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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Da cidade Febril à cidade partida

Para quem milita contra a criminalização da pobreza e os projetos higienistas presentes ainda hoje no discurso da "modernidade" que grassa nas bocas, mentes e corações de políticos "jovens" do PT, PMDB e mais classicamente Tucanos do velho e bom PSDB de Guerra, o livro "Cidade Febril" de Sidney Chalhoub, publicado pela Companhia das Letras, é uma importantíssima ferramenta de acumulo de informações sobre a invenção da tradição do discurso higienista como embasador da perseguição, criminalização e justificação de atentados aos direitos humanos das pessoas pobres.

Ao nos apresentar o fato notório que desde o Império há um discurso que culpa a pobreza (Nada coincidentemente ligada à pele preta) tanto pela sua condição quanto pelos perigos das grandes cidade, assim como por doenças e problemas de saneamento, Chalhoub nos dá precioso meio de identificarmos como se cria um discurso "modernizante" que através dos tempos ecoa velhos preconceitos e nada "modernos" ou "novos", métodos de construção de uma modernização conservadora, de uma modernização de fundo tecnocrático, tecnicista, que despolitiza o cotidiano e a vida da sociedade, em nome de verdades absolutas "cientificistas" que consideram tudo o que estiver fora de sua "verdade" um absoluto inexistente.

Embasados pelo discurso que culpava a moradia das pessoas pobres como culpadas pelo contágio da Febre Amarela, vilã escolhida sob o manto da omissão com que tratavam a mortandade dos pobres e pretos por tuberculose, os motores da construção da nova cidade burguesa, construída sobre os escombros da cidade "colonial", iniciavam sua fome de derrubada de um "velho" muito similar ao pobre e no erguer de um "novo" muito similar à interesses de um já nascente mercado imobiliário.

No discurso dos médicos higienistas estava a base cientifica que muito interessava a construção civil da época e a indústria de transportes, assim como o embasar de um discurso de controle social que usaria um trabalho feito por um alto funcionário da polícia de Paris, M.A.Fregiér, pra justificar a construção de uma ideia de "classes perigosas" perigosamente vinculada, pra não dizer ostensivamente e conscientemente, à noção de "classes pobres", que no Brasil ganham o adendo de "população negra".

Também havia muito interesse dos mesmos especuladores para sustentar uma ação que continha a limpeza social, a sanitária e a "estética" da cidade, em nome de um conceito de civilização que tinha como ideia da cidade perfeita uma cidade sem negros, sem pobres e sem o contágio que para os philosophos  da época (Usando um termo do próprio autor) eram quase inerentes a pobres e pretos e suas moradias.

A própria opção pelo combate à febre amarela, doença que vitimava muito mais imigrantes e brancos do que negros, em detrimento de uma política de combate à tuberculose, que vitimava mais negros que os demais, dadas as condições de alimentação e abrigo das pessoas pobres, em sua maioria negros, tem em si a opção quase óbvia e sinceramente assumida de tentar facilitar à natureza o branqueamento da população.

Há inclusive uma declaração abertamente neste sentido emitida surpreendentemente por Rui Barbosa, autor de monta e vinculado a uma ideia de liberdade e república (que parece para ele não significar a mesma coisa com negros) e que é um poço de afirmação de que para a sociedade brasileira da época, e ouso dizer que ainda hoje, o branqueamento era não só preciso, como necessário e a qualquer custo.

Rui Barbosa dizia sobre a febre amarela:

                          É um mal que só a raça negra logra imunidade, raro desmentida apenas no curso das mais violentas epidemias e em cujo obituário, nos centros onde avultava a imigração européia, a contribuição das colônias estrangeiras subia a 92 por cento sobre o total de mortos. Conservadora do elemento africano, exterminadora do elemento europeu, a praga amarela, negreira e xenófoba, atacava a existência da nação em sua medula, na seiva regeneratriz do bom sangue ariano, com que a corrente imigratória nos vem depurar as veias da mestiçagem primitiva, e nos dava, aos olhos do mundo civilizado, os ares de um matadouro da raça branca. (CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril. Companhia das Letras. Rio de Janeiro,2011. página 95).

Esses dizeres, se não repetidos com esta clareza que a um homem de seu tempo como Rui Barbosa era permitida, são a fundação de um discurso de culpabilidade de parte da população no que diz respeito aos "dramas da civilização", leia-se civilização branca, repetidos até hoje. 

Se antes o uso da febre amarela como um problema aos planos de branqueamento da população era farto e com isso se sustentava uma política que unia o bota abaixo, o derrubar das casas de pobres, o policiamento indicando que pobres e negros eram a classe perigosa, como forma de ação civilizatória, este mesmo discurso retorna com o mesmo tipo de cerco quando as remoções sob alegação de "salvar vidas em área de risco", a pacificação das áreas onde vivem os mais pobres (e pretos), levando com elas a similaridade de uma especulação imobiliária que ocupava as áreas demolidas dos cortiços (preocupantemente ocupadores de valorizadíssimas áreas para os planos dos empreendedores), a internação compulsória das vítimas da epidemia do crack.

E em tudo isso há um leve cheiro de um tradição reinventada e cuja diretriz é uma percepção de uma noção de civilidade sem direitos humanos estendidos a quem não for branco.

É impressionante também como operações de guerra se assemelham. Em 1892 a vítima foi o Cortiço "Cabeça de Porco", e em 2011 foi o Pinheirinho, em 2012 está sendo a Providência, o Terreirão e outros tantos cantos onde os interesses do estado mal ocultam interesses poderosos privados. 

A tradição inventada para a corte no século XIX, não se resume à ela em pleno século XXI, como não se resumia no século XX, e ocupa cadeiras que vão desde os famigerados tucanos até os ex-esquerdistas e hoje neoPTistas do antigo Partido dos Trabalhadores.

À esta tradição é que deve ser feita nossa resistência para que a "modernidade" e o "aprendizado" que o sistema procura nos convencer ser um avanço em direção a um "progresso" demolidor de civilizações e direitos, não nos torne vítimas de um cientificismo tecnocrático que mal oculta seu racismo, seu horror ao povo que diz defender e suas ações de "melhoria da vida" que são tão parecidas com as ações dos elitistas racialistas do Império que parece que não se segue apenas uma tradição, mas na verdade uma compreensão do mundo que hoje se tornou crime ser repetida em voz alta.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Limites atravessados e outras histórias #Pinheirinho

Ao mesmo tempo em que Alckmin ultrapassava o rubicão testando os limites da aceleração do fascismo, queimando pontes, ritos, imaginários, símbolos e percebendo ele mesmo que havia algo errado no reino da Dinamarca após o pega pra capar em cima de pobre no caso Pinheirinho, a esquerda se perguntava sobre a ultrapassagem dos limites da omissão de o pragmatismo do Governo Petista, de sua cúpula e dos limites de sua tática do "finge que não viu".

O ato contra Pinheirinho teve mais eco que o esperando e mais eco do que a fórmula de ocultamento das TVs e jornais conseguia conter.  A coisa "fedeu" como se diz no pitoresco lugarejo abaixo do viaduto de Madureira. Juntou-se novamente a esquerda, indignou-se novamente uma classe média que antes aceitava o fascismo à sua porta pela tranquilidade contra os maus elementos, emputeceu-se o populacho habitante dos "Pinheirinhos", irritou-se políticos cujos acordos foram desfeitos pela truculência, enfureceu-se juízes cujas decisões e disputas de competência forma ignoradas, destruíram-se igrejas e centros de macumba.

Há mais coisas rompidas e tratoradas que casas e o lumpem costumeiramente jogado para baixo do tapete no modus operandi urbanista Brasileño. Há silêncios, ritos, símbolos estuprados, cujos resultados são capazes de mudar o eixo da política recente a médio prazo.

Talvez o eixo moral e sensível nos torne fatalistas, tristes e ofendidos pela realidade. A indignação é alimentada disso, mas antes de mais nada precisamos de indignação e calma. Indignação pra construir a resistência e calma para ver, já que há muito para ver.

O Governo Alckmin rompeu limites tratados como cláusula pétrea da tradição politica Brasileira por seus pares, e isso não tem volta.  Também ultrapassou o limite da truculência desmontando símbolos da fé junto com casas e vidas pobres.  Causou um sentimento de raiva nas periferias e rompeu o diálogo com lideranças populares, mesmo as de direita, que por ventura construíram base político eleitoral para o PSDB em SJC, em São Paulo e quiça em todo o estado. Sem falar na relação com o judiciário cujas primas donas devem pensar no que fariam se um mísero governador ao não obedecer à suas decisões e rituais os trata-se como um.. morador de Pinheirinho.

Entre tantos rumos da cagada, Alckmin talvez já esteja pedindo desculpas sutis, que acho que não vão colar.

Por outro lado os limites do pragmatismo da esquerda e da "esquerda" foram postos mais que à prova,o grua de omissão que o Governo Federal assumiu jogou pro terra todo o esforço colocado em prática redução de danos de uma reintegração de posse na base da porrada e que deram na decisão judicial suspendendo a reintegração por 15 dias. Ao recuar no enfrentamento indignado da negligencia do Palácio dos Bandeirantes, o Governo Dilma não só se mostrou fraco como acirrou o tensionamento com a base partidária ligada a Movimentos sociais e ligadas a ideais socialistas. Em suma, Dilma se queimou com a esquerda e a cúpula do PT queimou pontes e acordos com sua base de esquerda e isso terá repercussões.

Os Movimentos Sociais então se sentem vendidos, já começam a se mobilizar com ações bem claras de demarcação disso. E não duvido rompimento definitivo com o Governo Federal ou um acirramento entre cúpula e base ao ponto de novos rachas. Não é pouca coisa a ação conjunta entre CSP- Conlutas e o MTST no Ministério da justiça, essa ação diz muito.

PSOL e PSTU se destacaram na questão toda tanto pelo pronto atendimento das demandas da população quanto pela persistência e equilíbrio na ação, isso ficou marcado ao ponto de analistas moderados os elogiarem.

Enfim a ação no Pinheirinho foi um divisor de águas, no que vai dar isso é cedo pra se dizer, mas existem  nortes aparecendo, e isso pode ser bom, por incrível que pareça para a esquerda. A questão toda apontou para uma união entre forças díspares  do âmbito da esquerda no que deve ocorrer: Na rua, na chuva, na fazenda.

Houve uma coordenação mínima de ação coletiva de forças da esquerda em vários campos, mas que no que devem convergir convergiram e atuaram com força, mesmo que sem poder impedir a crueldade. É preciso ter em mente que esta é a união que interessa e para além do eleitoral, o campo político mais importante, e não sermos tentados a um retorno da idade do ouro da união da esquerda  esta mitologia levada a cabo pelo politburo stalinista com o fim de reduzir a dissidência.

Por fim após mais uma tragédia que muito nos indigna é preciso estarmos atentos e forte, não temos tempo de temer a morte e temos ainda lenha pra queimar.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

As cheer leaders, o Boi de Piranha e o THC de FHC

Existem épocas estranhas na vida que parecem brincar com o conceito Marxista da História como farsa. As novidades do Governopetismo Lulo Dilmista, categoria que cresce tanto quanto a família do Romário, nos levam a reformar a categoria de cheer leader e de brizolismo, transformando-a em uma paródia esquisitona capitaneada por lideranças antigamente críticas que hoje brincam com nossa inteligencia e com a própria dignidade pra justificar como atos de esquerda atos injustificáveis. Como dizem a talentosa Niara e a primorosa Luka: Dá mais não, Tio! Respeito pra dedéu negozinho apoiar até transa do capeta com a mãe em nome do projeto particular, coletivo ou extraterrestre de poder, dane-se, cada um sabe o fiofó que tem, mas quebra essa e não me chama de mané com argumentos abaixo da linha da cintura, beleza brou?

Tamos aqui no virtualíssmo e  mundano mundinho (deu rima) da Ternete, a rede social com nome de empregada de novela do Manoel Carlos, e chega um líder de torcida do Governopetismo lulo-dilmista mandando na lata, sem vaselina , sem vergonha e com muita sensualidade banhada em óleo de peroba que "Dilma vetou o Kit Antihomofobia pra sacrificar um peão menor em nome da aprovação do PLC 122". Tamos aí pra rir da parada em nome da recém inaugurada carreira de humorismo do nobre ator. Todo mundo citado no texto e mais dez minutos de gente já explicou que não dá pra fazer essa jogadas porque nem trocador cego troca dez real por nota de 50, quanto mais pastor, que tem terceiro olho com microscópio em se tratando de poder e dinheiro, beleza? Deu pra entender sem repetir os nobres coleguinhas que se nego veta o kit-antihomofobia, popularizado pela imprensa porca como "kit gay", pra pagar pelo apoio dado pela pastorada infante e brejeira pra Dona Dilmônica  na eleição, magina com um projeto que enfiará de alguma maneira vários coleguinhas brejeiros no sensual mundo do xilindró por crime de ódio,né? Sou da esquerda cachorro louco de partido pequeno, mas sou limpinho, tio! Perdi, mas não esculacha!

Tamos aí pra ajudar à rapaziada a entender qual é a parada, qual é o pó, da atitude pouco respeitosa com a  própria e a nossa inteligencia vinda de figuras públicas, atorais, blogueiras e só virtuais mesmo. A questão é que negozinho apoia sem nem querer saber e pra animar a pobre militância jogada diariamente pra casa do famosíssimo caralho pela cópula do PT e seu Governo Dilmático, militância esta que paga com o saco e os famosíssimos ouvidos de penico pela traquinagem brejeira da governabilidade libidinosa, dá saltos mortais escarpados na maior nice, sem sombra de medo, vergonha ou respeito próprio. A rapaziada apoia com amor, com raça, com coragem, com uma pá de coisas mal explicadas, mal entendidas, mal sabidas e mal contadas. 

Esse apoio irracional, que não rima lé com cré, despreza e bundaliza a política em nome de qualquer merda de argumento que se tenha à mão, não é um apoio à toa, principalmente dessas figuras públicas,quase púbicas, é uma ação clara, inteligente, de exposição das Cheers leaders que animam a rapaziada que tava ali orfã e que começa a repetir que nem papagaio que este governo é de "esquerda", mesmo mandando a floresta pra casa do pai do caralho, mesmo mandando a militância LGBTT e seus combativos parlamentares tirarem fichas de imbecis e/ou oportunistas vetando ponto a ponto suas bandeiras, assim que suas líderes começam a popularizar o discurso rasteiro. Pra chamar a oposição de esquerda de radical e irrelevante é dez minutos, mas antes eles dizem que é tudo a PIG e pra pegar o Palocci.

Falando no Boi de Piranha mais caro do mundo, tamos aí pra tentar entender mais uma vez outra ação das líderes de torcida:  Qualé essa de tentar desviar as cagadas do governo e  do próprio boizinho dizendo que o moralismo jornalístico do PIG é de ocasião? Isso é mais velho e conhecido que cara de bebê parecer com joelho. As cagadas do Palocci serem ocultadas pelo governo e pela militância sob esta capa de comparação com ladrões tucanos não levam em conta o motivo do escândalo de um cara do governo "De esquerda" do PT ser chamado,de novo,de ladrão. O PSDB é ladrão? Foda-se, o PSDB nunca foi referencia de esquerda, socialismo e  ética e tá mais mal explicada que batom na cueca essa do cara ficar rico em um ano.Triste é ver Rodrigo Viana entrando nessa e ajudando na esculhambação da política como uma imundície coletiva, como a Folha adora fazer e faz muito bem cuidando do interesse de quem cuida.

A questão do Palocci é mais uma e já tratei aqui, o que emputece é o ato duplo de tanto negar que tem coelho no mato do Palocci quanto usá-lo pra justificar os vetos do kit antihomofobia e a aprovação do código florestal como pagamento da salvação do Palocci. Cês tão me chamando de otário de novo, né seus safadinhos? O Palocci se salva na citação nominal de ex-safadinhos que nem ele e na chantagem do próprio governo com os "moralistas" da oposição. Os próprios jornais pegam mais leve com ele do que pegaram com a Erenice, e de boa, até quando a casa civil vai ser ocupada por negozinho que lucra de alguma forma?

Mas a questão aqui é usar o Palocci como boi de piranha pra ocultar que o pagamento da dívida com a bancada da fé e com o ruralismo foi feito porque a dívida foi feita lá atrás, com carta aos evangélicos e o cacete, e nela é claro o indício que nego vai vetar o PLC 122. sem contar que Dilma usou muito bem o o "opção sexual" pra sinalizar a quem é de direito qual vai ser a do governo. Ela sabe bem as diferença entre este termo e o certo, como novamente mandou na gaveta dona Niara. A questão do Palocci nem rela na bagaça, nem rela, Palocci é uma questão de outra linha de manter o governo na mão, seguindo uma linha de operação, é uma outra chantagem, mas não é a que paga o código florestal e o veto do kit.

Então poupem a gente de pagarmos com nossa inteligencia o caso Palocci como pai dos vetos, porque não cola. E tem mais, nos poupem da hierarquização de Palocci com relação ao código, se Palocci é mais importante que o código florestal e Palocci é lula cês venderam o Lula errado pra população e venderam um estelionato eleitoral, parafraseando o Jean Willys (que foi chamado de oportunista pela claque Governopetista), vestindo um operador lobista de papai noel de Garanhuns.

E enquanto a banda toca no Gran Circo Estrela Vermelha, FHC aparece no Fantástico e lança a defesa da descriminalização da maconha, repito, da descriminalização da maconha. Tratado como idiota por metade mais um da inteligentsia governo petista líder de torcida, FHC ontme foi responsável não só por uma pesquisa televisiva da Globo, repito, da Globo onde a descriminalização ganhou por 57% dos votos, mas pelo bafafá contemporâneo de nego comprar cebola como se fosse batata, e on line.
Primeiro porque a rapeize fechou com o FHC direto, sem parar pra pensar no que defende , a legalização das drogas, e no que ouviu, a descriminalização da maconha. Segundo porque uma parte da reapeize descolada partiu pro apoio porque o cara foi "maneiro", sem notar que o que ele defende ainda é o conservador término de crime pro usuário, mas manutenção do proibicionismo pra passar o rodo na rapaziada e manter o comércio como crime, ou seja, libera o fumante da maconha, e só da maconha, de ser criminoso, mas mantém proibido o comércio que continuará nas regiões mais pobres e sendo reprimido duramente pela polícia. Sacaram? Que se safa é a rapeize que fuma um pela aí, a maioria, aposto, nos apês mais burgueses. O cara que volta pra casa e vê a favela tomada, tiro comendo, continua nessa, a não ser que more na área de UPP, minoria.O terceiro e mais importante foi a incapacidade de negozinho perceber o que tá rolando há anos: Nas margens dos recuos do PT a direita tá entrando de sola em bandeiras antes defendidas pela esquerda e as tornando outras bandeiras, dentro dos marcos liberais e mais recuadas do que as nossas, ocupando espaços da esquerda e pavimentando uma vitória do conservadorismo à véra mais na frente. E aí depois dessa tu vê a maioria da claque, da Torcida Organizada Vermelhões da Fiel manda que "Cada um lança o perfume que tem à mão, mesmo os mais fracos, logo o PT lançará o seu e ninguém sentirá o do Tucano". 

Fico aqui pensando se nego é burro, é lerdo, tá de sacanagem, tirou os óculos pra ir ali ou só embarcou no triunfalismo neo-brizoleiro e paga com o couro mais tarde.

Enquanto a claque que tinha, ou tem, nego de esquerda e com numero relevante e que poderia ocupar o espaço deixado vago pela notória guinada conservadora e definitiva do PT pra um centro cada vez mais direita, faz a festa do malabarismo verbal, da utopia palocista, do bullying com a oposição de esquerda e da negação peremptória de cagadas, a direita tá aí usando gente nada burra como aríete pra abrir a porta de gente de classe média, que votava na esquerda, mas que compra qualquer descriminalização de maconha, abraço na lagoa e fim do desmate da floresta da Tijuca como consolo pro fim da moralidade. 

Parte da esquerda não vê ou não quer ver isso, talvez porque se console com elogios do Bolsonaro.


PS: Neste dia fofo às 20:00 mais ou menos surge a notícia do fim do
PNBL.. tá ficando bão.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Se você quer sorrir é com Patati ou Pensar dói?

O mundo político é por vezes um mundo estranho onde fórmulas consagradas são expostas sem nenhuma vergonha e na frente de todo mundo. E não só na luta entre esquerda e direita, mas também na fofa luta interna da esquerda, e desconfio que mais neste campo.

Nesta eterna batalha pela sobreposição de idéias, ou conquista de consciências, se lê cada besteira que eu vou te contar. As platitudes do FEBEAPÁ da luta política já chamaram a dialética do materialismo histórico de platonismo de esquerda, criaram a categoria do Lulopetismo e não conseguem enxergar conservadorismo na esquerda e libertarianismo na direita.

No mundo binário do dia a dia o mais importante é rosnar grosso, não refletir. Do alto da minha chatice intelectual, talvez arrogantemente inflada,  não consigo entender o uso de categorias como capitalismo burocrático de estado para descrever o Governo Lula e repetição ad eternum de argumentos para ignorar a existência de paradoxos e contradições no interior de cada escola ideológica ou campo político.

Criam-se mundos fantásticos onde qualquer argumento vale, mesmo que não sirva pra limpar o fiofó em momento de ausência de papel higiênico.

Respeito com louvor as oposições de esquerda e direita que pensam, mas não posso entender concordancia pela esquerda com FHC e nem argumentos que trazem uma categoria de explicação da URSS para caracterização do governo Lula, da mesma forma não posso ignorar uma esquerda homofóbica e liberais libertários, mesmo me opondo a eles no que tange à defesa de modos de produção, sistemas, antípodas.

Outro elemento é que a crítica, se não for fofinha, é ofensa. Então a gente pode perder nosso maravilhoso tempo escrevendo diversas explicações, lendo pras pessoas coisas que ampliem o julgamento do mundo, esse serzinho nada simples, mas quando bate de frente coma pedra que nego confunde com convicção, mas é apenas dogma, danou-se.  Então se repetirmos o que escrevemos mil vezes, segundo a lei de Mula, isso vira verdade. Na esquerda essa repetição como forma de convencimento, que sempre me pareceu um contágio de métodos de escolas católicas para a esquerda, é a tônica, e negozinho cria mundos fantásticos de purezas de sua própria ideologia e demonios incansáveis e intangíveis pro lado adversário. Nem sempre isso ocorre apenas no embate esquerda x direita, mas muito no interior da esquerda. É por isso que nego é incapaz de entender alianças pontuais com liberais na defesa de bandeiras radicais em comum, como leis anti-homofobia, legalização do aborto, cotas,etc. Da mesma forma é dai que vem a incapacidade do entendimento de tensionamentos à esquerda de governos que assim se assumem.

Então a mesma ladainha que cria liberais automaticamente conservadores e se escandalizam com a menção a marxistas homofóbicos, cria os "Quinta-coluna da burguesia", termo inicialmente cunhado por Stalinistas contra Trotkistas na época da Guerra Fria, para todo os que de alguma forma criticam o Governo de Esquerda, ou dito de esquerda, de plantão. Nessa toada se abraçam também os conservadorismos da sociedade que fazem um coquetel perigoso com marxismos de galinheiro. Então vemos Marxistas homofóbicos e machistas, aliados a gente que não aceita essa existência dada a pureza do marxismo como curativo panacéico de tudo. Pra grande parte da esquerda o marxista é um salvo, e nesta emulação do evangelismo fundamentalista se torna um herói que as massas desconhecem até o advento da iluminação de suas consciências pelo Das Capital mal lido de plantão.

E aí de tu se citar Aliança pontual com liberais! Como negozinho só entende ação política em eleição, seja de sindicato, síndico, CAs ou majoritária de presidente, prefeito ou prefeito, a palavra aliança é automaticamente entendida como aliança partidária. Da mesma forma ação política só é entendida como partidária, se não tiver partido tá maluca. Deviam avisar isso pros anarquistas. Pra rapaziada entender que aliança pontual pode ser em passeata, em parlamento, e apenas na defesa de bandeiras comuns e que permanecem radicais, e até revolucionárias, como leis anti-homofobia e legalização do aborto, tem de desenhar em power point e chamar o Patati Patatá pra explicar de forma lenta.

 E falar de tolerância religiosa? Aí, nego preto, a coisa desanda na maionese, e o cara canhoto chama pro pau e o cacete!  Por que? porque no real da esquerda o barato é ser ateu e se for religioso é marxista meia boc,a se for marxista meia boca é capaz de ser fundamentalista e sendo fundamentalista vais bater em homossexual, sacou? Não? Existe procê Religioso marxista como Frei Betto e Leonardo Boff? Existe procê intolerância atéia e tolerância católica,umbandista, judaica ou muçulmana? Cara, fala baixo, nego não vai entender e vai te chamar de defensor de Malafaias. Aí o ateu de esquerda vira uma espécie da Malafaia com sinal trocado, porque não pode ser evangélico e progressista ou católico e progressista, sacou? A Teologia da Libertação e o Movimento Evangélico Progressista são ilusões idióticas suas. Vai na mesma linha da inexistência de marxista conservador e de liberal libertário, se tentar convencer leve o Patati Patatá.

 Mas o que esperar de uma esquerda que fala da classe e conscientização ignorando até Marx na defesa de que a consciência de classe vem do processo de lutas e de percepção de objetivos comuns? Ela entenderia a sutileza Thompsoniana da classe não como categoria estanque, mas como fenómeno histórico, ou seja, elemento dinâmico que precisa de contextualização constante? Nem fodendo, camarada.

 Parte disso tudo, tanto na direita quanto na esquerda, é uma deficiência de formação mínima que dói. A incapacidade de olhar o mundo de forma ampla, que delineie problemas que a teoria ou não alcança ou a abordagem omite, é fruto de uma incapacidade de entender variações do real que vão para além do conhecimento teórico-científico. Além disso impressiona a necessidade de regras rígidas e imutáveis de construção de realidade política e a ausência de simancol no uso de categorias criadas para descrever cachorro como ferramenta de descrição de papagaios.

Por isso os Tucanos definem os governos petistas como "Capitalismo Burocrático de Estado Lulopetista".  Aí eles misturam O Capitalismo Burocrático de Estado que alguns téoricos marxistas definiam a URSS com Lulopetismo, uma espécie de chavismo com uma menção à "República Sindicalista" da UDN em 1964. Não é porque sou oposição de esquerda ao governo que vou ter de engolir esse samba do crioulo doido teórico, mal feito, mal escrito, mal lido e com um leve teor Reinaldo Azevedo.

O primeiro erro é definir como uma máquina estatal proprietária de bens de produção um governo de fomento de linha muito mais próxima do Keynesianismo clássico do que do Socialismo Stalinista, ou Socialismo Realmente existente. Confundir o Estatismo Socialista com o fomento via BNDES, com quase nenhuma aquisição pelo estado de empresas e bens de produção, é dose. É até ofensivo intelectualmente. Sem contar que a conduçao da economia fez concessões a um intervencionismo levemente Keynesiano, mas mantendo o esqueleto criado pelo neo-liberalismo tucano, algo que até fator foi de eleição de Lula em 2002 via "Carta ao Povo Brasileiro".Outro erro é o tal do Lulopetismo, um treco mal definido como se fosse uma espécie de neo-populismo, uma categoria que consegue definir no mesmo barco coisas díspares como Chavez, Getúlio, Lula e Perón. O tal do Lulopetismo repete patacoadas como "República Sindicalista", "Aparelhamento do Estado", "Política Assistencialista" e mistura cu com bunda sem maior sintonia fina da realidade com o escrito. A idéia da república sindicalista, da ocupação de postos chaves por sindicalistas ou é burra ou desonesta, porque é óbvio que um partido que nasce de sindicatos e movimentos sociais, em que seus quadros são em geral vindos do mundo do trabalho e da base social, ocuparia cargos importantes com pessoas de sua base, ou não? Além disso, essa classificação é desonesta, porque me obriga a perguntar porque vossas senhorias fofas geniais não se chamaram de "República Bancária", "República da oligarquia" ou "República dos Bacharéis" quando controlavam a máquina pública com um arco de alianças pouco diferente do governo atual e ocupação de cargos chave por gente da cúpula do mercado financeiro, do mercado imobiliário, do mercado de comunicação,etc? Então quando o PT assume o governo e nomeia os seus é "Aparelhamento do estado" e "República sindicalista", quando o PSDEMB/PPS assume é "Ministério de Notáveis"? Tá bão!

A tal "política assistencialista" é fofa, dado que ignora as contrapartidas da manutenção de crianças na escola, do aquecimento da economia, do microcrédito e abertura de empresas familiares,etc. Só com a história dos Mototaxi dava pra chamar a classificação dos Bolsa de "Política assistencialista" de sacanagem, limitação teórica, ou desconhecimento da realidade, ou tudo junto. E pior é que tem gente boa da esquerda que cai nessa.

 Então o papo na política ou é lidar com desonestidade intelectual, categorias de quinta de uma direita que já foi melhor ou com dogmas burros e "fantásticos mundos de bob"  de uma esquerda que fora da dualidade não enxerga patavinas diante do nariz.   No combate com a direita talvez a fragilidade seja boa, mas do lado da esquerda este binarismo cego e burro não ajuda a ninguém, dado que ele é também partidário do congelamento de uma classe operária no século XIX, e de uma conscientização mais parecida com catequese e jamais com convencimento.

Enquanto isso o mundo dos Bolsonaros recebem apoio diário, e ao contrário da direita  Tucana e dos liberais, aceitos no mundo fascistas com uma certa tolerância, o "Fantástico Mundo de Bob" da Esquerda precisa ir mais longe e convencer um povo inteiro de que suas bandeiras não são uma mistura mecanica de dogmas com marxismo vulgar e sim propostas políticas transformadoras. Mas pra isso tem de pensar, e parece que isso dói.