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terça-feira, 12 de julho de 2011

PSOL, Militancia e a grande imprensa.

Em uma nota no último sábado o jornalista Jorge Bastos Moreno afirma que Marcelo Freixo se reuniu com Malafaia e Cesar Maia definindo pacto de não agressão. O PSOL-RJ desmente oficialmente na segunda-feira de manhã. Antes disso os Parlamentares Marcelo Freixo e Chico Alencar foram rápidos a se manifestarem com "profundo respeito" ao jornalista e clamando que parassem a "Perseguição" ao mesmo diante da reação da militância  via Twitter com relação à sua nota. Foi feita uma imensa questão de desmentir a nota, mas manifestar profundo respeito ao jornalista. Antes disso Chico Alencar escreve com Merval Pereira, notório adversário de todo e qualquer movimento à esquerda, e com Noblat, jornalista que na maioria das vezes não é exatamente primo da informação democrática ou mesmo de qualidade, especialmente quando a informação não é para atacar adversários políticos da linha editorial de seu Jornal. Nosso amigo partido, o PSOL, ainda não tem um jornal de qualidade e de acesso amplo a seus militantes, o site do PSOL-RJ é mais lento que outra coisa em matéria de informação, não tem lista de núcleos existentes, divulga com atraso atividades, etc, mas de certa forma foi até rápido na divulgação do "desmentido" e agora pede amplo apoio militante pra divulgá-lo. Mas pra que desmentir? O respeito é profundo e o jornalista só "errou", dava pra esperar respeitosamente até sábado pro veículo Oficial do PSOL, O Globo, desmentir "oficialmente" via respeitoso jornalista.


Depois da reação dos "respeitosos" parlamentares do PSOL chamando quem defendia o partido diante da IMENSA SACANAGEM CALHORDA do Jorge Bastos Moreno de "açodados" e "perseguidores' do "respeitoso jornalista" a quem nutria "Profundo respeito" a nota do "respeitoso" PSOL-RJ que desmente seu veículo oficial onde nossas figuras públicas colaboram com seus colunistas é até surpreendente, dadas as relações carnais entre o partido e seu veículo quase oficial.

Diante disso se entende que o PSOL-RJ não precisa pedir à militância pra divulgar sua nota, peça ao Globo, com quem tem relações de "profundo respeito", mesmo quando seus colunistas "erram" de forma suspeita. Até porque a militância não serve pra ser consultada a respeito de candidaturas, não serve pra defender o partido, porque que serviria pra divulgar desmentidos? Bestagem, com um jornal de grande circulação à disposição é perda de tempo contar com militantes, que em geral são "açodados", "persecutórios", até agressivos.

Com a discussão o de candidaturas ocorrendo "publicamente" no Rio a ponto de ser colocada como ampla e democrática, sendo que "público" aí é quase tão secreto quanto reunião da maçonaria ou sinônimo de reuniões e núcleos x ou y tomados como medida de todas as coisas, fora que correntes, majoritárias, são tomadas como representante do todo, foda-se, e sem o menor problema do palavrão, as menores e os independentes.

É isso ai, o PSOL pode ser necessário, mas sua militância não o é, ao menos pra ele e sua direção, figuras públicas e "lideranças". Não precisam de quem está aí e não é informado, consultado e ai chovem argumentos pra defender as medidas de discussão "democráticas' levadas em quase segredo pela burocracia. A gente sós erve pra panfletar e isso se o fizer sem reclamar.

Quando um sujeito que fica mais de 12 horas na frente da internet e visita os sites do partido não obtém a informação de discussão de algo em um partido, mesmo lidando com militantes inclusive que participam de mandatos a cosia tá feia na ocultação e mais ainda, quando pra um cara souber de algo do partido precisa ser de corrente e majoritária o trem tá bem feio e há quem ache isso normal.

E o PSOL que busca (Busca?) ser alternativa de esquerda se afoga em si mesmo e acha normal a cúpula decidir pela base. E ainda quer cantar a esquerda que não se vê no PT e procura alternativa. Será que um dia entenderá porque ela não vê no PSOL essa alternativa? Duvido que veja, infelizmente.


PS:  Hoje me disseram que a candidatura Marcelo Freixo a prefeito do Rio estava em discussão desde Fevereiro no PSOL.Como bom mala sem alça procurie no gogoel e como o site do PSOL-RJ está fora do ar, procurei tb nele em cache. A surpresa é que não tem nada em lugar nenhum online dizendo nada a respeito do debate. Dá pra comprovar aqui 
http://j.mp/ovJGG6 que ao menos em sites DO PARTIDO, não há debate nenhum anunciado antes de Junho, quando a  executiva anunciou sua pré-candidatura pra numa inversão de função o diretório estadual discutir. Há sim notas de outros veículos colocando a possibilidade de sua candidatura, nada do partido. Alega-se que quem é de corrente discutiu, ou seja, quem não é de corrente ou ao menos não é das majoritárias não precisa discutir e nem tem disponibilizada a informação de forma pública e oficial pelos veículos do partido. E chamam isso de democracia.. Recebo regularmente mensagens do partido via e-mail e EM MOMENTO ALGUM foi colocado qualquer tipo de debate em quaisquer instancias. Companheiros de n[úcleo de lutas urbanas tb não sabia de nada OFICIALMENTE. E chamam isso de democracia. Um excelente nome, um processo totalmente viciado,anti-democrático e burocrático. Pena, Mesmo quando acerta o PSOL consegue fazer cagada.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

PSOL: Necessário! Porque não imprescindível?

O PSOL se auto-proclama "Um Partido Necessário" e concordo plenamente com isso, inclusive por ser filiado ao mesmo, e entendo-o como a  grande alternativa para uma esquerda que sofre com uma das maiores crises de sua História, comparável inclusive com a  crise que lhe abateu antes e durante a ditadura militar  que veio a destroçar suas lideranças e base.

O papel que o PSOL desempenha e deve desempenhar é a tábua de salvação para um conjunto de bandeiras e práticas que são precisas para a necessidade do país superar um período histórico assustador, que vê o crescimento do conservadorismo e  do reacionarismo a ponto de voltarmos a ter manifestações neo-fascistas não só nos guetos dos grupelhos, mas no parlamento, onde deputados perdem inclsuive o decoro ao assumir práticas e idéias que só faltam usar camisas verdes ou pretas.

Os Parlamentares do PSOL asseguram o lugar de  melhores mandatos a serviço do país, seus estados e cidades, com orgulho, são os melhores quadros a atuar na Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativa, Senado e Câmaras de Vereadores. A militancia do PSOL na rede e na rua vai à luta e faz seu papel.

O que falta então pro PSOL meter bronca e sair da sombra de "Dissidentes do PT"? Pra muitos a resposta fácil seria: "Atacar de forma mais veemente o governo" , "Fazer discurso revolucionário",etc. Apesar de achar que falta mais veemencia nos ataques e mais socialismo no discurso,isso é perfumaria diante da necessidade concreta de existir um.. Partido.

Como assim falta existir um Partido? Isso, falta existir um partido! A distancia entre a cúpula e a base do PSOL tem o mesmo tamanho de duzentas voltas a Betlegeuse, do Grande Ford Prefect de Guia do Mochileiro das Galáxias. O mais complicado é que esta distancia é menos de afinidade política minima do que de uma coisa mais simples: Instancias de debate e interação.

É mais fácil dialogar com um parlamentar diretamente do que via um núcleo, considerando que estes ainda existam, dada a pouca quantidade de núcleos em funcionamento. Tenho contato com gente de núcleos e setoriais e se existe um papo entre a cúpula e estes núcleos é de forma informal e em geral por contato via redes sociais ou pela vida cotidiana.

Tenho mais facilidade de contato com os Deputados Jean Willys e Chico Alencar via twitter do que via plenárias de mandatos, o mesmo com o grande Milton Temer. Claro que é legal essa interatividade, essa política 2.0, mas sem a política 1.0 a 2.0 é apenas uma interação de mandato com eleitor, e não de dois filiados com papéis a serem executados no dia a dia partidário e na interlocução das lutas cotidianas com os mandatos.

Não há aqui nem sombra da intenção de culpar os parlamentares ou figuras públicas, mas é uma cobrança sim de que existam meios de criar neste partido um Partido de verdade e não uma legenda com grandes mandatos. Precisamos de seminários, de insuflar os núcleos a existirem e consturir mutuamente um partido atuante, em contato pleno com as lutas, com a militancia,com a produção intelectual do partido, com a vida enfim.

O PSOL tem tudo para ocupar a vaga deixada pelo PT na esquerda, falta a ele existir plenamente, indo além do imaginário que o mandato cria para as classe médias informadas e penetrando nas lutas diárias, em todas as classes, e em si mesmo, se conhecendo e interagindo mutuamente para além das lutas entre correntes, cúpulas e campos.

O PSOL é um partido necessário, mas é necessário ser um partido inteiro para além de necessário se tornar imprecindível.

PS: Quando menciono ocupação de espaço deixado pelo PT não tenha a intenção de propor que o PSOL use o PT como modelo ou siga seu caminho, mas que ocupe o espaço político deixado vago na esquerda, a seu próprio modo e estilo, preservando a idéia de novo, buscando novas relações e formas de fazer política, especialmetne baseando-se nas novas formas de política que nascem da horizontalidade da Internet, por exemplo, da busca de um socialismo com liberdade. A idéia não é propor a repetição do PT, mas o avanço com relação ao PT buscando ser opção pra quem ainda luta pelas bandeiras abandonadas pelo Partido dos Trabalhadores, mas buscando mais a horizontalidade da Comuna de Paris e menos a formatação dos PCs e do novo Stalinismo Petista. A ocupação do espaço é no sentido de estar no lugar deixado vago pelo PT, não necesaiamente da mesma forma com que o espaço foi ocupado antes.

PSdoB: Betelgeuse é o planeta de Ford Prefect Pesonagem do Livro Guia do Mochileiro das Galáxias, ótimo livro de ficção científica bem humorado, leiam!.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Grande discurso de Chico Alencar

 É de certa forma irônico que o discurso mais democrático, republicano, tenha vindo de um socialista e na defesa de instituições criadas pela revolução burguesa. Porém, é também necessário que os socialistas tenham em mente a necessidade de consolidar a revolução burguesa, mesmo buscando superá-la, no que ela tem de implementação e expansão da democracia.

 É sim papel dos socialistas a busca de universalização da democracia através das instituições, da institucionalidade do sistema, não podemos é ficar presos na institucionalidade, e mesmo na legalidade do sistema, quando precisamos ir  conquistando a superação do sistema através de nossas lutas, todas elas, seja anti homofobia, anti racismo, por reforma agrária, por um cuidado ambiental que não seja apenas a perfumaria Ecochique Marinista. 

 Por isso venho louvar o discurso do companheiro parlamentar Chico Alencar e reproduzí-lo, pois é simples, eficaz, republicano e nos permite, nós mais radicais que ele, acrescentar o toque de superação necessário, com a base do republicanismo plantada pela beleza e eficácia do discurso.

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Chico Alencar defende reconstrução da ponte entre a sociedade e o Parlamento em seu discurso na disputa pela Presidência da Câmara

 [fonte: www.chicoalencar.com.br]

Sras. Deputadas — e começo pelo feminino sub-representado nesta Casa, onde as maiorias sociais nem sempre têm a expressão política devida — , Srs. Deputados, cidadãos que acompanham esta sessão: nós, aqui — e o traço do arquiteto sábio revela isso — , somos o centro do poder político na institucionalidade brasileira.Todos nós tivemos mais de 95 milhões de votos, o que representa 71% do eleitorado brasileiro.
            Por isso, quando discutimos Mesa Diretora da Câmara e Mesa Diretora do Senado, temos a altíssima responsabilidade de expressar bem o anseio da população brasileira em relação a essa expressão política. Portanto, não falarei aqui de uma proposta interna corporis, de uma proposta corporativista. Mais do que construir prédio, nós precisamos reconstruir a ponte entre a sociedade e o Parlamento. Mais do que criar qualquer adicional para o bom exercício do mandato, precisamos muito anexar cada momento deste Parlamento ao querer e ao sofrer sentido da nossa gente.
    [clique aqui para ler a íntegra]

            Por isso, eu quero dialogar com todos os Parlamentares aqui presentes, alguns dos quais são novos, do ponto de vista da Legislatura que se inicia hoje. A sessão de posse que ocorreu hoje pela manhã revelou uma emoção muito grande — emoção maior, é verdade, para aqueles que aqui chegam pela primeira vez, e isso é naturalíssimo — e todos perceberam que este 1º de fevereiro tem um significado especial na sua vida. Mas não por nós mesmos — porque cada um carrega a sua delícia, a sua dor, o seu drama pessoal, a sua esperança, todo ser humano tem essa condição maravilhosa e trágica —, e sim porque hoje nós aqui estávamos na condição de representantes da população.
            Portanto, seria muito bom que, a exemplo do Senado, onde assisti à sessão de eleição do Presidente, tivéssemos uma postura grave, séria, atenta para cada um que aqui vem trazer suas propostas. Os 513 Parlamentares, cada um com os seus muitos assuntos e suas várias representações, têm muito o que conversar, falar e divergir, mas é claro que há momentos singulares. O poeta Fernando Pessoa diz: Para ser grande, sê inteiro: nada/ Teu exagera ou exclui/ Sê todo em cada coisa/ Põe quanto és no mínimo que fazes.
            Seria muito bom que ao longo desta Legislatura, em primeiro lugar, tivéssemos a presença constante da maioria absoluta dos Parlamentares; e, em segundo lugar, que cada vez que teclássemos ali para expressar o nosso voto isso fosse feito com inteireza, com grandeza, com luz, com consciência.

            O passo inicial é reconhecer algo que nos incomoda a todos. Hoje vi uma bela entrevista do meu querido colega e irmão Deputado Henrique Fontana — não pedirei seu voto porque sei que é muito ligado ao seu partido e, ainda por cima, é gaúcho —, que dizia: A reforma política é fundamental. E é mesmo! Os partidos vivem em crise de representação. Nós, socialistas, somos pouco socialistas na nossa prática; vivemos uma democracia do capital, muitas vezes. Nós, ambientalistas, não temos atitudes viscerais ecológicas; o discurso ambiental é central na nossa fala e periférico na nossa atitude.

            Nós, na pluralidade, somos homofóbicos, Jean; machistas, Deputada Janete; somos exclusivistas, somos privatistas, somos individualistas.

            Fiquei hoje também muito comovido no Senado ao ver o jovem Senador Randolfe Rodrigues, que aqui está, desafiar o consenso em torno de um nome tradicional, do velho patrimonialismo e da oligarquia brasileira. Que consenso é esse? Consenso aparente, forjado, em nome de uma proporcionalidade de cargos nas Comissões — o que têm seu elemento de justiça — significa abrir mão de princípios? Não é correto. Não é justo. Não é assim que se constrói a política.
Por isso, esta candidatura é uma expressão, um símbolo da necessidade de resgatar o papel do Legislativo na nossa sociedade, de dar nervo e vida a este belíssimo prédio que ocupa o centro da Praça dos Três Poderes. Poderes que, aliás, precisam, em primeiro lugar, ser constantemente controlados pela população, sim.
Portanto, austeridade, transparência, ética são princípios cardeais para o Executivo, para o Judiciário e, obviamente, para este que é o Poder mais aberto, embora ainda insuficientemente aberto, o Legislativo.
            Esta não é uma candidatura dissidente, pois é antes partidária. Não é uma candidatura oficialista a partir de um consenso que tem a ver com cargos na própria estrutura da Câmara dos Deputados ou do Governo. É uma candidatura de uma concepção política que eu, com todas as minhas limitações, tento expressar aqui, não apenas em nome de Ivan Valente e Jean Wyllis, de Marinor Brito e Randolfe Rodrigues, nossos Senadores. Muitos Deputados, muitos Senadores sabem que nós precisamos requalificar a política no Brasil.
            O povo lá fora não dá a importância devida a este momento porque é induzido a se desinteressar da política, exceto no período eleitoral. Será por educação precária? Será por despolitização? Será por falta de informação? Sim. Mas é também por desinteresse, por apatia derivada da nossa própria prática política tantas vezes fisiológica, tantas vezes clientelista.

            Por isso, o PSOL traz aqui, nesta hora importante, propostas que não são do PSOL; são da recuperação do Parlamento.

            Registro o belíssimo pronunciamento do Senador Randolfe Rodrigues nos Anais desta Casa. Por vezes, nossas palavras, e isso é próprio do Parlamento, vão além do breve momento em que são pronunciadas. Por vezes, a soma matemática dos votos — ainda que 10% deles sejam do Senado Federal, o que não é pouca coisa, dadas as condições de estrutura e acordos de poder — não revela o que é perene. Por isso, deixo aqui a bela e significativa fala do Senador Randolfe.

            Quero, ainda, deixar registrados nesta Casa nossos projetos para o resgate do Legislativo, dentro dos princípios fundamentais do protagonismo. Nós não somos Casa homologatória do que o Executivo determina. Independência significa fiscalização sempre. CPI não é instrumento de oposição coisa nenhuma; é instrumento de fiscalização e deve existir sempre que necessário — ou será que a ética só vale quando estamos fora do poder, e a hipocrisia é a norma? Não.
            Nós queremos, por exemplo, que a chamada Lei das leis seja de fato derivada de um saudável processo legislativo, com valor real. Orçamento com responsabilidade tem de ser impositivo, senão será peça de ficção, e nós ficaremos sempre apenas buscando emendas individuais para garantir uma reprodução de mandato que não é mandato efetivo na transformação social, na redução da desigualdade social de que o Brasil tanto carece. Reforma política, como eu já disse aqui, se mantida fora do financiamento público exclusivo, resultará sempre no que todos aqui, sem exceção, sabem: só se elegem aqueles que conseguem amealhar muitos recursos — o que, não raro, leva a caminhos heterodoxos, digamos assim — ou aqueles poucos, e cada vez em menor número, chamados Deputados de opinião.
            Se não encararmos neste ano, independentemente do humor do Executivo, uma reforma política radical, democrática e substantiva, a representação viverá uma crise permanente, e os escândalos se sucederão.

            Queremos também que algumas emendas constitucionais — e há 185 pendentes! — sejam votadas com prioridade. Isso é fundamental. A PEC contra o trabalho escravo, a do voto aberto no Parlamento e outras, que não “beneficiam”, mas fazem justiça mínima a categorias profissionais. Tudo isso nós temos de enfrentar, porque o Parlamento é o espaço do dissenso e da divergência. Queremos ainda que o preceito constitucional da auditoria da dívida pública, jamais realizado, jamais cumprido, seja efetivado.
            O Parlamento é o espaço do grande debate nacional, meu amigo Stepan, e o debate nacional não pode ser feito apenas depois da peça de teatro, nos bons botecos da vida; ele tem que ser feito sobretudo aqui. E este ano, Deputado Alessandro Molon, nós temos o Plano Nacional de Educação, o que vai exigir muita qualidade do debate plural deste Parlamento, para que cheguemos a 10% do PIB para educação.

            Esses são apenas alguns exemplos de uma pauta rica, alentada, como, ainda a defesa dos biomas e da biodiversidade brasileira, tão maltratada e, como se vê, de forma tragicamente criminosa. Eu e mais 45 colegas do Rio de Janeiro estamos de luto por pelo menos 873 mortes já confirmadas e por 450 pessoas desaparecidas, em razão de tragédia ocorrida numa região belíssima de nosso Estado. Não foi só a força da natureza: foi também a incúria do poder público — minha, de cada um de nós aqui.
Nós temos de enfrentar essas questões. O mundo está mudando, e o Parlamento não pode ser a casa da inércia, do bom emprego, da acomodação, do nepotismo, da mesmice.

Nós queremos também a garantia dos direitos das chamadas minorias, que sofrem discriminação — a Cidadania LGBT estava aqui, vivamente, dando cor e força à celebração da posse. Discriminação secular contra as mulheres, discriminação contra etnias — a cor da pele é apenas a roupa que nos veste, mas, junto com a exploração econômica, significou, secularmente, opressão.
Agostinho Neto, grande político da República Popular de Angola e um dos líderes da sua independência, dizia: Minhas mãos colocaram pedras nos alicerces do mundo. Mereço o meu pedaço de pão.

            Sr. Presidente, eu estou aqui para reforçar essas propostas, pedir o voto consciente, nessa concepção política, agora. E, tendo iniciado citando Fernando Pessoa, concluo também com ele, dizendo que represento um projeto e uma concepção: Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada. / À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Sonhemos juntos.

Muito obrigado.
http://www.psolzonasul.org/2011/02/chico-alencar-defende-reconstrucao-da.html#more