Mostrando postagens com marcador Pereira Paes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pereira Paes. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Do racismo ambiental e da criminalização da pobreza é feita a vida das classes perigosas.

O racismo ambiental e a criminalização da pobreza andam lado a lado. A própria lógica do entendimento de negros e pobres como classes perigosas  e necessariamente obrigados a terem por perto uma observação feroz do poder público andou lado a lado com a expulsão destes de suas casas pobres ou quartos em cortiços sem nenhum tipo de cuidado no fornecimento de locais dignos de moradia em substituição à demolição de suas casas. Essa expulsão levou à ocupação de áreas vazias nos morros ou de terrenos mais distantes, estabelecidos obviamente como era o tom da época  sem nenhuma observação dos impactos possíveis.

Para a produção da cidade burguesa no fim do século XIX, início do século XX, a ação conjunta de criminalização da pobreza, higienismo e racismo ambiental criou uma reação em cadeia que juntava a culpabilização do pobre/preto pelas pestes da cidade, pelos crimes da cidade e o levaram à desmate de encostas, morros, beiras de rio, a servir como álibi pra empreiteiros e empresários do transporte ampliarem a qualquer preço uma rede de transportes que nunca se preocupou com desmate, poluição do ar, descarte de lixo, sujeira de rios,etc.

A mesma lógica jamais se importou com o peso da indústria na expansão Rio de Janeiro afora pro chamado subúrbio do progresso movido à poluição do ar das águas, desmate, em profunda ação destrutiva julgada procedente pela "criação de empregos" e "melhoria da vida das pessoas".

A cidade burguesa que nasce da expulsão de pobres/pretos do centro da cidade ou pra seus morros (Os palácios precisam de serviçais) continua em um ethos civilizatório baseado antes de mais nada na secessão e na expansão do progresso destrutivo para onde não reside sua elite. A cidade cindida pela cadeia de montanhas do  sumaré também divide-se não só entre ricos e pobres, mas entre  expostos ou não à degradação ambiental.

O ar pesado de Santa Cruz não é o mesmo ar beira-mar.

As encostas da zona sul sociológica tem a atenção de quem sabe como é difícil manter mucamas e porteiros de qualidade em seus prédios de luxo, já o entorno de Acari não tem a mesma atenção no impacto que a degradação dos rios ao redor leva à saúde da população.

À cidade burguesa é preciso uma cidade quilombo, mas esta não precisa dos mesmos cuidados.

As classes perigosas sabem viver na secessão, entender o tamanho da distância física e simbólica entre reis e escravos, e saber o quão é secundário em suas vidas sequer sonhar com uma política ambiental e social que não os inclua como secundários também ao poder público.

Às classes perigosas cabe produzir anualmente uma migração em massa da elite "descolada" à Oswaldo Cruz, numa visitação participante festiva aos primórdios da rede de transporte da capital, o trem, que apelidado de "do Samba" ganha cores brancas e felizes que o difere do cotidiano brutal a que são expostos os moradores que residem onde se deu o assentamento "à sua mercê" dos primeiros expulsos da política de Pereira Passos que não habitaram os morros do entorno dos Cortiços recém derrubados.

Às classes perigosas cabe o produzir da música de festa da elite, que aplaude com vontade, faz de conta que é turista, aquela música de pretos expulsos de suas primeiras casas, expulsos da parca qualidade de vida, expulsos de algum controle da qualidade do ar, das águas, das matas, das árvores.

À elite descolada já cabe a luta farta pela preservação da Lagoa Rodrigo de Freitas, da Floresta da Tijuca, sem olhar para o Borel, e se satisfazer pelo dever cumprido sem notar que elegem e  reelegem aqueles que liberam a instalação da CSA em Santa Cruz e envenena quem não faz samba ou tem trens com turistas em dois de dezembro.

À elite descolada cabe festejar que a cidade está "se modernizando", como festejava em 1904, como festejava ao estimular às classes perigosas a prática do football  que os livrava da insalubre herança colonial da proximidade de pretos e pretas pobres que precisavam de forte policia fiscalizadora agora que estavam livres do jugo dos feitores e da policia particular dos senhores de escravos.

De Pereira Passos a Pereira Paes cabe à cada classe da cidade um comportamento que não ouse fugir à regra "moderna" que diz que é "demagogia" qualquer atitude que enfrente a política de cisão de um estado feito pra expulsar pobre e preto pra debaixo do tapete da criminalização da pobreza e do racismo ambiental.

Expulsos de suas casas são ainda culpados de desflorestas encostas do único lugar possível de moradia que possuíam para construir suas pobres casas após receberem como proposta de habitação o cassetete dos soldados.

De Pereira Passos a Pereira Paes aos pobres cabe o samba, aos ricos cabem demolir a natureza e lançá-los à distância, pra posteriormente culpá-los da degradação ambiental de que são vítimas.

Do racismo ambiental e da criminalização da pobreza é feita a vida das classes perigosas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Da cidade Febril à cidade partida

Para quem milita contra a criminalização da pobreza e os projetos higienistas presentes ainda hoje no discurso da "modernidade" que grassa nas bocas, mentes e corações de políticos "jovens" do PT, PMDB e mais classicamente Tucanos do velho e bom PSDB de Guerra, o livro "Cidade Febril" de Sidney Chalhoub, publicado pela Companhia das Letras, é uma importantíssima ferramenta de acumulo de informações sobre a invenção da tradição do discurso higienista como embasador da perseguição, criminalização e justificação de atentados aos direitos humanos das pessoas pobres.

Ao nos apresentar o fato notório que desde o Império há um discurso que culpa a pobreza (Nada coincidentemente ligada à pele preta) tanto pela sua condição quanto pelos perigos das grandes cidade, assim como por doenças e problemas de saneamento, Chalhoub nos dá precioso meio de identificarmos como se cria um discurso "modernizante" que através dos tempos ecoa velhos preconceitos e nada "modernos" ou "novos", métodos de construção de uma modernização conservadora, de uma modernização de fundo tecnocrático, tecnicista, que despolitiza o cotidiano e a vida da sociedade, em nome de verdades absolutas "cientificistas" que consideram tudo o que estiver fora de sua "verdade" um absoluto inexistente.

Embasados pelo discurso que culpava a moradia das pessoas pobres como culpadas pelo contágio da Febre Amarela, vilã escolhida sob o manto da omissão com que tratavam a mortandade dos pobres e pretos por tuberculose, os motores da construção da nova cidade burguesa, construída sobre os escombros da cidade "colonial", iniciavam sua fome de derrubada de um "velho" muito similar ao pobre e no erguer de um "novo" muito similar à interesses de um já nascente mercado imobiliário.

No discurso dos médicos higienistas estava a base cientifica que muito interessava a construção civil da época e a indústria de transportes, assim como o embasar de um discurso de controle social que usaria um trabalho feito por um alto funcionário da polícia de Paris, M.A.Fregiér, pra justificar a construção de uma ideia de "classes perigosas" perigosamente vinculada, pra não dizer ostensivamente e conscientemente, à noção de "classes pobres", que no Brasil ganham o adendo de "população negra".

Também havia muito interesse dos mesmos especuladores para sustentar uma ação que continha a limpeza social, a sanitária e a "estética" da cidade, em nome de um conceito de civilização que tinha como ideia da cidade perfeita uma cidade sem negros, sem pobres e sem o contágio que para os philosophos  da época (Usando um termo do próprio autor) eram quase inerentes a pobres e pretos e suas moradias.

A própria opção pelo combate à febre amarela, doença que vitimava muito mais imigrantes e brancos do que negros, em detrimento de uma política de combate à tuberculose, que vitimava mais negros que os demais, dadas as condições de alimentação e abrigo das pessoas pobres, em sua maioria negros, tem em si a opção quase óbvia e sinceramente assumida de tentar facilitar à natureza o branqueamento da população.

Há inclusive uma declaração abertamente neste sentido emitida surpreendentemente por Rui Barbosa, autor de monta e vinculado a uma ideia de liberdade e república (que parece para ele não significar a mesma coisa com negros) e que é um poço de afirmação de que para a sociedade brasileira da época, e ouso dizer que ainda hoje, o branqueamento era não só preciso, como necessário e a qualquer custo.

Rui Barbosa dizia sobre a febre amarela:

                          É um mal que só a raça negra logra imunidade, raro desmentida apenas no curso das mais violentas epidemias e em cujo obituário, nos centros onde avultava a imigração européia, a contribuição das colônias estrangeiras subia a 92 por cento sobre o total de mortos. Conservadora do elemento africano, exterminadora do elemento europeu, a praga amarela, negreira e xenófoba, atacava a existência da nação em sua medula, na seiva regeneratriz do bom sangue ariano, com que a corrente imigratória nos vem depurar as veias da mestiçagem primitiva, e nos dava, aos olhos do mundo civilizado, os ares de um matadouro da raça branca. (CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril. Companhia das Letras. Rio de Janeiro,2011. página 95).

Esses dizeres, se não repetidos com esta clareza que a um homem de seu tempo como Rui Barbosa era permitida, são a fundação de um discurso de culpabilidade de parte da população no que diz respeito aos "dramas da civilização", leia-se civilização branca, repetidos até hoje. 

Se antes o uso da febre amarela como um problema aos planos de branqueamento da população era farto e com isso se sustentava uma política que unia o bota abaixo, o derrubar das casas de pobres, o policiamento indicando que pobres e negros eram a classe perigosa, como forma de ação civilizatória, este mesmo discurso retorna com o mesmo tipo de cerco quando as remoções sob alegação de "salvar vidas em área de risco", a pacificação das áreas onde vivem os mais pobres (e pretos), levando com elas a similaridade de uma especulação imobiliária que ocupava as áreas demolidas dos cortiços (preocupantemente ocupadores de valorizadíssimas áreas para os planos dos empreendedores), a internação compulsória das vítimas da epidemia do crack.

E em tudo isso há um leve cheiro de um tradição reinventada e cuja diretriz é uma percepção de uma noção de civilidade sem direitos humanos estendidos a quem não for branco.

É impressionante também como operações de guerra se assemelham. Em 1892 a vítima foi o Cortiço "Cabeça de Porco", e em 2011 foi o Pinheirinho, em 2012 está sendo a Providência, o Terreirão e outros tantos cantos onde os interesses do estado mal ocultam interesses poderosos privados. 

A tradição inventada para a corte no século XIX, não se resume à ela em pleno século XXI, como não se resumia no século XX, e ocupa cadeiras que vão desde os famigerados tucanos até os ex-esquerdistas e hoje neoPTistas do antigo Partido dos Trabalhadores.

À esta tradição é que deve ser feita nossa resistência para que a "modernidade" e o "aprendizado" que o sistema procura nos convencer ser um avanço em direção a um "progresso" demolidor de civilizações e direitos, não nos torne vítimas de um cientificismo tecnocrático que mal oculta seu racismo, seu horror ao povo que diz defender e suas ações de "melhoria da vida" que são tão parecidas com as ações dos elitistas racialistas do Império que parece que não se segue apenas uma tradição, mas na verdade uma compreensão do mundo que hoje se tornou crime ser repetida em voz alta.


sábado, 1 de setembro de 2012

A quem interessa a polêmica do Horto/Jardim Botânico em plena campanha eleitoral do Rio?



Publicação e divulgação amplamente autorizada e recomendada.

Os ataques mentirosos e de caráter ideológico lançados por um pequeno número de moradores do bairro do Jardim Botânico, mas com poderosos e nada ingênuos apoios de corporações privadas de comunicação, representam mais um lamentável episódio do histórico de Racismo Ambiental e de limpeza étnica que tem ganhado força e legitimidade no Rio de Janeiro nos últimos anos. 

Mas não é estranho, nem surpreendente, numa questão tão séria e complexa, que inclui um polêmico Projeto de Lei municipal assinado por dois vereadores do PT (incluindo o atual candidato a Vice-Prefeito Adilson Pires), os petardos só sejam apontados para as candidaturas do PSOL à prefeitura e à câmara dos vereadores.

Trata-se de um movimento muito claro de setores do PV e do próprio PT, a quem interessa largamente a perpetuação do regime de exceção e das práticas de remoção proto-fascistas já amplamente documentadas na própria câmara de vereadores e denunciadas em nível nacional e internacional por diversas instituições de inabalável credibilidade. Denúncias que essa mesma mídia corporativa nacional tem feito questão de tornar invisível, pois é sócia de todos os grandes projetos que visam tornar o Rio de Janeiro um playground privilegiado das classes mais abastadas do mundo.

Esse lamentável período de nossa história dá margem a declarações como a que vimos nesta sexta, em entrevista à Folha/UOL, onde o atual prefeito destila o seu cinismo e maucaratismo afirmando que nenhum "escândalo" de corrupção surgiu em seu governo. Decanta, o ignóbil governante, essa vergonhosa conclusão como se o fato decorresse de suas aptidões pessoais, já não suportadas sequer pelo seu staff pessoal. Omite, com isso, o débil alcaide, a fulminante blindagem institucional perpetrada por seus fiadores políticos junto ao Poder Judiciário (com as famosas pressões "não-republicanas") e a diversos promotores públicos estaduais que, por uma mera questão ideológica, de um conservadorismo que remonta ao período da República do "Café-com-Leite", simplesmente abdicam das suas atribuições constitucionais e calam-se de forma vexatória diante dos mais graves crimes ambientais e contra os direitos humanos já empreendidos nesta cidade desde a abertura democrática dos anos 1980.

Que fique claro, para os militantes das causas sociais, dos direitos humanos e pela Justiça Ambiental que ainda titubeiam sobre suas opções no Rio: a luta política não cessa durante a campanha eleitoral. Muito ao contrário, para os que detém o poder da imprensa e o caráter da impudência, esse é o melhor momento para aproveitar nosso refluxo momentâneo e avançar vigorosamente sobre lutas centenárias. A omissão neste momento não pode ser tolerada.

Jorge Borges 
Publicação e divulgação amplamente autorizada e recomendada.


Nota da Superintendência de Patrimônio da União: Esclarecimento sobre o Jardim Botânico
A propósito da matéria “Jogando no time adversário” publicada no jornal O Globo de hoje, 19.08, a Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento esclarece que: 

A SPU não defende interesses privados, mas sim a efetivação da função social da propriedade pública federal – patrimônio de todo o povo brasileiro. Foi solicitada a suspensão das ações de reintegração de posse na área da União para trazer tranqüilidade às cerca de 500 famílias de baixa renda que nela vivem, algumas há mais de 100 anos.

Está em curso um projeto de regularização fundiária de interesse social que inclui tanto a regularização das famílias de baixa renda como a dos limites do próprio Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 

A ocupação na área remonta à própria criação do Instituto. As ações de reintegração de posse foram iniciadas na década de 80. A execução destas ações trouxe insegurança às famílias de baixa renda que estão em processo de regularização fundiária (Lei 11.481 de 2007), amparada na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade. 

Não é uma ação inédita, nem é um caso isolado. Em outubro de 2007, a SPU, em providência similar, pediu a suspensão de ações de reintegração de posse à Procuradoria Geral da União de famílias que ocupam imóveis residenciais da extinta Rede Ferroviária Federal em todo o território nacional, para proceder a um estudo das condições das famílias que residem nesses locais e promover a regularização fundiária de interesse social. 

A ação de regularização fundiária do Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro e da comunidade do Horto está sendo implementada pela SPU – Secretaria do Patrimônio da União em parceria com a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e apoio do ITERJ – Instituto de Terra do Estado do Rio de Janeiro. 

A parceria resulta na produção de dois instrumentos: um cadastro sócio-econômico (já em fase de conclusão) que permitirá identificar as famílias por seu perfil social e de ocupação; e um cadastro físico que possibilitará identificar as ocupações existentes dentro da área de interesse do Jardim Botânico e discutir soluções para a realocação de famílias que vivem em área considerada atualmente de interesse ambiental. 

A SPU implementa ações para reorientar a gestão do patrimônio para cumprir sua missão institucional de “conhecer, zelar e garantir que cada imóvel da União cumpra sua função socioambiental em harmonia com a função arrecadadora, em apoio aos programas estratégicos para a nação”. Atenciosamente, Eliana de Araújo Chefe da Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.


 
Jorge Borges
Geógrafo, Assessor Técnico

Twitter: @jorgeborgesrj

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Alemão ou O povo, esse entrave

Lendo a Caros Amigos de Julho , que lerdamente leio até setembro para enfim pegar a de agosto, vejo um artigo de Emir Sader criticando, com razão, a critica rasa que a extrema-esquerda faz ao governo e à opção governista. No mesmo artigo a critica que seria excelente cai no tão raso quanto triunfalismo  do apoio popular como medida de todas as coisas e que lava mais branco ocultando todas as cagadas e todas as criticas, as rasas e as que fogem do raso e são benéficas.

O importante é governar e reduzir a desigualdade e ponto, o resto foda-se. Qualquer critica que sustente uma observação de que a redução da desigualdade não é exatamente sustentada ou pior, não tem garantia de um caminhar perene e que seja acompanhada por transformações no estado que vão da educação e saúde ao cuidado com o meio ambiente e direitos humanos.

Porque to falando disso? Porque o triunfalismo por vezes inibe a crítica e na maioria das vezes na blogosfera oprimem a crítica.  Sader no artigo desqualifica todas as criticas baseado no percentual de voto e as faz tábula rasa porque existem, podem até ser maioria, criticas que ignoram as transformações que o governo petista fez, mas existem também criticas que não ignoram as transformações, mas as põe em perspectiva diante de como mantê-las e mais ainda do que não foi transformado e sofre recuos.

Esse comportamento de Sader é repetitivo, o que me faz evitar lê-lo dado o alto grau de panfletagem acrítica que o nobre professor, que com certeza é melhor professor e pesquisador do que colunista. E além de repetitivo é seguido por outros veículos concretos ou blogosféricos (Neologismo, sir!).  Essa inibição de crítica aliada ao panfletário e ao triunfalismo é prima direta da dupla ação de silenciar o apontamento dos erros do Governo e  Partido, pela direita ou pela esquerda, como o de desqualificar qualquer viés de disputa de espaço pela esquerda, seja essa esquerda de fora do PT ou de dentro do PT.

Criticou? "só pode ser PSOLista"! Sacou?

E no mesmo artigo de Sader o apoio popular é citado como arma e moeda maior que traduz o fuderozismo da opção política do homem, esse mesmo apoio popular, e método de discurso e análise, que levava o Governo federal em 2010 apoiar com o exército a ocupação do Alemão no Rio de Janeiro e defender em propaganda eleitoral a expansão das UPPs Brasil afora.

Ano passado qualquer crítica à ocupação do Alemão como era feita era tratado como Sader trata a critica ao Governo pela esquerda. Qualquer apontamento de como são as ocupações, como é o projeto político das UPPs era tratado como "irrealismo". As práticas do projeto político e policial das UPPs, um projeto de cidade também, de cerceamento do ir e vir do povo e postura de síndico para com eles com impedimento de manifestações político-culturais, invasão de privacidade, violência e por vezes alto grau de corrupção com emulação das milícias, eram ignorados em nome da libertação do "povo" em nome do fim das desigualdades, do governo de "todos",etc..

As violações que o Governo do Aliado Cabral com sua PM e o Governo Federal, com seu exército, faziam eram jogadas pra debaixo do tapete em nome da transformação que o governo "Reconhecido pelo povo" fazia no "Brasil Grande" e todo apontamento da esquerda radical, até mesmo dos que desta esquerda eram e são queridinhos pelos "Progressistas" como Marcelo Freixo, erma ignorados e silenciados para tanto apoiar o Aliado Cabral quanto pra fingir não ver cagadas que eram endossadas pelo projeto político "reconhecido pelo povo" em nome do futuro do "Pra frente Brasil".

Agora que o Exército finge estar enfrentando o tráfico pra passar o volumoso rodo de seu ancestral autoritarismo por cima da população do Alemão, que deixou de ser vítima do tráfico e virou um entrave pro projeto de doma que o aparato estatal tem para com ela, o silencio "progressista" é eloquente. 

Da mesma forma o triunfalismo Saderiano que é mais rápido no gatilho para desqualificar o que chama de "extrema-esquerda" não se transforma na ira santa necessária para a denuncia de mais um capítulo de um projeto autoritário de segurança endossado pelo poder do Governo "De todos" petista, projeto esse que é useiro e vezeiro de uma prática de censura à manifestações culturais, práticas de imposição de manifestações artísticas como mais ou menos válidas, samba pode, funk e hip hop não, vigia do direito de ir e vir, toques de recolher,etc.

Sader está certo em criticar a ausência de uma critica que olhe o real por parte da extrema-esquerda, mas falha redondamente ao não usar esta mesma crítica com relação à própria visão e a dos como ele apoiadores da opação governamental pelo "Pra Frente Brasil",os vulgos "progressistas", e falha redondamente ao tornar todas as críticas da esquerda radical como iguais ao que condena.

Outra falha corrente em Sader e nos amigos "progressistas" está na velha e boa redução do "popular" ao voto, ignorando o alem voto, o dia a dia e o que o povo é e quer, para além de reducionismos. As ocupações dos morros "salvaram" o povo de um tirano pra por outro no lugar a soldo do estado. Este tirano é pago para manter a cidade Olímpica no seu devido lugar, como o projeto de cidade de Pereira Passos que levava o pobre, que é como podre, para longe dos jardins da elite e controlado por uma polícia dura na queda e que escolhe até com que calcinha a moradora pode ou não sair. 

O povo não queria o tráfico, mas com certeza não quer a PM cagando regra ad infinitum numa implantação de uma ordem não negociada em seu quintal. E quando o exército impõe toque de recolher ele invade o direito desse povo que apoia o governo, mas não recebe de volta a mesma consideração.

O povo é muito bom para votar e dar o "reconhecimento popular" via urna que alimenta desqualificações rasas dos articulistas panfleteiros, verdadeiros Olavos de Carvalho Às avessas, mas é um entrave quando começa a resistir a mais uma ocupação militar que o desrespeita. 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Da barbárie generalizada à irresponsabilidade social legalizada: o caso da Rua Domingos Lopes - Transcarioca.

Jorge Borges
 
Nesta quarta-feira (8/06), oficiais de justiça vão à rua Domingos Lopes, em Campinho, executar uma ação de "imissão da posse", movida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, para retirar 7 famílias que moram há mais de 10 anos no local. Apesar de tratarem-se de imóveis em área formal da Cidade, as famílias são todas de baixa renda e buscavam, a duras penas, regularizar sua situação.
 
Os primeiros sinais do pesadelo vieram ainda em setembro de 2010, quando técnicos contratados pela Prefeitura do Rio, no âmbito do projeto do corredor viário Transcarioca, fizeram uma primeira avaliação dos imóveis e não deram maiores informações sobre o que poderia acontecer dali pra frente. Em fins de outubro, a Procuradoria do Município ajuizou pedido de antecipação de tutela para retirar as famílias dos imóveis, o que foi conseguido em 26/11/2010. Ou seja, das primeiras avaliações até hoje, a Prefeitura do Rio teve OITO MESES para realizar um processo razoável de negociação e encaminhar as famílias para uma solução habitacional que desse garantias mínimas de vida digna.
 
Em OITO MESES não se dignaram nem os responsáveis pela Transcarioca, nem os setores dedicados à "benevolente" política habitacional da Prefeitura a realizar qualquer contato, abrir qualquer canal de comunicação com as 7 famílias da Rua Domingos Lopes.
 
Por se tratar de obra da Prefeitura, esperava-se que houvesse um cadastro prévio e uma negociação justa, mas eles só foram cadastrados no dia 2/06 por agentes da Secretaria Municipal de Habitação - uma semana após a notificação judicial que determinava sua saída até o dia 08/06.
 
Ao comparecerem na sede da SMH, na Cidade Nova, (ontem, dia 06/06) foram informados que “demoraram muito a ir negociar" e, por isso, não teriam direito a nada. Mesmo depois da mobilização de autoridades e entidades como a Pastoral de Favelas e organizações não governamentais, chegou-se a conclusão de que a SMH não tem nada a oferecer e a Prefeitura vai mesmo deixar mais sete famílias sem teto na cidade.

 
O que restou a essas pessoas foi encaixotar suas coisas, e aguardar as incertezas de um futuro não escolhido por elas, mas determinados por tecnocratas da iniquidade e demagogos oficiais encastelados na Prefeitura do Rio e suas secretarias.
 
Ao verificar os procedimentos adotados pelo Poder Público Municipal com essas famílias e ao verificar as informações dos autos do processo judicial, fica nítido que se trata de uma ação deliberada da Prefeitura do Rio para a limpeza social da área a ser servida pelo corredor Transcarioca.
 
A Lei é clara quando diz que a "imissão provisória da posse" só pode ser determinada A PEDIDO do expropriante, no caso, a Prefeitura do Rio. Logo, percebe-se claramente uma sofisticação nos seus procedimentos em relação à barbárie generalizada perpetrada em outras áreas da Cidade - quando homens a serviço da Prefeitura agiram de forma totalmente ilegal, sem processo administrativo nem judicial, apenas pela força física e pelo terror psicológico: Passa-se a utilizar toda a expertise e proficiência dos Procuradores Municipais para perpretar, sob os auspícios da Lei, as formas mais desumanas e injustas de remoção de famílias pobres da Cidade. Fica clara a orientação política voltada para a vexação e a imolação de quem não é econômica ou socialmente útil à valorização desenfreada do solo urbano e aos devaneios megalomaníacos dos mandatários municipais.

sábado, 4 de junho de 2011

Agosto? Não, Maio!

Pra qualquer caboclo que não substitui sua inteligência pelo desejo pelo IPAD Primário ou ache que grama pode ter bom sabor se banhada com molho inglês, este mês de Maio chega a Junho detonando tudo até a última ponta.

Há uma longa lista de absurdetes rolando que poderiam muito bem povoar pesadelos da rapaziada se ela não tivesse já criado uma casca grossa, quase Cascadura ali do ladinho de Madureira. 

As garras de fora do mais profundo conservadorismo chumbrega vão desde a proibição absurda da marcha da maconha como apologia ao crime, com uma cínica ignorada na sutil ao direito à livre expressão e defesa na mudança das leis, à aprovação ao código florestal e veto ao kit anti-homofobia.

Nesse meio tempo, sem que a imprensa soubesse, morreram ao menos cinco ativistas no Norte do país, vítimas do eterno conflito por terras que nunca acabará enquanto todas as medidas para regulamentar o acesso à Terra sejam inócuas diante da manutenção do modelo da Lei de Terras de 1850. E vão morrer mais, porque tá aberta a temporada de caça. A rapaziada percebeu que tinha força no governo e  no congresso e viu que o desmate anistiado pode virar MATE anistiado pelas costas quentes provadas em rede nacional na votação do código floresta (Rimou!).

As remoções olímpicas do Paes continuam rolando soltas e nosso amado Cabral fecha o mês e inicia o Junho, que pelo jeito quer entrar na boca de parecer Agosto, com o BOPE invadindo o quartel de bombeiros que em greve por receberem o pior salário do país tomam um piau bonito com direito a tiro de fuzil.

Cabral, todos sabem ou deveriam saber, é queridinho do Governopetismo, e eu nunca vou deixar de lembrá-los disso, e tem entre seus secretários vários quadros do PT, que ao menos até o momento não se pronuncia ou cogita se pronunciar a respeito.

Cabral sempre foi truculento, sempre, nas invasões pra criação de UPPs sempre deixava um rastro incontido de violência e assaltos, na proximidades do Pan fez uma das ações mais festejadas no Alemão com o capitão trovão do BOPE deixando corpos e mais corpos, torturas e o cacete a seus pés louvados pela mídia e pelo silencio Lulista. Mas calma que tem mais, na última invasão "Patriótica" do Alemão,com exército do Governo Federal do Lula e o escambau,  as denuncias de roubo foram sumidas, não se sabe no que deram, as denuncias, várias, de truculência idem, mas tudo bem, a cidade olímpica precisava mesmo de uma faxina.

Ontem a invasão do quartel dos bombeiros foi mais uma das trapalhadas desse turminha que apronta muita confusão no seu dia a dia. Em nome da manutenção da hierarquia nego passou o rodo na bolacha e com tiro em uma manifestação por melhores salários de uma das mais vitais categorias. Cês sabiam que o poderoso Estado do Rio de Janeiro, o Estado da abertura da copa, da Olimpíada, que gasta 1 Bilhão na terceira hiper reforma do Maracanã, paga o pior salário do país aos Bombeiros? Quer até a humilde Alagoas, flagelada pelos deuses, paga mais?

Mas claro a hierarquia em primeiro lugar! A hierarquia tem o apoio da classe média, da TV, do PT, da Dilma, da mãe Dinah, do Bolsonaro,do Malafaia, do Crivela, do Sarney e é fundamental a hierarquia para legitimar a ordem. A Ordem de quem é salvo por gente mal paga é o que tem de ser mantido, e a classe média fica satisfeita vendo a cidade Maravilhosa sob proteção de gente fudida e mal paga, mas isso não importa porque o filho dela aprendeu a dirigir e tem uma gatinha linda e nossa viagem pra Europa tá combinada,né?

Só fico grilado quando a ordem, a  hierarquia justificam que gente que me salva a vida ganhe menos que um técnico de informática na iniciativa privada.Mas de novo isso não importa, porque a hierarquia pra quem não sou eu tem de ser mantida,né?

O silencio "progressista" diante de diárias manifestações de algo muito errado acontecendo no país e nas bases do que apoia é constrangedor, mas não surpreende.

Maio acaba fazendo concurso pra Agosto, Junho inicia sendo um Agosto com balas de borracha, mas tá tudo bem, vamos como bons "progressistas" avançando na direção de um abismo cada vez mais conservador, mas tudo com muita inclusão social via Bolsa Família.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Prefeitura promove remoção violenta na Vila Harmonia (RJ)

Prefeitura promove remoção violenta na Vila Harmonia (RJ)

Por Jornalistas Populares em 24 de fevereiro, 2011

Hoje durante o dia, a Prefeitura do Rio de Janeiro tentou remover a comunidade Vila Harmonia, no Recreio dos Bandeirantes. Na região estão ocorrendo as obras da TransOeste, via projetada para as Olimpiadas de 2016. Sem aviso prévio, indenização justa, moradia próxima ou sem respeitar o Art. 429 da Lei Orgânica do Municipio, a prefeitura quer retirar os moradores. Muitos sairam devido às pressões e ao medo de não terem outra alternativa.
O município conseguiu derrubar a liminar que garantia a permanência dos moradores. Entretanto, mais uma ilegalidade ocorreu. Ao que tudo indica, isto não foi informado aos moradores com antecedência. Muitos que resistem, por achar injusta a proposta e violenta a forma de tratamento da prefeitura, simplesmente não terão para onde ir caso sejam despejados.
Neste momento, a guarda municipal impede que moradores saiam e entrem na comunidade, já que colocou um cordão de isolamento em frente a casa de um moradora, que fica no meio da localidade. Há notícias de que duas pessoas foram ilegalmente presas e não se sabe para onde foram levadas. Além disso, a polícia civil está revistando casas sem mandato judicial. A retirada da referida moradora vem sendo feita de maneira amendrontadora e violenta e sequer respeita o fato de, nesta casa, haver várias crianças. Além disso, a guarda municipal está ameaçando agredir os moradores, caso resistem. A polícia militar afirmou que utilizará da força em caso de resistência.
Os agentes municipais não estão respeitando nem mesmo a defensora pública que se encontra no local. A última notícia é que uma moradora acaba de desmaiar e está com suspeitas de ser um princípio de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os funcionários da prefeitura e a guarda municipal não permitiram o socorro, nem que a ambulancia da SAMU fosse ao local. As remoções ilegais precisam parar!
Organismos internacionais como a ONU e a OEA consideram a remoção de comunidades uma aberração. Diante disso, o Ministro das Cidades Marcio Fortes declarou durante o V Fórum Urbano Mundial, em março de 2010 no Rio de Janeiro, que não existem remoções no Brasil. As ilegalidades são apontadas frequentemente pelo Núcleo de Terras da Defensoria Pública do Estado, que tem atuado firmemente mas não é grande o suficiente para parar a ação criminosa da Prefeitura.
Depoimento
Jorge Borges comenta: "A situação, de fato, é das piores possíveis. Uma família que já vivia entre escombros há meses foi atacada nesta quinta feira. A mãe da família, Dona Tânia, teve um princípio de AVC, foi socorrida pelos vizinhos e encaminhada ao Hospital Lourenço Jorge. Os bandidos da Subprefeitura da Barra não arredam pé da comunidade e as tentativas de diálogo direto com a Casa Civil do Município não lograram qualquer êxito.
De modo covarde e infame, a SMH tenta convencer a Defensora Pública que está na comunidade a encaminhar as famílias resistentes para uma "última negociação" no Centro da Cidade, há mais de 40Km do local, ainda hoje. Trata-se de um deboche da equipe do Sr. Jorge Bittar com os cidadãos do Rio de Janeiro!
Ao que parece, só uma forte mobilização popular poderá segurar o ímpeto dos psicopatas da Prefeitura do Rio. Sob o comando de Eduardo Paes, a Lei é rasgada em pleno espaço público, o Tribunal de Justiça se ajoelha e a mídia porca das grandes corporações ainda acha pouco.
Que, pelo menos, tantos crimes sejam devidamente investigados e os culpados sejam exemplarmente punidos pelos rigores da Lei. Se não for dessa forma, há que se começar a perguntar: para quê Lei? Para quê Estado?"
Repercussão
Foi publicada nesta quinta (24/02) no US TODAY, jornal dos Estados Unidos, matéria feita pela agência de notícias Associated Press sobre a denúncia encaminhada à OEA em janeiro por comunidades e movimentos sociais sobre as remoções ilegais de comunidades que vem ocorrendo no bairro do Recreio dos Bandeirantes por causa das Olimpíadas de 2016.
A tradução não está muito boa, mas o texto é bom. Importante destacar que o Comitê Organizador se negou a responder, e a assessoria de imprensa da prefeitura simplesmente disse que não recebeu nenhum comunicado oficial da OEA.
Além disso, a Associated Press requisitou uma cópia de uma gravação feita por um jornalista das Comunidades Catalisadoras (ComCat) em uma situação de demolição ocorrida em dezembro do ano passado. Assista abaixo:
"É preciso que jornais estrangeiros façam o que os daqui se recusam sistematicamente a fazer: denúnciar as graves violações de direitos humanos atualmente em curso", afirma a Rede contra a Violência.
Mais informações em breve.
(Com Rede de Movimentos e Comunidades contra a Violência)
Mais informações por telefone:
Márcia: 9799-7099
Maraci: 9165-0211

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Favela do Campinho fará protesto amanhã, 02/02, às 07hs!!!!




 
Os moradores da Comunidade do Campinho realizarão uma manifestação amanha, dia 1° de fevereiro, às 07 horas. Os moradores vêm sofrendo com a política de remoção da prefeitura do Rio de Janeiro. No caso da Favela do Campinho, as ameaças se referem às obras para a construção da Transcarioca, via projetada para ligar o aeroporto internacional à Barra da Tijuca. Como é prática corrente no munícipio, os moradores ficaram sabendo que estavam sendo alvo de despejo através dos meios de comunicação e a partir de boatos no próprio bairro.
 
Além disso, a prefeitura se nega, assim como em outros casos na cidade, à fornecer o projeto. Importante lembrar também que em nenhum momento os moradores desta comunidade foram consultados sobre a obra, muito menos participaram da elaboração do projeto. Sabe-se apenas que a prefeitura quer construir, próximo à comunidade, um mergulhão no entrocamente entre as avenidas Intendente Magalhães e Ernani Cardoso e as ruas Candido Benício, Domingos Lopes. Para quem conhece a área, não há motivo razoável para retirar a comunidade.
 
Mesmo assim, iniciou um processo de pressão e ameaças aos moradores para que estes saissem. Inicialmente, como os moradores ocupam uma área particular, a prefeitura não ofereceu nenhuma alternativa. Após os moradores se organizarem e acionarem a Defensoria Pública, surgiu a "alternativa" de uma casa no bairro de Cosmos. Os moradores questionaram a alternativa, por considerá-la insuficiente e por provocar alterações profundas em suas vidas, como o risco de muitos perderem o emprego ou, para os que trabalham informalmente, perderem a oportunidade de obterem renda numa região movimentada e de ampla circulação como a de Madureira/Cascadura. Mas a prefeitura iniciou o procedimento de despejo, de maneira irregular, fazendo ameaças e dizendo que se os moradores não aceitassem, não ganhariam mais nada. Quem se recusar, será retirado à força e seus pertences jogados na rua.
 
Por conta de toda essa arbitrariedade, os moradores decidiram realizar um protesto e gostariam da participação dos companheiros de outros movimentos sociais e comunidades da cidade.
 
É preciso barrar a política de remoções da prefeitura. A Copa do Mundo e as Olimpíadas não podem ser usadas para limpar a cidade dos pobres!!!
 
Local: Largo do Campinho, bairro do Campinho (entre as avenidas Intendente Magalhães e Ernani Cardoso e as Ruas Candido Benicio e Domingos Lopes)
 
Horário: 07hs
 
Conselho Popular do Rio de Janeiro

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Futebol playboy, vulgo "Moderno".

A modernização do futebol, que gera discussões que vão desde a elitização do público ao futebol entretenimento, com criação de estrelas que parecem artistas globais hollywoodianos, é também a abertura de novos mercados, na sanha de globalizar um produto que a todos encanta, e a muitos ajuda a faturar mais do que  se encontra normalmente. As escolhas de Catar e Rússia para sedes de copa do mundo não são fatos isolados da construção de estádios ditos arenas, com poltronas no lugar de assentos de arquibancada, diminuição de público, aumento do preço dos ingressos, transformação do estáido numa grande sala de estar pro público cde classe média consumidor de pay per views, são fatos primos, irmãos.

O grande poder da Fifa é o poder da grana, é o poder da modernização excluysiva, com lucros estorsivos, também exclusivos a quem pode se dorbar para triplicar o lucro e dobrar leis, tradições, vontades.
A Europa, sem tanto encanto ou brilho das moedas, e mais contestadora, perde espaço para quem tem muito o que gastar e nada a explicar.Por isos em sequencia Brasil, Rússia e Catar serão hospedeiros do Parasita Fifa, chamado Futebol internacional.
 
Tudo isso é parte de um projeto de futebol, um projeto onde o futebol é apenas a fumaça que esconde o transito da economia entre pernas, gols e paixões.
O preço dos ingressos, por exemplo, é relativo a um projeto de público e de futebol. Grana, por exemplo, tem com ingresso barato e super público e com ingresso caro e publico menor.

O tal conforto, que é muito mais uma elitização e operização do futebol, é frescura demais, com dvd na poltronas, bundinha almofadada,etc. Com a elitização que exclui o povão que vê globoesporte e lê o dia na banca, sem comprar, pra ver quem o time contratou.Inclui o torcedor de sala de estar, que transforma templos na sala de estar de quem pode pagar.

O ingresso é caro pra financiar frescura, ele financia menos o clube do que a frescura do torcedor que tá acostumado com a bunda de poltrona.

E aí se tem uma concepção, o futebol enquanto entretenimento, apartado de sua história, de sua cultura, numa cultura quase que universal "moderna", capitalista, tal qual os filmes, as boites, as músicas, na pasteurização da aldeia global.

Não é algo alheio ao futebol, é parte do que o futebol foi, abraçado pelas elites pra educar um povo "insalubre", como ela o via, negro demais, pobre demais. Porém agora pela força da grana que ergue e destrói coisas belas se está conseguindo tirar o comum, o pobre e o negro do estádio.Em seu lugar torcedores modernos, iguais, seja na Inglaterra, seja no Maraca.

Torcedores modernos que são quem pode e quer financiar um enttretenimento globalizado, igual ao cinema, ao teatro, ao show da Maddona. Sem a maior preocupaçaõ com oque se faz daquilo que é a paixão de tantos, sem  muita preocupação em como se faz o prato que lhe é servido, feito à custa de dinheiro do memso povo que é excluido do estádio.
O que fica é a imagem internacional, é o título, é a alegria sazonal que alegra tanto Blatters, Havelanges, Horcades, Ricardos Teixeiras.

Esse Futebol é o Futebusiness, primo do Futebol Sanitário de Pereira Passos e da elite fluminense que queria se ver livre dos Sururus da Gamboa. Hoje ela se alimenta do sacrifício da grande do mesmo povo do sururu, lucra com ele, construi com seu dinheiro estádios que o excluem, elevam seus gerentes a cargos onde o Futebusiness seja encarado como motivo de alegria e de desvios de verba, de ostentação de elites sem controle.

Enquanto o Futebusiness ilude a patuléia cada vez mais furtada na verba e na cultura, absorvida e devorada sem cerimonia pela destruição pasteurizada chamada Entretenimento, os direitos de quem criou esta cultura, quem alimentou instituições com seu grito, bandeiras, movimentos e grana é calado e transformado numa ópera chinfrim que segue preceitos televisivos.

É preciso combater este furto, esta destruição das culturas futebolísticas locais em troca da venda da alma à televisão e à estádios vazios, mas chiques, ricos e que não cantam.
É preciso saber o que se faz com as verbas e uqal projeto de inclusão e devolução de públicos aos estádfios, com ingressos a preços que permitam lucro com público e sme sacrificios. Que os estádios sejam limpos, acessíveis, mas com espaço pra quem quer torcer em pé, espaço pra quem quer sentar e que ele seja fruto da cultura local, sem os fast foods, a cerveja sem álcool e as redes globalizadas que sugam dinheiro sem oferecer qualidade aos torcedores.

É preciso construir uma barreira que liberte o Futebol do Futebusiness e que reverta o lucro absurdo dos marajás da Fifa e Federações para a ampliação do que o Futebol deve ser, uma arma de inclusão, para além da também também uma ferramenta de acesso à educação física, saúde, debates sobre o que é um time na vida das pessoas, o que é a paixão, a união de uma equipe rumo a uma vitória. Que o futebol, assim como todo o esporte, seja usado também para transformar a sociedade e não ser roubado dela para que uma classe de playboys se entretenha.

Precisamos do Futebol nas ruas e nos estádios, na vida das pessoas, não só como uma paixão centenária, mas como uma força que seja mais democracia corintiana e menos plutocracia Fifense.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

A bola da modernidade

Em torno de 1908 o alvissareiro prefeito Pereira Passos, o homem do "Bota Abaixo" ( ídolo de Dudu  "Pereira" Paes, o homem do Choque Desordem), afirmava seu entusiasmo com o Futebol como arma de "educação" do populacho, que passaria a se organizar como os times e seus Sportsmen se organizavam. O esrporte como arma sanitária, de vida saudável, nascia como paradigma da diferença entre a sociedade saudável, vulgarmente chamada de elite ou "os ricos", e a sociedade doente, vulgarmente chamada de povo ou "os pobres". A elite praticava esportes, trazia o vento do moderno Futebol, filho dileto da revolução industrial, ao um Rio colonial que tentava ser uma Paris dos trópicos. 

A empolgação de Pereira Passos era eco da empolgação de uma elite que se entendia como superior por branca, por rica e por uma naturalidade óbvia em seu pensamento: Somos o mais puro extrato da evolução, diferente do populacho negro e mulato que emporcalha a cidade!

A leitura de "Footballmania" de Leonardo Affonso Pereira e "Trabalho, lar e Botequim" de Sidney Challub são boas formas de entender um processo que juntava o trator como instrumento de remodelação da cidade e arma ideológica da divisão da cidade em duas, prévia da "Cidade Partida" de Zuenir Ventura e das UPPs da Dupla Cabral-Paes. A percepção da popularização do Futebol como forma de purificação social era clara, só esbarrou na estranha mania de romper com planos que o povão tem. O moderno Futebol dos Sportsmen que iria varrer a indolência ibérica e incluir na alma do povo a civilização Inglesa e Francesa foi antropofagicamente transformada nos "sururus" esportivos das praças, terrenos baldios e  praias, ofendendo o nariz empinado de uma elite que se pretendia burguesa e controladora de uma cidade que teimava em se virar pra sair do cordão de isolamento que separava a cidade Aquilombada da Cidade Aburguesada. E um dos meios utilizados pela população foi o irônico e moderno Futebol.

Mais de cem anos depois a ironia se torna uma espécie de 18 Brumário do Rio de Janeiro, com a farsa ganhando forma de realização de antigos sonhos, com a ordem sendo distribuida a pontapés seletivos na bunda de uma população cada vez mais lançada nas distancias higienizadoras dos subúrbios, a cidade sendo pontuada de fronteiras económicas via aluguéis e preços e até o moderno e popular Futebol tornando-se artigo de luxo para uma elite que tem nojo de trem, de hora do rush e acha que transporte público é ofensa pessoal.Nas vésperas de eventos esportivos que serão o "bota-abaixo" pós-moderno de Pereira Paes, com Vilas Taboinhas e Gamboas sendo tomadas por uma burguesia saudosa da antiga cidade aburguesada, da proximidade de uma corte inexistente, a cidade e o país vivem a retomada pela elite de seu sonho de consumo, o Futebol dos Sportmen, dos negros e pobres sendo atores somente no palco, mas fora das arquibancadas, com o fim das gerais, dos ladrilheiros, do Beijoqueiro e de outros personagens populares que invadiam maracanãs sem a pompa e a circunstância dos playboys de Playstation.

Enquanto o mundo explode com buchas negras e mulatas na guerra por uma cidade una contra a cidade aburguesada, desigual e elitista, com quilombos sendo erigidos com a fragilidade de nossa divisão, o Futebol retorna como arma de exclusão e de uma educação que nos torna base hierárquica de uma sociedade centenária e cruel.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

URGENTE S.O.S. VILA TABOINHA SEXTA 11/11/2010

Por : Jorge Borges




Nesta quinta-feira, 10/11/2010, oficiais de justiça retornaram à comunidade para informar que já nesta sexta serão iniciadas demolições das casas “vazias” da área em litígio no âmbito do processo judicial. Ninguém tem um levantamento de quantas casas estão “vazias”. O processo ficou inerte por dois anos exatamente porque os proprietários do imóvel se recusaram a pagar o perito que faria o levantamento da área. A perícia só foi realizada em junho de 2010, após a Exmª Srª Juíza engendrar um esforço peculiar, tomando a iniciativa, nomeando o perito e definindo o escopo do trabalho a ser feito.
A perícia foi feita por um Engenheiro Civil que se limitou a descrever em termos genéricos o perfil da comunidade e a coordenar o levantamento topográfico. Para o levantamento mais específico de quantas e quais famílias estavam efetivamente ocupando o terreno, o Engenheiro responsável “solicitou” à presidente da Associação de Moradores uma relação dos ocupantes e depois ainda registrou a “não colaboração” da mesma. Ou seja, a mesma associação que não teve o seu direito reconhecido nos autos deveria, segundo o perito e com a aquiescência da Douta Meritíssima, entregar a comunidade aos seus verdugos.
Obviamente, a situação atual na comunidade é de angústia e consternação exponenciadas. Afinal, apesar de registrado em juízo, o acordo firmado entre a Prefeitura municipal e a Juíza Érica Batista de Castro não especificou quais casas estariam na condição de “vazia”. Outro elemento que causa apreensão é o fato de que o tal “aluguel social” oferecido pela Prefeitura, em verdade, será a entrega de um cheque para cada família a ser despejada, sem indicação prévia de quanto será disponibilizado e sem dar mais qualquer margem àquelas pessoas de buscarem algum ressarcimento pelas benfeitorias feitas no terreno e pelo investimento de vida depositado naquelas humildes residências. A perspectiva de inserção no programa Minha Casa, Minha Vida não iludiu ninguém. A fila é grande, os projetos que existem estão pessimamente localizados e, pelo histórico recente, dificilmente a Prefeitura honrará sua palavra após os cheques serem distribuídos e o terreno desocupado.
O tempo corre e o que se vê na Sociedade carioca é uma verdadeira letargia mesmo dos segmentos mais cônscios do grave momento político em que vivemos na Cidade. A recente indicação do Sr Rodrigo Bethlem para assumir a Secretaria Municipal de Assistência Social soou como uma trombeta apocalíptica que prenuncia o soerguimento da Grande Besta. Os segmentos mais diretamente envolvidos com a luta social pela moradia digna, por uma Cidade mais justa e fraterna, parecem anestesiados e com uma grande sensação de impotência. Fontes ligadas à própria Prefeitura dão conta de que 2011 será o ano das remoções, com ações simultâneas por toda a Cidade. Sem direito, sem política, sem Lei.
Talvez estejamos nos esquecendo de que é exatamente nestas horas que nascem os grandes movimentos anti-hegemônicos. A História está repleta de situações onde a união dos mais fracos e a rebeldia contra a tirania irromperam de onde menos se esperava, das mais variadas formas. Cada comunidade que já passou ou esteja passando por essa situação pode ser conclamada. Cada dissertação em andamento pode adormecer por alguns dias. Cada agenda lotada pode se adaptar. Cada gesto de apoio será fundamental neste momento.
AS REMOÇÕES SÓ SERÃO FREADAS NO DIA EM QUE TODAS AS COMUNIDADES SE MANIFESTAREM CONTRA A REMOÇÃO DE QUALQUER COMUNIDADE! 
CADA DIA DEVE SER UM DIA D CONTRA A REMOÇÃO!
NÃO ESPEREM LIDERANÇAS HERÓICAS! 


FAÇA SUA PRÓPRIA RESISTÊNCIA CONTRA MAIS UM ATENTADO AO DIREITO INALIENÁVEL DE MORAR DIGNAMENTE!