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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

De que me vale ser filho da Santa?

Tem dia que de noite é assim mesmo. Ainda mais em tempos onde a política sem rancor te ameaça de processo em debate político; em que a Fundação Nacional do Índio, herdeira do Serviço de Proteção ao Índio, é cúmplice, mesmo que por omissão, de assassinatos e de exploração ilegal de madeira em terras indígenas; em tempos onde um dos principais partidos de esquerda do país, ou ex-esquerda, faz acordo pra manter arquivos da ditadura que vitimou grande parte de seus quadros dirigentes ocultos nas sombras do tempo e do "pragmatismo" político mais servil; em tempos onde os "cordiais" Brasileiros acham  normal barrar Haitianos porque "vão roubar nossos empregos" e acham que gay e mulher tem de ser castrado e postos em jaulas, oprimidos, esmagados.

Nestes dias turbulentos e tenebrosos a mulher é um alvo fácil da manutenção do conservadorismo e da  opressão sem maiores culpas pelas alas conservadoras, e crescentes, da sociedade. A escalada do conservadorismo atinge primeiro onde a tradição mantém um longo arcabouço de sofismas pra justificar a supremacia do macho adulto branco, sejam eles baseados em versículos bíblicos, teorias "cientificas" ou aspectos legais de interpretação dúbia. 
Primeiro os gays, depois as mulheres e os negros, paulatinamente a política segue a trajetória avant garde do atraso traduzido em Redes cegonhas, incentivos fiscais para o aumento do capital e expansão de igrejas que pregam homofobia e criminalização do aborto e por ai vai. O fim das cotas no país do "Não somos Racistas" não é algo tão improvável, embora custe mais votos do que recuar na questão LGBTT e de gênero.

Neste momento me causa espécie ainda ver no discurso de quem se quer alternativa e resistência o louvor a uma "grande política" ou a um discurso de purificação da luta política como se a questão fosse moral e não de cunho nitidamente de disputa feroz por espaço. 

Como que uma questão política de resistência se prende na  moralidade dos atos de políticos quando o que está em jogo é a democracia e o próprio humanismo atacados cotidianamente por jornais, partidos, governos? Como tratar a questão politica como centralizada na moralidade quando, em suas ações e omissões, os governos atuam na defesa desde cadastro de grávidas que acaba por servir como arma de punição por aborto, até a violenta ação contra dependentes químicos na cracolândia em São Paulo, sem nenhuma estrutura de tratamento ou orientação e às margens de toda a ciência envolvida no estudo do tratamento a dependentes, e que assinam a nível federal medidas que permitem a internação compulsória destes? Como tratar o cerne da ação da alternativa humanista (nem é mais uma questão de Esquerda) como centrada na moralidade pública quando gays e mulheres são hostilizados por amarem, seja pelo epíteto de "putas", seja pelo estupro, agressão ou morte?

A cada dia mais vozes se ouvem louvando com justiça implacável a libertação feminina e o direito e orgulho gays, negros, indígena, mas as vozes que se erguem contra essas conquistas não falam baixo e nem são  poucas e também usam o discurso da moralidade pra desqualificar não só os políticos, mas também a própria democracia. Então focando toda a resistência política no  foco moral acaba-se pro fazer coro indireto ao paulatino desejo de destruição da democracia em prol da destruição em seguida do humanismo e  de suas conquistas que foram sangrentamente levadas a cabo juntamente com o suor dos movimentos de trabalhadores anarquistas e socialistas e não foram dados por algum pai dos povos benevolente.

A cada dia é mais presente a sola do coturno em nossos rostos e principalmente no rosto das mulheres, gays, negros e pobres que morrem e sofrem violências cotidianas, basta de alguma forma saírem do que a opressão designa como seu papel, às vezes nem isso.

A cada dia a PM é mais e mais violenta e não só onde a "direita" tucana reside em seus ninhos de poder. A cada dia uma nova atrocidade é cometida e as vozes que divulgam a luta de direitos são mais atacadas, especialmente, repito, as que lutam pelos direitos LGBTT e das mulheres.

Para parte crescente da sociedade mulheres e gays devem ser como Ângela RoRo critica em sua música "Mônica": "Morreu violentada por que quis!  Saía, falava, dançava. Podia estar quieta e ser feliz Calada, acuada, castrada".

Há uma nova classe média? sim, há, ela consome e vive melhor do que no passado, mas ela absorve e concorda em geral com os mesmos valores conservadores da velha classe média. 

E porque isso? porque abrimos mão de buscar a ampliação dos valores humanistas junto à população, optando por absorver seus votos, alcançar seus votos, dialogar sim, mas como plano de conquista de votos e não como um meio de diálogo aberto político que ousasse enfrentar o arcabouço conservador que é parte intrínseca do pensamento do todo da sociedade, preferimos ignorar isso por medo de perder os malditos votos. Chamamos a população de alienada por ignorar valores que por vezes nunca forma conversados ou mesmo identificados entre nossos "votantes". Optamos por deduzir que o caminho mais fácil era evitar o confronto "ideológico" e conquistar os governos, "Depois a gente vê o resto". Acabou que não vimos o resto e aumentamos um exército que também não tá muito afim de ver. 

A estrada para a busca de um novo mundo ficou mais longa, mais áspera, mais dura, e continuamos perdidos, perdemos o link da mudança, não sabemos que povo mora no país, não o conhecemos, não conhecemos suas experiencias que podem ser a liga p ara que os valores humanistas sejam fertilizados na terra fértil. Preferimos desprezá-los como antas conduzidas a convencê-los de nossos valores os tratamos como o que são: Seres conscientes.

Mas o que esperar de quem mal vê seu próprio machismo, racismo, elitismo e homofobia?

Diante disso precisamos resistir e avançar, precisamos resistir com força ao avanço do conservadorismo e avançar numa busca de diálogo supra partidário e sério com a população que agora atinge o acesso à internet e a bens de consumo, mas não tem ciência de seus direitos e entende por normal o que é o  mais puro preconceito e opressão, como a supremacia do macho que pode bater na mulher e que ser homossexual é ser "sem vergonha".

Diante disso é preciso abandonar o moralismo que mistura o prefeito que desvia verba com o favelado que aceita telha ou cimento em troca de seu voto. É hora de parar de moralismo e ser realmente pragmático e para além do voto, mas pelo diálogo que constrói avanços políticos reais e isso só se dá com povo na rua.
De que me vale ser filho da santa? Nestas horas é preciso ser filho da outra.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A quem interessa a anistia?

A anistia aos crimes contra a humanidade cometidos durante o período da ditadura civil-militar de 1964 foi contestada pela comissão de direitos humanos da OEA e o Governo Brasileiro foi formalmente exigido a revogá-la. O prazo para sua revogação foi ignorado, o governo Brasileiro não se moveu, a Comissão Verdade mesma foi iniciada como uma farsa da qual nenhum militantes de direitos humanos, familiares de desaparecidos, quer fazer parte.

Essa junção de ocorrências é parte de um movimento de recuo do Governo atual, mas também parte de uma perda de força para pautar a sociedade dentro dos valores liberais e humanistas que foram largamente derrotados durante os anos de avanço das forças conservadores nos governos do PSDB e do PT, da vitória do ideário competitivo capitalista, fruto de anos de neo-liberalismo e de "desenvolvimentismo" onde a capacidade de consumo e produção é o mote das políticas e  não a  conquista de direitos e um desenvolvimento cujos valores sejam pautados no mais puro humanismo, com ganho de direitos humanos, respeito ao meio ambiente, resolução de demandas do país com relação a seu passado,etc.

Neste contexto a anistia é um ganho imenso às "forças Ocultas" que escondiam seus rostos nas fotos de julgamentos de presos políticos durante o período negro da ditadura civil-militar. A anistia mantém ocultos  os rostos de quem torturou, omitiu, assassinou e oprimiu nãos ó militantes de esquerda, mas pessoas comuns que por algum motivo caiam nas garras de um estado de exceção.

As "forças ocultas" ainda se valem da falácia que com o fim da anistia os "terroristas" também devem ser julgados, esquecendo oportunisticamente que os "terroristas" já o foram pela justiça de exceção que também ocultava seu rosto, pela justiça de excessão que escondia a cara ao julgar militantes armados ou não e que condenava gente à morte, à tortura, ao desaparecimento.

Por isso o #Cumpra-se é mais que necessário, não só para que seja feita a justiça e essa página de nossa história seja virada, com a revelação do que é feito nas ditaduras, mas para enfrentar uma retomada paulatina de terreno pelas "forças ocultas" que vem ocorrendo  com ampliação de declarações, leis, atos que vão do racismo à misoginia, do Fascismo à homofobia e que são sustentados pelos ideólogos da conciliação sob as botas da reação.

É preciso enfrentar o passado pra solidificar um movimento de ruptura contra a marcha do conservadorismo, que se sustenta na mentira de que a ditadura foi erguida para evitar o avanço de um comunismo que qual um "bicho-papão" só existia para justificar atrocidades.

Precisamos punir criminosos, encontrar nossos desaparecidos, abrir os arquivos e pra isso é preciso que a determinação da OEA seja cumprida.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O medo estupra a esperança no Governo Dilma

Arnaldo Branco nos idos de 2003 brincava com o Slogan de Lula ao fim da eleição de 2002, "A Esperança venceu o medo", e acho que na nomeação de Henrique Meirelles cunhou o chiste "O medo empata o jogo e sufoca a Esperança".

Oito anos depois Dilma Roussef e seu governo instauram um impasse no diálogo com movimentos sociais, recuam em avanços do Governo Lula e apontam com Belo Monte, o desmonte do Minc e a "Comissão da meia verdade", entre outros atos desgoverrnados, para um avanço cruel do fim de toda a esperança, morta a pauladas por um medo concreto da burocracia não só dominar governo e  Partido, como aliar-se ao pior do ruralismo e do mundo reacionário e realizar o que temíamos que Serra realizasse com requintes irônicos de crueldade. 

Se o Neoliberal carola e neo-fascista foi superado nas urnas o que se vê é um retrato fiel do mais sórdido stalinismo proto-fascista em marcha, tanto no governo quanto no que antes era um partido socialista chamado Partido dos Trabalhadores. 

Em nome do desenvolvimento até a cidadania vira um valor relativo para o governo e seus defensores ferrenhos e plenos em desonestidade, sofismas e truísmos. Cidadania vira algo a reboque de um desenvolvimento que exclui quem se opõe ao avanço do trator do "progresso" seja ele índio, negro, pobre, macho ou fêmea.. opôs-se? passemos por cima.

 "O Brasil precisa crescer", dizem ávidos ministros, apoiadores e milicia progressista que na virtualidade são prenhes dos mais covardes métodos de defesa do indefensável.

A formação de milicias virtuais  para resistirem aos sórdidos ataques feitos à Presidenta nas eleições de 2010 pelos eu adversário e câncer José Serra se mostrou de muita serventia para a resistência ao bombardeio que os movimentos e militantes de esquerda iniciaram quando o governo mostrou-se muito mais conservador que seu predecessor recuando avanços deste e mais ainda, impedindo outros avanços, votando o código florestal que praticamente legaliza o ecocídio, recuando em avanços na educação que seria proporcionado pelo Kit Anti-homofobia, destroçando a comissão verdade ao ponto de impedir que familiares de desaparecidos e presos discursassem em cerimonia e negar qualquer tipo de abertura de arquivos e agora com o recrudescimento da resistência a Belo Monte com uma das mais sórdidas campanhas de desqualificação dos que condenam o apelidado pelos movimentos sociais de "Belo Monstro".

Nos moldes fascistas a tropa de elite Governista chega aos píncaros da Glória de dizer que os indígenas são "nômades" e nem notariam o empreendimento.  Com relação ao massacre dos Guaranis a omissão chega a graus criminosos e nenhuma linha da "nova imprensa" progressista. 

Esta aliás atua ou em bloco insano de defensores a qualquer custo, armados de desqualificação e truísmos sobre Belo Monte ou bastam a si mesmos com um silencio constrangedor, calculado, que torna-se um claro indicio de agirem exatamente da mesma forma que o que chamam de PIG, mas a favor.

O voto que foi arrancado a fórceps de muitos e propagandeado como manutenção de avanços se transformou na abóbora do rodo, do trator, da insensibilidade social, ambiental, de gênero, histórica e anti-homofobia, se transformou no pior pesadelo de qualquer um que olhe pra fora dos antolhos do mais imbecil pragmatismo e se entenda de esquerda, um governo fortemente alinhado ao mais pútrido desenvolvimentismo a  serviço do conservadorismo e nada sensível às causas mais caras dos campos socialistas e de esquerda.

A esperança foi substituída pelo assustador e impotente medo. Um medo que tende a ser duplo, por temer também a alternativa ao estupro cotidiano do mais humanista sentido do que é política.

PT e PSDB  digladiaram por muito tempo para obterem o controle do governo e  hoje capitaneiam a nau de uma sociedade cada vez mais amante de medidas de exceções e do fascismo.

Parabéns a todos os envolvidos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Comissão da Verdade: Um dever de Estado.

Como historiador é dever profissional defender a abertura de todo e qualquer arquivo público para consulta e análise, como cidadão é dever cívico defender a abertura de todo arquivo público para que a sociedade seja transparente e não tenha sobre si nenhum tipo de névoa de ocultações que inibem esclarecimentos e reforçam sombras que ocultam muito mais do aparenta sobre muito mais gente do que se pensa.

Como humanista é dever de existência defender que qualquer criem seja revelado para, no mínimo, ser apresentada a conta social dos atos políticos  levados a cabo no passado sob quaisquer títulos. Como socialista é dever político assumir a luta pela revelação de tudo o que se fez no passado sob o nome de "salvação da pátria" e cujo ônus criminal só quem pagou foi a massa torturada, processada e presa que defendia apenas um lado das ideologias em conflito.

No âmbito pessoal que oculta seu passado é tido nas ruas da mui leal Ciudad de San Sebastian do Rio de Janeiro como traíra, quem esconde o passado deve, diz-se. O argumento de que a abertura dos arquivos mostrarão também crimes da esquerda sói esquece coma  cara de pau mentirosa de costume que a esquerda foi punida, torturada, presa e aniquilada soba s botas militares que foram anistiados de crimes pelos quais  sequer tiveram a coragem de responder e se defenderem. O argumento dos arquivos incriminarem a esquerda se esquecem de forma leviana de que esta foi punida, por vezes com a vida.

O argumento da "pacificação" via anistia é mais falso ainda, pois parece não ver diariamente repetidas manifestações de louvor a períodos ditatoriais e mesmo à tortura como meio legítimo de embate polítoco e o resultado nas delegacias e aparatos policiais da manutenção da tortura como técnica de interrogatório. A tal pacificação lembra a das UPPs, só quem fica em paz é quem sempre esteve no alto do púlpito da opressão, quem a sofre jamais vive em paz, nem consigo mesmo nem com o prestar de contas amplo com o passado.


Nenhum governo, nenhuma estabilidade política pode se sobrepor à necessidade de libertação civil, humanista, política, histórica de um povo que presta contas com seu passado. Não construir uma comissão da verdade no Brasil, seguindo exemplos que vão de países latino americanos que passaram por ditaduras à França e Alemanha pós segunda guerra, é manter a sombra hipócrita e covarde  da mentira sob o passado do país, mantendo tensões e inverdades que mancham toda a sociedade civil e militar que passou pelos anos de chumbo e inclui no mesmo saco de gatos apoiadores e criminosos, além de criminalizar resistentes.

É preciso ir além do pequeno jogo político que mantém uma falsa estabilidade e ter a coragem de cumprir o dever de estado de revelar o passado do país, ao menos isso.