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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Do racismo ambiental e da criminalização da pobreza é feita a vida das classes perigosas.

O racismo ambiental e a criminalização da pobreza andam lado a lado. A própria lógica do entendimento de negros e pobres como classes perigosas  e necessariamente obrigados a terem por perto uma observação feroz do poder público andou lado a lado com a expulsão destes de suas casas pobres ou quartos em cortiços sem nenhum tipo de cuidado no fornecimento de locais dignos de moradia em substituição à demolição de suas casas. Essa expulsão levou à ocupação de áreas vazias nos morros ou de terrenos mais distantes, estabelecidos obviamente como era o tom da época  sem nenhuma observação dos impactos possíveis.

Para a produção da cidade burguesa no fim do século XIX, início do século XX, a ação conjunta de criminalização da pobreza, higienismo e racismo ambiental criou uma reação em cadeia que juntava a culpabilização do pobre/preto pelas pestes da cidade, pelos crimes da cidade e o levaram à desmate de encostas, morros, beiras de rio, a servir como álibi pra empreiteiros e empresários do transporte ampliarem a qualquer preço uma rede de transportes que nunca se preocupou com desmate, poluição do ar, descarte de lixo, sujeira de rios,etc.

A mesma lógica jamais se importou com o peso da indústria na expansão Rio de Janeiro afora pro chamado subúrbio do progresso movido à poluição do ar das águas, desmate, em profunda ação destrutiva julgada procedente pela "criação de empregos" e "melhoria da vida das pessoas".

A cidade burguesa que nasce da expulsão de pobres/pretos do centro da cidade ou pra seus morros (Os palácios precisam de serviçais) continua em um ethos civilizatório baseado antes de mais nada na secessão e na expansão do progresso destrutivo para onde não reside sua elite. A cidade cindida pela cadeia de montanhas do  sumaré também divide-se não só entre ricos e pobres, mas entre  expostos ou não à degradação ambiental.

O ar pesado de Santa Cruz não é o mesmo ar beira-mar.

As encostas da zona sul sociológica tem a atenção de quem sabe como é difícil manter mucamas e porteiros de qualidade em seus prédios de luxo, já o entorno de Acari não tem a mesma atenção no impacto que a degradação dos rios ao redor leva à saúde da população.

À cidade burguesa é preciso uma cidade quilombo, mas esta não precisa dos mesmos cuidados.

As classes perigosas sabem viver na secessão, entender o tamanho da distância física e simbólica entre reis e escravos, e saber o quão é secundário em suas vidas sequer sonhar com uma política ambiental e social que não os inclua como secundários também ao poder público.

Às classes perigosas cabe produzir anualmente uma migração em massa da elite "descolada" à Oswaldo Cruz, numa visitação participante festiva aos primórdios da rede de transporte da capital, o trem, que apelidado de "do Samba" ganha cores brancas e felizes que o difere do cotidiano brutal a que são expostos os moradores que residem onde se deu o assentamento "à sua mercê" dos primeiros expulsos da política de Pereira Passos que não habitaram os morros do entorno dos Cortiços recém derrubados.

Às classes perigosas cabe o produzir da música de festa da elite, que aplaude com vontade, faz de conta que é turista, aquela música de pretos expulsos de suas primeiras casas, expulsos da parca qualidade de vida, expulsos de algum controle da qualidade do ar, das águas, das matas, das árvores.

À elite descolada já cabe a luta farta pela preservação da Lagoa Rodrigo de Freitas, da Floresta da Tijuca, sem olhar para o Borel, e se satisfazer pelo dever cumprido sem notar que elegem e  reelegem aqueles que liberam a instalação da CSA em Santa Cruz e envenena quem não faz samba ou tem trens com turistas em dois de dezembro.

À elite descolada cabe festejar que a cidade está "se modernizando", como festejava em 1904, como festejava ao estimular às classes perigosas a prática do football  que os livrava da insalubre herança colonial da proximidade de pretos e pretas pobres que precisavam de forte policia fiscalizadora agora que estavam livres do jugo dos feitores e da policia particular dos senhores de escravos.

De Pereira Passos a Pereira Paes cabe à cada classe da cidade um comportamento que não ouse fugir à regra "moderna" que diz que é "demagogia" qualquer atitude que enfrente a política de cisão de um estado feito pra expulsar pobre e preto pra debaixo do tapete da criminalização da pobreza e do racismo ambiental.

Expulsos de suas casas são ainda culpados de desflorestas encostas do único lugar possível de moradia que possuíam para construir suas pobres casas após receberem como proposta de habitação o cassetete dos soldados.

De Pereira Passos a Pereira Paes aos pobres cabe o samba, aos ricos cabem demolir a natureza e lançá-los à distância, pra posteriormente culpá-los da degradação ambiental de que são vítimas.

Do racismo ambiental e da criminalização da pobreza é feita a vida das classes perigosas.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Nova Estiva e o passo à frente rumo ao abismo do progresso.



A lógica de remoções pra Copa/Olimpíadas é um retrato acabado do modus operandi que a lógica dos megaeventos traz consigo nos países que atingem como praga. Esse modus operandi ganha trágica ampliação quando associado a uma ideia de propriedade, estado e pobreza enraizada na história do país chamado Brasil.

Desde a ideia da modernização conservadora nascente e vivente de meados ao fim do século XIX, quando a lógica higienista galga paulatinamente os degraus da hegemonia do pensamento da elite brasileira e associado a isso constrói-se o conceito de classes perigosas para caracterizar negros e pobres (Pobres em geral são/eram negros), até a efetiva ação do higienismo na modalidade de lançamento de pobre à distância, já imediatamente quase a proclamação da república, a ideia da ação do poder público como um agente garantidor da propriedade privada a qualquer preço e efetivo removedor da “anti-higiênica” pobreza para o lugar mais longínquo possível torna-se praxe de nosso dia a dia.

Se no fim do século XIX e início do XX a lógica era da “purificação” sanitária do Rio de Janeiro e de nossas capitais, depois sendo substituída pela “modernização” da cidade, hoje a desculpa é “a necessidade de construir estruturas para os megaeventos”.

Desde a remoção do “cabeça de Porco” em 1892 até a remoção de hoje (18/12/2012) da comunidade Nova Estiva em Fortaleza, passamos por Pinheirinho, Campinho, Terreirão, Aldeia Maracanã, Providência e tantas outras comunidades Brasil afora que cometeram o crime de estarem na direção do trator do “Progresso”.

Vamos lembrar que o trator do “Progresso”, feitor do desenvolvimentismo desumano e genocida, também acampa e atua com veemência na região de Altamira para garantir Belo Monte, em Teles Pires e Jirau, ajuda de maneira sutil o genocídio dos Guarani-Kaiwoa pela omissão ou por associação a fazendeiros que avançam com sua fronteira agrícola baseada em agronegócio agrotóxico e assassino na base da bala.

Vamos lembrar que o trator do “Progresso” também atua de forma “quente” nos estranhos e “empreendedores” incêndios nas favelas de São Paulo e atua nas mãos dos “arqui-inimigos” Tucanos e Petistas com igual desenvoltura, assim como nas mãos e carros oficiais de aliados de ambos.

O Trator do “Progresso” avança na ferocidade dos automóveis movidos a combustíveis fósseis que nos sufoca e derrete, apoiados na falácia de sua exploração financiar uma educação magra, semimorta, estuprada pela sanha tecnocrata.

O Trator do “Progresso” passa por cima de casas hoje em Nova Estiva, Fortaleza, mata cachorros, laços de solidariedade, laços de vizinhança, parentesco, vidas, documentos, móveis. Esse trator é comandado por quem se coloca como “transformador da vida dos pobres” e baseado nisso dá carta branca a seus paus mandados (Vulgo aliados) a conduzirem uma “modernização” sem povo, ferozmente sem povo, desumanizada, capitalizada.

O progresso do trator é veloz na direção do abismo, abismo esse onde a humanidade dos que o comandam já está, e resolveu dar um passo à frente.



sábado, 3 de setembro de 2011

A Copa do Mundo não é nossa!



Quando foi anunciado que a Copa do Mundo de 2014 seria realizada no Brasil e as Olimpíadas de 2016 no Rio as notícias foram saudadas como panaceia para a modernização do país e a ideia do “Brasil Grande”.Tudo daria certo e o barco do desenvolvimento nos permitia comprar mais geladeiras e participar de festa antes só possível em países ricos. Jornais e TVs avisavam que “agora” ia e estávamos rumo a um novo lugar no mundo e depois da copa de 2010 na África do Sul e da “democratização” da escolha das sedes dos megaeventos, havia chegado a nossa vez.

Esqueceram de avisar que os convites da festa são restritos. Os Megaeventos anunciados com pompa e circunstâncias pela mídia e governos escondem sob a máscara da festa o trator da especulação imobiliária, remoção e exclusão de pobres e seu lançamento para longe do centro urbano e com infraestrutura precária de transporte, saneamento, etc.

Esta reforma urbana compulsória e nunca é ligada às necessidades do povo é já ocorreu na África do Sul quando, segundo a Rede de Educação Cidadã, removeram mais de 20 mil famílias para regiões empobrecidas da cidade.

 Na Grécia o maior legado da Olimpíada de 2004 foi o aumento do passivo ambiental do país e ampliação da dívida pública de forma avassaladora, com o nada desprezível indício de ter sido uma das razões da enorme crise por que passa o país nos dias de hoje. E o modelo Grego parece ser o utilizado tanto na África do Sul quanto no Brasil, especialmente no Rio, hoje em dia, quando o financiamento de estádios e obras obedece a um foco que exclui benefícios sociais diretos em nome de opções discutíveis como o investimento em estádios em detrimento de hospitais e de investimentos na educação. 

Não à toa o Rio de Janeiro que gasta 30 milhões para sediar o sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo tem professores e Bombeiros em conflito com o Governo Estadual, com ambos tendo salários baixíssimos. Os professores, em greve, ganham por vezes menos que o salário mínimo e os Bombeiros têm o mais baixo salário do País.

E os governos ainda consideram as remoções como naturais, pois “A vida é assim”. Só no Rio podem atingir a cerca de 20 mil pessoas conforme o comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro sem que os governos digam a verdade sobre a quem as remoções servem. Segundo a observadora da ONU para assuntos de moradia, Raquel Rolnick, a realização de mega eventos traz consigo o desrespeito aos direitos humanos e encarecimento do preço da terra e com isso o aumento da especulação imobiliária.

Isso não é exclusivo do Rio de Janeiro, no Ceará o Governador Cid Gomes segue política de remoção semelhante à carioca em São Paulo as remoções atingem a população de Itaquera, local onde está sendo construído o estádio conhecido com “Isentão” dada a quantidade de isenções fiscais fornecidas aos seus proprietários.

Esse processo de junção dos Megaeventos com reforma urbana exclusiva e especulação é uma das faces do capitalismo que poucos dizem. Por trás dos Megaeventos existe uma rede de especulação internacional, que lucra, e muito, com a remoção dos pobres e valorização da terra, mesmo que isso amplia a bolha imobiliária que pode ser o calcanhar de Aquiles de nossa economia, como que uma continuação aqui do que ocorreu nos EUA a partir de 2007. 

Só no último ano o preço dos imóveis subiu cem torno de 25% no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, não coincidentemente as cidades são sedes da futura Copa do Mundo. Hoje um imóvel nestas cidades pode custar mais que em Nova Iorque e Miami. De 2008 até hoje o valor dos imóveis subiu 96% no Rio e em São Paulo e não coincidentemente o ritmo das remoções nas favelas e a criação de UPPs aumentaram.

É por isso que a copa do mundo não é nossa e vai nos retirar de nossas casas, nos impedir de ir aos jogos e deixar a economia cada vez mais frágil com aumento do desemprego e com prejuízo de hospitais e escolas cada vez piores. A única solução para isso é lutarmos para impedir que a Copa seja uma cortina de fumaça para ataques ao nosso povo, por isso é preciso ir às ruas e mostrar a cara suja dos eventos que só enriquecem os velhos e gordos cartolas e políticos.

sábado, 13 de agosto de 2011

URGENTE! Mais um ataque ilegal da Prefeitura do Rio! Demolições na Vila Recreio 2

Acabamos de receber a notícia de que pessoas a serviço da Prefeitura do Rio chegaram neste sábado, 13/08, na comunidade Vila Recreio 2 e já começaram a derrubar as últimas casas que só permaneciam de pé graças a liminares da Justiça. Das duas uma: ou derrubaram a decisão favorável aos moradores durante o plantão do judiciário, ou estão passando por cima, mais uma vez, da ordem constitucional. 

Em qualquer dos casos, trata-se de mais um ataque ao Estado Democrático de Direito, uma vez que é nítida que a ação surpresa, no meio de um fim de semana, é uma tática muito clara para evitar qualquer tentativa de resistência por parte dos moradores ou de seus aliados. Mesmo no plano institucional.

Ações como essa põe em cheque quaisquer tentativas de negociação, comissões e outras tratativas já iniciadas por diversas instituições sérias desse país, numa tentativa de parar o fascismo travestido de "eficiência administrativa" engendrado pelo Prefeito Eduardo Paes com apoio direto e explícito do PT, do PDT, do PCdoB e de outros cancros políticos auto proclamados "partidos populares" ou "a favor dos trabalhadores".

A desfaçatez do Sr Eduardo Paes, Jorge Bittar e sua caterva impregnada nas subprefeituras e na Câmara dos Vereadores ultrapassa todos os limites, mas continuamos a vislumbrar um horizonte de crimes contra direitos humanos da população carioca, contra o meio ambiente e contra a administração pública, sem que os poderes da República façam sequer ouvir os demais lados envolvidos. Não estamos falando de meras infrações. Estamos falando de violação de domicílio, danos morais e materiais, ameaça coação, abuso de autoridade, constrangimento ilegal, vexação de menores, idosos e incapazes entre outras barbaridades.

Não dá pra ficar calado diante de tantos disparates. A população carioca precisa se insurgir contra essa sucessão de crimes. Os ataques já começaram há meses e atingem tanto favelas quanto bairros formais. Ninguém está a salvo das ações criminosas orquestradas pela aliança maldita que governa o Rio de Janeiro.
Jorge Borges
Geógrafo, Assessor Técnico

Twitter: @jorgeborgesrj
Skype: jlborgesrj

domingo, 31 de julho de 2011

Por uma Copa de um povo de um lugar!


A isenção não existe, a paixão sim!

A rua é ar puro no coração de quem luta, e se todo dia o sol levanta e a gente canta o sol de um novo dia, o sol canta mais alto e melhor quando a rua é tomada por seu dono, mesmo em em numero menor do que deveria e maior do que se esperava.

A Marcha por uma copa do povo foi um momento de suspiro, de folego,de incêndio,de iniciação de rua pra muita gente e de uma vida em um modelo onde a cadeira de casa e o teclado são substitutos dos velhos protestos de ruas, canais únicos em tempos sem internet pra a indignação popular. 

Nestes tempos de twitter e Facebook o sujeito pode xingar muito no twitter ao invés de encher o saco na rua, o que é saudável, mas que talvez torne necessário uma reflexão sobre a necessidade da co-existência entre teclado e rua e mais ainda da eficácia de ambos. A necessidade de "eficiência" do protesto é medido em números de tuítes e de pessoas na rua e por isso a ausência de uma percepção de quem pode gritar muito no twitter por vezes acha desnecessário gritar muito na rua e quem grita muito na rua talvez não grite da maneira que quem grita muito no twitter curte ouvir.

A rua alegra, mas marchar cansa.. e o teclado talvez ajude a formulação de idéias mais de fôlego, mas talvez torne todos os protestos apenas comentários não lidos.. a junção de ambos é fundamental para que a cada dia mais pessoas cheguem às ruas e mais rueiros cheguem no #ForaRicardoTeixeira virtual.

A Marcha de ontem, dia 30 de Julho de 2011, foi a meu ver uma das melhores marchas recentes pois ajuda a entender o mundo sem a centralização do carro de som e  dois formatos diferentes de manifestação que por vezes entram em conflitos, mas que pra mim se complementam: A marcha organizada com o carro de som centralizador e a marcha descentralizada, "caótica" e espontânea. 

Há uma nítida ausência de saco de parte do chão para com os discursos, especialmente para com a falta de diálogo de muitos deles, mas também há uma percepção clara do carro de som (como vamos chamar a organização da marcha) que é arriscoso uma marcha sem um controle mínimo, ainda mais com o risco da PM usar nossa cara como pele de tamborim.

O carro de som é útil pra organizar a marcha, pra evitar conflitos inúteis, mas como instrumento de controle que por vezes se transforma em "comando", ao menos pra parte da organização que acha que a marcha é de gado, entra em conflito com o espírito rebelde que caminha. O aspecto do marchador, o cara que tá pulando, cantando e curtindo o protesto, é interessante porque é dele o rompimento e por vezes o risco de porradaria descontrolada com a polícia, o que deslegitima pros demais caminhantes enrustidos a idéia de participar da marcha. Mas antes de mais nada é preciso entender o caminhante que quer ir além, que quer romper, que quer mudar. Esse espírito é o que faz a marcha ser mais do que gritar muito no twitter e por isso a organização deve ter o feeling de acompanhar isso, mesmo que com criticas à posturas mais arriscadas e agressivas de parte da heteroglossia do coletivo.

O Carro de som centraliza, mas inibe, e a inibição nem sempre é bem vinda. A marcha por vezes é anárquica e por isso talvez corra riscos desnecessários, é importante perceber a diferença e mais ainda entender que é essa diferença que faz a política funcionar, ainda mais em tempos de descentralização e capilarização da opinião via a liberdade da rede.

O dito acima é uma tentativa de análise sobre o que aconteceu quando o carro de som foi impedido de continuar na marcha devido às limitações do evento do sorteio dos grupos das eliminatórias para a copa. A partir deste momento a marcha foi feita com o "comando" a pé e dando orientações ao todo da marcha, mas parte dela se rebelou com as orientações e ocupou a pista do Aterro tornando a marcha algo "dividido" com parte em cada lado da pista central do aterro e uma "rebelião" pacífica, rompeu com o "comando".

Diga-se de passagem que parte dos rebeldes eram os "comandados" pela figura que arrogantemente disse que "ali tinha comando", ou seja, provocou com vara curta nego muito puto dentro da roupa. A organização foi tudo, menos centralizadora em excesso e autoritária e deve ser elogiada por isso. A questão é que o carro de som por si só como linguagem é centralizador e a rebeldia com sua ausência é quase imediata. E foi por isso que de repente levou à divisão da marcha.

A cada dia é um aprendizado depois de anos de ausência de passeatas de rua e de movimentos que buscam o crescimento delas. Talvez a "divergência" seja um sinal, uma linguagem nova, uma forma de entendimento que não precisa da convergência centralizadora.

A vivacidade de Marcha e seu protesto com alcance bem maior do que o esperado para um número que diante de outras marchas pela história é irrisório, ão sinais, são elementos de discussão, aprendizado e felicidade pela retomada das ruas e pela voz dada a um protesto que é calado pela mídia.

Em uma cidade controlada por uma mistura de estado policial miliciano e  empreendimentos imobiliários, haver quem resista, mesmo que ainda em pequeno número, é fundamental, seja ele centralizador no Carro ou anárquico no chão.

PS: Não falei das marchas pela liberdade ou das vadias porque não conseguir ir até elas. Mas elas podem ser incluídas facilmente na análise acima, a colocação de que foi a melhor marcha em tempos é impressionista.

PS2: Vídeo que fiz da Marcha:



quarta-feira, 20 de julho de 2011

REUNIÃO DO NÚCLEO DE LUTAS URBANAS DO PSOL NA PRÓXIMA QUARTA, DIA 27

reunião do Núcleo de Lutas Urbanas do PSOL está marcada para quarta-feira da semana que vem, dia 27/07, às 18h30, no Sepe/RJ (Rua Evaristo da Veiga, 55, 7º andar). A pauta prioritária será a retomada do debate iniciado na penúltima reunião:
"Aprofundar o debate sobre os espaços de atuação da esquerda hoje na cidade e a atuação do núcleo"


A companheira Isabel Mansur vai abrir o debate.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Morro da Providência: A Praça não é mais do Povo


No Rio Olímpico, ocupação militar para garantir a limpeza social
 
Na manhã desta terça-feira, 19/07/2011, recebemos relatos e fotos dos companheiros da Rede Contra a Violência e do Coletivo Pela Moradia.
 
Funcionários da empreiteira contratada pela prefeitura do Rio de Janeiro contaram com a ajuda de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) instalada no Morro da Providência, no Centro da cidade, para tomar a praça Américo Brum, situada no interior da comunidade. A praça ganhou repercussão pública em 2008, quando três jovens foram sequestrados por militares do exército, que então ocupavam a favela, e levados para outra comandada por uma facção rival, na qual foram mortos.
 
A área está sendo requerida pela prefeitura para ali ser instalada a base do teleférico que será construído na localidade, uma das obras inseridas no plano de reurbanização da comunidade, bem como no projeto "Porto Maravilha", de revitalização da região portuária. Tal obra implicará na remoção de dezenas de famílias. Em conjunto com as moradias que a prefeitura alega estar em áreas de risco, o número das construções a serem removidas chega próximo de 700 construções. Como tem ocorrido em outras áreas da cidade (atualmente, aproxidamente 150 favelas encontram-se ameaçadas ou em processo de remoção), não há diálogo com os moradores locais, que não sabem exatamente o que vai lhes acontecer. A prefeitura não apresentou em detalhes o projeto de reurbanização, muito menos explicou a necessidade de construção de um teleférico. Apenas marcou as casas das pessoas com a inscrição "SMH". A falta de informação marca a relação do poder público com os moradores, que questionam a necessidade da remoção de moradias.
 
Hoje, pela manhã, os moradores haviam programado um café da manhã, como uma forma de protestar contra o fim da praça Américo Brum e pela não remoção das moradias. Entretanto, com a ajuda de policiais da UPP local, os responsáveis pela obras invadiram a praça e a cercaram, impedindo a entrada dos moradores. É importante destacar que esta é a única área de lazer na Providência, utilizada largamente pelas crianças de jovens da localidade. Apesar disso, em nenhum momento foi discutido com os moradores a necessidade de acabar com este espaço de convivência, muito menos se seria reconstruída em outro lugar. Simplesmente chegaram, cercaram e impediram as pessoas de a utilizarem. A prefeitura sequer respeitou o período de férias escolares. Muitos jovens, com esta ação arbitrária, ficarão sem um espaço no qual podem se encontrar e se divertir, já que não há outro local próximo e gratuito para atividades de lazer. Não bastasse o desreito ao direito à informação e à moradia, o poder público municipal desrespeitou o direito ao lazer, tão importante para a sociabilidade de crianças e jovens.
 
Os moradores estão realizando, neste momento, um protesto no local. Consideram injusta a forma de tratamento da prefeitura e exigem que sejam ouvidos pelo poder público.
 
Mais informações: 7113-7273 (Rosiete)
Comissão de Comunicação da Rede contra Violência
 
As palavras e imagens já dizem tudo. O Rio de Janeiro está, pouco a pouco, rasgando sua história, submetendo seu próprio povo à mesma fórmula que já levou países como a Grécia e a Espanha à situação pré-falencial. A transferência de recursos públicos de forma indiscriminada e sem controle para grandes corporações, está levando a um ciclo de intervenções urbanísticas desnecessárias, caras e cuja manutenção será uma incógnita.
Veja-se, por exemplo, esse teleférico do Morro da Providência. Para quê? Quanto custará sua instalação? Quanto custará sua manutenção? Qual será o custo social do desalojamento de quase 10.000 pessoas só para realizar esse sonho psicótico da atual administração municipal?
 
O Rio de Janeiro vive um dos momentos mais obscuros de sua história e as repercussões desse período podem atingir diretamente a identidade de quem aqui vive. A intervenção da PM na Praça Américo Brum, na manhã de hoje só demonstra que as tais Unidades de Polícia Pacificadora constituem, na verdade, uma "paz sem voz". E paz sem voz, não é paz...
 
 Fotos - Resistência na Providência! por Luiz Baltar
Fotos da manifestação contra a demolição da Praça Américo Brum, no Morro da Providência:
 

Jorge Borges
Geógrafo, Assessor Técnico
 
Twitter: @jorgeborgesrj
Skype: jlborgesrj

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PLENÁRIA AMPLIADA DO COMITÊ POPULAR DA COPA E OLIMPÍADAS

Terça-Feira – Dia 19 de julho às 18h
Sindicato dos Metroviários 
Av. Rio Branco, 277 – 4º andar


GRANDE ATO UNIFICADO
Convidamos todos os fóruns, redes, movimentos,comunidades, ocupações, sindicatos, ONGs, academia, estudantes, enfim, todas as entidades, que estão se indignando com o Grande Balcão de Negócios que virou a cidade, onde a população , suas lutas e seus poucos direitos são apenas um detalhe incômodo que precisa ser eliminados ou calados de qualquer maneira, a estarem presentes na construção deste grande Ato.

Parem as remoções e desalojos, pelo Despejo Zero.
Não a privatização da cidade e dos Serviços Públicos.
Pela imediata investigação e punição de todos os envolvidos nos escândalos das empreiteiras.
Faça a sua luta junto com a luta pelo direito a cidade.
A educação, a saúde, a liberdade de expressão, os salários, o direito ao trabalho serão afetados pela realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Temos que reagir a isto!!!!!
Vamos juntar as bandeiras e transformá-las em nossas bandeiras.

COMPAREÇAM e DIVULGUEM LIVREMENTE!!!!!!

Você pensa que a Copa é nossa?
 
Os governantes falam o tempo todo que a Copa e as Olimpíadas trarão benefícios para o Rio e para o Brasil. Benefícios para quem? O custo de vida e o aluguel não param de aumentar, famílias são removidas das suas casas, ambulantes e camelôs, proibidos de trabalhar. 

Mais: eles estão gastando dinheiro público e apresentaram uma lei para não prestar contas depois. Prá piorar, a Fifa, a CBF e o seu presidente, Ricardo Teixeira, organizadores da Copa, sofrem várias denúncias de corrupção. Enquanto os bombeiros, os professores, a saúde e o saneamento são arrochados, bilhões são dados de mão beijadas as empreiteiras e especuladores.

Tudo indica que com a Copa e as Olimpíadas vamos repetir em escala muito maior a história do Pan-americano de 2007: desvio de dinheiro público, obras grandiosas, mas inúteis depois das competições, benefícios só para os empresários amigos do poder e violação dos direitos de milhares de brasileiros.

As remoções de famílias atingidas pelas obras estão acontecendo de forma arbitrária e violenta. Essa situação já foi denunciada inclusive pelas Nações Unidas. Parece democracia, mas a população não é informada nem consultada. Os jogos estão sendo utilizados como desculpa para instalar uma verdadeira Cidade de Exceção, com violação sistemática dos direitos e das leis.
 
Deste jeito, qual será o legado dos megaeventos? A privatização da cidade, dos espaços e equipamentos públicos, da saúde e da educação? A elitização do futebol e dos estádios? O lucro e os benefícios com isenções e empréstimos subsidiados com o nosso dinheiro para empreiteiras?  O lucro da copa é dos empresários, mas a dívida ficará para a cidade e para os cidadãos. Não podemos permitir que as histórias da Grécia e da África do Sul se repitam aqui.

Junte- se a nós! Vamos juntos mudar este resultado, venha lutar.

Venha bater uma bola com a gente no Largo do Machado, dia 30 de julho a partir das 10h.
 
Remoção zero! 
Cidade não é mercadoria!
Não a privatização das terras e recursos públicos, dos aeroportos, da educação e da saúde.