariedade não apenas aos estudantes da PUCRS envolvidos nos recentes protestos, mas a todos os agentes e entidades sociais presentes nessa importante luta democrática, e os convidamos a usar nossos espaços da mídia independente e popular para publicizar e defender suas demandas.
Eblog – Blogueiros de Esquerda
Alexandre Haubrich – www.jornalismob.wordpress.com
Lucas Morais – www.diarioliberdade.org
Thiago Miranda dos Santos Moreira – www.ruminantia.wordpress.com
Luka – www.bdbrasil.org
Renata Lins – www.chopinhofeminino.blogspot.com
Gilson Moura Henrique Junior – www.tranversaldotempo.blogspot.com
André Raboni – www.acertodecontas.blog.br
Rodrigo Cardia – www.caouivador.wordpress.com
Niara de Oliveira – www.pimentacomlimao.wordpress.com

**********************************************************************************************


Importante ler excelente post do  JornalismoB a respeito da conivência da Zero Hora e da PUCRS com a Máfia do DCE.