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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Manifesto Macunanímico

Um dos problemas paradigmáticos da ciência, de todas elas, mas em especial das humanas, é o viés eurocêntrico. A ideia de um processo racional linear de pensamento, de construção cultural, de entendimento do outro, do estado, do poder, da noção de coletivo e de transformação política, construída na base iluminista e mantida, levada a cabo como regra, cláusula pétrea de pensamento e vivência, de luta política e de transformação político-sócio-pessoal marca uma negação de qualquer modus operandi e de pensamento que não siga regras circunscritas em propostas de viés europeu, de Marx a Adam Smith, Hayek,etc..

Não há problema no ler, saber, viver e pensar entendendo a contribuição de quem quer que seja, mas torná-la manual prático de práxis, a ponto de ignorar variações culturais, de construção do arcabouço de realidade à mão de povos diferentes, construídos de barros diferentes por mestres Vitalinos plenos de uma vitalidade similar à de Michelangelos, mas independentes de uma Grécia Clássica e mais próximos de uma percepção de povo feito das mãos de um Deus colorido que de tez moura samba qual Malasartes.


Esperamos revoluções e entendimentos que incluam uma Pachamama tão parecida com Gaia que nos dá o vislumbre do cabelo Louro Greco-Romano-Anglo-Germânico-Saxão, de uma ideia de Deusa menos índia e mais presente nos salões cultos da gélida Europa. Pedimos democracia direta, mas sambamos de horror quando assembleias indígenas tornam-se um só voto, um só, unido, incontestável, criado numa coletividade que não leu Locke.

Criamos um paradigma de laicismo que torna a fé um anátema ao invés de combater fundamentalismos, entendemos o mundo religioso como externo a  ele mesmo, como uma copia fiel de uma fé construída na base do papismo dourado de uma idade média tida como das trevas e fingimos não ver Revoluções pintadas nas cores das Folias de Reis tão medievais quanto o dourado dos Bentos, mas com a pele herege tatuada de muito mais do que leituras de Lênin costumam perceber.

Precisamos de mais radicalidade real, criada do olhar da raiz, do beijo na raiz, de uma macaxeira frita em banha de porco e de uma raiz múltipla, contida de peles e mãos negras, mulatas, indígenas, Nagô, aimará, Tupinambá, Guarani, Banto, Gêge, Ketu.

Precisamos que Marx coma Tacacá, que Macunaima dance um Fox Trote na cara do Luiz XV. Precisamos misturar Chiclete com Banana e por bebop no samba.

Tá na hora da reeducação de alguém, de ver Pachamama devoradora de homens e irmã das Onças e não uma mistura de Gaia com India Potira. Precisamos ver o Admirável Gado Novo, o povo marcado ê, o povo feliz, do lado dele, olhando no olho dele, cheirando ele e não na distância próxima do arcabouço intelectual que cisma em ignorar Levi-Strauss que achava banguela a Guanabara

É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte de uma civilização sem civilidade, sem o civil mundo distante dos salões, feito de Funk, Hip Hop, Tecno-Brega, feito de transformações que zoam a estética de nariz em pé afrancesada.

É preciso ver a moeda número um do Tio Patinhas sendo tomada pelas mãos da criança feia e morta que nos estende a mão.

Precisamos de uma ciência e de uma política que vá além do manual prático do intelectual de esquerda Brasileira. Aquele sujeito com a barba por fazer de três dias, limpo, cheiroso, versado em Francês, que dança um tambor de crioula limpo, cheiroso, versado em francês, que ouve o sertanejo do Piaui, sem ouvir o Funk do Piaui, que fala de uma religião de almanaque, que fala de uma revolução de almanaque.

Precisamos devorar o Bispo Sardinha em nós mesmos, precisamos ser peça de churrasco na mandíbula do anárquico. 

Precisamos do popular e perigoso terreno da galhofa.

Precisamos do popular para além do sorriso burocrata do sindicato que deleita-se ao ver o bolsa-familia assinar a Veja.

Que vivamos o mundo Macunamicamente, que sejamos churrasco na lage, que sorriamos o caos, que lambamos o riso cruel dos ônibus da Avenida Brasil, o ódio surdo do sol na cara em três horas de percurso, a raiva descarregada no puta que pariu que xinga o Juiz.

Precisamos de um novo nós, com o umbigo dos descobertos, sem camisa, de havaianas, em cada esquina.

Precisamos andar assim de viés, tomar a praça como um salão, precisamos ser ralé.


segunda-feira, 5 de março de 2012

De Tudo ao meu Amor Serei Atento


"De Tudo ao meu Amor Serei Atento" , um verso de Vinícius de Moraes.



Estranho neste espaço o amor vir e vir duas vezes. Talvez conquistando da aridez da História e da política o espaço exigente dos que não se prendem nas amarras dos versos e poesias.



Mas é o súbito do amor que garante seu espaço nessas entrelinhas transversais que antes de mais nada é fundador. Pois é o amor às gentes e às diversidades que construiu cada tijolo do espaço, como quem constrói um fortim de humanidades. Nada mais justo que um dia personificado se mostrasse como quem reconquista o espaço do individuo.



"De Tudo ao meu Amor Serei Atento" ,diz o verso. E à atenção dá um tom de ação, uma urgência de uso, utilidade, arma.



Como ser atento ao tudo, ao todo, se secessionamos? Como dividir em evangélicos, negros, pobres, ricos, velhos, novos, burros, gênios, limpos, sujos? como levar a cabo o ideal democrático, uma das faces do amor, se flexionamos a democracia em uma formação de castas submersa à máscara teórica disponível?



Como sermos o todo se não somos o dois? se não somos o outro?



Essa abordagem já foi feita teoricamente aqui de diversas formas, citando a disparidade do discurso com a prática que inclua a disputa política pelo convencimento do outro e não por sua classificação como lúmpen ou sub-humano desintelectualizado e "inconsciente' ou "alienado". Porém o que é isso sob o ponto de vista do subjetivo?



Como meio amar? como ser meio? Como ser meio humanista,. meio elitista, meio socialista?



Como amar um alguém e dizer que ama uma humanidade e ao mesmo tempo não amar o outro e buscar entender o outro para além de nossas próprias e comuns deficiências de percepção do outro como tal? Como se colocar ao lado da classe trabalhadora, mas condená-la se não ouvem Schubert ou Chico Buarque e ouvem Teló? como condená-las ao limbo dos idiotas se rezam, creem, doam seu dinheiro, fruto de seu trabalho, por sua fé? Como chamar seu deus de resultado de esquizofrenia e postar-se, a meu ver cinicamente, como seu aliado, amigo, amante?



Como ser um homem para uma mulher e recusar-se a não rotulá-la como biscate, puta, séria, trabalhadora, viva, morta, autêntica, burra? Como saber o que é o outro sem sê-lo?



Eu nasci em Deus, eu nasci de Deus. A fé é para mim  a estrutura básica do que sou. A história é vista com olhos de Exu. O amor é fruto dos braços de Oxum.  Jesus me levou pelas mãos muitas vezes, Marte idem. Ogum me dá a segurança de amar ao todo e largar-me no risco da insolvência pelo excesso de convicção que só os de Logunedé tem a sorte de manter.



Eu nasci amor, fruto de amorosa rede de gentes que carrego em cada letra. Gentes que suportam o fogo de meu pouco trato social e entendem mais do que mesmo eu consigo ver.



Me é incompreensível o humano sem a imensidão do coração tornado arma. Mesmo quando a fúria autoritária se apossa dos meus passos é o entendimento corpo e alma do humano como medida de todas as coisas, inclusive das divinas, que me conduz na busca do entendimento da diversidade, democracia e liberdade como valores máximos.



E se me é incompreensível o fundamentalismo com fé, idem o fundamentalismo sem ela. Me é incompreensível o elitismo que se coloca tutor do povo em relação à cultura, que trata o funk como sub música e samba seu avô pelas praças, assim como me é incompreensível amar uma mulher sem amar seus mundos, fundos, letras, pés, mãos, corpos, almas, cheiros e voos.



"De Tudo ao meu Amor Serei Atento" , um verso. Poderia ser um lema.

Uma lema pois que retornasse a percepção ideológica do amor como ente, parte fundamental de toda ideologia humanista, que retirasse o viés que exclui a reflexão sobre o outro do combate diário pela conquista do estado. A doação diária e sensível que faz a esquerda permanecer no combate contra a opressão capitalista, que luta contra o ethos de priorizar a propriedade por sobre a humanidade, o direito ao ter sobre o direito ao ser, este movimento é um movimento de amor, uma declaração de amor ao humano. E ouso dizer que mesmo os liberais em sua fundação humanista não são outra coisa em sua busca pela liberdade contra o estado senão apaixonados pelo humano como medida de todas as coisas. Anarquistas nem se fala, são verdadeiras Biscates ideológicas (sob o prisma do Biscate Social Clube) amam numa nice, sem crises.




Esta declaração de amor ao humano não se pode permitir racista, machista ou homofóbica. Não se pode permitir transigir com o excludente. Por isso o racismo e a misoginia me atingem, mesmo eu sendo o macho adulto branco (Sempre no comando, Caetano?) .



Sem que percebamos a dimensão do Amor, ou a subjetividade do sentimento de ação libertária como Amor, nas lutas diárias elas se transformam neste eterno arranca rabo de ocupação de espaços limitados e/ou a conquista de postos.



Não é a ideia que constrói a solidariedade intrínseca na construção de laços, é o respeito e o sincero abraço, é o riso, é o copo, é o saber-se igual, mesmo que diferente.



"De Tudo ao meu Amor Serei Atento" , um verso. Poderia ser uma práxis.




terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sweet Dreams (Are Made Of This)

Os dias de hoje apresentam desafios a quem lida com política no cotidiano que superam as tradicionais , grandes ou pequenas, dissonâncias entre projetos político práticos e vertentes ideológicas. 

O avanço do fascismo aliado a uma nada suspeita burocratização que imobiliza os ditos movimentos e atores de esquerda são elementos super avisados no decorrer dos lindos anos 2000 pelas forças da "esquerda radical" e até por partes da esquerda nem tão radical assim representada pelo saudoso Leonel Brizola, avô do Excelente parlamentar Brizola Neto. 

Apesar de todos estes avisos foi preciso que em um Fórum Social Mundial Temático realizado em Porto alegre, na República do Rio Grande do Sul, o companheiro sociólogo socialista Boaventura de Sousa Santos tascasse um volumoso esporro pra o aviso ser notado pela esquerda que fingia não ver até onde ia seu "pragmatismo" e sua "responsabilidade'. 

Boaventura aproveitou o ensejo de #Pinheirinho para discorrer sobre o avanço do Fascismo social e as consequências disso diante da burocratização e do imobilismo da esquerda em sua maioria, e foi mais além, mencionou enfaticamente a falta de "traquejo" intelectual da esquerda, que fica presa mais do que nunca em uma linha de comando clara, com "procedimentos" claros, respostas rápidas e unitárias, saudosismo da unidade perdida,etc e tal. O companheiro encheu a boca pra dizer "A esquerda esqueceu-se de pensar".

E ai eu achei bacana que a esquerda radical, a partir disso, foi incluída como sócia-atleta da critica  pela esquerda governista.. Agora vai, tamo junto! E eu até concordo que a crítica seja compartilhada porque a  falha é global, mas sugiro que observem com mais calma porque já faz tempo que a esquerda radical avisa aos coleguinhas balouçantes das partes íntimas dos governos sobre os riscos dessa tática de  morde-assopra pro avanço do fascismo, ainda mais pós-carolização em 2010. 

Só que convém também trazer novos sócios pro papo, porque a fascistização social não parte só do tucanato delirante, parte dos aliados cheirosinhos do governo formoso e locomotivicio da Dona tia Dilmônica também curte a tese da borrachada como método de debate político, vide os Governos Deda e Wagner com estudantes  e as remoções no Paesquistão.

Mas não nos percamos acá na troca de dedurismo entre nossa amada e nueva solidariedade no preço a ser pago a partir da omissão bundona diante do coturno andar ensaiando uma volta. Bora fazer uma DR com relação à "A esquerda esqueceu-se de pensar". Até porque não foi só a Milícia progressista Governista que se esqueceu de pensar, há um modus non pensandi na esquerda como um todo que se arrepia com relação ao pragmatismo petemedebista, mas que também de uma aversão ao povo como ele é que chega a ofender meu lado antropólogo moderninho.

Quer  uma prova? o povo religioso pro marxismo ateu proselitista é maluco, esquizofrênico e "iludido" pelos pastores e padres maus. Ou sejam, se o cara não passou na universidade ele late em várias formas e linguagem au au, de pincher raivoso a Rotweiller biba. 

Toda a dimensão de construção de laços, de simbolismo, de honra, de tradição, de estruturação da realidade do cara se resume a um agá, o que a antropologia escreveu a respeito nos mais de cem anos dela é um imenso lixo porque não citou Marx mais de cem vezes.


Outra prova? Música popular é um lixo inventado pela CIA pra destruir a "verdadeira cultura popular" estuprada pela indústria cultural.  Ou seja, "Ai se eu te pego" é lixo, mas "Carolina com K" é genial e só o primeiro é produto da indústria cultural, embora qualquer historiador que lata também Pastor Alemão fluente saiba que Tonico e Tinoco, Gonzagão, era tudo os Teló do primeiros anos do século XX. 

Sem contar que "popular" ai esquece o que o povo ouve, porque, não entende o que tem no ouvir, porque se ouve, e  de novo os transforma em um bando de cãezinhos adestrados para a estupidez. 

O  mais engraçado ai é que por vezes o mesmo cara que bate no peito pelo PRO-UNI, ignora que os alunos do PRO-UNI, inclusive os mais safos e produtivos, fodões na teoria, curtem o bonde do tigrão e o "ai se eu te pego".

Além disso tudo toda a lógica de "Conscientização da classe trabalhadora"  parte do principio de estamentos hierarquicamente definidos, onde , o que não canso de repetir aqui, o povo é uma anta desnuda e nós os "iluminados". 

Não discutimos, não pensamos, não saímos de categorias definidas como pétreas há mais de cem anos, somos mecanicistas no marxismo, ignoramos outras contribuições científicas, somos arrogantemente encastelados em uma grande ordem semi religiosa de repetição ad infinitum de fórmulas pseudo-científicas que não resistem em sua maioria às bancas mais frágeis da academia. 

Somos alienados, alienados eruditos, mas alienados. Somos alienados do real, somos cegos ao mundo, pretendemos sermos líderes de pessoas que estranhamos ao vermos dançando, que tratamos por sem cultura, sem luz, sem alma. E é aí que perdemos pro fascismo social, porque ele não esquece que as pessoas pensam, ele inclusive adora  usar as emoções pra embotar este pensamento e tirar o pior de cada um.

É claro que para que revertamos esta situação temos de escolher entre fingir que não vemos e continuar na ladainha de disputa territorial em nome do aparatismo ou correr atrás de forma humilde e clara, pesquisando, lendo, refazendo nossas formas de ação,etc.

Isso nem atrapalha o âmbito eleitoral em si se for feito de forma decente e clara, é preciso a reflexão para que construamos um projeto de esquerda que queira saber o país para além da construção do Bolsa-Família. é preciso refletir pra resgatar a utopia disputando consciências de gente que conhecemos e não de  um gado amorfo criado por uma erudição elitista.

Doces sonhos são feitos disso.

domingo, 22 de janeiro de 2012

É chegada a hora da reeducação de alguém #Pinheirinho

O que acontece no Pinheirinho em São José dos Campos é a ultrapassagem final do limes do fascismo que São Paulo ensaia fazer já há algum tempo nestes vinte anos de PSDB no poder local.  Além disso, a omissão do Governo Federal concorre para este imenso ato de violência, desrespeito à federação e desumanidade em um ataque direto aos direitos humanos em prol da locomotiva do capital especulativo e da prevaricação tucana. Ao agir com excesso de zelo, o Governo Federal foi cúmplice indireto neste imenso crime tucano.  Se falasse grosso como fala com os movimentos sociais em Belo Monte talvez o massacre tivesse sido evitado.

Mesmo assim é impossível ignorar o tamanho do crime cometido em São José dos Campos. E isso reflete não só sobre o modus operandi Opus Deis proto-fascista do PSDB, mas também o imenso passo dado na direção do desafio ao poder judiciário, do desafio ao poder central, à união e aos direitos civis e humanos da população pobre. Ao ignorar medida judicial do TRF, e se utilizar de um impasse de competências,  o Governo de São Paulo faz chacota dos trâmites democráticos e age como chefete local.

Nomear o Governo como Juca ou Geraldo é personalizar um modus operandi gestado sob as barbas do príncipe dos sociólogos e tomado como eixo político pelo todo do partido, seja em Goiás, seja no Paraná. O Castelo erguido em São Paulo faz deste estado o condutor do pior do país, desde o auge da homofobia, até o auge do ódio aos pobres, da ausência de políticas públicas que não sejam as de gerar lucros aos capitalistas mais vis e da violência opressora contra pobres, negros, estudantes e todo e qualquer ser humano (humano?) visto como marginal.

São Paulo foi longe demais, São Paulo ultrapassou os limites da decência, legalidade e democracia. E queima as caravelas.

Sob a batuta do PSDB o Estado de São Paulo ameaça a democracia em todo o país, é chegada a hora da reeducação de alguém, do pai, do filho, do espírito santo, amém.

PS: Lamentável o uso por quadros da campanha Marinista  do massacre em São José dos Campos como eixo de propaganda político-eleitoral do mais baixo nível. É preciso sim apurar responsabilidades dos governos petistas pela escalada fascista e pelo excesso de zelo e até omissão relativa no que tange á ocupação, mas é igualmente irresponsável ignorar as prioridades na crítica, e mais ainda, que o próprio governo federal buscava acordo pra evitar o caso. Não é preciso para fazer oposição usar de oportunismo para levar a cabo o combate, aprioridade era a defesa dos oprimidos e não o uso de seus infortúnios como combustível para ganhos eleitorais.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Novembro Negro, evento de divulgação e debate de ideias anarquistas de 3 a 25 de Novembro - Faculdade de Educação da USP


A fim de dar sequência a esse esforço acontecerá o Novembro Negro, evento de
divulgação e debate de ideias anarquistas, dando ênfase à educação
libertária. O evento acontece de 3 a 25 de Novembro e contará com debates,
filmes e shows. Todas as atividades acontecerão na Faculdade de Educação da
USP (campus Butantã - pegar qualquer ônibus para a USP e descer no 1º
ponto da Cid. Universitária).

Debates - 19h30 - Sala 124
Filmes - 18h - Centro Acadêmico Professor Paulo Freire
Shows - 22h - você saberá onde é

03/11 - Debate 1 - Pedagogia Libertária, algumas experiências

Raisa Guimarães -Graduanda de Pedagogia - UNIFESP

O anarquismo apresenta-se principalmente como um movimento político que nasceu
das classes menos favorecidas, econômica e politicamente, na Europa do século
XVIII. E a representação máxima contra os aparelhos estatais e a Igreja
visto por eles como alienantes das massas e que por isso devem ser destruídos.
Contudo para conseguirem alcançar a revolução social com base na igualdade e
liberdade, os anarquistas expressam de formar enfática numa transformação do
ensino para as crianças das classes populares, uma educação que não seja
para formar mão-de-obra barata, mas uma educação revolucionária,
emancipadora baseada no apoio mútuo, na co-educação de gêneros, na
autogestão. Para aqueles que pensam que essas idéias e ideais são apenas
utopias não realizáveis, venho mostra-lhes algumas experiências estrangeiras
e brasileiras de educação libertária.

04/11 - Filme 1 - A estratégia do caracol (1993 - Colômbia)

Moradores da Casa Uribe, propriedade de Dr. Holguín, um jovem magnata, lutam
contra as ameaças de desalojo. Defendendo o edifício contra juízes e
policiais, planejam uma original estratégia, proposta por Dom Jacinto, um
velho anarquista espanhol. A luta contra os especuladores parece estar perdida
antes de começar, mas os vizinhos estão dispostos a fazer todo o possível
para defender sua dignidade.

09/11 - Debate 2 - Espaços Autônomos

Biblioteca Terra Livre e Ativismo ABC

Os espaços autônomos se constituem desde o início do movimento anarquista
como espaços de encontro. Historicamente grupos anarcosindicalistas, centros
de cultura e escolas libertárias se organizavam no mesmo espaço físico. Na
história recente do anarquismo brasileiro os espaços autônomos anarquistas
tem desempenhado um importante papel para o encontro e difusão de anarquistas.
A Biblioteca Terra Livre (São Paulo) e o Coletivo Ativismo ABC (Santo André)
trarão a experiência da vivência, da construção e manutenção destes
espaços ao longo dos últimos dez anos. Buscando debater sobre o caráter
educativo que tais iniciativas podem adquirir a partir da prática e
experiência da manutenção de um local físico e permanente, de gestão e uso
coletivo.

10/11 - Debate 3 - Autonomia Operária como pedagogia

Paulo V. Marques Dias - Doutorando em Estado, Sociedade e Educação pela
FEUSP.

Através de uma visita a teóricos heréticos dentro do marxismo, que se
posicionavam contra o estatismo e a burocracia, podemos vislumbrar todo um
universo teórico e conceitual muito útil às lutas sociais. No caso, trata-se
da abordagem sobre a formação dos sujeitos feita dentro da perspectiva
autonomista, que vai desde uma crítica da burocracia, do estado, da
organização do trabalho na empresa e da estrutura hierarquica e fabril
escolar, até uma crítica ampla da indústria cultural e dos lazeres
programados como forma educativa do capital estabelecer seu controle social.
Igualmente, esta análise não olha apenas para os mecanismos de dominação,
mas considera a resistência espontânea e autônoma engendrada pelos
trabalhadores dentro do processo, criando alternativas sociais de organização
nova. Assim, a luta autônoma se transforma na pedagogia da geração da
consciência através da luta social e no processo, dispensando formas de
direção de consciência e adestramento dos indivíduos

11/11 - Filme 2 - Patagônia Rebelde (1974 - Argentina)

A trama começa quando frente a situação econômica as sociedadas
trabalhadoras de Puerto San Julián e Río Gallegos, afiliadas a chamada
"FORA comunista", dominada pelos anarcossindicalistas para distinguir-la da
"FORA do 9º Congresso", dominada pelos sindicalistas revolucionários,
começam uma campanha de sindicalização de peões, esquiladores e outros
assalariados, mas a resposta dos estancieros foi extremadamente dura:
despedidos, violência, ameaças, a simples elaboração de petições por
parte dos peões podia dar lugar a represalias. Esta conduta de
intensificação do conflito que traria a rebelião dos trabalhadores contra os
patrões e as instituições estatais.

17/11 - Debate 4 - Educação-Cultura e Anarquismo

Doris Accioly - Professora da FEUSP

A inseparabilidade educação-cultura na experiência anarquista, tendo como
referência o movimento anarquista na Espanha e no Brasil, entre finais do
século XIX e a década de 1930. O modo como os anarquistas fizeram sempre da
cultura um ato pedagógico, educativo. Algumas concepções estéticas
anarquistas , sublinhando sua singularidade frente a outras , inclusive
relativamente ao campo político-social do que em geral se denomina esquerda.

18/11 - Filme 3 - Libertárias (1996 - Itália, Espanha e Bélgica)

Em 18 de julho de 1936 o exército espanhol se rebela contra o Governo da
República. Seis mulheres de origens e classes sociais diferentes se organizam
em um grupo de anarquistas para lutar, de igual para igual com os homens,
contra as tropas nacionais. Uma freira que descobre a solidariedade fora da
fé, prostitutas, operárias, etc., unidas para defender seus ideais políticos
e, ao mesmo tempo, fazer entender a seus companheiros as mudanças ideológicas
e sociais pelas quais elas também almejam conquistar.

23/11 - Debate 5 - Autonomia e Conhecimento Livre

Biblioteca Terra Livre

A Biblioteca Terra Livre e Grupo de Estudos Educação e Anarquismo promoverão
um debate sobre a experiência dos Grupos de Estudos e a importância da
Autonomia para a construção de um conhecimento livre e libertador. A
intenção deste debate é compartilhar esta experiência de educação
libertária que já vem ocorrendo a um ano, na sede da Biblioteca,
quinzenalmente. As leituras do grupo já passaram por textos clássicos do
pensamento anarquista bem como pelas experiências de escolas anarquistas
realizadas no Brasil e no mundo. O debate será aberto a todos.

24/11 - Debate 6 - Pedagogia Libertária e construção da liberdade

Silvio Gallo - Professor da FE/UNICAMP

Quando falamos em pedagogia libertária, pensamos logo em liberdade. A
pedagogia libertária, sem dúvida, é uma prática de educação para a
liberdade. Mas a questão é saber o que é liberdade. Não são poucos os
conceitos de liberdade, mas podemos agrupá-los em duas grandes linhas: aqueles
que consideram a liberdade uma característica natural do indivíduo; e aqueles
que pensam a liberdade como uma construção social, coletiva.
No primeiro grupo, temos os filósofos liberais, como John Locke, Jean-Jacques
Rousseau, por exemplo, que pensam a liberdade desde uma perspectiva individual.
O caso de Rousseau é emblemático para a educação, uma vez que ele escreveu
um tratado sobre como educar um indivíduo em liberdade, desde seu nascimento
(Emílio, ou da Educação, publicado em 1762). Essa visão de liberdade está
articulada com uma concepção individualista de sociedade.
No outro grupo, podemos colocar filósofos anarquistas, como Pierre-Joseph
Proudhon ou Mikhail Bakunin, que se esforçaram por pensar a liberdade em uma
outra direção, coletivista e não individualista. Eles defenderam que não
faz o menor sentido pensar a liberdade como atributo do indivíduo, pois não
faz sentido dizer que alguém é livre quando vive sozinho. Só podemos falar
que somos livres quando vivemos com outros, em meio a outros e a liberdade
deles não é um impedimento para minha própria liberdade, mas sua
confirmação. Em sua concepção, a liberdade é uma coisa que se constrói
coletivamente, em sociedade. Algo que não nasce conosco, mas que precisamos
aprender, conquistar e construir.
Há escolas libertárias que se basearam nas ideias de Rousseau e sua proposta
era a de educar a criança partindo do princípio de que ela é livre desde que
nasce. Mas outras escolas libertárias, notadamente aquelas criadas por Paul
Robin, por Sébastien Faure, por exemplo, esforçaram-se por pensar e praticar
uma pedagogia que não parte da liberdade da criança como um dado, mas como
algo que precisa ser construído. Essas escolas desenvolveram a ideia de uma
educação integral do indivíduo, na qual a construção da liberdade é uma
espécie de aprendizado coletivo, que se faz no cotidiano das atividades na
escola.

25/11 - Debate 7 - Ferrer y Guardia: Pedagogo e Anarquista

Laboratório de Estudos e Práticas da Autogestão (L.A.P.A.)

Francisco Ferrer y Guardia acreditava que uma proposta educativa deveria
possibilitar a criticidade e criatividade dos educandos, por isso a educação
não deveria estar presa a dogmas e a um Estado que pretende manter o sistema
de dominação do homem pelo homem. Sendo assim, se fez necessário criar uma
escola, que possibilitasse a educação integral para todas as crianças,
independente de gênero, raça e classe social, pois todos os humanos devem
conviver entre si como iguais, sendo capazes de como iguais, respeitar as
diferenças, por isso Ferrer era contrário ao ensino ministrado pelo Estado e
pela Igreja, pois o mesmo não tinha a devida preocupação com a formação do
sujeito histórico critico, e sim cumpria a função social de formatar seres
aptos a assumirem seus papeis previamente delimitados por sua classe social
dentro do sistema social vigente.

25/11 - Show

Ordinária Hit (www.myspace.com/ordinaria)
Dischaos (www.myspace.com/dischaos)
Deturpados (www.myspace.com/deturpados)
LifeLifters (www.youtube.com/watch?v=DfNjyBm7SqE)
Revolta Popular (www.myspace.com/revoltapopular1500)
Invasores de Cérebros (www.myspace.com/invasoresdecerebros)

***

PREPARE-SE:

2ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre/RS
De 11 a 14 de Novembro
http://flapoa.deriva.com.br/

2a. Feira Anarquista de Sao Paulo
04 de Dezembro
http://feiranarquistasp.wordpress.com/

Colóquio Internacional Élisée Reclus e a Geografia do Novo Mundo
De 06 a 10 de Dezembro
http://reclusmundusnovus.wordpress.com/

--
Biblioteca Terra Livre
http://bibliotecaterralivre.noblogs.org
bibliotecaterralivre@gmail.com