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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Por que apoio a candidatura de Marcelo Freixo/Yuka?

Apoiar Marcelo Freixo/Yuka pode parecer natural, pode parecer um caminho quase que automático para quem veio do PSOL e participou dele até o último ano, mas não é.

Não é difícil apoiar Freixo, muito pelo contrário, a admiração pelo caráter do deputado, pelo caráter do Militante e pela sua participação no partido, inclusive sendo o defensor da tese da defesa da legalização do aborto no primeiro congresso do partido, confrontando a posição da então figura pública-mor Heloísa Helena, é enorme e a defesa da tese em si já o qualificava como quadro, tanto pela brilhante defesa como pela postura de respeito ao militante.

O apoio natural, no entanto, tende a ser visto como apoio acrítico e não é o caso. Freixo também comete erros crassos na sua participação no partido a meu ver, se aliando a uma linha partidária que no fim engessa o PSOL em uma estrutura estritamente parlamentar, onde as decisões de cúpula tornam-se decisões de partido. Freixo também comete erros de avaliação, a  meu ver, ao apoiar a filiação de pessoas que não qualificam o PSOL à esquerda, muito pelo contrário, por melhores parlamentares que sejam não tem um histórico de defesa das mesmas bandeiras e já ladearam, assim como Gabeira, candidaturas semi-eugenistas como a de Denise Frossard, como é o caso de Paulo Pinheiro.  Outro equivoco é a lógica de aliança com o PV, que inclusive em seus melhores quadros não é exatamente o sonho de consumo da militância do PSOL e menos ainda da militância ambientalista e ecossocialista do PSOL.

Divergências com Freixo e mesmo com o partido não são poucas, a maioria listada acima, porém o apoio, se não é natural, é quase inevitável sob o ponto de vista do contexto, da conjuntura, do papel político e do simbólico que a candidatura carrega em si.

Freixo representa a resistência a um conjunto de transformações da cidade, e do estado, do Rio de Janeiro que vão desde o avanço do crime organizado como poder paramilitar do estado (milícias) à transformação da cidade em cidade espetáculo, cidade voltada para o lucro empresarial e que reduz a ordem à opressão das camadas mais pobres, das franjas da sociedade e de trabalhadores que tiram seu sustento do comércio ambulante. A candidatura representa também as lutas omitidas, largadas, as bandeiras rasgadas pelo Partido dos Trabalhadores e metade mais um das esquerdas agrupadas no governismo como a luta LGBTT, a luta anti-racista, pelos direitos humanos, as lutas de gênero, contra a criminalização da pobreza.

É por isso também que é inacreditável o naipe dos ataques feitos ao candidato e ao entorno de sua candidatura, que vão desde a desqualificação do candidato como "inventor" de ameaças de morte até uma lógica semi-infantilóide que repete frases outrora lançadas contra o PT tal como " O PSOL vai governar só com artistas?" e acham interessante esse tipo de lógica eleitoral, lógica primada pela manutenção de uma governabilidade onde o povo removido pelo companheiro Bittar aparece no discurso, mas é esquecido depois.

É inacreditável porque são ataques emitidos por ex-companheiros, por gente que viu Erundina receber este tipo de ataque e viu ataques aos pobres feitos pelo PMDB de Moreira Franco (O mesmo de Paes e Cabral), viu remoções  e bolsa-faroeste para policiais que matavam bandidos feitas por governos tucanos, viu César Maia com suas ações repressivas a camelôs e favelas a ponto de dizer que as ruas tinham de ser lavadas com criolina para expulsar moradores de rua, viu Paes, quando era do DEM do mesmo César Maia,  meter trator em casas de pobres e hoje apoiam governador e prefeito que são da mesma linhagem política.

É inacreditável porque essas pessoas ao invés de buscar uma defesa consciente e firme de suas convicções preferem, por medo do crescimento de Freixo junto à sua base de esquerda, ir mais fundo em sua aliança com a  direita adotando o discurso desta em nome de uma governabilidade que mal esconde um profundo interesse na manutenção de máquinas que financiam atores, blogueiros, sociólogos e sei lá o que mais em sua vida cotidiana.

Esse é mais um motivo para o apoio à candidatura Freixo, porque o elemento simbólico não é aqui apenas de forma tangencial, de verniz de uma candidatura conservadora como foi na eleição de Dilma, mas  que representa também a manutenção de bandeiras de esquerda e de conquista de direitos civis, de direitos humanos e de combate à mercantilização da cidade, da criminalização da pobreza e um vento de esperança em um quadro de continuo avanço das forças conservadoras mal oculto pela retórica ufanista de governistas  que cometem o crime de ocultar derrotas sérias no campo ideológico com inclusive falsificação estatística de novas classes médias.

A candidatura Freixo/Yuka também representa o combate à economização do discurso político de tal forma que o ganho de poder de compra e emprego pelas classes C e D representam um patamar máximo de conquista pelo povo, e para o povo, e que permite que se largue de mão avanços necessários na transformação da sociedade que vá além da manutenção de geladeiras e máquinas de lavar, que permita redução de violência contra gays e mulheres, finalização de um modelo de policia cuja função é proteger menos vidas e mais propriedades e que se sustenta  numa lógica onde o spray de pimenta é  o argumento político por excelência.

A candidatura Freixo/Yuka é um vento necessário, que retoma discussões que a esquerda amontoada ao redor do e da Cara parece ter optado por esquecer esforçada que está em desviar qualquer atenção sobre  erros do governo com a retórica mais chulé que estiver a mão. 

A candidatura Freixo/Yuka é uma necessidade em uma cidade que por receber Copa e Olimpíada parece ter dado a seus governantes a carta branca pra remover, humilhar, mentir e destruir comunidades,laços, casas. É uma necessidade para toda a esquerda, inclusive a que não apoia ou é participante do PSOL, mesmo dos mais radicais, porque abre um espaço público de discussão política com um tensionamento nítido de esquerda e socialista.

É por isso que apoio a candidatura de Marcelo Freixo/Yuka.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Humano, demasiado humano

É comum chamarmos de monstros os vilões, os estupradores e ladrões, os assassinos. É comum também animalizarmos os adversários e os canalhas, eles são cachorros, burros, amebas, assim como  pessoas violentas e assassinos são feras.

É comum, muito comum. É humano sair, é humano interpretar o outro como o não-eu, como um externo a mim. É humano também devorar o outro, aquele não-eu,, destruí-lo, exclui-lo do espaço legitimo de convivência e debate político, seja pela via da violência, seja pela via do fundamentalismo, da interrupção do diálogo, pela mentira. 

A defesa do espaço conquistado, seja ele uma caverna ou uma sinecura governamental é quase um elemento atávico no humano. A defesa de uma posição politica, de um ponto de conquista de espaço, de território de ação política imediata, mesmo que imaginário, leva a embates e muitas vezes em coisa pior.

É por isso que é comum  a intolerância, a loucura coletiva em torno de posições, de espaços fechados, de debates interrompidos, de uma busca de soluções definitivas para essa rede de complexidades chamada real. O fundamentalismo e a intolerância são tão humanos e cotidianos, frequentes quanto a poesia, o amor e o desejo de paz mundial.

Eu mesmo não sou dos mais tolerantes entes humanos a passear por essa rocha, não sou muito fã de debates acalorados com golpes abaixo da linha da cintura, de polianices ou delíriuns tergiversandis construídos em torno do que considero mentira das brabas. 

A política não é a mãe das boas maneiras e nem filha da pureza, é uma selva bacana onde eu e minha laia rolando na relva (rolava de tudo) brigamos com piratas pirados. 

A política não é pura, nunca foi, é luta, considero que de classes, é pancada, é briga por espaço. A tal ética política ou "grande política" é a meu ver uma escolha baseada em limites humanos do chafurdar no eixo de um dos mais humanos elementos presentes na sociedade: A busca pelo poder. 

Ou seja a "Grande política" busca o poder tanto quanto os Serviçais da Grande ordem Vermelha, às vezes pelo mesmo método, mas em geral rola uma tentativa de não viajar na maionese e embarcar na canoa do poder de certa forma esquecendo pra onde ia. 

Porque é comum a  rapaziada ir com tanta sede ao pote no "Vamo mudar a porra toda!" que quando chega lá ,ao atravessar o rubicão da feérica luta do "bem contra o mal" do imaginário da trupe, acaba se perguntando "Que que a gente veio fazer aqui mesmo?" e ai pergunta pro PMDB. 

Todo mundo sabe que o PMDB, a Morte e os impostos são coisas inevitáveis na vida humana, nem que seja pra produzir medo, mas o comum ato de torná-lo conselheiro já é aquele transtorno por esforço repetitivo que faz esse demasiado humano mundo da política  um terreno que oscila entre o perigoso e o perigoso terreno da galhofa.

Então a rapaziada da "Grande Politica" é no fundo o "Movimento de evitar o PMDB" e tenta assim manter algumas bandeiras humanistas e tradicionalmente arrebatadas das mãos burguesas pela esquerda no alto, longe da mão do PMDB, que tem mania de tomar tudo.

Tudo muito humano, demasiado humano. 

E é nessa bagaça, nessa busca interminável pelo PMDB, ops, pelo poder que a galera fica, numa disputa interminável onde a esperança equilibrista parece professor municipal do Rio, sobrevive, mas ninguém sabe muito bem como.

Este escriba entende a disputa, respeita polianas, respeita a necessidade de defesa do ganha pão por políticos, parlamentares, assessores e aspones virtuais, só não entende a PCdoBzação do PT, a transformação dessa massa politizada que tomou as ruas e elegeu a Erundina em 1988 em uma galera com discurso de quinta série, com uma "argumento" que começa com "disputem eleições e ganhem para que eu possa discutir política com vocês" e termina com aquela sensação no interlocutor que o PT virou a maior UJS do mundo.

Tudo muito humano, tudo muito tipico e talvez tudo muito sintomático do motivo pelo qual o PMDB é uma espécie de igreja católica apostólica romana do mundo político, que parece estar ai desde Noé, dominando tudo e transformando tudo à sua volta em pequenos simulacros menos competentes de sua arte de sobrevivência.

Sei que deve ser difícil, complexo e brabo pro petista médio, aquele que compra pão na padaria, que veste as havaianas da humildade, que mete o pé na estrada pra fazer o seu,o meu, o nosso, trabalho de militância (No caso deles desconfio que com mais sustança financeira, digamos assim), votar no PMDB, ser base do PMDB, balançar bandeirinha do PMDB, dizer que é bom, que faz tchu, que faz tcha, que balança a pema, balança sem parar.

Sair do "Lula lá brilha uma estrela" pro "Agora é Paes" deve doer, especialmente nos mais velhos, alquebrados pelas dores do pragmatismo. Mas confesso que surpreende que estes mesmos, estes que se mexeram pra eleger a Erundina, o Patrus, o Tarso, o Olivio, pra por o Chico Alencar como fenômeno eleitoral, pra construir a candidatura Vladimir Palmeiras driblando o Zé Capiroto, desafiando o mal, estes mesmos sujeitos que tavam lá, que viram que era bom, não se contentam somente em ir lá balouçar a pema do PMDB, mas também enveredaram no perigoso terreno da vergonha alheia ao chamar de aventura algo que é muito similar a seu passado.

Chamar uma opção inclusive de agregação de valores à esquerda como um todo de "Santo das esquerdas" desagregadas, como se essa desagregação destas fosse bom, fosse legal,é de doer as bolas.

Surpreende que a tática atual destes seres tenha sido o ad hominem a Marcelo Freixo, tenha sido a escolha pela infantilização do debate, pela arma do medo de chamar uma candidatura que se busca de esperança como "aventura" (Regina Duarte, quem diria, transferiu o medo a sue algoz), como uma "Sebastianisse" de uma esquerda abandonada e "irrelevante". 

Surpreende mais ainda porque Freixo, sua candidatura, não se constituem como um discurso revolucionário de esquerda, que fuja tanto assim do discurso governista em seu cerne, no que se propõe, como "Salvadores do povo", apesar de ser um discurso radical que aponta as contradições deste discurso de "salvamento" pelas geladeiras e "carinhos".

Surpreende por ver um partido usar contra adversários, que inclusive tem em si seu dna, o discurso usado contra ele, apontado contra ele, quando da constituição do que seria o maior partido de esquerda da Ameŕica Latina.

Terá o PT, e seus correligionários, como Greta Garbo, acabado no Irajá?

A opção preferencial pelo PMDB deixou de ser um ato pragmático para ser um ato simbiótico, como a opção em BH pelo PSB em uma espécie de Dona Flor e seus dois maridos com o PSDB?

Será que esse humano, demasiado humano, desejo de conquista do poder tenha tornado o PT e sua militância uma espécie de Smeagol a falar para si mesmo em um delírio lisérgico que o inimigo de sua conquista do "precioso" domínio global da cena política é qualquer coisa que lhe lembre quem ele foi?

A política não é pura, nunca foi, e nem é justa, ou doce, ou adulta, ela é feroz, humana, demasiado humana, mas acho que já teve mais compostura.





segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E agora militante?


Nessa segunda-feira chuvosa onde Marcelo Freixo foi pras oropa porque o Estado do Rio de Janeiro é totalmente vinculado ao poder  das milícias via seu Governador e seu prefeito omissos, recebo singela homenagem e comparação do Poema "José" de Carlos Drummond de Andrade com minha opção política pública de sair do PSOL. Ambos, o poema e minha opção política, foram reduzidas ao equivalente ao último verso do primeiro: "José, para onde?"

Tudo o que escrevo aqui e nas redes sociais me parecem deixar claro que trajetória política não é bolinho, não é um reduzir do mundo ao mais simples, na é o tal "Pragmatismo" da ausência e nem a miopia da venda. 

Política, suas opções , preços e caminhos são uma complexa rede que envolve o mundo pessoal, o cientifico, o artístico, as opões de vida, as lógicas de participação que por acaso em algumas vezes podem se encaixar de forma permanente e perfeita em um partido ou pode ser mais amplo, muito mais amplo, do que as organizações.

Se fazer Política fosse apenas perguntar-se "Para onde?" o "Porque?" seria demitido.

Fazer política, e chega a ser ofensivo um militante não saber isso, é mais do que votar em assembléia, do que ir na panfletagem ou fazer abaixo assinado. Fazer política é algo que se faz no trabalho,nas relações sociais, na ciência, no sexo, no lavar a louça, na sala de aula,como aluno e como professor.

A postura política de alguém é coisa séria, inclusive para ser questionada. Reduzir um poema a seu último verso e um questionamento à política que um indivíduo toma como "Para onde?" como se fora de algum partido rotulo ou escolha coletiva o sujeito fosse um nada é ofensa das grossas. 

E é bacana e cômodo entender uma critica direta totalmente fora de um contexto como "normal" e se o alvo da crítica rebaixada cansar dela e passar a ignorar o crítico ser "autoritário". Confunde-se muito o direito do tacar pedra como "liberdade de opinião" e o reclame do atingido ser "autoritarismo".

A idéia de que não ser de partido, e criticá-los, ser uma ofensa pessoal não é algo isolado de efeitos maiores, a idéia de você não achar bacana uma linha de comportamento e expor isso ser uma ofensa é mato.

Pode-se pegar um poema inteiro de Drummond e reduzí-lo a "Para onde?" para criticar a idéia de sair de um partido, tornando-o o partido  única forma de militância possível. Foda-se se é uma homenagem ao artista, se é um desabafo a respeito do mundo, foda-se, se quer criticar.

Deve ser muito difícil  pra muitas pessoas se verem mais úteis fora de um partido e suas escolhas coletivas que vão pro lado contrário à noção mais básica  de honra na atuação, de construção de alternativa política, mas pra mim não.

A mim é ofensa à honra o rodo,o golpe, à percepção imbecil de uma hierarquização político-intelectual; É uma ofensa moral tratar a corrupção como eixo que fundamenta o todo das ações políticas ao contrário de uma ação que privilegie debates sobre educação, saúde, segurança; É uma ofensa politica ignorarem o quanto é imbecil e arrogante "educar as massas", "levar consciência à classe trabalhadora" e o quanto é dogmático achar que fora do partido não há nada.

Há muito...  Há mares, há campos, há cidades, há escolas,há poemas que dizem mais do que "Para onde?", que dizem que "O mar secou,  quer ir para Minas, Minas não há mais, e agora?".

"E agora?" a pergunta fundamental... Como diria Lênin, "O que fazer?". Há muito o que fazer e que sorte Lênin nunca tenha escrito o "Onde?" , porque seria pior a noção de que sem partido nada há. 

Para o espanto dos que se perdem na militância cega,  há sim muito o que fazer, e este muito  se faz em muitas coisas, formas e espaços. O partido é um deles e não, o PSOL, para mim, não é uma alternativa, nem mesmo um partido.

O PSOL deixou de ser alternativa ao optar por uma política de filiação que ignora o militante da base para colocar nomes como Periquito, Bassumas, Paulo Pinheiro, que se não foram barrados por verdadeiras rebeliões de base estão ai nas executivas estaduais. e mesmo os barrados assombram o dia a dia do cara que rala pra construir o partido.

O PSOL deixou de ser alternativa quando após seu candidato  ao Governo do Estado do Rio de Janeiro chamar o concorrente de "Ex-Gabeira" ter a aliança com o mesmo PV desta figura pública discutida no partido com grandes chances de ser vitoriosa.

Depois dessa e cansado desse trabalho de sísifo que é militar  no PSOL, de dar murros em pontas de faca e com uma crítica antiga à forma-partido como um todo,desde 2002 mais ou menos, sendo algo mais que presente em meu dia a dia,tomei a liberdade de dar um volumoso bico no pau da barraca e ir cuidar de minha vida com uma atuação que me causasse menso desgosto,sofrimento e malabarismo pra acomodar o historiador, o aluno e  o professor em algo que a meu ver é um solene monolito de incompetência e disparidade com o básico do que é de conhecimento publico nas ciências sociais. 

Em suma? de saco cheio de nego que viaja em modelos de realidade bem distantes do dia a dia e por isso jamais são alternativa ao que o PT faz, fui ser feliz dando aula e ensinando nego a usar a cuca.

"E agora?". Agora tem aulas a serem preparadas, ruas a serem discutidas com vizinhos, trabalhos comunitários com anarquistas a serem feitos, estudos a serem escritos.  Há mais mundo do que supõe o partido. Quem não sabe disso é parte do problema e não da solução.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Palavras, Palavras

Uma das coisas boas de militar é o sentimento  de pertencimento, de mudança, de ação para a tal transformação do  mundo. Um dos problemas da militância é  envolvimento que acaba por cegar, que  acaba por esquecer que há mais elementos  que o manual não prevê na coisinha mundo e que nem todo mundo tá nessa no entendimento da  mudança e da transformação como desejo e dever humano de dar-se ao mundo social como ator protagonista da história. Tem uma rapaziada que quer fazer carreira, quer ir pra Roliúde. E nem é problema isso, viver de política é tão legítimo quanto viver de sexo, de fazer pão ou de balconista de farmácia.

O mundo exige posturas e a tal realidade cobra-as, e cobra-as com uma percepção da tal coerência e isso é fundamental pra qualquer Juarez da vida saber e viver no dia a dia. Em caso de política a tal coerência  é o tal  fio de bigode que se transformou, pela mudança da tal tradição inventada de cada dia, em algo que podemos chamar de honra à "calça que veste", de não deixar o interlocutor "vendido", de saber que se não sabe brincar não brinca, ou na visão pleiba, não desce pro play.

No contexto atual da esquerda e de minha vida rolou uma crise no relacionamento entre o Militante, o Carioca e o Historiador. Os dois últimos tavam de saco cheio com o tempo perdido pelo Militante em causas que estavam nítidas que não rimavam lé com cré com a teoria do Historiador e mais ainda, ofendiam solenemente o tal orgulho do raivento Carioca que "não tem otário escrito na testa".

O Marxismo do Militante era de tal forma "adaptado' que fazia o historiador ficar puto com as acrobacias teóricas pra fazer o que este estuda caber no que o militante tinha de aceitar e defender como Marxismo em Partidos e causas. O Carioca ficava puto quando ouvia que tinham de levar "Consciência à classe trabalhadora" imaginando se ele tava maluco e o Rio tinha sido ocupado por zumbis do Romero e só ele não via. 

Nesse ínterim rolou uma reunião pra arrumar o esquizofrênico e quizumbeiro Ego e tudo deu certo na transformação do militante em serviçal dos demais. Assim o Gilson saiu dessa entendendo melhor a consciência da relação política das  rapaziadas chamadas por vezes de "classes trabalhadoras" por gente que mal a  entende ao ponto de chamá-las de "sem consciência". Saiu dessa pela leitura e a velha e boa empatia da discussão ,que vem depois da zoação clássica de um torcedor de time A sobre o do time B, ao entendimento de como é consciente e clara a relação da troca de voto por cimento, e como se dão as relações entre poderes, lideranças nas favelas, bairros,etc...

Nessa brincadeira chega a ser hilário chamar de "sem consciência" quem sabe exatamente como se dá sua relação de troca, invariavelmente existente em toda forma de relação de poder. E quem acha que tem consciência vive embananado em teorias pra justificar o injustificável  troca-troca cujo resultado palpável  ao ser dito tem menor chance de justificativa do que a laje construída pelo cimento trocado por voto.

Porque quem troca voto por cimento pra fazer sua laje tem menos consciência do quem apoia a troca de "Capital Político Diferenciado" pelo cálculo eleitoral imediato? O primeiro tem o cálculo claro da construção de sua laje, o segundo tem o calculo eleitoral volátil cuja unica segurança é a necessidade de justificar isso pro teor de seu programa político caber na manobra.

O Seu Juca quando troca seu voto por cimento sabe  que vai levar, sabe que o político nem sempre é seu aliado. Embora pela via das relações de parentesco e proximidade, até vizinhança, é mais fácil este político ser seu aliado do que o mauriçola "levador de consciência" que chega de vez em quando e nem uma quadra pras crianças faz.

O que ganha o PSOL quando troca seu capital político de "alternativa de esquerda" pelo voto e eleição de vereadores com aliança com o PV? Algo menor do que ganharia se se construísse como Partido, ganhasse lá na frente o status de alternativa e conquistasse cadeiras de vereadores com solidez e com uma política definida. Assim fez o... PT. O PT fez isso e depois fez suas alianças pragmáticas pra conquista do poder e ai está ele fazendo das suas com criticas e elogios aplicáveis aqui e ali, mas deixando como herança um capital político que ainda o mantém como topo da cadeia alimentar das opções da esquerda. Já o PSOL preferiu pegar e cortar a curva e tentar a malandragem do atalho. Só que não tem consciência que o seu Juca tem que em política não tem atalho.

O Seu Juca sabe o preço que vai pagar pelo cimento, inclusive público, pelo tribunal das ruas, da boca, da padaria, do boteco. O PT pagou e paga seus preços indo de "queridinho da América" a "Bandido Oficial". Terá consciência o PSOL do preço de uma aliança com o PV? Terão consciência seus militantes que a filiação do Paulo Pinheiro foi a cabecinha pra entrar a aliança e a perda que isso fará no Partido? Se não tem, terão quando ocorrer. 

Os organizadores e teóricos da aliança, que são Milton temer, Chico Alencar, Marcelo Freixo,  Janira Rocha, Jean Willys, entre outros, tem consciência e sabem quanto pagarão e quanto receberão  (não preciso dizer que isso é em capital político, não em grana,né?).  Se os militantes acham bom eu não sei, mas se acham devo lembrar que o nome Benedita da Silva tem algum sentido nessa trama e quando a beneditização ocorreu, no PT, atingiu exatamente quem urdiu agora seu retorno como farsa no PSOL.  

Não é interessante que quem sofreu com a Beneditização do PT a repita agora no PSOL? Será que a ideia pra eles era não construir uma alternativa ao PT, mas uma maquina própria que havia perdido no PT? Terão eles consciência? Seu Juca tem.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Hipocrisia, Discurso, Tática e Estratégia

O discurso em política é mato, ou seja, tá a todo momento rolando pelas tabelas. A questão é como ele se adéqua às posturas táticas e à estratégia dos partidos.

Não adiante você dizer que é contra Belo Monte se na hora do "vamo ver" o governo do teu partido constrói Belo Monte, sua vontade foi de vala diante de uma opção tática do sue partido. Você ser contra não mudou em picas o real.

E tem outra seu discurso não se adéqua à opção tática do seu partido, usada para atingir o objetivo estratégico de gerenciar o estado capitalista com um perfil de inclusão social optando pela tática do investimento estatal como forma de fomento ao crescimento econômico e políticas sociais para minimizar a desigualdade. Sua participação dentro da maquina de desenvolvimento de uma política rumo à estratégia final corrobora com a estratégia apontada.

Porque disse isso? Porque li no Twitter figuras públicas do PSOL criticando ações do PT chamando-o de "Tucanos de Bico Vermelho" pelo apoio à questão das OS na administração da saúde do Rio de Janeiro implementada pelo Governo do PMDB.

O Discurso está corretíssimo, sem sombra de dúvida,s porque a ação é escabrosa e via prejudicar mais uma vez a população com uma privatização enrustida da saúde. O problema é como esse discurso se enquadra na opção tática e na estratégia do PSOL e como isso tudo lhe dá ou não "moral" pra detonar o PT.

A opção do PT é dada, ele não quer mudar e tem apoio popular pra ela, sua estratégia é brigar no jogo institucional via alianças políticas com parte das máquinas partidárias  conservadoras pra se manter como gerente do capital de uma forma que essa gerencia permita o "desenvolvimento" ou sejam uma política de fomento estatal da economia com redução de desigualdade via políticas compensatórias. A estratégia é a gerencia do capital via estado, a tática é a atuação via institucionalidade e alianças com partidos conservadores.

Alianças pedem apoio e nisso ele abre mão de certos princípios para perder os anéis e manter os dedos, o apoio às OS foi um. Mas o PT não esconde sua estratégia e pouco fica hoje em dia com discurso pra ocultá-la, o mesmo vale pras suas táticas. Não tem nenhum mistério ai, goste ou não delas, é esse o jogo, está dado.

É legítimo o PSOL combater isso, mas é hipócrita fazer isso partilhando de parte da estratégia e mesmo das táticas.  Qual a  real diferença estratégica do PSOL para o PT? Cês sabem? Nem o PSOL deve saber porque se recusa a fazer esse debate interno e defini-la preocupado com a intervenção na institucionalidade e montagem de máquinas e aparatos político eleitorais ao invés de construir o tal "partido necessário" que se auto-proclama. 


A Tática do PT  de usar aliança eleitoral para construir sue projeto estratégico muda de siglas e nem sempre com qualidade quando falamos das opções do PSOL que salvo rebelião interna para alavancar a candidatura Plínio faria aliança político eleitoral com o PV que sustentava o PSDB  em meio Brasil. Então chamar o PT de tucanos de bico vermelho é hipócrita quando o partido queria se aliar com tucanos auxiliares de bico verde. E a lógica de detonação dos canais A esquerda que foi feito no PT encontram eco na destruição da democracia interna no PSOL via burocratizações que levam à filiações estapafúrdias, golpes de executiva,etc.. Ou Paulo Pinheiro agora é o ápice do socialismo? Ele vem do Ex-
PPS base do PSDB e apoiador de César Maia e Denise Frossard, o PSOL acha que seus tucanos são melhores que o dos outros?


O PSOL tem um belo discurso de alternativa ao PT que a cada dia vai mais para a direita, mas suas práticas definem uma tática e uma estratégia política mais semelhantes do que diferentes do tão criticado PT.  

O que o PT faz é danoso, mas o PSOL repete tantas coisas que é quase palpável o dia em que o chamarão de tucanos de Bico solar.  É hora do discurso ficar parecido com as práticas ou seu eco será só o dos ouvintes murmurarem o quanto ele parece hipócrita.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PSOL: Não dá mais pra segurar

Não sou exatamente o mais paciente dos homens, muito menos o mais adorável e tolerante. Mesmo assim tento ao máximo ser um sujeito que prima pela democracia, mesmo que seja pelo sagrado direito de tomar rodo , ser minoria, mas com direito a voz, voto, postura pública.

Sai do PT em 2004 para entrar no PSOL e tentar manter bandeiras da esquerda jogadas no lixo pelo Partido de Lula e Dilma. Desde o inicio mantive criticas junto com os companheiros do partido, do Revolutas e outras correntes à ótica moralista, udenista, eleitoreira de parte do PSOL e às constantes falhas na construção de um partido com instancias democráticas em pleno funcionamento. 

A cada ano ficava mais claro que o partido havia majoritariamente optado por uma condução totalmente anti-democrática dos processos decisórios internos.A opção pela aliança com Marina Silva foi derrotada em 2010 com enormes feridas abertas pela rebelião que levou à candidatura Plínio de Arruda Sampaio ser um sopro de força ideológica, juventude, animo, mas também uma vitória de Pirro.

As feridas jamais foram fechadas e hoje se sabe que os esforços da ala derrotada em 2010 para tomar a condução no partido de suas concepções de partido jamais cessaram, outras forças ligadas à idéia da militância como um apêndice de figuras públicas se aliaram com elas e dai a gente tem um surto de filiações como a de Fred Kholer (barrada pela executiva estadual do Rio de Janeiro) e de Paulo Pinheiro, ex-PPS e apoiador de Gabeira, Denise Frossard e Cesar Maia, Serra e Marina Silva, aprovada com ampla maioria ontem na reunião da executiva estadual do Rio de Janeiro.

Sou membro do coletivo Revolutas, que faz parte do PSOL, e me identifico inteiramente com o que o coletivo tem como linha ideológica, contribuição política, mas não nais me identifico com o que vejo no Partido Socialismo e Liberdade. Não posso ser companheiro de quem apoiou defensores de "choques de capitalismo" e atitudes higienistas como as de Cesar Maia e Denise Frossard. Paulo Pinheiro politicamente representa o pior. Paulo Pinheiro é a antítese do socialismo. A opção do PSOL por Paulo Pinheiro é um tiro na cabeça e mais do que um sinal, é um aviuso: Nosso foco é a eleição e faremos tudo por ela.

Diante desta posição, sendo ela mais uma em meio à inúmeras outras que só confirmam um processo de burocratização eleitoreira avançadíssimo e com cada vez menso espaços de manobra para um partido de esquerda, socialista,anti-capitalista e literalmente democrático, tomo a decisão de me retirar do PSOL de forma pública.

Direciono minha militância pra fora do partido, no ajudar ao Revolutas a se construir, no ajudar ao comitê popular da copa no que for possível, ao Diário Liberdade, às lutas como as levadas pelos companheiros Jorge Borges e Alvaro Neiva e às  lutas da ANT.

Ao foco eleitoreiro que aceita os Paulos Pinheiros desejo boa sorte.

Boa sorte, mas sem a minha ajuda.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Só Falta apoiar Sarney

Nesta semana de isolamento virtual devido à mudança de operadora da Net pra OI, e sofrendo a ruindade dos serviços de ambas, notei nas idas e vindas das lans houses e casas da familia pra consulta diária aos e-mails e twitteres que rolou a possibilidade de filiação de Fred Kohler e Paulo Pinheiro ao PSOL.

Bem, o que  posso dizer é que a filiação de Fred Kholer chegou mesmo a  ser cogitada e por isso teve uma movimentação de militantes que rechaçaram veementemente a possibilidade pressionando a Direção Estadual a negar.

 Não sei quem teve essa péssima idéia, que grupo ou pessoa, mas parece que ela não é isolada, dado que já ocorre  a sugestão de filiação do Vereador Paulo Pinheiro, atual PPS, ao PSOL, que levou ao Campo Debate Socialista a se movimentar pressionando para que não ocorra tal barbaridade, dadas as notórias ligações do Vereador com o Ex-Prefeito César Maia e Fernando Gabeira, que possuem biografia auto-explicativa, sendo que o primeiro de uma auto-explicação eloquente e o segundo que acha que o Rio precisa de um "choque de capitalismo" como se não bastasse os constantes choques e rechoques de capitalismo. Fico pensando o que um sujeito que apoia um candidato a Prefeito e Governador que acha que a cidade e o estado precisa de "choque de capitalismo"  faria num partido socialista.

Não conheço pessoalmente os sujeitos supracitados, nem acho que precise conhecê-los, podem ser pessoas honestas e maravilhosas, mas politicamente representam algo que acredito que o PSOL seja o exemplo inverso e oposicionista ad infinutum que é a política voltada para o capital.

A cogitação das filiações demonstra que existe uma parcela do PSOL que não liga muito pra determinados detalhes diante da necessidade de se comportar com construtora apenas da meta eleitoreira para o partido, que já carece de democracia interna e instancias que construam um partido digno do nome, como o visto nos casos dos "debates abertos" sobre a candidatura de Marcelo Freixo que coloquei aqui mesmo neste blog.  

O PSOL já sofre com uma quase desmobilização forçada de sua militância com a destruição de sua capacidade decisória por conta das lamentáveis medidas de desconstrução de suas instâncias e manutenção de uma espécie de colegiado de tendencias internas como "instâncias" não oficiais e substitutivas dos núcleos e plenárias como forma de construção de democracia interna e tomada de decisões de baixo pra cima. O partido tem na manutenção de uma inversão de valores completa, cujas decisões ao invés de saírem de baixo pra cima, saem da executiva para a direção e dai por diante pro endosso dos núcleos e plenárias.  

O que ainda dá liga e mantém muita gente ainda participante é a qualidade de nossos parlamentares, como Freixo, Janira, Eliomar, Chico, Ivan, e o que  fazem? Convidam gente que foi ligada a PMDB de Garotinho, PDT, ex-PPS pra se filiar? pra que isso? Quem teve a idéia Genial?  É tudo pra conseguir voto, é pra isso que o partido existe? As lutas do povo de Macaé e Rio das Ostras, a luta dos cariocas isso tudo que se dane?

Com todo o respeito à nossa "cúpula" , mas o grau de burocratização avança a largos passos pra construir um partido igualzinho aos outros, o partido parece querer parar de ser necessário e ser cada vez mais comum e isso em um momento onde crescem mundialmente as movimentações por uma política de rua, construída dando respostas a demandas crescentes de mudanças onde os Paulos Pinheiros não se encaixam. Filiar Fred Kholer poderia destruir o que o PSOL Serramar construiu.

Depois da imensa batalha que envolveu a cogitação do apoio à candidatura Marina e que levou à candidatura de Plinio de Arruda Sampaio a nos dar um vento de formação e  atração de jovens para a luta socialista há ainda a insistência nesse eleitoralismo suicida? O PSOL só aprenderá quando acabar?

Não sei o que essa gente tem na cabeça, mas parece que a sede por um escritório começa a nos tornar iguais ao PT que muitos discursos adoram criticar, só falta apoiar Sarney. Quando o PSOL tenta filiar Paulo Pinheiro acho que esquece o significaod do S, que é de socialismo .

PS: A Filiação de Paulo Pinheiro foi aprovada pela executiva do Partido no Rio de Janeiro por 7 votos a 2. Parabéns Executiva, tão conseguindo virar um sub-PV.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

REUNIÃO DO NÚCLEO DE LUTAS URBANAS DO PSOL NA PRÓXIMA QUARTA, DIA 27

reunião do Núcleo de Lutas Urbanas do PSOL está marcada para quarta-feira da semana que vem, dia 27/07, às 18h30, no Sepe/RJ (Rua Evaristo da Veiga, 55, 7º andar). A pauta prioritária será a retomada do debate iniciado na penúltima reunião:
"Aprofundar o debate sobre os espaços de atuação da esquerda hoje na cidade e a atuação do núcleo"


A companheira Isabel Mansur vai abrir o debate.