Mostrando postagens com marcador Cidade Partida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cidade Partida. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Em qual cidade do Rio de Janeiro você vive?

Loja de carros em Vila Valqueire
Hoje ao circular em Botafogo sem carros na calçada quase, com guardas municipais circulando, com obediência de motoristas a sinais (Com exceções raras) limpeza urbana, lixeiras em toda a rua, percebi com mais ênfase que a tal cidade partida sobre a qual teorizava Zuenir Ventura e que mencionei aqui indicando outras fontes que discutiam o problema da divisão não só social da cidade do Rio de Janeiro, é não só um fato, mas uma opção do poder público.

Há, por exemplo, lojas de automóveis tanto na zona sul do Rio quanto na zona norte, especialmente onde moro, em Vila Valqueire, mas o respeito levado a cabo pelos lojistas na área nobre da cidade é completamente diverso do que se vê no cotidiano do subúrbio, onde a prefeitura só aparece para retirar camelôs das praças  e multar carros particulares deixando os carros das lojas ocuparem às vezes  a mesma calçada ou lado da rua onde os carros particulares estavam estacionados.

Loja de carros em Vila Valqueire
Se na zona sul há um certo respeito levado a cabo pelos utilizadores de veículos não é exatamente pela bondade humana, mas pela presença ostensiva do aparato do estado, seja a policia militar seja a guarda municipal, pelas ruas. 

Em Vila Valqueire o que se vê é a Guarda Municipal conversando com lojistas, parceiros que são, seja lá qual for o eixo de união entre o poder público e o empresariado local que tem o bairro como seu e ocupa os espaços das calçadas impedindo doentes, cadeirantes, mães com bebês e o transeunte comum de passar sem ter de pedir licença aos senhores do espaço.

O choque de ordem? A secretaria de ordem pública? Estão do Méier e Tijuca pra frente impedindo o vendedor ambulante de trabalhar, a cervejinha ao redor do estádio e claro atuando pelo lado bom que é dar Às calçadas ao pedestre, coma  exceção de locais onde o restaurante "tradicional" tem uma liberação "branca" de ocupar a calçada.

Loja de carros em Vila Valqueire
Já em Valqueire o choque de ordem é dirigido ao senhor que mantinha brinquedos para as crianças em uma praça mal aparelhada e mal cuidada, ao vendedor de pastel tradicional, ao comerciante popular de ervas e outros atores cujo peso em relação ao shopping de automóveis é semi nulo. O lojista das lojas de automóveis tudo pode, esse não é incomodado e reza a lenda que por associações estranhas é avisado quando da atuação da tal "secretaria da ordem pública" e do "choque de ordem" com antecedência que o permita fingir que não burla as leis.

Lixeiras? No subúrbio não precisa conforme o prefeito. Se na zona sul é uma a cada poste no Valqueire é uma a cada duas quadras.

A ordem pública segundo a prefeitura é localizada nas proximidades de onde reside o prefeito e a rede de televisão que o apoia.

Além de não ser discutida com a população e obedecer a ditames relacionados à valorização da mesma velha zona sul e aos pontos apontados pela Rede Globo, o tal choque de ordem não tem nenhum cuidado de esconder preferências por uma ordem que restrinja a cidade a quem não mora nela ou a quem consome, especialmente se for turista ou morar nos bairros onde a ordem significa limpeza de pobres da linha de visão.

Aqui no Valqueire e ao redor de Madureira constroem belos parques, removendo favelados, e fazem obras de última hora de recapeamento enquanto o sujeito pra ir pro trabalho fica mais de três horas no ônibus, recebendo poeira de obras executadas como que feitas sem planejamento e sabendo que todo o embelezamento tem o período tradicional de duração até no máximo alguns meses apos as eleições.

Em qual cidade do Rio de Janeiro você vive?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tá na hora de pedir um Fora Cabral,né não?

Marcelo Freixo sofreu novas ameaças de morte, onde inclusive mencionam pagamento  de 400 mil por sua cabeça e sairá do país para reajustar sua segurança e reduzir a pressão pessoal, chamar atenção das autoridades,etc. Em tempos de eleitoralismo à todo vapor é fácil, e estúpido, cometer o  erro que eu mesmo cometi de imputar golpe publicitário à ação. A parada e séria, nego preto, e o trem ta feio.

Mesmo com todas as críticas que o Deputado mereça pela ação política interna e externa ao PSOL no que tange especificamente à construção de alternativa política à este tipo de costura política que sustentam o sistema atual, a ameaça à sua vida é fator gravíssimo que deve e merece ser combatido por todas as instancias da sociedade. Não dá mais pra aturar uma cidade e um estado entregues à grupos criminosos com braço no Estado, mantidos e sustentados por membros da Câmara Municipal, da ALERJ, da Secretaria de Segurança, Polícias Militar, Civil e Bombeiros, tanto com participação ativa quanto por omissão.

A saída de Marcelo Freixo do País é fato grave e não pode ser combatido apenas com discursos na OAB e passeatas na Orla, é preciso ir além, com pedido direto de impeachment do Governo do Estado por omissão, fingir que não conhece as ameaças, fingir ignorar o grave risco à vida das pessoas e pro vezes sendo cúmplice de assassinatos como o da juíza Acioly ao retirar sua proteção, com a anuência criminosa do poder judiciário estadual.

O crescente mando das milicias pela cidade é facilmente distinguível, basta rodar pelos bairros da zona oeste e se sabe que é de propriedade de milicianos lojas de carros, bares, restaurantes e a venda de "gatonet" rola solta.. e não só nas áreas "favelizadas'.

Se juízes e Deputados são ameaçados e mortos,o que esperam que seja feito das vidas das pessoas comuns, mesmo a que apenas questionam barbaridades dos "donos" da cidade? O que ocorre é o comum, gente morta, ameaçada, oprimida.

Por isso a luta contra as milicias e o descaso dos governos tem de ir além de solidariedade ao deputado é caso de exigir investigação pelo ministério Púbico das redes de relação entre milicianos e políticos e pedir o impeachment do governador omisso, pra dizer o mínimo.

Não é preciso votar no deputado para participar disso,  é preciso ir além do apoio individual e dos movimentos circunscritos nos trâmites legais ou em manifestações específicas que não atraiam os que são ameaçados diariamente pelas milicias.

Tá na hora de pedir um Fora Cabral,né não?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Alemão ou O povo, esse entrave

Lendo a Caros Amigos de Julho , que lerdamente leio até setembro para enfim pegar a de agosto, vejo um artigo de Emir Sader criticando, com razão, a critica rasa que a extrema-esquerda faz ao governo e à opção governista. No mesmo artigo a critica que seria excelente cai no tão raso quanto triunfalismo  do apoio popular como medida de todas as coisas e que lava mais branco ocultando todas as cagadas e todas as criticas, as rasas e as que fogem do raso e são benéficas.

O importante é governar e reduzir a desigualdade e ponto, o resto foda-se. Qualquer critica que sustente uma observação de que a redução da desigualdade não é exatamente sustentada ou pior, não tem garantia de um caminhar perene e que seja acompanhada por transformações no estado que vão da educação e saúde ao cuidado com o meio ambiente e direitos humanos.

Porque to falando disso? Porque o triunfalismo por vezes inibe a crítica e na maioria das vezes na blogosfera oprimem a crítica.  Sader no artigo desqualifica todas as criticas baseado no percentual de voto e as faz tábula rasa porque existem, podem até ser maioria, criticas que ignoram as transformações que o governo petista fez, mas existem também criticas que não ignoram as transformações, mas as põe em perspectiva diante de como mantê-las e mais ainda do que não foi transformado e sofre recuos.

Esse comportamento de Sader é repetitivo, o que me faz evitar lê-lo dado o alto grau de panfletagem acrítica que o nobre professor, que com certeza é melhor professor e pesquisador do que colunista. E além de repetitivo é seguido por outros veículos concretos ou blogosféricos (Neologismo, sir!).  Essa inibição de crítica aliada ao panfletário e ao triunfalismo é prima direta da dupla ação de silenciar o apontamento dos erros do Governo e  Partido, pela direita ou pela esquerda, como o de desqualificar qualquer viés de disputa de espaço pela esquerda, seja essa esquerda de fora do PT ou de dentro do PT.

Criticou? "só pode ser PSOLista"! Sacou?

E no mesmo artigo de Sader o apoio popular é citado como arma e moeda maior que traduz o fuderozismo da opção política do homem, esse mesmo apoio popular, e método de discurso e análise, que levava o Governo federal em 2010 apoiar com o exército a ocupação do Alemão no Rio de Janeiro e defender em propaganda eleitoral a expansão das UPPs Brasil afora.

Ano passado qualquer crítica à ocupação do Alemão como era feita era tratado como Sader trata a critica ao Governo pela esquerda. Qualquer apontamento de como são as ocupações, como é o projeto político das UPPs era tratado como "irrealismo". As práticas do projeto político e policial das UPPs, um projeto de cidade também, de cerceamento do ir e vir do povo e postura de síndico para com eles com impedimento de manifestações político-culturais, invasão de privacidade, violência e por vezes alto grau de corrupção com emulação das milícias, eram ignorados em nome da libertação do "povo" em nome do fim das desigualdades, do governo de "todos",etc..

As violações que o Governo do Aliado Cabral com sua PM e o Governo Federal, com seu exército, faziam eram jogadas pra debaixo do tapete em nome da transformação que o governo "Reconhecido pelo povo" fazia no "Brasil Grande" e todo apontamento da esquerda radical, até mesmo dos que desta esquerda eram e são queridinhos pelos "Progressistas" como Marcelo Freixo, erma ignorados e silenciados para tanto apoiar o Aliado Cabral quanto pra fingir não ver cagadas que eram endossadas pelo projeto político "reconhecido pelo povo" em nome do futuro do "Pra frente Brasil".

Agora que o Exército finge estar enfrentando o tráfico pra passar o volumoso rodo de seu ancestral autoritarismo por cima da população do Alemão, que deixou de ser vítima do tráfico e virou um entrave pro projeto de doma que o aparato estatal tem para com ela, o silencio "progressista" é eloquente. 

Da mesma forma o triunfalismo Saderiano que é mais rápido no gatilho para desqualificar o que chama de "extrema-esquerda" não se transforma na ira santa necessária para a denuncia de mais um capítulo de um projeto autoritário de segurança endossado pelo poder do Governo "De todos" petista, projeto esse que é useiro e vezeiro de uma prática de censura à manifestações culturais, práticas de imposição de manifestações artísticas como mais ou menos válidas, samba pode, funk e hip hop não, vigia do direito de ir e vir, toques de recolher,etc.

Sader está certo em criticar a ausência de uma critica que olhe o real por parte da extrema-esquerda, mas falha redondamente ao não usar esta mesma crítica com relação à própria visão e a dos como ele apoiadores da opação governamental pelo "Pra Frente Brasil",os vulgos "progressistas", e falha redondamente ao tornar todas as críticas da esquerda radical como iguais ao que condena.

Outra falha corrente em Sader e nos amigos "progressistas" está na velha e boa redução do "popular" ao voto, ignorando o alem voto, o dia a dia e o que o povo é e quer, para além de reducionismos. As ocupações dos morros "salvaram" o povo de um tirano pra por outro no lugar a soldo do estado. Este tirano é pago para manter a cidade Olímpica no seu devido lugar, como o projeto de cidade de Pereira Passos que levava o pobre, que é como podre, para longe dos jardins da elite e controlado por uma polícia dura na queda e que escolhe até com que calcinha a moradora pode ou não sair. 

O povo não queria o tráfico, mas com certeza não quer a PM cagando regra ad infinitum numa implantação de uma ordem não negociada em seu quintal. E quando o exército impõe toque de recolher ele invade o direito desse povo que apoia o governo, mas não recebe de volta a mesma consideração.

O povo é muito bom para votar e dar o "reconhecimento popular" via urna que alimenta desqualificações rasas dos articulistas panfleteiros, verdadeiros Olavos de Carvalho Às avessas, mas é um entrave quando começa a resistir a mais uma ocupação militar que o desrespeita. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Morro da Providência: A Praça não é mais do Povo


No Rio Olímpico, ocupação militar para garantir a limpeza social
 
Na manhã desta terça-feira, 19/07/2011, recebemos relatos e fotos dos companheiros da Rede Contra a Violência e do Coletivo Pela Moradia.
 
Funcionários da empreiteira contratada pela prefeitura do Rio de Janeiro contaram com a ajuda de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) instalada no Morro da Providência, no Centro da cidade, para tomar a praça Américo Brum, situada no interior da comunidade. A praça ganhou repercussão pública em 2008, quando três jovens foram sequestrados por militares do exército, que então ocupavam a favela, e levados para outra comandada por uma facção rival, na qual foram mortos.
 
A área está sendo requerida pela prefeitura para ali ser instalada a base do teleférico que será construído na localidade, uma das obras inseridas no plano de reurbanização da comunidade, bem como no projeto "Porto Maravilha", de revitalização da região portuária. Tal obra implicará na remoção de dezenas de famílias. Em conjunto com as moradias que a prefeitura alega estar em áreas de risco, o número das construções a serem removidas chega próximo de 700 construções. Como tem ocorrido em outras áreas da cidade (atualmente, aproxidamente 150 favelas encontram-se ameaçadas ou em processo de remoção), não há diálogo com os moradores locais, que não sabem exatamente o que vai lhes acontecer. A prefeitura não apresentou em detalhes o projeto de reurbanização, muito menos explicou a necessidade de construção de um teleférico. Apenas marcou as casas das pessoas com a inscrição "SMH". A falta de informação marca a relação do poder público com os moradores, que questionam a necessidade da remoção de moradias.
 
Hoje, pela manhã, os moradores haviam programado um café da manhã, como uma forma de protestar contra o fim da praça Américo Brum e pela não remoção das moradias. Entretanto, com a ajuda de policiais da UPP local, os responsáveis pela obras invadiram a praça e a cercaram, impedindo a entrada dos moradores. É importante destacar que esta é a única área de lazer na Providência, utilizada largamente pelas crianças de jovens da localidade. Apesar disso, em nenhum momento foi discutido com os moradores a necessidade de acabar com este espaço de convivência, muito menos se seria reconstruída em outro lugar. Simplesmente chegaram, cercaram e impediram as pessoas de a utilizarem. A prefeitura sequer respeitou o período de férias escolares. Muitos jovens, com esta ação arbitrária, ficarão sem um espaço no qual podem se encontrar e se divertir, já que não há outro local próximo e gratuito para atividades de lazer. Não bastasse o desreito ao direito à informação e à moradia, o poder público municipal desrespeitou o direito ao lazer, tão importante para a sociabilidade de crianças e jovens.
 
Os moradores estão realizando, neste momento, um protesto no local. Consideram injusta a forma de tratamento da prefeitura e exigem que sejam ouvidos pelo poder público.
 
Mais informações: 7113-7273 (Rosiete)
Comissão de Comunicação da Rede contra Violência
 
As palavras e imagens já dizem tudo. O Rio de Janeiro está, pouco a pouco, rasgando sua história, submetendo seu próprio povo à mesma fórmula que já levou países como a Grécia e a Espanha à situação pré-falencial. A transferência de recursos públicos de forma indiscriminada e sem controle para grandes corporações, está levando a um ciclo de intervenções urbanísticas desnecessárias, caras e cuja manutenção será uma incógnita.
Veja-se, por exemplo, esse teleférico do Morro da Providência. Para quê? Quanto custará sua instalação? Quanto custará sua manutenção? Qual será o custo social do desalojamento de quase 10.000 pessoas só para realizar esse sonho psicótico da atual administração municipal?
 
O Rio de Janeiro vive um dos momentos mais obscuros de sua história e as repercussões desse período podem atingir diretamente a identidade de quem aqui vive. A intervenção da PM na Praça Américo Brum, na manhã de hoje só demonstra que as tais Unidades de Polícia Pacificadora constituem, na verdade, uma "paz sem voz". E paz sem voz, não é paz...
 
 Fotos - Resistência na Providência! por Luiz Baltar
Fotos da manifestação contra a demolição da Praça Américo Brum, no Morro da Providência:
 

Jorge Borges
Geógrafo, Assessor Técnico
 
Twitter: @jorgeborgesrj
Skype: jlborgesrj

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PLENÁRIA AMPLIADA DO COMITÊ POPULAR DA COPA E OLIMPÍADAS

Terça-Feira – Dia 19 de julho às 18h
Sindicato dos Metroviários 
Av. Rio Branco, 277 – 4º andar


GRANDE ATO UNIFICADO
Convidamos todos os fóruns, redes, movimentos,comunidades, ocupações, sindicatos, ONGs, academia, estudantes, enfim, todas as entidades, que estão se indignando com o Grande Balcão de Negócios que virou a cidade, onde a população , suas lutas e seus poucos direitos são apenas um detalhe incômodo que precisa ser eliminados ou calados de qualquer maneira, a estarem presentes na construção deste grande Ato.

Parem as remoções e desalojos, pelo Despejo Zero.
Não a privatização da cidade e dos Serviços Públicos.
Pela imediata investigação e punição de todos os envolvidos nos escândalos das empreiteiras.
Faça a sua luta junto com a luta pelo direito a cidade.
A educação, a saúde, a liberdade de expressão, os salários, o direito ao trabalho serão afetados pela realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Temos que reagir a isto!!!!!
Vamos juntar as bandeiras e transformá-las em nossas bandeiras.

COMPAREÇAM e DIVULGUEM LIVREMENTE!!!!!!

Você pensa que a Copa é nossa?
 
Os governantes falam o tempo todo que a Copa e as Olimpíadas trarão benefícios para o Rio e para o Brasil. Benefícios para quem? O custo de vida e o aluguel não param de aumentar, famílias são removidas das suas casas, ambulantes e camelôs, proibidos de trabalhar. 

Mais: eles estão gastando dinheiro público e apresentaram uma lei para não prestar contas depois. Prá piorar, a Fifa, a CBF e o seu presidente, Ricardo Teixeira, organizadores da Copa, sofrem várias denúncias de corrupção. Enquanto os bombeiros, os professores, a saúde e o saneamento são arrochados, bilhões são dados de mão beijadas as empreiteiras e especuladores.

Tudo indica que com a Copa e as Olimpíadas vamos repetir em escala muito maior a história do Pan-americano de 2007: desvio de dinheiro público, obras grandiosas, mas inúteis depois das competições, benefícios só para os empresários amigos do poder e violação dos direitos de milhares de brasileiros.

As remoções de famílias atingidas pelas obras estão acontecendo de forma arbitrária e violenta. Essa situação já foi denunciada inclusive pelas Nações Unidas. Parece democracia, mas a população não é informada nem consultada. Os jogos estão sendo utilizados como desculpa para instalar uma verdadeira Cidade de Exceção, com violação sistemática dos direitos e das leis.
 
Deste jeito, qual será o legado dos megaeventos? A privatização da cidade, dos espaços e equipamentos públicos, da saúde e da educação? A elitização do futebol e dos estádios? O lucro e os benefícios com isenções e empréstimos subsidiados com o nosso dinheiro para empreiteiras?  O lucro da copa é dos empresários, mas a dívida ficará para a cidade e para os cidadãos. Não podemos permitir que as histórias da Grécia e da África do Sul se repitam aqui.

Junte- se a nós! Vamos juntos mudar este resultado, venha lutar.

Venha bater uma bola com a gente no Largo do Machado, dia 30 de julho a partir das 10h.
 
Remoção zero! 
Cidade não é mercadoria!
Não a privatização das terras e recursos públicos, dos aeroportos, da educação e da saúde.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Patrimônio cultural, modernização e geografia

Toda a questão de patrimônio cultural é problemática no sentido do que define o que é ou não patrimônio cultural, sob que ótica,etc, isso é problematizado na academia e eu concordo imensamente com a problematização, inclusive porque o critério-base em geral é o que considera cultura apenas uma determinada faixa que tem o viés elitista que protege a cultura da burguesia.

 Rolou, por exemplo, mudanças quando incluíram a questão do imaterial,que permitiu acrescentar a produção cultural da base na brincadeira, mas ainda assim sob o viés elitista que inclusive engessa ritmos, modos de fazer sob o ponto de vista de uma faceta daquele ritmo e modo de fazer por exemplo. A diversidade de samba a folia de reis é imensa e apenas alguns elementos dessa diversidade são considerados, inclusive dentro de um espectro político de "vitória" de um desses elementos sob o sentido político interno a cada "grupo". A folia do seu Joaquim ou o Samba do seu Torquato, virando referencia de patrimônio cultural pro registro do imaterial, acabam se tornando politicamente "líderes" e acabam levando os "derrotados" pro esquecimento.

Esse é um aspecto da questão toda, a questão do patrimônio material é outra. o Prédio tombado no centro-zona sul tem uma relevância e ressonância mil vezes maior que o forte de Cascadura, por exemplo, quase ignorado, jogado às traças. 

Então o critério de patrimônio cultural não é objetivo, não é "técnico" ele é referendado por uma série de vieses que recebem a "autenticidade" e a autoridade de definir o que é cultura e o que é relevante para esta cultura e precisa ser preservado.

A patrimonialização obedece a este tipo de identificação. Primeiro o que é relevante dentro de uma ótica de observação da cultura ou de opção por um determinado viés da cultura, segundo porque opta por uma opção geográfica de valorização cultural, o que se percebe no Rio de Janeiro de forma clara ao notar a preservação maior em certas regiões do que em outras de prédios considerados relevantes para a memória coletiva da cidade e/ou país. O Centro-Zona sul sofre alterações , porém em escala menor e reduzida de acordo com o controle destas do que o subúrbio. Desta forma o que se entende da cidade é uma ideia de permanência do Centro-Zona sul diante de uma mudança do subúrbio, uma mudança com ar de decadência, tanto devido  tanto ao aspecto arquitetônico das casas e prédios do subúrbio (que em geral contam menos com a sorte de manutenção constante levada a cabo com recursos econômicos nem sempre disponíveis) quanto à diminuta presença de qualquer resquício arquitetônico da história deste subúrbio. Nada permanece fora do circuito de preservação histórica reconhecido como relevante, nada é pertinente à memória da cidade e por isso é de se esperar que a mudança, a alteração da paisagem ocorra sem maiores critérios, escrúpulos ou cuidados. Prédios do século XIX no centro-zona sul são representativos do cuidado do estado e da sociedade com seu passado onde o passado é relevante e importante, nos outros espaços geográficos isso não é importante e é representativo a diminuta existência de qualquer exemplar de arquitetura que permita à manutenção da memória e quando existem é quase regra estarem em péssimas condições de manutenção. Não ocorre só no subúrbio, claro, em regiões periféricas do centro-zona sul, como a  Gamboa o tombamento não é acompanhado de qualquer medida de preservação prática, talvez pelo caráter de concentração de pobreza na região. A ausência de projetos de memória nas regiões externas ao eixo de poder e cuidado também são sintomáticos da ideia de patrimônio e de relevância cultural em voga nos órgãos do estado voltados para o cuidado com patrimônio.

Outro contexto a ser observado é o contexto da "modernização". A modernização de determinados espaços obedece uma série de critérios "técnicos" definidos ainda sob o viés de "qualificação" de espaços que se assemelha aos critérios de  autenticidade e relevância por observarem um corte cultural presente em nos grupos sociais identificados com a ideia de "elite". Esta modernização por vezes assume o caráter de "salvamento" de espaços geográficos ou palcos considerados patrimônio cultural  que pro vezes não estão à altura de receberem esta elite, que o considera fora dos padrões necessários de conforto e beleza. É claro que isso é uma referencia direta aos estádios de futebol em especial, mas também à praças, ruas e outras regiões "revitalizadas" como o porto do Rio de Janeiro que sofrerá agora com a sua "revitalização" nomeada como Porto Maravilha, cuja maravilha parece destinada a classes que hoje não habitam a região, dado que seus habitantes estão sendo removidos. Neste contexto de "modernização" o patrimônio cultural  material é alterado sob uma alegação de melhorias e benfeitorias  como álibi para depredação do mesmo e  profunda alteração de suas características arquitetônicas, sem muito cuidado para a preservação de qualquer forma de "memória"arquitetônica. O caso do Maracanã é exemplar e este artigo de Claudia Girão dá uma ideia do absurdo.

Se combinarmos a modernização com a relevância geográfica classista do que é patrimônio cultural chegamos ao subúrbio e ao projeto Transcarioca de construção do corredor de ônibus conhecido como BRT que levou ao chão prédios considerados patrimônio cultural pelo município e que foram despatrimonializados, como o Maracanã e a Fábrica da Brahma ao lado do Sambódromo, para abrirem espaço para a "modernidade" da copa.  Essa combinação de modernização com desprezo à memória do que não é espaço de circulação da elite leva ao chão parte da memória do subúrbio sem maiores dores de consciência e com pouca ressonância nos culturais meios de vivência da própria elite "consciente". A ressonância do caso da implosão da Fábrica da Brahma e a depredação do Maracanã não se repete no caso do subúrbio, relegado ao silencio de jornais e demais mídias. Em que se pese o peso cultural do Maracanã e sua importância pro imaginário da cidade, a Fábrica da Brahma, com imensa importância história, não é a única que sofre com depredações, derrubadas, alterações,descaso e somem do mapa, há uma miríade de casos semelhantes em bairros suburbanos como São Cristóvão e Bangu, que não recebem a mesma atenção.

O patrimônio cultural então, cuja própria definição é gelatinosa e refém de critérios que poucas vezes não são determinados pro um viés de classe, tem na patrimonialização uma definição problemática diante da utilização de critérios que por vezes não escondiam uma opção por considerar relevante apenas amostras da cultura e arquitetura e em especial que se concentram em determinadas regiões, também estas consideradas indiretamente mais relevantes. Além do problemático assunto do que pode ser considerado ou não patrimônio, do viés de classe e de definição cultural de classe para esta definição, ganha-se o problema de como algo pode deixar de ser culturalmente relevante a ponto de ser "despatrimonializado"? Como algo considerado relevante culturalmente sob critérios "técnicos" a ponto de ser "Preservado" hoje perde essa significação a ponto de ser derrubado, no caso dos imóveis de campinho e da Fábrica da Brahma, ou completamente descaracterizados, no caso do Maracanã? 

É claro que a cultura se altera e critérios de relevância são continuamente alterados, porém é significativo que critérios de relevância tenham, para fins estritamente "técnicos", tantas contradições visíveis e "Pesos" diferentes em relação à imóveis, pro exemplo, com características semelhantes no que tange à arquitetura, mas disparidade de localização geográfica. O peso histórico de um forte em cascadura não se iguala a prédios que hoje são parte de um chamado corredor cultural cuja extensão não atinge um percentual relevante da cidade.E bem contamos para efeito de discussão do aspecto direto de como toda esta alteração de critérios de relevância atinge algo que por vezes é ignorado em discussões sobre patrimônio cultural e mudanças na cidade: Os moradores, removidos para sei lá onde e suprimidos de sua propriedade ou posse.

A cultura e a cidade por vezes aparecem no discurso, assim como a  História, como se fossem uma definição exata e determinada, límpida, e de comum acordo para todos os membros da cidade, porém o que se vê é que a limpidez de definições de cidade, cultura e História é algo tão mítico quanto o da isenção da mídia, da academia ou da ciência.A cultura, a cidade e a História são elementos em disputa tão viva  na sociedade quanto a propriedade e o poder e, porque não, parte fundamental da disputa pelo poder e da hegemonia cultural, e esta luta não se limita á manter prédios ou sambas, mas em como, onde e porque eles são mantidos e até quando. 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Da barbárie generalizada à irresponsabilidade social legalizada: o caso da Rua Domingos Lopes - Transcarioca.

Jorge Borges
 
Nesta quarta-feira (8/06), oficiais de justiça vão à rua Domingos Lopes, em Campinho, executar uma ação de "imissão da posse", movida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, para retirar 7 famílias que moram há mais de 10 anos no local. Apesar de tratarem-se de imóveis em área formal da Cidade, as famílias são todas de baixa renda e buscavam, a duras penas, regularizar sua situação.
 
Os primeiros sinais do pesadelo vieram ainda em setembro de 2010, quando técnicos contratados pela Prefeitura do Rio, no âmbito do projeto do corredor viário Transcarioca, fizeram uma primeira avaliação dos imóveis e não deram maiores informações sobre o que poderia acontecer dali pra frente. Em fins de outubro, a Procuradoria do Município ajuizou pedido de antecipação de tutela para retirar as famílias dos imóveis, o que foi conseguido em 26/11/2010. Ou seja, das primeiras avaliações até hoje, a Prefeitura do Rio teve OITO MESES para realizar um processo razoável de negociação e encaminhar as famílias para uma solução habitacional que desse garantias mínimas de vida digna.
 
Em OITO MESES não se dignaram nem os responsáveis pela Transcarioca, nem os setores dedicados à "benevolente" política habitacional da Prefeitura a realizar qualquer contato, abrir qualquer canal de comunicação com as 7 famílias da Rua Domingos Lopes.
 
Por se tratar de obra da Prefeitura, esperava-se que houvesse um cadastro prévio e uma negociação justa, mas eles só foram cadastrados no dia 2/06 por agentes da Secretaria Municipal de Habitação - uma semana após a notificação judicial que determinava sua saída até o dia 08/06.
 
Ao comparecerem na sede da SMH, na Cidade Nova, (ontem, dia 06/06) foram informados que “demoraram muito a ir negociar" e, por isso, não teriam direito a nada. Mesmo depois da mobilização de autoridades e entidades como a Pastoral de Favelas e organizações não governamentais, chegou-se a conclusão de que a SMH não tem nada a oferecer e a Prefeitura vai mesmo deixar mais sete famílias sem teto na cidade.

 
O que restou a essas pessoas foi encaixotar suas coisas, e aguardar as incertezas de um futuro não escolhido por elas, mas determinados por tecnocratas da iniquidade e demagogos oficiais encastelados na Prefeitura do Rio e suas secretarias.
 
Ao verificar os procedimentos adotados pelo Poder Público Municipal com essas famílias e ao verificar as informações dos autos do processo judicial, fica nítido que se trata de uma ação deliberada da Prefeitura do Rio para a limpeza social da área a ser servida pelo corredor Transcarioca.
 
A Lei é clara quando diz que a "imissão provisória da posse" só pode ser determinada A PEDIDO do expropriante, no caso, a Prefeitura do Rio. Logo, percebe-se claramente uma sofisticação nos seus procedimentos em relação à barbárie generalizada perpetrada em outras áreas da Cidade - quando homens a serviço da Prefeitura agiram de forma totalmente ilegal, sem processo administrativo nem judicial, apenas pela força física e pelo terror psicológico: Passa-se a utilizar toda a expertise e proficiência dos Procuradores Municipais para perpretar, sob os auspícios da Lei, as formas mais desumanas e injustas de remoção de famílias pobres da Cidade. Fica clara a orientação política voltada para a vexação e a imolação de quem não é econômica ou socialmente útil à valorização desenfreada do solo urbano e aos devaneios megalomaníacos dos mandatários municipais.

sábado, 4 de junho de 2011

Agosto? Não, Maio!

Pra qualquer caboclo que não substitui sua inteligência pelo desejo pelo IPAD Primário ou ache que grama pode ter bom sabor se banhada com molho inglês, este mês de Maio chega a Junho detonando tudo até a última ponta.

Há uma longa lista de absurdetes rolando que poderiam muito bem povoar pesadelos da rapaziada se ela não tivesse já criado uma casca grossa, quase Cascadura ali do ladinho de Madureira. 

As garras de fora do mais profundo conservadorismo chumbrega vão desde a proibição absurda da marcha da maconha como apologia ao crime, com uma cínica ignorada na sutil ao direito à livre expressão e defesa na mudança das leis, à aprovação ao código florestal e veto ao kit anti-homofobia.

Nesse meio tempo, sem que a imprensa soubesse, morreram ao menos cinco ativistas no Norte do país, vítimas do eterno conflito por terras que nunca acabará enquanto todas as medidas para regulamentar o acesso à Terra sejam inócuas diante da manutenção do modelo da Lei de Terras de 1850. E vão morrer mais, porque tá aberta a temporada de caça. A rapaziada percebeu que tinha força no governo e  no congresso e viu que o desmate anistiado pode virar MATE anistiado pelas costas quentes provadas em rede nacional na votação do código floresta (Rimou!).

As remoções olímpicas do Paes continuam rolando soltas e nosso amado Cabral fecha o mês e inicia o Junho, que pelo jeito quer entrar na boca de parecer Agosto, com o BOPE invadindo o quartel de bombeiros que em greve por receberem o pior salário do país tomam um piau bonito com direito a tiro de fuzil.

Cabral, todos sabem ou deveriam saber, é queridinho do Governopetismo, e eu nunca vou deixar de lembrá-los disso, e tem entre seus secretários vários quadros do PT, que ao menos até o momento não se pronuncia ou cogita se pronunciar a respeito.

Cabral sempre foi truculento, sempre, nas invasões pra criação de UPPs sempre deixava um rastro incontido de violência e assaltos, na proximidades do Pan fez uma das ações mais festejadas no Alemão com o capitão trovão do BOPE deixando corpos e mais corpos, torturas e o cacete a seus pés louvados pela mídia e pelo silencio Lulista. Mas calma que tem mais, na última invasão "Patriótica" do Alemão,com exército do Governo Federal do Lula e o escambau,  as denuncias de roubo foram sumidas, não se sabe no que deram, as denuncias, várias, de truculência idem, mas tudo bem, a cidade olímpica precisava mesmo de uma faxina.

Ontem a invasão do quartel dos bombeiros foi mais uma das trapalhadas desse turminha que apronta muita confusão no seu dia a dia. Em nome da manutenção da hierarquia nego passou o rodo na bolacha e com tiro em uma manifestação por melhores salários de uma das mais vitais categorias. Cês sabiam que o poderoso Estado do Rio de Janeiro, o Estado da abertura da copa, da Olimpíada, que gasta 1 Bilhão na terceira hiper reforma do Maracanã, paga o pior salário do país aos Bombeiros? Quer até a humilde Alagoas, flagelada pelos deuses, paga mais?

Mas claro a hierarquia em primeiro lugar! A hierarquia tem o apoio da classe média, da TV, do PT, da Dilma, da mãe Dinah, do Bolsonaro,do Malafaia, do Crivela, do Sarney e é fundamental a hierarquia para legitimar a ordem. A Ordem de quem é salvo por gente mal paga é o que tem de ser mantido, e a classe média fica satisfeita vendo a cidade Maravilhosa sob proteção de gente fudida e mal paga, mas isso não importa porque o filho dela aprendeu a dirigir e tem uma gatinha linda e nossa viagem pra Europa tá combinada,né?

Só fico grilado quando a ordem, a  hierarquia justificam que gente que me salva a vida ganhe menos que um técnico de informática na iniciativa privada.Mas de novo isso não importa, porque a hierarquia pra quem não sou eu tem de ser mantida,né?

O silencio "progressista" diante de diárias manifestações de algo muito errado acontecendo no país e nas bases do que apoia é constrangedor, mas não surpreende.

Maio acaba fazendo concurso pra Agosto, Junho inicia sendo um Agosto com balas de borracha, mas tá tudo bem, vamos como bons "progressistas" avançando na direção de um abismo cada vez mais conservador, mas tudo com muita inclusão social via Bolsa Família.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

As Novas Cidades e a Civilização do Automóvel

Nos últimos meses e dias a discussão sobre as mudanças nas cidades e seu reflexo na remoção de pobres, na destruição de patrimonio histórico e no aumento das opção pelos automóveis vem em um assustador crescendo que por acaso ganha uma espécie de clímax no atropelamento de ciclistas em Porto Alegre.

Embora não diretamente relacionados, os casos da mudança nas cidades e o atropelamento são dicas para um tipo de noção vida tão contraditória a qualquer noção de sustentabilidade, mesmo da tal sustentabilidade de propaganda de banco e  programa da Marina, que levam ao mais racional e otimista humano a achar que a vaca não só já foi pro brejo como já mandou até postal dizendo como é a brejolandia no verão tropical.

A transformação modernizadora na base do trator e o atropelamento de ciclistas são radicalizações de uma opção de modernização conservadora onde o humano, o povo, é apenas obstáculo para o avanço da máquina sem nenhuma concessão à qualquer noção de social. O indivíduo, a máquina e o progresso viram uma coisa só, uma massa de força absurdamente desigual sendo utilizada para um objetivo absurdamente injusto ou cujo esforço não compensa a não ser a uma escala mínima da sociedade.

 Pode parecer forçação de barra, mas a lógica criada a partir de anos de cultura do indivíduo na cabeça da  rapaziada, sob o epíteto de competição como competencia e dualidade Looser x Winner como meta ético-filosófica máxima leva a um sujeito a cagar solenemente para dezenas de pessoas em nome de sua vontade, necessidade ou desejo. Da mesma forma administrações país afora cagam solenemente para toda uma massa de pessoas, de direitos, leis e civilidade em nome do objetivo modernizador-construtor de criar um novo "bota-abaixo" sanitarizante nas cidades, fazendo-as imagem e semelhança do sonho de consumo da elite, com a ausencia daquele povo que não usa gucci e ocupa terrenos há dias, meses, anos ou séculos, fazendo as cidades virarem cidades shopping ou cenograficas.

 Os prefeitos e o motorista saem da mesma lógica: A utilização do poder para uma meta cujo fim é aumento da desigualdade, da injustiça e a perda de vidas, o resultado final é mais importante que seu custo.

Essa é a lógica de um mundo injusto, essa é a lógica da civilização do automóvel, essa é a lógica das novas cidades, cidades sem povo, com o povo oculto, morto, atropelado.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A máquina fascista de destruição volta a atacar! VILA HARMONIA URGENTE!

A Vila Harmonia amanheceu cercada de caminhões de mudanças, retroescavadeiras e os asquerosos funcionários da Prefeitura do Rio, sob o comando da tríade neofascista Eduardo Paes-Luiz Guaraná-Jorge Bittar. Após algumas semanas de reassentamentos negociados nas comunidades do Campinho e do Metrô/Mangueira, a Prefeitura acionou todo seu lobby nefasto junto ao Tribunal de Justiça do Rio. 

Os monstros da Subprefeitura da Barra da Tijuca chegaram como sempre, com seu aparato de arrogância e seus capangas da Guarda Municipal, e deram logo início às diversas ameaças de que não deixariam pedra sobre pedra, derrubarão as casas com gente dentro, se for necessário. Eles aguardam apenas as "ordens superiores" que trabalham sem tréguas para derrubar a liminar que protege as famílias resistentes.

Os Desembargadores parecem inebriados por algum canto maldito do Prefeito e de suas reuniões com o Presidente do TJ. Nenhum dos argumentos dos defesnsores públicos é ouvido, nenhuma outra possibilidade de negociação é oferecida. A comunidade Vila Harmonia abriga famílias que residem há mais de cem anos na região do Recreio dos Bandeirantes. Chegaram lá, provavelmente como sobreviventes de famílias escravas, ainda no início do século XX e possuem documentação que comprova isso. 

Na mesma comunidade, dois terreiros de Candomblé foram marcados para remoção sumária, sem sequer ser oferecida qualquer indenização sobre as benfeitorias e muito menos o respeito à terra sagrada e às relíquias espirituais ali enterradas.

A Vila Harmonia é ameaçada pelo Corredor Transoeste, uma obra rodoviária de mais de 50Km de extensão que visa conectar a Barra da Tijuca até Santa Cruz, passando pelo Recreio dos Bandeirantes e Guaratiba. A obra, orçada em cerca de R$1,2 bilhão, teve seu Eia/Rima executado em 1999 e, apesar do engavetamento do projeto por mais de 10 anos, o INEA concedeu nova licença de instalação em 2010, sem qualquer complementação ou análise do novo projeto básico ou do traçado extendido. Trata-se de um flagrante crime ambiental e contra os direitos humanos, à liberdade de culto e à dignidade das famílias ali residentes.

Urge uma rápida mobilização em apoio à Vila Harmonia! Urge uma sensibilização aos Desembargadores do TJRJ para que, pelo menos, o princípio da razoabilidade do processo administrativo seja respeitado. Urge uma ação direta contra o fascista psicopata do Prefeito Eduardo Paes que não respeita os mínimos princípios da administração pública e da urbanidade no trato com o diferente e com o cidadão mais pobre!

Que esta mensagem chegue ao Ministério das Cidades e às entidades de mediação de conflitos urbanos! Que esta mensagem sensibilize o Governo Federal que é o grande financiador dos projetos megalomaníacos do prefeito psicopata!
--
Jorge Borges
Geógrafo, Assessor Técnico