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sábado, 1 de setembro de 2012

A quem interessa a polêmica do Horto/Jardim Botânico em plena campanha eleitoral do Rio?



Publicação e divulgação amplamente autorizada e recomendada.

Os ataques mentirosos e de caráter ideológico lançados por um pequeno número de moradores do bairro do Jardim Botânico, mas com poderosos e nada ingênuos apoios de corporações privadas de comunicação, representam mais um lamentável episódio do histórico de Racismo Ambiental e de limpeza étnica que tem ganhado força e legitimidade no Rio de Janeiro nos últimos anos. 

Mas não é estranho, nem surpreendente, numa questão tão séria e complexa, que inclui um polêmico Projeto de Lei municipal assinado por dois vereadores do PT (incluindo o atual candidato a Vice-Prefeito Adilson Pires), os petardos só sejam apontados para as candidaturas do PSOL à prefeitura e à câmara dos vereadores.

Trata-se de um movimento muito claro de setores do PV e do próprio PT, a quem interessa largamente a perpetuação do regime de exceção e das práticas de remoção proto-fascistas já amplamente documentadas na própria câmara de vereadores e denunciadas em nível nacional e internacional por diversas instituições de inabalável credibilidade. Denúncias que essa mesma mídia corporativa nacional tem feito questão de tornar invisível, pois é sócia de todos os grandes projetos que visam tornar o Rio de Janeiro um playground privilegiado das classes mais abastadas do mundo.

Esse lamentável período de nossa história dá margem a declarações como a que vimos nesta sexta, em entrevista à Folha/UOL, onde o atual prefeito destila o seu cinismo e maucaratismo afirmando que nenhum "escândalo" de corrupção surgiu em seu governo. Decanta, o ignóbil governante, essa vergonhosa conclusão como se o fato decorresse de suas aptidões pessoais, já não suportadas sequer pelo seu staff pessoal. Omite, com isso, o débil alcaide, a fulminante blindagem institucional perpetrada por seus fiadores políticos junto ao Poder Judiciário (com as famosas pressões "não-republicanas") e a diversos promotores públicos estaduais que, por uma mera questão ideológica, de um conservadorismo que remonta ao período da República do "Café-com-Leite", simplesmente abdicam das suas atribuições constitucionais e calam-se de forma vexatória diante dos mais graves crimes ambientais e contra os direitos humanos já empreendidos nesta cidade desde a abertura democrática dos anos 1980.

Que fique claro, para os militantes das causas sociais, dos direitos humanos e pela Justiça Ambiental que ainda titubeiam sobre suas opções no Rio: a luta política não cessa durante a campanha eleitoral. Muito ao contrário, para os que detém o poder da imprensa e o caráter da impudência, esse é o melhor momento para aproveitar nosso refluxo momentâneo e avançar vigorosamente sobre lutas centenárias. A omissão neste momento não pode ser tolerada.

Jorge Borges 
Publicação e divulgação amplamente autorizada e recomendada.


Nota da Superintendência de Patrimônio da União: Esclarecimento sobre o Jardim Botânico
A propósito da matéria “Jogando no time adversário” publicada no jornal O Globo de hoje, 19.08, a Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento esclarece que: 

A SPU não defende interesses privados, mas sim a efetivação da função social da propriedade pública federal – patrimônio de todo o povo brasileiro. Foi solicitada a suspensão das ações de reintegração de posse na área da União para trazer tranqüilidade às cerca de 500 famílias de baixa renda que nela vivem, algumas há mais de 100 anos.

Está em curso um projeto de regularização fundiária de interesse social que inclui tanto a regularização das famílias de baixa renda como a dos limites do próprio Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 

A ocupação na área remonta à própria criação do Instituto. As ações de reintegração de posse foram iniciadas na década de 80. A execução destas ações trouxe insegurança às famílias de baixa renda que estão em processo de regularização fundiária (Lei 11.481 de 2007), amparada na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade. 

Não é uma ação inédita, nem é um caso isolado. Em outubro de 2007, a SPU, em providência similar, pediu a suspensão de ações de reintegração de posse à Procuradoria Geral da União de famílias que ocupam imóveis residenciais da extinta Rede Ferroviária Federal em todo o território nacional, para proceder a um estudo das condições das famílias que residem nesses locais e promover a regularização fundiária de interesse social. 

A ação de regularização fundiária do Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro e da comunidade do Horto está sendo implementada pela SPU – Secretaria do Patrimônio da União em parceria com a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e apoio do ITERJ – Instituto de Terra do Estado do Rio de Janeiro. 

A parceria resulta na produção de dois instrumentos: um cadastro sócio-econômico (já em fase de conclusão) que permitirá identificar as famílias por seu perfil social e de ocupação; e um cadastro físico que possibilitará identificar as ocupações existentes dentro da área de interesse do Jardim Botânico e discutir soluções para a realocação de famílias que vivem em área considerada atualmente de interesse ambiental. 

A SPU implementa ações para reorientar a gestão do patrimônio para cumprir sua missão institucional de “conhecer, zelar e garantir que cada imóvel da União cumpra sua função socioambiental em harmonia com a função arrecadadora, em apoio aos programas estratégicos para a nação”. Atenciosamente, Eliana de Araújo Chefe da Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.


 
Jorge Borges
Geógrafo, Assessor Técnico

Twitter: @jorgeborgesrj

sábado, 30 de junho de 2012

Lula e Dilma: Um só governo

Muitas vezes vemos no discurso da oposição de esquerda uma separação entre Lula e Dilma, como se a segunda desvirtuasse o que o primeiro construiu em seu governo. Esse discurso encontra eco na mídia tradicional que opõe ambos, como se Dilma fosse superior a Lula e também entre os apoiadores governistas da blogosfera por vezes  se vê um argumento esquizofrênico de "continuidade e ruptura", ou seja, quando é bom é continuidade, quando é ruim é ruptura, isso nos que conseguem ainda articular argumentos para além da ladainha ufanista.

Confesso que essa lógica me incomoda por uma série de motivos: Primeiro porque a política de alianças, composição de ministério e de ação do governo não teve uma formidável alteração. Aliás, teve muito pouca alteação e a práxis do período Dilma inclusive já estava sendo desenhada nos dois últimos anos de Lula, tendo sido inclusive responsabilizada pela atuação do Brasil diante da crise mundial; Segundo porque a lógica de desenvolvimento do governo Lula e do governo Dilma em sua dualidade entre avanço da intervenção do estado na economia e a implementação de programas de garantia de renda estão ai, com  os mega empreendimentos, política energética e projetos de aquecimento do mercado da construção civil (Belo Monte e  Minha casa, Minha vida, por exemplo) aliados a uma imensa injeção de dinheiro no crédito para manutenção da industria e fomento ao consumo, investimento maciço do BNDES nas empresas nacionais e na expansão para a América latina e o eixo sul-sul da economia mundial, e também com o Bolsa-Família aliado à políticas de crédito barato ao consumidor ampliando a rede de consumo enquanto garante a sobrevivência da população na miséria; Terceiro porque o eixo de desqualificação de Dilma tem um estranho viés sexista e machista, que atribui à "estupidez" e "frieza" da "homofóbica" todos os pecados que o mito Lula não cometeu, sendo que toda a estrutura de ação política e de estratégia e tática estão ali, só que sem o véu do carisma para ocultar o rabo de capeta por trás a auréola de santo.

A eleição de Dilma inclusive serviu ao PT e a Lula como forma de  dupla estratégia, por um lado permitiu a ampliação do poder de Lula sobre o partido e sua massa de apoiadores, fiéis depositários de sua "infalibilidade" ao eleger uma tecnocrata insípida a presidente do Brasil e por outro satisfez a um PT cada vez mais burocratizado e que teve vários de seus principais quadros nacionais abatidos pela crise do mensalão em pleno vôo enquanto se consagravam como alternativas viáveis a Lula quando seu segundo mandato vencesse. Além disso, permitiu uma saudável ausência de Lula quando alguns dos efeitos ocultos da crise de 2008 se manifestasse, deixando no colo da "Tecnocrata" a bomba de resolver o problema e deixando Lula como uma carta na manga caso 2014 desandasse pro PT.

Para o PT Dilma caiu do céu, mantendo sua estrutura de ocupação do estado com os cargos que alimentam a massa de sua burocracia partidária e de parte de seus apoiadores, inclusive "virtuais", e evitando expor Lula a manobras para a conquista de um terceiro mandato e ao enfrentamento de restos da crise de 2008 e seu possível desgaste. Para Lula a eleição de Dilma o elevou ao patamar da genialidade e da santidade, genialidade para até observadores externos e oposição e santidade para seus fiéis seguidores, que hoje são maioria do PT quase expurgando a esquerda socialista que ainda teima em se agarrar ao resto que a burocracia lhe permite para se alimentar.

Para os movimentos sociais e apoiadores de esquerda do governo Lula/Dilma,  Dilma também serve como o espantalho que "traiu" as bandeiras que lhes levaram a se jogar na eleição de 2010, inclusive queimando pontes com quem desconfiava que Dilma não seria tão diferente de Serra na prática, especialmente nas questões sensíveis como LGBT e de gênero, onde houve uma clara opção pela base de apoio parlamentar conservadora para derrotar o tão conservador quanto José Serra, Tucano da pior cepa.


E aí é que está o busílis, Dilma não traiu nada, porque não se pode trair algo que nunca houve. Os Governos Lula se esforçaram em conferências intermináveis que geraram diversas linhas de atuação legislativa e de intervenção na sociedade que em sua maioria foram descartadas, ignoradas e ou simplesmente estripadas no congresso com anuência e cumplicidade da base de apoio, e maioria do PT em si.

O que foi gerado durante o governo Lula em sua maioria foi deixado para o governo Dilma vetar e lidar com a truculência que lhe é cara, exatamente para não indispor o mito com as exigências da realidade. Código Florestal, Kit Anti-Homofobia, Belo Monte, politicas de gênero, estatuto da igualdade racial, tudo isso já estava desenhado para que as decisões fossem estourar  no Governo Dilma, deixando para a "Tecnocrata" a responsabilidade de executar a parte da estratégia que livrava do mito o risco de arranhar os 80% de popularidade.

Essa inclusive é uma das maiores genialidades da coisa toda, e muito sim com as digitais de Luiz Ignácio, porém não é oculto e nem difícil de ler que o que está em ação é um Governo só, um projeto de poder levado a cabo desde 1996 pela ala majoritária do PT e que conquistou o poder em 2002 exatamente por ser um projeto sólido, que pensa em todas as áreas da administração pública e tem visão estratégica, se mantém em seu movimento pendular de adulação da população e de remuneração da burguesia e não pretende barganhar sua estratégia com gritos e sussurros da esquerda desamparada.

A separação portanto do projeto em dois é um serviço que se faz ao PT e seus apoiadores de manter o digníssimo líder livre das piabas do cotidiano enquanto o projeto se mantém com um quadro duvidoso se consolidando como manager do capitalismo brasileiro (Dilma) e um pusta quadro mitológico de reserva aguardando e pagando de Harry Potter da República, um neo-Getúlio democrata (Lula).

As peripécias em torno da candidatura de Haddad a prefeito de São Paulo inclusive obedecem a mesma lógica e reforçam a tática de lançamento de um quadro obscuro com potencial de crescimento para as feras, que se não der certo e cair tem todo um arcabouço de explicações prontas para deslegitimar críticas ao bruxo, e que se pretende um reforço das habilidades mágicas do todo poderoso líder genial dos povos enquanto cria-se uma base sólida para a candidatura petista ao planalto, seja ela a reeleição de Dilma ou um novo postulado de Lula.

Se a mídia corporativa erra ao desvincular Dilma de Lula pelas qualidades que agradam ao conservadorismo, enquanto por outro lado fortalece o projeto como um todo indicando sub-repticiamente que o Mago tem visão além do alcance, a oposição de esquerda erra pois acaba por personalizar a política, dando combustível à principal tática  do PT, que é a manutenção do carisma do grande líder intacto, além de acabar por não responder a perguntas que lhe fazem os que buscam nesta oposição uma alternativa ao projeto político hegemônico.

Portanto é preciso que não caiamos na facilidade de separar o projeto e sua continuidade da análise política que incluem todos os participantes nele, e não separa o líder da seguidora, como se a "pobre mulher" fosse uma incompetente homofóbica e conservadora e seu mentor um santo.



domingo, 24 de junho de 2012

Havia um golpe no meio do caminho

O Golpe parlamentar sobre Lugo contém questões e problemas muito maiores do que o simples e raso discutir sobre tamanho de base parlamentar, contém lances que lembram bastante o velho e bom imperialismo, interesses de países e burguesias locais e também a sustentação de táticas recentes adotadas pelo governo e principal partido de sustentação deste, o PT.

Lugo (que nunca foi exatamente um Evo, um Chávez) sofreu golpe após ter sido acusado de fraco diante dos conflitos fundiários que ocorrem no Paraguai que assustavam especialmente a ala da economia vinculado ao agronegócio, especialmente ao agronegócio brasileiro. Este golpe não foi nem o primeiro, inclusive.

Não tardou a pulular na grande rede, especialmente vindo de "blogueiros Progressistas" teses que "embasariam teoricamente" uma análise acurada do golpe, e o incrível é que elas em geral apontam pra corroboração de duas teses interessantes sobre a sustentação de governos de esquerda: A primeira a que coloca a necessidade de ampla composição para se sustentar, evitando golpes e a segunda a que exige uma base social forte e um governo idem para manter a sustentação nem que fosse na porrada.

Ambas as teses não são novas, elas sustentaram as manobras do grande Leonel Brizola e sua lógica particular de esquerda que incluiam a busca de "grandes nomes" para atração de votos com composições nada higiênicas com partidos e políticos tradicionais pro vezes tão danosos, embora menos famosos, que Maluf. Tá aí a composição com José Nader no Rio que não me deixa mentir. 

A tese pelo lado do governo forte com base social também estava presente na ponta da língua do Velho Caudilho, herdeiro que era de outro Velho Caudilho conhecido como "pai dos pobres", e é frequentadora atávica das almas e línguas de parte da esquerda vinculada com uma percepção mezzo afeita a Stálin (mesmo entre trotkistas)  do programa democrático-popular.

O legal das duas vertentes é um interessante, e histórico até, método de "esquecimento" de elementos que fazem as teorias mezzo furadonas que nem peneira. Em ambas se ignora a ideia da ampla base social sem maioria parlamentar como sustentadora de governos democráticos de esquerda, vide Evo, ou "progressistas", tipo Corrêa, e de governos democráticos pero no mucho também, vide Chavez, onde a base parlamentar foi solenemente solapada em suas tentativas de golpe pela galera na rua. E vamos combinar que nenhum dos três foi exatamente fofinho com a direita e fez assim composições,né? 

Outro lado interessante é uma sub-reptícia condenação da esquerda radical, ao ponto de dizerem que Collor sofreu um golpe parlamentar por "questões menores" como Lugo. Além de distorcer a história ignorando  o todo do processo de impeachment de Collor com ampla participação da tal base social conduzida pro um conjunto de ações levadas a cabo pela esquerda radical e movimentos sociais, os "teóricos" ainda fofamente utilizam uma veste de madeira às suas faces para dizer que o arcabouço de elementos que levaram ao impeachment eram "nada". 

Para isso usam também o fato de Collor ter sido inocentado no STF, ignorando tanto que a justiça não é exatamente imune a pressão política e a elementos, digamos, não usuais de convencimento para julgamentos, quanto ignorando que os elementos constitutivos da cassação podem ser reais, concretos para um julgamento político porém de forma a não qualificarem-se para as exigências técnicas do processo legal. Cheques em nome de Collor obtidos de forma nebulosa, ou ilegalmente, provam politicamente que Collor cometeu peculato, foi corrupto, porém não podem ser usados me julgamentos pela forma de obtenção, por exemplo.


Além disso tudo as teorias tem um leve cheiro de sustentação de uma estratégia levada a cabo pelo Governo Lula/Dilma de alianças e expansão eleitoral sem muito critério,digamos, ético ou mesmo ideológico, dado que ao redor delas paira a lógica do "Temos de ver a dificuldade de manter nossa estabilização democrática". Esse discurso é usado para não só justificar alianças, como para justificar políticas de recuo ou não-avanço em questões limiares entre a dita direta e a esquerda, entre bandeiras que se confrontam, como a legalização do abroto, o combate a homofobia, a titulação de quilombos e territórios indígenas, reforma agrária,etc.

O interessante é também a similaridade deste discurso e o discurso tucano nos anos 90 onde FHC o utilizava , o discurso da estabilidade, para sustentar acusações contra a pressão popular e da esquerda radical por avanços na reforma agrária e nas questões supracitadas.

O que complexifica o engolimento das teses assim a seco, é a sutil presença do agronegócio no entorno da crise, e mais, a questão Itaipu posta com leveza por Lugo sobre a mesa que incomodava o Governo Brasileiro, o último a se pronunciar, e de forma tímida, sobre o golpe e o primeiro, e único, que se dispõem a receber o presidente golpista.

A velocidade do surgimento das teses ocorre em um momento de profunda critica interna pela esquerda que o PT sofre pela construção de seu arco de alianças para as eleições municipais deste ano e pelo estranhamento com as movimentações do Governo Brasileiro no caso Lugo. Governo Brasileiro que foi eleito também como esteio da esquerda sul-americana, argumento dito, redito e repetido ad nauseum por seus apoiadores quando da necessidade de amplo apoio para a superação de Serra.

O problema das teses requentadas é que havia um golpe no meio do caminho e um golpe não é jamais feito assim, sozinho, do nada, sem sustentação, muitas vezes externa, para se manter.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Não vamo deixar ninguém chegar com sacanagem

Após um breve interregno de uma tristeza broxa, uma frescurinha nervosa, um chilique enrustido, eis que volta o batente aquele esperançoso, otimista ogro que vosotros conhecem.

Gonzaguinhando em plena segunda-feira e achando muito bom sacudir a poeira e imbalançar, como aconselhava o poeta em "Agalope" do disco "Coisa mais maior de Grande: Pessoa" .

Para o retorno do ogro concorreram pequenas pitadas de Borboletras nos olhos, noções de Caipiragem malasarteana do Violeiro de Lorena, Ogrices pelotenses beudas, um Toque galináceo belorizontino, Lilesquices Novalimenses e por fim, Serpenteios da Liga de Bueno.

E como já tô com um pé nessa estrada, qualquer dia a gente se vê, mas enquanto isso o discurso do rei, ops, da rainha, decretando fantasias, e que causou mais um da série de desenganos diários que saíram no xixi,  foi percebido como clara resposta aos bardos acadêmicos da ordem verde, cuja perspectiva por vezes passeia no perigoso terreno da oportunidade e receberam um troco nada leve, truculento até, mas no mesmo nível de redução de papéis. Coisas da política nacional e de sua lógica de conflitos de conquistas de reputação.

Pensei até em escrever sobre isso sob o ponto de vista do octágono MMA, mas achei sacanagem com o esporte.

Aproveitando que estou aqui para bater palmas para maluco dançar e ainda entendo que a política pode ser mais do que uma coisa séria feita com os punhos verbais sem ser a nobre arte, não poderia deixar de  pedir à banda para tocar um dobrado enquanto voltamos ao picadeiro para elogiar novamente as ações de esculacho público aos torturadores, como arma sim de pressão e de resposta diante de agressões diárias, de negação do estado de lidar com o problema e buscar de alguma forma a resolução. Comparar isso a linchamento, sorry, não dá, vamos contextualizar inclusive o histórico das ações, o motivo delas existirem em toda a América latina, etc... 

Ah, vão fazer isso com os militantes de esquerda? Jura? Já o fazem, sempre fizeram, até com quem começou depois da ditadura, não notaram? Menos legalismos, por favor.

Na mui leal um ex-jornal em atividade diz que o Emir do Paesquistão é um excelente funcionário público porque voltou pra trabalhar quando podia esticar em Paris e dá ideia pros funças que não podem ir além da Praça Paris e que ralam todo dia para, sei lá, evitar darem uma esticada num churras em Bangu na segunda-feira pré-feriadão, já que fazer sua obrigação qualifica o sujeito como bom profissional.

Do lado ensolarado do espectro político partidário há um sopro de frescor na candidatura dos Marcelos para a prefeitura, que ajuda aos eleitores como eu, que tavam com nojinho das eleições no Paesquistão, a terem candidato. Há também um sopro de negror com a atuação fedorenta do Senador Randolfe no caso DEMóstenes Cachoeira. 

Pô Senador a gente sabe que a luta política é dura, a gente perdeu, mas não esculacha,viu?

E assim se desenha o quadro da mesmice da política cotidiana onde aqui e ali aparecem sinais legalzinhos de que podemos sair do rame rame da luta do bem contra o mal, do moralismo versus o "Vamo comê", da geladeira versus o mato e do museu novidades estranhas pregadas como peça nos doutorados e feitas verdades mezzo embusteiras sob o pano Ecocarola do novo Circo "republicano".

Aqui e ali esculachos, minas pirando na biscatagi, acadêmicos que vão de trem, descendentes de escravos desescravizando no rap (tá ligado?), e funks da periferia vão dando cor às ruas por onde o ogro passa. Por isso o verso do poeta filho de Gonzagão torna-se fundamental: "Não vamo deixar ninguém atrapalhar a nossa passagem. Não vamo deixar ninguém chegar com sacanagem!".

E quarta tem Flu x Boca, nada é mais importante.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sem Fantasia

Ontem a primeira mulher a presidir o país, chamada de "A Cara" pelos apoiadores mais ufanistas do longo governo Lula/Dilma, controlado pelo PT e pela coligação mais ampla desde a criação da torcida do Flamengo, disse que "Pessoas contrárias a hidrelétricas na Amazônia vivem 'fantasia'". Ela disse isso para defender Belo Monte, aquela mesmo, onde o povo em greve foi ameaçado, tem sido demitido, onde os índios viraram nômades nas línguas de uma claque virtual de apoio irrestrito,etc. 

No mesmo dia surge a notícia da morte de mais uma trabalhadora rural para entrar no rol dos mártires Chico Mendes, irmã Dorothy, Ze Claudio e Maria, 19 trabalhadores do MST mortos em Eldorado e reecoar nos ouvidos ogros a belíssima e triste Saga da Amazônia de Vital Farias e causando mais e mais desilusão em um mundo cada vez menos afim de algum tipo de papo, conversa e avanço. 

Sempre fantasiei muito, sempre, sempre fui utópico e sempre perdi muito mais do que venci nas lutas cotidianas, ditas políticas. E também acho que contribui com meu radicalismo agressivo, apaixonado e meio surdo pro naipe de debate político, e diria social, onde tudo se parece com discussões de colégio onde o mais macho tem a maior pica argumentativa. 

Confesso que ando cansado disso, que ando cansado de perder meu tempo criando uma rede de argumentos, linhas, versos, sons, cores, imagens e vê-las transformadas em um muro de impedimentos, em um muro de silêncio gargalhado como escárnio. Confesso que a cada vez o homem "intelectual" se parece menos com o que nasci achando que era e mais com um sujeito arrogante, grosso, tosco, tolo, burro e em geral analfabeto funcional.

Dói saber que a gente lendo pode ficar assim e dói , e isso é uma auto-crítica, perceber que minha impaciência é também uma parte disso.

Não sei não sentir, não ter raiva, não me envolver ao sangue, não ferver. Não sei não emputecer ao ver que toda a história criada, contada e argumentada pode ser apenas um alvo de uma cusparada verbal, ignorada, mijada pela arrogância de gente que por algum pedaço da História que perdi acaba de entrar num rumo de leitura do mundo que me ofende por calar o diverso e reduzi-lo a lixo. Eu, que não sei debater, prefiro ir embora, prefiro silenciar, bloquear o acesso deles a mim.E talvez me perder como arma de convencimento, mas me ganhar como leitor isolado do mundo e partilhador do que vejo, e por vezes mal e porcamente.

Acho que só sei dar aula, falar , tentar raciocinar junto. Acho que vivo sim numa fantasia onde o que eu digo pode mudar as pessoas e talvez o mundo. Acho que vivo numa fantasia onde não sei competir politicamente, sou fraco, sou um raivento tolo que ainda tenta ser humano numa disputa onde o coração foi jogado às traças.

Eu, e talvez uns outros ai que ficam se questionando como machistas quando percebem que são conservadores depois de milênios se achando a última bolacha do pacote por apoiar feminismos e a luta lgbtt, somos anacrônicos, espécimes raras e em vias de extinção. Não, não somos especiais, talvez sejamos fracos. 

Nos questionamos e urramos e doemos e somos incompetentes e temos crises e apanhamos e crescemos e temos medo de morrer e de perder o amor, não servimos. Gritamos quando todos estão frios, somos obsoletos.

Não sei ver gente sofrer e ficar calmo. Não sei ver quem oprime ou usa a opressão como arma pra seu sucesso pessoal ou de sua ideia achar graça de argumentos sobre o como foi construído sua "hegemonia", e isso nem é o problema, o problema é que não sei mais o que fazer.

Ai vemos pessoas, inclusive muitas que outrora estavam do mesmo lado, sofrendo as mesmas dores, sofrendo as pancadas das polícias nas privatizações, defendendo uma presidente que chama gente que estuda anos a questão das hidrelétricas, engenheiros, militantes, indigenistas, antropólogos, estudantes, tudo isso e a mim, de "viventes em fantasia". Da mesma forma quando você discute que o dinheiro da Televisão priorizando Flamengo e Corinthians é uma criação de desigualdade e inclusive a transmissão dos jogos a reforçam e vê seu argumento tratado de "Argumento fraco e choro porque seu time tem trauma do meu". Ou quando você fala da questão do aborto e depois de linhas e linhas lê "Você só falou do direito da mulher, mas e do feto?".

Não sei o que fazer. Não sei para onde ir além do mundo dos arquivos e jornais velhos pra falar da escravidão ou da Coluna Prestes ou da história do Futebol, me perder na academia falando do mundo que escolhi falar, da fantasia que abracei. Me declaro derrotado.

Me declaro derrotado por não saber mais falar de futebol com mais do que um circulo pequeno, porque não sei falar de política com o adverso sem enlouquecer de raiva, porque prefiro as pessoas mais simples da padaria do que os "companheiros" acadêmicos que rasgam suas cátedras ao assumir o papel do mesmo celerado a soldo de governos e partidos ou do torcedor maluco da geral perdida.

Me declaro derrotado porque me interessa menos convencer o seu Juca da Padaria a votar em A ou B ou a pensar em A ou B, do que simplesmente conviver com ele e rir dele e com ele.

Me interessa mais falar do meu futebol preferido com quem consegue ver além do gol do Deivid perdido ou da contusão do Deco do que ir pra selva dos argumentos abaixo da linha da cintura. 

Não sou durão, talvez nem seja ogro mais, talvez seja apenas um fraco, cuja sensibilidade cansou de reagir com urros e mordidas a um mundo cada vez mais imbecil. Me declaro derrotado e alheio a este mundo sem fantasia e perdido na fantasia da mulher que amo um dia me beijando quando eu passar em um concurso.

Não sei mais ver o mundo sem voar, me desculpem. Não vou fazer deste blog um lugar onde a realidade da Dilma seja a única forma possível de existência.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

As cheer leaders, o Boi de Piranha e o THC de FHC

Existem épocas estranhas na vida que parecem brincar com o conceito Marxista da História como farsa. As novidades do Governopetismo Lulo Dilmista, categoria que cresce tanto quanto a família do Romário, nos levam a reformar a categoria de cheer leader e de brizolismo, transformando-a em uma paródia esquisitona capitaneada por lideranças antigamente críticas que hoje brincam com nossa inteligencia e com a própria dignidade pra justificar como atos de esquerda atos injustificáveis. Como dizem a talentosa Niara e a primorosa Luka: Dá mais não, Tio! Respeito pra dedéu negozinho apoiar até transa do capeta com a mãe em nome do projeto particular, coletivo ou extraterrestre de poder, dane-se, cada um sabe o fiofó que tem, mas quebra essa e não me chama de mané com argumentos abaixo da linha da cintura, beleza brou?

Tamos aqui no virtualíssmo e  mundano mundinho (deu rima) da Ternete, a rede social com nome de empregada de novela do Manoel Carlos, e chega um líder de torcida do Governopetismo lulo-dilmista mandando na lata, sem vaselina , sem vergonha e com muita sensualidade banhada em óleo de peroba que "Dilma vetou o Kit Antihomofobia pra sacrificar um peão menor em nome da aprovação do PLC 122". Tamos aí pra rir da parada em nome da recém inaugurada carreira de humorismo do nobre ator. Todo mundo citado no texto e mais dez minutos de gente já explicou que não dá pra fazer essa jogadas porque nem trocador cego troca dez real por nota de 50, quanto mais pastor, que tem terceiro olho com microscópio em se tratando de poder e dinheiro, beleza? Deu pra entender sem repetir os nobres coleguinhas que se nego veta o kit-antihomofobia, popularizado pela imprensa porca como "kit gay", pra pagar pelo apoio dado pela pastorada infante e brejeira pra Dona Dilmônica  na eleição, magina com um projeto que enfiará de alguma maneira vários coleguinhas brejeiros no sensual mundo do xilindró por crime de ódio,né? Sou da esquerda cachorro louco de partido pequeno, mas sou limpinho, tio! Perdi, mas não esculacha!

Tamos aí pra ajudar à rapaziada a entender qual é a parada, qual é o pó, da atitude pouco respeitosa com a  própria e a nossa inteligencia vinda de figuras públicas, atorais, blogueiras e só virtuais mesmo. A questão é que negozinho apoia sem nem querer saber e pra animar a pobre militância jogada diariamente pra casa do famosíssimo caralho pela cópula do PT e seu Governo Dilmático, militância esta que paga com o saco e os famosíssimos ouvidos de penico pela traquinagem brejeira da governabilidade libidinosa, dá saltos mortais escarpados na maior nice, sem sombra de medo, vergonha ou respeito próprio. A rapaziada apoia com amor, com raça, com coragem, com uma pá de coisas mal explicadas, mal entendidas, mal sabidas e mal contadas. 

Esse apoio irracional, que não rima lé com cré, despreza e bundaliza a política em nome de qualquer merda de argumento que se tenha à mão, não é um apoio à toa, principalmente dessas figuras públicas,quase púbicas, é uma ação clara, inteligente, de exposição das Cheers leaders que animam a rapaziada que tava ali orfã e que começa a repetir que nem papagaio que este governo é de "esquerda", mesmo mandando a floresta pra casa do pai do caralho, mesmo mandando a militância LGBTT e seus combativos parlamentares tirarem fichas de imbecis e/ou oportunistas vetando ponto a ponto suas bandeiras, assim que suas líderes começam a popularizar o discurso rasteiro. Pra chamar a oposição de esquerda de radical e irrelevante é dez minutos, mas antes eles dizem que é tudo a PIG e pra pegar o Palocci.

Falando no Boi de Piranha mais caro do mundo, tamos aí pra tentar entender mais uma vez outra ação das líderes de torcida:  Qualé essa de tentar desviar as cagadas do governo e  do próprio boizinho dizendo que o moralismo jornalístico do PIG é de ocasião? Isso é mais velho e conhecido que cara de bebê parecer com joelho. As cagadas do Palocci serem ocultadas pelo governo e pela militância sob esta capa de comparação com ladrões tucanos não levam em conta o motivo do escândalo de um cara do governo "De esquerda" do PT ser chamado,de novo,de ladrão. O PSDB é ladrão? Foda-se, o PSDB nunca foi referencia de esquerda, socialismo e  ética e tá mais mal explicada que batom na cueca essa do cara ficar rico em um ano.Triste é ver Rodrigo Viana entrando nessa e ajudando na esculhambação da política como uma imundície coletiva, como a Folha adora fazer e faz muito bem cuidando do interesse de quem cuida.

A questão do Palocci é mais uma e já tratei aqui, o que emputece é o ato duplo de tanto negar que tem coelho no mato do Palocci quanto usá-lo pra justificar os vetos do kit antihomofobia e a aprovação do código florestal como pagamento da salvação do Palocci. Cês tão me chamando de otário de novo, né seus safadinhos? O Palocci se salva na citação nominal de ex-safadinhos que nem ele e na chantagem do próprio governo com os "moralistas" da oposição. Os próprios jornais pegam mais leve com ele do que pegaram com a Erenice, e de boa, até quando a casa civil vai ser ocupada por negozinho que lucra de alguma forma?

Mas a questão aqui é usar o Palocci como boi de piranha pra ocultar que o pagamento da dívida com a bancada da fé e com o ruralismo foi feito porque a dívida foi feita lá atrás, com carta aos evangélicos e o cacete, e nela é claro o indício que nego vai vetar o PLC 122. sem contar que Dilma usou muito bem o o "opção sexual" pra sinalizar a quem é de direito qual vai ser a do governo. Ela sabe bem as diferença entre este termo e o certo, como novamente mandou na gaveta dona Niara. A questão do Palocci nem rela na bagaça, nem rela, Palocci é uma questão de outra linha de manter o governo na mão, seguindo uma linha de operação, é uma outra chantagem, mas não é a que paga o código florestal e o veto do kit.

Então poupem a gente de pagarmos com nossa inteligencia o caso Palocci como pai dos vetos, porque não cola. E tem mais, nos poupem da hierarquização de Palocci com relação ao código, se Palocci é mais importante que o código florestal e Palocci é lula cês venderam o Lula errado pra população e venderam um estelionato eleitoral, parafraseando o Jean Willys (que foi chamado de oportunista pela claque Governopetista), vestindo um operador lobista de papai noel de Garanhuns.

E enquanto a banda toca no Gran Circo Estrela Vermelha, FHC aparece no Fantástico e lança a defesa da descriminalização da maconha, repito, da descriminalização da maconha. Tratado como idiota por metade mais um da inteligentsia governo petista líder de torcida, FHC ontme foi responsável não só por uma pesquisa televisiva da Globo, repito, da Globo onde a descriminalização ganhou por 57% dos votos, mas pelo bafafá contemporâneo de nego comprar cebola como se fosse batata, e on line.
Primeiro porque a rapeize fechou com o FHC direto, sem parar pra pensar no que defende , a legalização das drogas, e no que ouviu, a descriminalização da maconha. Segundo porque uma parte da reapeize descolada partiu pro apoio porque o cara foi "maneiro", sem notar que o que ele defende ainda é o conservador término de crime pro usuário, mas manutenção do proibicionismo pra passar o rodo na rapaziada e manter o comércio como crime, ou seja, libera o fumante da maconha, e só da maconha, de ser criminoso, mas mantém proibido o comércio que continuará nas regiões mais pobres e sendo reprimido duramente pela polícia. Sacaram? Que se safa é a rapeize que fuma um pela aí, a maioria, aposto, nos apês mais burgueses. O cara que volta pra casa e vê a favela tomada, tiro comendo, continua nessa, a não ser que more na área de UPP, minoria.O terceiro e mais importante foi a incapacidade de negozinho perceber o que tá rolando há anos: Nas margens dos recuos do PT a direita tá entrando de sola em bandeiras antes defendidas pela esquerda e as tornando outras bandeiras, dentro dos marcos liberais e mais recuadas do que as nossas, ocupando espaços da esquerda e pavimentando uma vitória do conservadorismo à véra mais na frente. E aí depois dessa tu vê a maioria da claque, da Torcida Organizada Vermelhões da Fiel manda que "Cada um lança o perfume que tem à mão, mesmo os mais fracos, logo o PT lançará o seu e ninguém sentirá o do Tucano". 

Fico aqui pensando se nego é burro, é lerdo, tá de sacanagem, tirou os óculos pra ir ali ou só embarcou no triunfalismo neo-brizoleiro e paga com o couro mais tarde.

Enquanto a claque que tinha, ou tem, nego de esquerda e com numero relevante e que poderia ocupar o espaço deixado vago pela notória guinada conservadora e definitiva do PT pra um centro cada vez mais direita, faz a festa do malabarismo verbal, da utopia palocista, do bullying com a oposição de esquerda e da negação peremptória de cagadas, a direita tá aí usando gente nada burra como aríete pra abrir a porta de gente de classe média, que votava na esquerda, mas que compra qualquer descriminalização de maconha, abraço na lagoa e fim do desmate da floresta da Tijuca como consolo pro fim da moralidade. 

Parte da esquerda não vê ou não quer ver isso, talvez porque se console com elogios do Bolsonaro.


PS: Neste dia fofo às 20:00 mais ou menos surge a notícia do fim do
PNBL.. tá ficando bão.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A novilingua governista

Tem horas que o sagrado direito à democracia é interrompido pela presença da democracia parcial, aquela cujos militantes com fé demais acreditam que critica isenta é a feita por eles, e todas as demais são ataques pessoais. O neo-esquerdismo de esquerda inventou a novilingua onde chamar um texto de imbecil é estender o conceito à autoria, mas chamar um partido de patético é crítica isenta, até porque o partido não são as pessoas, um texto é. Claro que quem acha isso é um individuo fofo e cheio de boas intenções, mas um membro da classe que não participa da construção de absolutamente nada coletivo e nem entende o funcionamento de partidos, mesmo estes  ditos de esquerda com muitas aspas pelos neo-esquerdistas do governismo.

 Nas discussões sobre o mínimo a fofura acha que isso aqui é uma crítica: "O PSOL não chega a ser contraditório nem hipócrita, só ridículo. É evidente que quanto maior o salário mínimo, melhor seria. Acredito que ninguém negue isso. Mas propor aumento para R$ 700 é irresponsável. É a tal da oposição pela oposição.".  Mesmo o PSOL colocando aqui toda sua proposta, sem tira rnem por colocando tudo o que exige a autora. Por propor o aumento de R$ 700, baseando-se em uma proposta clara o partido é "um partido fraco e ridículo"  porque é "uma esquerda sofista que valoriza mais o discurso do que resultado prático mal pode ser chamada de esquerda".

No meio do texto a autora ainda diz que ó que importa é mostrar "uma diretriz que lhe permitisse governar e implementar as mudanças", mas ignora que o PSOL aponta isso, ou seja, além de reduzir política a governar acha que governar é só seguir uma diretriz x determinada por um governo que adota postura y, fugir de dirtrizes deste govenro é ser ridiculo enão ser de esquerda. 

Já Determinar que o binomio corte de custos e aumento de juros é arma administrativa efetiva, em um retorno da política economica de Palocci, alterada futuramente por Mantega que com isso fez-se a mãe da imensa recuperação do Brasil na crise,  é o máximo da política de esquerda e salvaguarda avanços.

 Ou  fiquei maluco ou eu vejo que o povo pra apoiar o govenro deixa o senso crítico, ideológico e o cacete a quatro em casa e nem se preocupa com a  honestidade intelectual de ao menos ler a proposta dos demais e as taxa já como "irresponsável", num misto de governismo fundamentalista ocm saudade da Heloisa Helena, porque cai do cavalo diante da proposta dos partidos com inicio, meio e fim, base de recursos apontada,etc.. Ou seja, não soube o que fazer com isso e partiu pro pau, mas decretando que peu nela é ataque pessoal, em nós é crítica isenta.

 Não sou exatamente o mais fofo dos embatedores, tenho pouca paciencia com sofismas, mentiras e viedeotapes, não acho que partidos são monolítos, nem acho que eles não mereçam críticas,mas acho sim que merecem respeito, principalmente quando se dão ao respeito e abdicam da oposição imbecil e partem pra uma oposiçao propositiva e sim, eficiente na demarcação e tensionamento do governo à esquerda. Cresci em um Pt milhões de vezes mais radical que o mais radical PSOL, fazendo oposição com muito mais ferocidade, mas lá aprendi também a necessidade de respeitar adversários, de dialogar e de propor. O que  vi é que novo PT quer a parte do ataque, mas não quer a do lombo doendo, a da vidraça, principalmente quando foge à suas propostas da eleição e até a seu programa.

E a novilingua do novo PT matou a palavra crítica, a trocou para elogio construtivo. A proposta do PSOL para o mínimo o colcoa como arma de distribuição de renda, e isso virou patético, irresponsável. O Corte de custos com fim de concursos (Promessa de palanque da candidata Dilma, que a novilingua já esqueceu), ao apontamento de desconstrução da política de Gil e Juca no MINC e o aumento do mínimo sem recuperação de seu valor são propostas fodaças de esquerda e que são avanços. 

O estranho é que na década de 90 o PSDB tinha estas políticas e elas não eram avaços, e o PT naquela época nem propunha por escrito a metodologia de aumento do mínimo com origem de recursos, apenas propunha o aumento.,

 Como escrevi outro dia e posso repetir tá na hora dessa galera ou assumir mudança de posição política e o preço pelo tom de seus textos ou melhorar o nível de análise do governo que apoiam. Quando eu começo a concordar com muitos apoiadores de primeira hora de Dilma e eu continuo radical e mau, então algo está errado e alguns fofos perderam o trem ou queimaram barcos, pontos e esqueceram como voltar..

 O direito à critica e a democracia  estão aí, mas todos eles tme o preço do interlocutor responder e quando se  arrisca a dizer que propostas são ridiculas, recomenda o bom senso lê-las e ao assumir posturas políticas públicas assume-se o preço da oposição. A incompetencia do DEMSB acostumarma a neo-esquerda da novilingua governista ao pau puro, a histeria anterior do PSOL ajudava, mas hoje isso mudou e pelo jeito a fofura não curtiu muito e deu chilique.

Querem seguir a política do Palocci? Vão na fé, mas assumam o pau por isso, patético é desqualificar a oposição porque vocês fazem merda.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Internet como nova Geni

 O controle da internet é papo certo nas rodas modernas desde que a popularização da rede se transformou em um monstro de duzentas cabeças pra sociedade. Da pedofilia ao assassinato, à organização de brigas por torcidas organizadas, tudo virou culpa da internet. 

  Quando você liga no Jornal Hoje você vê a cada três dias uma matéria sobre a internet e seus perigos. Quando você abre o jornal as dicas de segurança não demoram a chegar nos seus olhos. É só prestar atenção.  A rede é o criminoso perfeito, o alvo perfeito das defesas de controle, de regulamentação, de cerceamento. 

 Porque isso? Porque ela é uma forma democrática de uso e acesso, porque todos praticamente nela estão, tudo está na internet, compras, amigos, trabalho,política, estudo e...crime.

 A bola começou no Brasil com o Senador Azeredo querendo cercear a rede, agora admiradores e apoiadores de Lula/Dilma também a defendem porque algumas bestas quadradas a usaram para defender o assassinato da Dilma. Ambos defendem propostas diferentes, mas partem do mesmo principio, mesmo que com sinal trocado.

 É claro que pessoalmente os defensores mais próximos do PT me são mais palatáveis, e politicamente também, e mais razoáveis, porém partem da premissa ilusória da criminalização da ferramenta pelo crime e não do usuário.

 É como se o criminoso que usasse o carro fosse a causa da proibição dos automóveis, ou dos celulares no caso da coordenação de ações criminosas ou sequestros.

 A internet é uma rede é uma construção coletiva que é feita de computadores que compartilham informações. O uso dos computadores para o crime é com o uso dos carros e celulares, não tornam os objetos e máquinas parte do crime. As ruas são usadas para assaltos, estupros e pedofilia, mas ninguém proíbe seu uso por causa disso.

  É como prender o mensageiro por causa da mensagem.

 Gerar novas leis não torna ninguém mais seguro, embora possa facilitar a criminalização do uso democrático de uma ferramenta que também é parte do combate ao controle social pela elite reacionária, de divulgação de lutas, de ampliação de conhecimento e de laços. Os imbecis que ameaçaram a Dilma só forma descobertos, e podem ser combatidos, porque usaram a rede e se mostraram. Ela nos mostrou o crime, antes eles se ocultavam, se escondiam nas sombras das cidades e se organizavam, talvez matassem.

 O código penal Brasileiro é um código equilibrado, correto e que permite a atuação da polícia de forma segura, ajudando a combater o uso de qualquer ferramenta para qualquer tipo de crime, como já faz a polícia federal. Melhorá-lo com a inclusão do uso da internet pro crime é melhor que criar leis específicas que podem servir não pra melhorar a vida da sociedade, mas com instrumento de opressão. Novas leis só aumentaria nossa grande coleção de instrumentos legislativos nem sempre eficientes e ignoraria um eficiente instrumento, o código penal. Aparelhar a polícia federal para o combate também é uma outra grande idéia.

 Ou será que o centro-esquerda ou democratas serão eternamente eleitos? Será que a ilusão da hegemonia já embriagada nossos companheiros?

 É preciso cuidado para que no açodamento do combate aos inimigos não criemos instrumentos e prisões que nos coloquem amordaçados quando os inimigos por acaos tiverem vantagem. Os monstros não estão mortos e a lei Azeredo ainda existe, não precisamos de uma postura onde a esquerda a ajuda a ser provada.

Os Blogueiros, os pavões, a mulher e a esquerda

 Em 2010 criou-se uma atmosfera na esquerda de apoio cerrado à candidata Dilma Roussef diante do crescimento da candidatura e das ações da direita, cada vez mais reacionária. Mesmo quem optou pelo voto nulo sentia a pressão para o apoio sob o rótulo de "apoio indireto á direita", caso continuasse com uma postura política que não fosse a do bumbo coletivo.

 Várias vezes o debate político foi travado diante de traves que impediam avanços na construção de pontes, a desconstrução da esquerda não-governista era por vezes palpável no argumento de vários dos defensores do apoio à Dilma a qualquer custo. 

 Por trás das paixões que se elevam nos embates eleitorais, nas escolhas, não havia só uma busca de vencer a direita, mas também uma lógica de exclusão de qualquer oposição à uma política que parte da esquerda endossa de gerenciamento qualificado do capitalismo.

 Então caminhamos lado  lado, todos no combate á direita, alguns no apoio crítico à candidatura do governo e  outros no apoio cerrado ao governo e à candidatura, e chegamos à eleição da primeira mulher a presidir o Brasil. Mesmo quem não votou em Dilma lutou contra o crescimento da direita,a meu ver o alvo principal da esquerda e junto  a quem votou em Dilma, criticamente ou não, construiu e pavimentou uma civilizada relação entre campos da esquerda rumo à ampliação deste espectro político na vida nacional, correto? Não necessariamente.

 Após as eleições a busca de manutenção do clima binário, de nós ou eles, se tornou parte integrante da postura de vários companheiros, muitos deles blogueiros conhecidos, que entrevistam presidentes,etc. A lógica de apoio acrítico ao governo se manteve, como se o combate à direita só fosse possível com a criação de uma claque organizada e que nunca critica a formação, as posturas e as políticas do governo. Como se a esquerda se reduzisse ao governo e seus apoiadores. A esquerda que não segue o tom do bumbo por vezes sofre nos debates o que se chama de rodo nas assembléias, ou seja, o debate é interrompido porque a postura crítica  é tratada como ataque frontal. 

 Mesmo nas iniciativas que se propunham amplificadoras de uma rede de publicadores de esquerda o que se via era o direcionamento da divulgação evitando ampliação real da divulgação de idéias que não fossem as alinhadas com o apoio integral ao governo Dilma.

 O Sectarismo criticado na ultra-esquerda encontra eco na esquerda governista quando a idéia de mobilização passa diretamente pelo alinhamento ao governo e qualquer crítica a ele se transforma num comportamento que falta pouco pra ser chamado de "quinta-coluna".

 Enquanto isso a formação de pontes entre organizações de esquerda sofre um revés, seja na divisão da construção de uma rede de blogs de esquerda que possa se transformar em uma literal opção de comunicação à mídia tradicional, seja na construção literal de redes pessoais de opinião e idéias que possa respeitar divergências e avanças nas lutas que são agenda comum.

 É preciso ir além do apoio ao governo e ir fundo no apoio à uma agenda comum, ir criticamente na relação com um governo que não é da esquerda, é composto por uma malha de partidos e interesses que por vezes são frontalmente antípodas aos de qualquer grupamento ou individuo de esquerda, principalmente a socialista. É preciso entender que o apoio a um governo não precisa ser um cheque em branco, um apoio incondicional, porque além da simbologia da primeira mulher eleita, existe um estado, um estado capitalista,  e este é conduzido por um governo com uma miríade de apoios, cuja constituição inclui membros da velha direita da ARENA, de acordo com um sem número de interesses, pressões e tensionamentos que na maior parte das vezes é um muro aos interesses que defendemos.

 Confundir apoio à decisões que estejam de acordo com uma rede de bandeiras comuns com apoio integral ao governo, o que incluiria apoio á medidas como as da mudança no código Florestal, Belo Monte,etc, é bola fora na tentativa de construir mais que um bando de chiliquentos que se juntam em época de eleição e depois se divide em uma claque feliz contra críticos ferozes.

 Se os blogs de esquerda forem mais do que pessoas que buscam entrevistar presidentes é hora de começar a se construir uma rede real, ampla e democrática, até porque governos e partidos mudam, e por vezes nos abandonam.