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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A sabedoria do pragmatismo oba-oba

 Todo governo precisa ser pragmático, partidos idem, mas pragmatismo não necessariamente rima com a abertura de concessões tão amplas que transforme opções políticas em prazer, em gostar e as oposições a estas opções políticas em asnos.

 A eleição, mais uma vez, de Sarney para a presidência da câmara aponta diversos elementos que precisam ser olhados, e ,pra quem é de esquerda, lamentados.  A questão da corrupção é a meu ver terciária na bagaça, não por desimportante, mas por ser menor do que diversos problemas que o oba-oba da fanfarra do "melhor governo da história deste país" não faz questão nenhuma de prestar atenção. Pra fanfarra que todo avanço oculta os recuos, ao menos na ótica deles, pra quem tem a casa removida de lugar, sofre o resultado de uma política ambiental e de alianças que mistura Actívia com JohnnyWalker  pra população pobre, pra quem é atingido pelo mega-negócio dos mega-eventos esportivos, pra esse povo todo o "Melhor Governo da História deste país" tem limites e estes limites rimam com eleições de Sarney, mudanças em códigos florestais, licenças pra Belo Monte, e por aí vai.

 Todos os avanços do governo Lula continham o germe da política de aliança, dos limites do governo de coalizão e tinham como contra partida políticas danosas pro meio-ambiente, submissas ao mercado imobiliário e à medidas políticas que favoreciam negócios escusos relacionados à Copa e Olimpíada, sem falar em política de juros,etc. A alegação dos apoiadores era da necessidade de concessões para a construção dos avanços, argumento louvável se ignorarmos que a cada avanço  víamos recuos em vários momentos em assuntos cuja defesa era parte de bandeiras democráticas como a defesa da legalização do aborto, democratização das comunicações, abertura de arquivos da ditadura  e luta anti-homofobia. Sem contar com parte da base do governo apoiando mudanças no código Florestal, licenças do  Ibama a monstros criminosos como Belo Monte e CSA, coisas que levavam ao Governo a ter excepcional resultado na redução da miséria, ampliação do ensino superior, entre outros avanços, mas um número igual de recuos e ações que ampliavam a transformação do país pelo mais nefasto aspecto do desenvolvimentismo.

 Com a destruição ambiental ampliando os efeitos de problemas naturais, talvez se pensasse mais na ampliação de uma crítica positiva por parte dos apoiadores do governo às suas ações, mas qual o que? a aceitação do modelo de entregar, anéis, dedos, seriedade, em nome de metade do possível e transformação de todo o que discordar e resistir ao pensamento único ufanista de "revolucionário de sofá" ou imbecilidades históricas como "Onde estavam os fora Sarney quando ele anteriormente foi presidente do  Senado em 95-97?" que desconsidera que o PT fazia oposição até mais virulenta a FHC e a Sarney na época, centrando no entanto fogo no presidente da república, no entanto.

 Talvez o pragmatismo do oba-oba ache bacana dar bolsa-família pro cara e tirar a casa dele e mandá-lo por mais afastado bairro da cidade, mesmo ele morando em um bairro de subúrbio sem riscos pra ele, mas infelizmente no caminho do "progresso" da Copa. Talvez seja hype "zoar" a oposição enquanto o Jobim espiona pro governo estadunidense e é recompensado com a manutenção do cargo, ou a Ana de Hollanda assinala com mudanças no Minc que destroem o trabalho anterior no compartilhamento de produção cultural. Talvez mais ainda seja bacana e divertido achar interessante que o congresso eleja Sarney com semi unanimidade e que o comentário do isolamento do PSOL seja visto como positivo pra um govenro cada vez mais cercado de bolsonaros, cujo congresso tem cada vez menos defensores de direitos humanos, de trabalhadores, sindicatos, estudantes, ambientalistas e mais e mais membros do Agro-business, Empresários, conservadores e membros de lobbys anti-aborto e anti-homofobia (Que me desculpem os homossexuais que fazem parte deste oba-oba, mas burrice devia ser crime!).

 Agora, pra quem está numa luta pela ampliação de um pensamento de esquerda, socialista, libertário e que mude as coisas, legalizando o aborto, as drogas, amplie a luta anti homofobia e pelo fim da opressão de gênero, o quadro é assustador. E não só pelo crescimento de um convervadorismo político na sociedade, como em seus representantes, mas por parte dos quadros ditos "amigos" ter se convertido em uma claque acrítica que até ver Sarney ser apoiado pelo PT no Maranhão é do jogo, em nome de um jogo que acreditam estar vencendo, enquanto ignoram que parecem mais se juntando ao time com quem jogavam contra antes.

 Este oba-oba hype e fofo, adolescente até, acerta quando reclama do moralismo udenista de parte da esquerda, que centra esforços na luta anti corrupção ignorando uma porrada de coisas mais graves e muito mais importantes, como as remoções dos mega-eventos, como as da vila-taboinha e campinho no Rio, da Comunidade do Trilho no Ceará (Valeu João Alfredo!), mas caga no pau quando assume que toda oposição é lixo porque o Sarney é "necessário".  

 Sarney não deixou de ser nefasto pro apoiar o Governo Lulilma, pode até ser útil, mas confesso que minha inocencia não acha que ele seja mais útil ao govenro do que o governo a ele.  Aceitar a idéia do Sarney como necessário já exige demais do ser humano, mas é até aceitável pra quem optou por este tipo de prática. Gostar? Gostar é algo que me parece exagero, mas cada vez mais comum, porque o resultado imediato é o que importa. 
 Além disso, é necessário algum tipo de marcação de posição, ou vocês acham mesmo que essa correlação de forças cada vez mais conservadora será eternamente dócil aos "avanços"? claro que não. 

 A candidatura do PSOL ao Senado  e à Câmara é necessária, seu erro é ser a única bandeira pública e enfática do partido, além de ser centrada na luta anti corrupção. Mas a candidatura é a única forma de demonstração da existencia de algum tipo de caminho que não seja a aceitação eterna de mais e mais pedaços de avanço enquanto a onda do recuos e forma no horizonte. Porque em política nada é eterno, ao menos pra quem olha pra além da janela do oba-oba.