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terça-feira, 15 de maio de 2012

Humano, demasiado humano

É comum chamarmos de monstros os vilões, os estupradores e ladrões, os assassinos. É comum também animalizarmos os adversários e os canalhas, eles são cachorros, burros, amebas, assim como  pessoas violentas e assassinos são feras.

É comum, muito comum. É humano sair, é humano interpretar o outro como o não-eu, como um externo a mim. É humano também devorar o outro, aquele não-eu,, destruí-lo, exclui-lo do espaço legitimo de convivência e debate político, seja pela via da violência, seja pela via do fundamentalismo, da interrupção do diálogo, pela mentira. 

A defesa do espaço conquistado, seja ele uma caverna ou uma sinecura governamental é quase um elemento atávico no humano. A defesa de uma posição politica, de um ponto de conquista de espaço, de território de ação política imediata, mesmo que imaginário, leva a embates e muitas vezes em coisa pior.

É por isso que é comum  a intolerância, a loucura coletiva em torno de posições, de espaços fechados, de debates interrompidos, de uma busca de soluções definitivas para essa rede de complexidades chamada real. O fundamentalismo e a intolerância são tão humanos e cotidianos, frequentes quanto a poesia, o amor e o desejo de paz mundial.

Eu mesmo não sou dos mais tolerantes entes humanos a passear por essa rocha, não sou muito fã de debates acalorados com golpes abaixo da linha da cintura, de polianices ou delíriuns tergiversandis construídos em torno do que considero mentira das brabas. 

A política não é a mãe das boas maneiras e nem filha da pureza, é uma selva bacana onde eu e minha laia rolando na relva (rolava de tudo) brigamos com piratas pirados. 

A política não é pura, nunca foi, é luta, considero que de classes, é pancada, é briga por espaço. A tal ética política ou "grande política" é a meu ver uma escolha baseada em limites humanos do chafurdar no eixo de um dos mais humanos elementos presentes na sociedade: A busca pelo poder. 

Ou seja a "Grande política" busca o poder tanto quanto os Serviçais da Grande ordem Vermelha, às vezes pelo mesmo método, mas em geral rola uma tentativa de não viajar na maionese e embarcar na canoa do poder de certa forma esquecendo pra onde ia. 

Porque é comum a  rapaziada ir com tanta sede ao pote no "Vamo mudar a porra toda!" que quando chega lá ,ao atravessar o rubicão da feérica luta do "bem contra o mal" do imaginário da trupe, acaba se perguntando "Que que a gente veio fazer aqui mesmo?" e ai pergunta pro PMDB. 

Todo mundo sabe que o PMDB, a Morte e os impostos são coisas inevitáveis na vida humana, nem que seja pra produzir medo, mas o comum ato de torná-lo conselheiro já é aquele transtorno por esforço repetitivo que faz esse demasiado humano mundo da política  um terreno que oscila entre o perigoso e o perigoso terreno da galhofa.

Então a rapaziada da "Grande Politica" é no fundo o "Movimento de evitar o PMDB" e tenta assim manter algumas bandeiras humanistas e tradicionalmente arrebatadas das mãos burguesas pela esquerda no alto, longe da mão do PMDB, que tem mania de tomar tudo.

Tudo muito humano, demasiado humano. 

E é nessa bagaça, nessa busca interminável pelo PMDB, ops, pelo poder que a galera fica, numa disputa interminável onde a esperança equilibrista parece professor municipal do Rio, sobrevive, mas ninguém sabe muito bem como.

Este escriba entende a disputa, respeita polianas, respeita a necessidade de defesa do ganha pão por políticos, parlamentares, assessores e aspones virtuais, só não entende a PCdoBzação do PT, a transformação dessa massa politizada que tomou as ruas e elegeu a Erundina em 1988 em uma galera com discurso de quinta série, com uma "argumento" que começa com "disputem eleições e ganhem para que eu possa discutir política com vocês" e termina com aquela sensação no interlocutor que o PT virou a maior UJS do mundo.

Tudo muito humano, tudo muito tipico e talvez tudo muito sintomático do motivo pelo qual o PMDB é uma espécie de igreja católica apostólica romana do mundo político, que parece estar ai desde Noé, dominando tudo e transformando tudo à sua volta em pequenos simulacros menos competentes de sua arte de sobrevivência.

Sei que deve ser difícil, complexo e brabo pro petista médio, aquele que compra pão na padaria, que veste as havaianas da humildade, que mete o pé na estrada pra fazer o seu,o meu, o nosso, trabalho de militância (No caso deles desconfio que com mais sustança financeira, digamos assim), votar no PMDB, ser base do PMDB, balançar bandeirinha do PMDB, dizer que é bom, que faz tchu, que faz tcha, que balança a pema, balança sem parar.

Sair do "Lula lá brilha uma estrela" pro "Agora é Paes" deve doer, especialmente nos mais velhos, alquebrados pelas dores do pragmatismo. Mas confesso que surpreende que estes mesmos, estes que se mexeram pra eleger a Erundina, o Patrus, o Tarso, o Olivio, pra por o Chico Alencar como fenômeno eleitoral, pra construir a candidatura Vladimir Palmeiras driblando o Zé Capiroto, desafiando o mal, estes mesmos sujeitos que tavam lá, que viram que era bom, não se contentam somente em ir lá balouçar a pema do PMDB, mas também enveredaram no perigoso terreno da vergonha alheia ao chamar de aventura algo que é muito similar a seu passado.

Chamar uma opção inclusive de agregação de valores à esquerda como um todo de "Santo das esquerdas" desagregadas, como se essa desagregação destas fosse bom, fosse legal,é de doer as bolas.

Surpreende que a tática atual destes seres tenha sido o ad hominem a Marcelo Freixo, tenha sido a escolha pela infantilização do debate, pela arma do medo de chamar uma candidatura que se busca de esperança como "aventura" (Regina Duarte, quem diria, transferiu o medo a sue algoz), como uma "Sebastianisse" de uma esquerda abandonada e "irrelevante". 

Surpreende mais ainda porque Freixo, sua candidatura, não se constituem como um discurso revolucionário de esquerda, que fuja tanto assim do discurso governista em seu cerne, no que se propõe, como "Salvadores do povo", apesar de ser um discurso radical que aponta as contradições deste discurso de "salvamento" pelas geladeiras e "carinhos".

Surpreende por ver um partido usar contra adversários, que inclusive tem em si seu dna, o discurso usado contra ele, apontado contra ele, quando da constituição do que seria o maior partido de esquerda da Ameŕica Latina.

Terá o PT, e seus correligionários, como Greta Garbo, acabado no Irajá?

A opção preferencial pelo PMDB deixou de ser um ato pragmático para ser um ato simbiótico, como a opção em BH pelo PSB em uma espécie de Dona Flor e seus dois maridos com o PSDB?

Será que esse humano, demasiado humano, desejo de conquista do poder tenha tornado o PT e sua militância uma espécie de Smeagol a falar para si mesmo em um delírio lisérgico que o inimigo de sua conquista do "precioso" domínio global da cena política é qualquer coisa que lhe lembre quem ele foi?

A política não é pura, nunca foi, e nem é justa, ou doce, ou adulta, ela é feroz, humana, demasiado humana, mas acho que já teve mais compostura.





quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A chuva não liga pra choques

Um dos jargões polítcos mais comuns na última década foi o da necessidade de "choques" administrativos. Eles transitavam entre os de ordem e os de gestão, chegaram a ser até de capitalismo.

Tudo estava uma bagunça e os políticos fofos e bem arrumados dos circuitos chiques do eixo do mal pregavam a necessidade de "civilizar" a balbúrdia de Pindorama com choques, com porradas administrativas, ordeiras e de capitalismo.  Até o coitado do capitalismo que já estava aqui arrasando faz tempo tinha virado elemento ausente segundo a retórica dos "Mudernos".

E os choques vieram, de ordem, de gestão, de capitalismo, de cima, de baixo de lado, na orelha do cidadão comum, principalmente dos cidadãos extremamente comuns de fora dos eixos bem vestidos das capitais do Eixo Sudeste-Sul. O mais interessante é que  os choques vinham de endereço conhecido, de penugem amarela e azul, ou originária do ninho dos Tucanos que chocavam faz tempo, mas não se viam grandes mudanças na qualidade da vida da sociedade, ao menos no andar de baixo.

Todo mundo que curtia a retórica dos "Choques" passeou pelo eixo DEMSDB, ou se aliou a eles, e os exemplos são fáceis: Aécio Neves, Geraldo Chuchu Alkmin, José Serra, Eduardo Paes, Sérgio Cabral, Gabeira, Yeda Crusius,etc..

Em Sampa são 16 anos de tucanalhada, em BH serão 12, no Rio Eduardinho "'Choque de Orla" Passos e Sérgio Cabral dão show de eleitorado e vão ficar bastante tempo por aqui.

E enquanto isso? Piove, e piove muito e a cada ano as tragédias repetidas das chuvas, este antigo flagelo, ignoram a retórica dos choques mal dirigidos, orientados para qualquer tipo de coisa, menos para qualquer tipo de alteração rela na vida das pessoas, em especial as que não vivem nos condomínios dos patrocinadores.

A chuva não liga pros choques, porque os choques são retóricos, são organização de síndico de prédio, enquanto que o mercado Deus dessa gente continua na expansão imobiliária, o escoamento de chuvas ainda é orientado para alagar, e fuder, onde só existe os que vivem à margem dos choques e das ações, principalmente das de valores, e as barreiras descerem em cima de casas em Petrópolis, Teresópólis, Friburgo, toda a cidade de São Paulo e Belo Horizonte vira evento anual, como o carnaval e o Reveillon.

Aliás, é sugestão do Blog que as prefeituras de Rio e São Paulo organizem o périodo de chuvas segundo a lógica do choque de ordem, gestão e capitalismo, privatizando a exploração comercial do evento, que pode continuar a ser divulgado pela Globo como entretenimento Urubuzento para a mídia internacinal.

É sucesso garantido, acontece todo ano e a gente pode contar com o grande patrocinador Deus, que já foi culpado anteriormente nos períodos em que nossa visão comercial não estava apurada, e hoje pode ser um grande parceiro utilizando  a máquina teocrática para a geração de lucros e sublimação da culpa comercial via satélite.

É o Brasil entrando no mundo desenvolvido.

Enquanto isso não acontece sigamos nos choques, com a chuva solenemente ignorando ordens,capitalismos e gestões  farsescas e aprontando, ano a ano, seu espetáculo de revelação de incompetências e descasos.