A eleição de Dilma Roussef ao mesmo tempo que aponta avanços, indica preocupações que a esquerda socialista tem de ter de enfrentar . A importância da eleição da primeira mulher para o cargo de presidente é extremamente importante, como o foi a eleição do primeiro operário, da mesma forma que o governo do PT ser pautado por uma conduta democrático é de animar.Não podemos ignorar a preocupação com a melhoria da vida da população pobre, mesmo com as limitações da política de gerência do capital.
No entanto não podemos esquecer que ocorreram recuos constantes com relação à questões de extrema importância para a esquerda em geral e em especial para a esquerda socialista. A questão da comunicação foi tratada de forma negligente sob a capa da uma CONFECOM que nunca foi tratada com a seriedade que merece, o que aconteceu foi a negativa de enfrentamento da mídia hegemonica, o partido do capital do qual falava Gramsci. Outra questão é questão da reforma agrária de de relação com o MST, também tratada de forma tímida e inclusive contando com negativas por parte dos partidários do governo de relações profundas com o MST outros movimento de base.As questões listadas no PNDH3 que vão da legalização do aborto ao combate da homofobia e a luta pela divulgação dos arquivos da ditadura e punição dos torturadores foram tratadas como secundárias e rifadas na primeira manifestação de enfrentamento que as forças conservadoras e seus gurus midáticos deram em um frenesi de obscurantismo assustador e que veio a se repetir de forma preocupante no fim do primeiro turno das eleições.
As próprias conferencias, que seriam uma ferramenta interessante de diálogo entre sociedade, movimentos sociais e governos, foram um fiasco e na verdade uma ferramenta útil de cooptação e de desmobilização de movimentos ao invés de uma ferramenta de ação dos movimentos junto ao governo. Não podemos esquecer que em nome da derrota do PSDB se elegeu um governo que é supervalorizado no que tem de esquerda e inclusive é colocada de forma acrítica uma postura de aceitação de limitações do governo e do partido que o capitaneia em um quadro de governo de coalizão, ignorando que a ala dominante do Partido dos Trabalhadores não parece ter uma motivação especial em avançar em bandeiras históricas da esquerda como as supracitadas, lembrando mais do que nunca uma estrutura burocratizada de partidos socialistas que tendem a social democracia de estilo europeu, como um PSOE Espanhol.
Os desafios da esquerda socialista, e também da esquerda governista, socialista ou não, é o de construir consensos possíveis com os movimentos sociais de forma a agir em bloco para tensionar o governo para avanços reais à esquerda e dar o sangue para criar uma opção real de esquerda socialista que avance para além do discurso e que exija que o governo eleito vá para além da gerência qualificada do capitalismo, que seja uma ferramenta de transformação social do país, inclusive para avanços que nem são socialistas, são apenas democráticos, como os direitos civis dos LGBTT, legalização do aborto, legalização das drogas, reforma agrária e urbana radicais, controle social da mídia,etc.
A esquerda com todos os equívocos que ocorreram nas últimas eleições sai mais forte, sai da eleição com avanço de diálogo entre partidos da esquerda socialista e com ampliaçaõão da representação da esquerda radical nos parlamentos e com um importante diálogo criado com a juventude. Não se pode esquecer o elemento simbólico da eleição de Dilma, que é uma poderosa ferramenta de atração de militantes para a luta da esquerda e que sim, pode ser um meio de luta sólida pelo avanço da esquerda na sociedade brasileira, que ainda demonstra alto grau de conservadorismo.
É hora de arregaçar as mangas e irmos além do mito e do simbólico, sem no entanto desprezá-los. É preciso não ser o pessimistas que olha os números da esquerda radical, sem olhar as campanhas de filiação, nem o otimista do "Oba Oba" do abraço ao simbolíco da primeira mulher sem olhar o contexto desta eleição.
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