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sábado, 30 de junho de 2012

Lula e Dilma: Um só governo

Muitas vezes vemos no discurso da oposição de esquerda uma separação entre Lula e Dilma, como se a segunda desvirtuasse o que o primeiro construiu em seu governo. Esse discurso encontra eco na mídia tradicional que opõe ambos, como se Dilma fosse superior a Lula e também entre os apoiadores governistas da blogosfera por vezes  se vê um argumento esquizofrênico de "continuidade e ruptura", ou seja, quando é bom é continuidade, quando é ruim é ruptura, isso nos que conseguem ainda articular argumentos para além da ladainha ufanista.

Confesso que essa lógica me incomoda por uma série de motivos: Primeiro porque a política de alianças, composição de ministério e de ação do governo não teve uma formidável alteração. Aliás, teve muito pouca alteação e a práxis do período Dilma inclusive já estava sendo desenhada nos dois últimos anos de Lula, tendo sido inclusive responsabilizada pela atuação do Brasil diante da crise mundial; Segundo porque a lógica de desenvolvimento do governo Lula e do governo Dilma em sua dualidade entre avanço da intervenção do estado na economia e a implementação de programas de garantia de renda estão ai, com  os mega empreendimentos, política energética e projetos de aquecimento do mercado da construção civil (Belo Monte e  Minha casa, Minha vida, por exemplo) aliados a uma imensa injeção de dinheiro no crédito para manutenção da industria e fomento ao consumo, investimento maciço do BNDES nas empresas nacionais e na expansão para a América latina e o eixo sul-sul da economia mundial, e também com o Bolsa-Família aliado à políticas de crédito barato ao consumidor ampliando a rede de consumo enquanto garante a sobrevivência da população na miséria; Terceiro porque o eixo de desqualificação de Dilma tem um estranho viés sexista e machista, que atribui à "estupidez" e "frieza" da "homofóbica" todos os pecados que o mito Lula não cometeu, sendo que toda a estrutura de ação política e de estratégia e tática estão ali, só que sem o véu do carisma para ocultar o rabo de capeta por trás a auréola de santo.

A eleição de Dilma inclusive serviu ao PT e a Lula como forma de  dupla estratégia, por um lado permitiu a ampliação do poder de Lula sobre o partido e sua massa de apoiadores, fiéis depositários de sua "infalibilidade" ao eleger uma tecnocrata insípida a presidente do Brasil e por outro satisfez a um PT cada vez mais burocratizado e que teve vários de seus principais quadros nacionais abatidos pela crise do mensalão em pleno vôo enquanto se consagravam como alternativas viáveis a Lula quando seu segundo mandato vencesse. Além disso, permitiu uma saudável ausência de Lula quando alguns dos efeitos ocultos da crise de 2008 se manifestasse, deixando no colo da "Tecnocrata" a bomba de resolver o problema e deixando Lula como uma carta na manga caso 2014 desandasse pro PT.

Para o PT Dilma caiu do céu, mantendo sua estrutura de ocupação do estado com os cargos que alimentam a massa de sua burocracia partidária e de parte de seus apoiadores, inclusive "virtuais", e evitando expor Lula a manobras para a conquista de um terceiro mandato e ao enfrentamento de restos da crise de 2008 e seu possível desgaste. Para Lula a eleição de Dilma o elevou ao patamar da genialidade e da santidade, genialidade para até observadores externos e oposição e santidade para seus fiéis seguidores, que hoje são maioria do PT quase expurgando a esquerda socialista que ainda teima em se agarrar ao resto que a burocracia lhe permite para se alimentar.

Para os movimentos sociais e apoiadores de esquerda do governo Lula/Dilma,  Dilma também serve como o espantalho que "traiu" as bandeiras que lhes levaram a se jogar na eleição de 2010, inclusive queimando pontes com quem desconfiava que Dilma não seria tão diferente de Serra na prática, especialmente nas questões sensíveis como LGBT e de gênero, onde houve uma clara opção pela base de apoio parlamentar conservadora para derrotar o tão conservador quanto José Serra, Tucano da pior cepa.


E aí é que está o busílis, Dilma não traiu nada, porque não se pode trair algo que nunca houve. Os Governos Lula se esforçaram em conferências intermináveis que geraram diversas linhas de atuação legislativa e de intervenção na sociedade que em sua maioria foram descartadas, ignoradas e ou simplesmente estripadas no congresso com anuência e cumplicidade da base de apoio, e maioria do PT em si.

O que foi gerado durante o governo Lula em sua maioria foi deixado para o governo Dilma vetar e lidar com a truculência que lhe é cara, exatamente para não indispor o mito com as exigências da realidade. Código Florestal, Kit Anti-Homofobia, Belo Monte, politicas de gênero, estatuto da igualdade racial, tudo isso já estava desenhado para que as decisões fossem estourar  no Governo Dilma, deixando para a "Tecnocrata" a responsabilidade de executar a parte da estratégia que livrava do mito o risco de arranhar os 80% de popularidade.

Essa inclusive é uma das maiores genialidades da coisa toda, e muito sim com as digitais de Luiz Ignácio, porém não é oculto e nem difícil de ler que o que está em ação é um Governo só, um projeto de poder levado a cabo desde 1996 pela ala majoritária do PT e que conquistou o poder em 2002 exatamente por ser um projeto sólido, que pensa em todas as áreas da administração pública e tem visão estratégica, se mantém em seu movimento pendular de adulação da população e de remuneração da burguesia e não pretende barganhar sua estratégia com gritos e sussurros da esquerda desamparada.

A separação portanto do projeto em dois é um serviço que se faz ao PT e seus apoiadores de manter o digníssimo líder livre das piabas do cotidiano enquanto o projeto se mantém com um quadro duvidoso se consolidando como manager do capitalismo brasileiro (Dilma) e um pusta quadro mitológico de reserva aguardando e pagando de Harry Potter da República, um neo-Getúlio democrata (Lula).

As peripécias em torno da candidatura de Haddad a prefeito de São Paulo inclusive obedecem a mesma lógica e reforçam a tática de lançamento de um quadro obscuro com potencial de crescimento para as feras, que se não der certo e cair tem todo um arcabouço de explicações prontas para deslegitimar críticas ao bruxo, e que se pretende um reforço das habilidades mágicas do todo poderoso líder genial dos povos enquanto cria-se uma base sólida para a candidatura petista ao planalto, seja ela a reeleição de Dilma ou um novo postulado de Lula.

Se a mídia corporativa erra ao desvincular Dilma de Lula pelas qualidades que agradam ao conservadorismo, enquanto por outro lado fortalece o projeto como um todo indicando sub-repticiamente que o Mago tem visão além do alcance, a oposição de esquerda erra pois acaba por personalizar a política, dando combustível à principal tática  do PT, que é a manutenção do carisma do grande líder intacto, além de acabar por não responder a perguntas que lhe fazem os que buscam nesta oposição uma alternativa ao projeto político hegemônico.

Portanto é preciso que não caiamos na facilidade de separar o projeto e sua continuidade da análise política que incluem todos os participantes nele, e não separa o líder da seguidora, como se a "pobre mulher" fosse uma incompetente homofóbica e conservadora e seu mentor um santo.



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Difamando Plinio de Arruda Sampaio. Governar Vale isso?

O Stanley Burburin é o pseudônimo de um dos maiores ativistas virtuais de apoio a Governo Dilma, fonte constante de Rodrigo Vianna e Azenha do VioMundo. Foi um dos destacados personagens na apuração de notícias, informações sigilosas e outras ações durante a campanha, sempre a favor de Dilma. Hoje atua na difamação da oposição de esquerda e sob o silencio omisso dos que se consideram "Blogueiros Progressistas". 


O Apoio ao Governo vale chegar a este nível de sujeira e omissão? E não me venham tratar o nobre autor como um tolo açodado, ele é e era considerado um dos luminares de inteligencia e perspicácia durante a campanha. Sabe o que está fazendo e muito bem! Sabe o alcance disso e que é inatingível, por anônimo.


Esse tipo de tática é normal e frequente no mundo politico, e infelizmente muito mais do que o desejável no mundo considerado de esquerda,é artimanha típica de facções autoritárias, especialmente Às identificadas com Stálin.  A tática funciona em várias fentes, mas uma delas é o de criar argumentos explosivos, mesmo que falsos, pra "combates" mais quentes, incendiados, onde o boato pode grassar e causar redução da capacidade de convencimento dos que se opõe a um projeto defendido pela facção Difamadora. É mais um movimento de chamamento à "tropa" inciado pelo Eduardo Guimarães e sua "PSOLização"  e depois seu apelo patético à luta contra Hitler (Ah a lei de Goldwin!) e que consiste em de alguma forma reanimar a "torcida" para a continuidade da defesa intransigente do Governo que defendem. A torcida pode estar bem cansada de continuar a defender um projeto que até agora não recuou ainda em poucas causas tidas com bandeiras de esquerda. Quando o argumento da paciência com o governo falha (paciência de monge tibetano depois de quase dez anos de paciência)  é preciso apelar para a defesa do projeto a qualquer custo, para que toda a discussão "polêmica" seja feita fora dos holofotes críticos do mundo mau e "irresponsável".

O grau de queda de nível e uso de argumentos abaixo da linha da cintura é surpreendente pela especialidade do revelar novos fundos de um poço sem fundo, chego a cogitar substituir a Petrobrás na exploração do Pré-Sal por Blogueiros Progressistas e suas fontes anonimas. 

A questão é Governar vale isso? Claro que a questão não é pra Stanley e Eduardo, cujo apelo à argumentos abaixo do mínimo de respeito às pessoas e à inteligencia alheia causam certas dúvidas que vão da sanidade ao interesse desta defesa tão feérica, mas pra quem ainda se considera desde honesto a de esquerda e que por algum problema ou de cognição ou excesso de fé ainda permanece brandindo sua bucólica, rasgada e pisada bandeira de uma esquerda cada vez mais abandonada pelo governo que apoia. Governar vale isso? 

Em nome da paciência com o governo o afastamento da base de esquerda do governo das bandeiras fundamentais da esquerda ou do grau minimo de honestidade no tratamento das criticas aos recuos do governo leva a um paulatino afastamento da esquerda como um todo, ou vocês acham mesmo que a esquerda não ligada ao PT e ao Governo ainda permaneça fofa e "paciente"? Existem monges tibetanos de esquerda? Nunca vi um. 

E tudo isso parece também uma resposta ao que consideram uma difamação de Palocci, isso não se pode ignorar. A Esquerda do PT está do lado de Palocci?

Governar vale a cada dia queimar mais pontes? Vale a cada dia mentir, urinar sobre a biografia de lutadores, mesmo que os mais equivocados deles? Plinio de Arruda jamais apoiou a ditadura, foi cassado por ela, e isso é algo que deveria ser respeitado, ainda mais pra apoiadores de um governo que se propõe de esquerda. O que faz essa base do governo, e sim dona esquerda do PT com sua cumplicidade, é rasgar completamente qualquer possibilidade de diálogo com quem não apoia o governo, mas está em lutas que porventura 
parte da esquerda aniquilada do PT está.


Não vi Burburinhos ou Eduardos Guimarães nas ruas do Rio de Janeiro apoiando a mais que justa reivindicação dos Bombeiros,inclusive boa parte parte dos tais "Blogueiros Progressistas" manteve um silencio omisso que foi quase ensurdecedor, e com Eduardo Guimarães em sua cabeça de ponte de silencio e omissão (Se quiser confirmar procure em AbrilMaio  e Junho se ele cita a luta dos Bombeiros). Vi gente do PT na rua, mas não li a maioria dos "Progressistas" falando algo sobre a luta. Será porque Cabral é aliado carnal do Governo? Pode ser maldade minha e se for me desculpem, mas é estranho, não? Não é estranho o silencio com relação à lutas importantes e apoiadas até por Clarissas Garotinhos e o próprio Pt do Governo Dilma, mas essa súbita tagarelice pra difamar um lutador? Será que por ele ser só do PSOL? Então a luta partidária pode ter como arma a difamação e é mais importante do que as demandas da sociedade?


Governar vale isso?

Governar vale isso? Vale difamar um homem honrado que discorda do Governo, fundou o PT, foi candidato pelo PT e membro até 2005 sendo um destacado homem de sua esquerda? 


Governar vale isso? Pelo jeito vale.