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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Estranho mundo de Bob Socialista

No dia a dia político embates, debates, porradarias e dissenções são mais comuns do que se pensa. O pau quebra de manso e contradições são mais que normais, paradoxos idem.

No mesmo Agosto que desgostou militantes PSOLinos com a filiação de Paulo Pinheiro no Rio de Janeiro (Rimou!), o PT me tira da cartola uma belíssima resolução pedindo regulação da mídia e meio que pressionando o Planalto para que algo se faça. A parada ia ser mais séria, mas no conchavismo nuestro de cada dia acabou em moção. O que se propõe alternativa tomou um baile do que foi dito morto.

Isso não significa que os bolcheviques estejam chegando no PT, talvez signifique mais que o PSOL esteja se tornando um sub-PT sem máquina.Também não é de soltar fuegos em la piazza, no esperanto ítaloportunhol de cada dia, mas de recolocar na mesa o debate sobre o que é alternativa para a esquerda dentro de um quadro de burocratização galopante dos aparatos partidários.

Um post recente de Emir Sader em seu blog há uma conclamação ao PT de ocupação de um espaço à esquerda, mas o tom é de uma ocupação pela via da institucionalidade. Da mesma forma o tom dos artigos e discursos das figuras públicas do PSOL são no máximo e com esforço na mesma linha.  A média das colocações dos principais partidos da esquerda são de louvor à institucionalidade. E com o perdão antecipado que pelo aos companheiros de PSTU e PCB, por mais combativas que sejam suas ações e colocações não se colocam como alternativa real para uma ação para além da burocracia, embora em ambos esteja a benéfica crítica da opção pela institucionalidade.

Nessa ladainha a cada dia temos mais um reforço da posição da extrema direita na cabeça do povo, levando a um fenômeno da discussão com muros, ou seja, na ausência de debates, opção pela irreflexão e escolha prioritária do momento e da ação minimalista como saída, pela esquerda ou direita.

Com a  distancia cada vez maior da população, das bases e opção pela ocupação da instituição, com também interrupção da democracia interna evitando abalos em poderes constituídos intrapartidários, a esquerda se torna cada vez mais parecida com o que combate. 

Além disso a opção de quem já ocupa a institucionalidade pelo viés mais simplista de manter a relação com a população e suas bases acaba se tornando uma repetição do que já existe, com distanciamento do partido e estado da população, sem a ampliação e real empoderamento da população na determinação dos destinos do estado e partido.

Em suma, os partidos de esquerda optam pela distancia das bases e povo na determinação dos destinos de partidos e país, em um paradoxo imenso para quem se propõe defensores dos direitos do povo e da conquista de emancipação por ele. Parece que a rapaziada quer libertar o povo de um monte de coisa, mas mantendo um cabresto controlado por ela.

A opção pela instituição já torna o PT algo que pode ser tudo, menos de esquerda. O PSOL com sua política de fortalecimento eleitoral a qualquer custo caminha para o mesmo tipo de partido: Partido de esquerda burguês com o máximo de proposta de ampliação do horizonte democrático e reformas do estado burguês sem nenhuma forte ampliação do papel da população no controle deste, muito menos na derrubada do sistema.

Os demais partidos de esquerda, por mais que no discurso defendam realmente a revolução e o socialismo e a ampliação do poder da população, mantém uma relação de distancia e de burocratização sectária, com ausência de real relação de horizontalidade com a dita "massa".



Enquanto isso fora desse estranho mundo de Bob da esquerda, a relação da direita com a população se mantém firme e forte, pois sem precisar enfrentar o arcabouço de preconceitos viventes na tradição ou discutir a quebra do paradigma senhor/escravo e "Cada macaco no seu galho", nada de braçada na proximidade e intimidade que possuem com estes valores e quebram qualquer busca de alternativa de mudanças na cabecinha da patuléia.

 Aliado a isso a opção de parte da esquerda, especialmente a petista, de manter o diálogo com o povo menos na busca de alternativa e mais na busca de acomodação faz com que estas forças de "esquerda" acabem por participar dessa relação, serem parte dela e, pasmem, acreditarem nela.

E enquanto as alternativas escaceiam, nos movimentos e organizações não partidárias o discurso de reflexão é interrompido ou pelo obreirismo sectário ou pelo anti-intelectualismo. Discutir o uso de palavras é considerado "intelectualismo". Da mesma forma radicalismo é berrar, e Pensamento intelectual é repetir ad infinitum um bando de papagaios de pós-modernistas.

A crise que desponta no horizonte traz mais que pesadas nuvens pro dia a dia econômico, traz também pesadas nuvens pro horizonte político onde o ganho de força da direita e extrema-direita é cada vez maior, com o dia a dia repetindo o preconceito, o ódio, a hierarquização social ao máximo, inclusive entre gêneros e raças. 




Enquanto "Analistas" confundem crise entre Tucanos e DEM com crise da direita, ignorando a crise enorme que a esquerda passa, as forças reacionárias nadam de braçada na consciência viva da população. 

A Classe média se bobear é hoje mais conservadora que nos anos 1950 e a dita "Nova Classe Média" acaba por assumir os valores da antiga com louvor, repetindo não a postura política que em principio a elevou de patamar, mas a postura que havia antes de ódio de classe de uma classe média que acha bacana ser homofóbico.


A crise que desponta no horizonte pode ser mais que econômica e colocar mais água na fervura da perda de espaço para ideais de esquerda, e não importa se o governo Petista enfrentará com show de bola ou não, resta saber se enfrentará para além do econômico e como as demais forças dialogarão com este enfrentamento.


Os debates, dissenções, quebra-paus internos da esquerda passam ao largo de toda a problemática relação de perda de hegemonia de seus ideais na sociedade.

 Ou confundindo vitória na eleição com conquista de hegemonia ou optando pelo fortalecimento eleitoral como caminho para esta disputa, a esquerda ignora as mensagens recebidas tanto de aumento do pensamento reacionário como da crítica aos métodos tradicionais que usam os partidos numa critica interessante da forma partido em uso como acabada e patinam num mundo onde Partidos "Necessários" se tornam a cada dia mais semelhantes aos partidos de "Esquerda".

Nesse estranho mundo de Bob as alternativas parecem nítidas, mas no mundo real a ausência delas ampliam o espaço de chegada do mais puro fascismo.




segunda-feira, 18 de abril de 2011

Se você quer sorrir é com Patati ou Pensar dói?

O mundo político é por vezes um mundo estranho onde fórmulas consagradas são expostas sem nenhuma vergonha e na frente de todo mundo. E não só na luta entre esquerda e direita, mas também na fofa luta interna da esquerda, e desconfio que mais neste campo.

Nesta eterna batalha pela sobreposição de idéias, ou conquista de consciências, se lê cada besteira que eu vou te contar. As platitudes do FEBEAPÁ da luta política já chamaram a dialética do materialismo histórico de platonismo de esquerda, criaram a categoria do Lulopetismo e não conseguem enxergar conservadorismo na esquerda e libertarianismo na direita.

No mundo binário do dia a dia o mais importante é rosnar grosso, não refletir. Do alto da minha chatice intelectual, talvez arrogantemente inflada,  não consigo entender o uso de categorias como capitalismo burocrático de estado para descrever o Governo Lula e repetição ad eternum de argumentos para ignorar a existência de paradoxos e contradições no interior de cada escola ideológica ou campo político.

Criam-se mundos fantásticos onde qualquer argumento vale, mesmo que não sirva pra limpar o fiofó em momento de ausência de papel higiênico.

Respeito com louvor as oposições de esquerda e direita que pensam, mas não posso entender concordancia pela esquerda com FHC e nem argumentos que trazem uma categoria de explicação da URSS para caracterização do governo Lula, da mesma forma não posso ignorar uma esquerda homofóbica e liberais libertários, mesmo me opondo a eles no que tange à defesa de modos de produção, sistemas, antípodas.

Outro elemento é que a crítica, se não for fofinha, é ofensa. Então a gente pode perder nosso maravilhoso tempo escrevendo diversas explicações, lendo pras pessoas coisas que ampliem o julgamento do mundo, esse serzinho nada simples, mas quando bate de frente coma pedra que nego confunde com convicção, mas é apenas dogma, danou-se.  Então se repetirmos o que escrevemos mil vezes, segundo a lei de Mula, isso vira verdade. Na esquerda essa repetição como forma de convencimento, que sempre me pareceu um contágio de métodos de escolas católicas para a esquerda, é a tônica, e negozinho cria mundos fantásticos de purezas de sua própria ideologia e demonios incansáveis e intangíveis pro lado adversário. Nem sempre isso ocorre apenas no embate esquerda x direita, mas muito no interior da esquerda. É por isso que nego é incapaz de entender alianças pontuais com liberais na defesa de bandeiras radicais em comum, como leis anti-homofobia, legalização do aborto, cotas,etc. Da mesma forma é dai que vem a incapacidade do entendimento de tensionamentos à esquerda de governos que assim se assumem.

Então a mesma ladainha que cria liberais automaticamente conservadores e se escandalizam com a menção a marxistas homofóbicos, cria os "Quinta-coluna da burguesia", termo inicialmente cunhado por Stalinistas contra Trotkistas na época da Guerra Fria, para todo os que de alguma forma criticam o Governo de Esquerda, ou dito de esquerda, de plantão. Nessa toada se abraçam também os conservadorismos da sociedade que fazem um coquetel perigoso com marxismos de galinheiro. Então vemos Marxistas homofóbicos e machistas, aliados a gente que não aceita essa existência dada a pureza do marxismo como curativo panacéico de tudo. Pra grande parte da esquerda o marxista é um salvo, e nesta emulação do evangelismo fundamentalista se torna um herói que as massas desconhecem até o advento da iluminação de suas consciências pelo Das Capital mal lido de plantão.

E aí de tu se citar Aliança pontual com liberais! Como negozinho só entende ação política em eleição, seja de sindicato, síndico, CAs ou majoritária de presidente, prefeito ou prefeito, a palavra aliança é automaticamente entendida como aliança partidária. Da mesma forma ação política só é entendida como partidária, se não tiver partido tá maluca. Deviam avisar isso pros anarquistas. Pra rapaziada entender que aliança pontual pode ser em passeata, em parlamento, e apenas na defesa de bandeiras comuns e que permanecem radicais, e até revolucionárias, como leis anti-homofobia e legalização do aborto, tem de desenhar em power point e chamar o Patati Patatá pra explicar de forma lenta.

 E falar de tolerância religiosa? Aí, nego preto, a coisa desanda na maionese, e o cara canhoto chama pro pau e o cacete!  Por que? porque no real da esquerda o barato é ser ateu e se for religioso é marxista meia boc,a se for marxista meia boca é capaz de ser fundamentalista e sendo fundamentalista vais bater em homossexual, sacou? Não? Existe procê Religioso marxista como Frei Betto e Leonardo Boff? Existe procê intolerância atéia e tolerância católica,umbandista, judaica ou muçulmana? Cara, fala baixo, nego não vai entender e vai te chamar de defensor de Malafaias. Aí o ateu de esquerda vira uma espécie da Malafaia com sinal trocado, porque não pode ser evangélico e progressista ou católico e progressista, sacou? A Teologia da Libertação e o Movimento Evangélico Progressista são ilusões idióticas suas. Vai na mesma linha da inexistência de marxista conservador e de liberal libertário, se tentar convencer leve o Patati Patatá.

 Mas o que esperar de uma esquerda que fala da classe e conscientização ignorando até Marx na defesa de que a consciência de classe vem do processo de lutas e de percepção de objetivos comuns? Ela entenderia a sutileza Thompsoniana da classe não como categoria estanque, mas como fenómeno histórico, ou seja, elemento dinâmico que precisa de contextualização constante? Nem fodendo, camarada.

 Parte disso tudo, tanto na direita quanto na esquerda, é uma deficiência de formação mínima que dói. A incapacidade de olhar o mundo de forma ampla, que delineie problemas que a teoria ou não alcança ou a abordagem omite, é fruto de uma incapacidade de entender variações do real que vão para além do conhecimento teórico-científico. Além disso impressiona a necessidade de regras rígidas e imutáveis de construção de realidade política e a ausência de simancol no uso de categorias criadas para descrever cachorro como ferramenta de descrição de papagaios.

Por isso os Tucanos definem os governos petistas como "Capitalismo Burocrático de Estado Lulopetista".  Aí eles misturam O Capitalismo Burocrático de Estado que alguns téoricos marxistas definiam a URSS com Lulopetismo, uma espécie de chavismo com uma menção à "República Sindicalista" da UDN em 1964. Não é porque sou oposição de esquerda ao governo que vou ter de engolir esse samba do crioulo doido teórico, mal feito, mal escrito, mal lido e com um leve teor Reinaldo Azevedo.

O primeiro erro é definir como uma máquina estatal proprietária de bens de produção um governo de fomento de linha muito mais próxima do Keynesianismo clássico do que do Socialismo Stalinista, ou Socialismo Realmente existente. Confundir o Estatismo Socialista com o fomento via BNDES, com quase nenhuma aquisição pelo estado de empresas e bens de produção, é dose. É até ofensivo intelectualmente. Sem contar que a conduçao da economia fez concessões a um intervencionismo levemente Keynesiano, mas mantendo o esqueleto criado pelo neo-liberalismo tucano, algo que até fator foi de eleição de Lula em 2002 via "Carta ao Povo Brasileiro".Outro erro é o tal do Lulopetismo, um treco mal definido como se fosse uma espécie de neo-populismo, uma categoria que consegue definir no mesmo barco coisas díspares como Chavez, Getúlio, Lula e Perón. O tal do Lulopetismo repete patacoadas como "República Sindicalista", "Aparelhamento do Estado", "Política Assistencialista" e mistura cu com bunda sem maior sintonia fina da realidade com o escrito. A idéia da república sindicalista, da ocupação de postos chaves por sindicalistas ou é burra ou desonesta, porque é óbvio que um partido que nasce de sindicatos e movimentos sociais, em que seus quadros são em geral vindos do mundo do trabalho e da base social, ocuparia cargos importantes com pessoas de sua base, ou não? Além disso, essa classificação é desonesta, porque me obriga a perguntar porque vossas senhorias fofas geniais não se chamaram de "República Bancária", "República da oligarquia" ou "República dos Bacharéis" quando controlavam a máquina pública com um arco de alianças pouco diferente do governo atual e ocupação de cargos chave por gente da cúpula do mercado financeiro, do mercado imobiliário, do mercado de comunicação,etc? Então quando o PT assume o governo e nomeia os seus é "Aparelhamento do estado" e "República sindicalista", quando o PSDEMB/PPS assume é "Ministério de Notáveis"? Tá bão!

A tal "política assistencialista" é fofa, dado que ignora as contrapartidas da manutenção de crianças na escola, do aquecimento da economia, do microcrédito e abertura de empresas familiares,etc. Só com a história dos Mototaxi dava pra chamar a classificação dos Bolsa de "Política assistencialista" de sacanagem, limitação teórica, ou desconhecimento da realidade, ou tudo junto. E pior é que tem gente boa da esquerda que cai nessa.

 Então o papo na política ou é lidar com desonestidade intelectual, categorias de quinta de uma direita que já foi melhor ou com dogmas burros e "fantásticos mundos de bob"  de uma esquerda que fora da dualidade não enxerga patavinas diante do nariz.   No combate com a direita talvez a fragilidade seja boa, mas do lado da esquerda este binarismo cego e burro não ajuda a ninguém, dado que ele é também partidário do congelamento de uma classe operária no século XIX, e de uma conscientização mais parecida com catequese e jamais com convencimento.

Enquanto isso o mundo dos Bolsonaros recebem apoio diário, e ao contrário da direita  Tucana e dos liberais, aceitos no mundo fascistas com uma certa tolerância, o "Fantástico Mundo de Bob" da Esquerda precisa ir mais longe e convencer um povo inteiro de que suas bandeiras não são uma mistura mecanica de dogmas com marxismo vulgar e sim propostas políticas transformadoras. Mas pra isso tem de pensar, e parece que isso dói.