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sábado, 28 de julho de 2012

Das primaveras

Uma cidade que precisa de sua primavera.

Essa foi a  primeira frase que pensei há dias para um texto político que desse conta de uma ideia que toma forma a cada dia mais: O Rio de Janeiro é o carro-chefe da construção de um país cuja história faz o estado brasileiro ser especialmente liberal, um marco do liberalismo não em sua face utópica, mas em sua face concreta, real, de gerente do capital para o capital e cuja população é ou alimento pra máquina de produção ou anátema,barreira, e estorvo.

A historia do Rio de Janeiro se confunde com a história do Brasil por motivos óbvios, sendo uma de suas primeiras capitais e tendo sido distrito federal até a construção de Brasília em 1961, foi no Rio de Janeiro que a face do estado como gestor do capital se fez de forma clara, principalmente em suas administrações municipais, que de Pereira Passos a Eduardo Paes pouco transformaram a opção preferencial pela ausência de pobres à vista.

Se de início com Pereira Passos foi sob a alegação da "higienização" do Rio de Janeiro, considerado inóspito para os diplomatas que vinham ao distrito federal em missão oficial e temiam aqui residir, para que as doenças como a febre-amarela se findassem, hoje é para a "modernização" da cidade para recebimento de mega-eventos que "internacionalizam" a cidade como cidade-palco perfeita. Em ambos os casos a dinâmica de administração do estado para sua população é tomá-la como coadjuvante do processo de mudanças urbanísticas e sociais em que o povo em sua maioria é apenas espectador inativo, muitas vezes de seu difícil deslocamento e da remoção de sua casa para a construção de algum empreendimento imobiliário onde ele nãos erá beneficiado.

Em sua caminhada histórica de representante maior do liberalismo enquanto aparato estatal gerente do capital, o estado Brasileiro em suas três esferas fez do Rio de Janeiro o lugar onde o presidente dizia que os problemas sociais eram problema de polícia e nomeava Pereira Passos para que erguesse uma nova cidade sobre os escombros do bota abaixo e baseada nas botas de uma polícia colocada estrategicamente em um corredor polonês que impedisse a invasão da população pobre à área de residência dos ricos (assunto do qual já tratei aqui e que também pode ser visto neste artigo de Gizlene Neder) e que hoje o mesmo estado utiliza a cidade como laboratório das políticas de benefício à empreiteiras e de beneficio duvidoso à população pobre que é removida de sua casa sob alegações de área de risco para locais longínquos e sem infra-estrutura adequada de transporte, por exemplo e muitos apresentando problemas sérios. 

O Minha Casa, Minha vida não apresenta nenhuma variação digna de nota dos programas habitacionais anteriores e obedece a lógica de afastamento da população de seu local de moradia de origem.

Além disso, as UPPs acabam entrando só em sua face repressora, longe do prometido pelo poder público que insistia que haveria a ocupação social pelo estado, reeditando a opção pelo policiamento da pobreza e criação de um corredor, desta vez olímpico, de vigilância da população pobre que se por um lado se vê livre do tráfico, por outro é vigiada cotidianamente e tem sua liberdade de ir e vir, de manifestação cultural severamente reduzida pela força de ocupação do estado como se vê na proibição do funk nas áreas sob ocupação.

A população do Rio se vê assim cotidianamente e historicamente como coadjuvante na sua própria cidade, vitima de sua divisão entre as zonas habitadas pela classe mais alta, que concentra serviços e equipamentos urbanísticos e fiscalização constante da prefeitura, e as zonas habitadas pelas classe trabalhadora, onde transporte, saúde, educação, lazer são parcos, onde a fiscalização da prefeitura é ausente, onde ônibus e carros agem como querem e desejam, onde não há espaço organizado para o transito da população e onde o poder público só aparece pela via de cabos eleitorais, ou coisa pior, e onde o clientelismo é o mote da ação política.

Se na zona sul, cenário preferencial de "venda" da cidade, a limpeza urbana, o transporte público, a fiscalização da ocupação do espaço público são funcionais e rígidos, nas zonas norte e oeste a lei do mais forte é por vezes quase literal e a ação da prefeitura vai de conivente a omissa e até lixeiras nas ruas são uma honraria e uma raridade.

A própria lógica de intervenção urbana parte do princípio do embelezamento e de priorização de "melhorias" que andem lado a lado com investimentos privados no mercado imobiliário, opta-se por mega empreendimentos de construção civil e menos investimentos em transporte coletivo e público, com redução da presença de carros, opta-se sempre por benefícios ao capital antes do benefício ao cidadão e assim se constroem menos metrôs e mais "transoestes" reforçando a opção rodoviária engarrafadora, se faz mais corredores de ônibus com transporte sobre trilhos cada vez piores e mais caros.

É assim no Rio de Janeiro, mas isso é uma referência para o país e não só hoje.

A lógica de "estamos utilizando o estado para transformar a vida das pessoas" e que tem do lado anúncios de mega obras, esquece que a mudança na vida das pessoas é muito mais superficial e ligada ao consumo do que estrutural, já que as pessoas continuam morando mal, se deslocando mal nas cidades, tendo péssimo ensino (Inclusive superior nos PROUNIs e às vezes nas Universidades públicas), péssima saúde  e uma segurança pública que trata o pobre, o negro, o mulato, como criminoso de per si e a ocupação do espaço público como ofensa.

É nesta conjuntura, em que regredimos nos avanços cidadãos para sermos cada vez mais reféns da mesma velha lógica de estado liberal de Rodrigues Alves a Dilma Roussef e de Pereira Passos a Eduardo Paes, e onde a primeira ideia de primavera sob foi a liderança mítica de um Lula pré-abraço em Maluf, que temos a chance de levar a cabo um movimento que contamine a política de novo com o impeto da mudança onde a frase de Brecht em que "nada deve parecer impossível de mudar" seja muito mais que um ornamento em uma bela camisa, mas que seja um refrão de mudança na prática, no cotidiano, no dia a dia, na vida, na alma, nos olhos das pessoas.

Precisamos da primavera para sair da cidade partida rumo a um repartir da cidade entre todos os seus moradores. 

Precisamos desta primavera para retomar a cidade, ocupá-la de cidadania, de orçamento participativo, de opção preferencial pela vida e não pela civilização do automóvel, por uma saúde e uma educação debatida, definida, construída pelo todo da população.

Precisamos desta primavera para que até nossos adversários esqueçam da opção preferencial pelo voto a qualquer preço e retomem a defesa de bandeiras que não permitam a presença de Bolsonaro no parlamento.

Precisamos da primavera carioca, nós do Rio, vocês de São Paulo, todos nós do país todo.




quinta-feira, 19 de julho de 2012

A paz sem voz e a Trotskização de Olívio Dutra

Dois discursos vem me incomodando profundamente.

Um deles começa com "Desarme-se" outro com "Não há como governar sem maioria parlamentar". 

Nem sempre ambos são empunhados com má vontade ou desonestidade, muitas vezes são até bem intencionados, embora sirvam, ambos, frequentemente a interesses nada ingênuos.

A lógica do "desarmamento" em discursos geralmente vem acompanhados por uma ideia de que os debates são uma forma pacífica de resolver problemas e superar sistemas, machismos, racismos, homofobias e que tudo deve ser feito de acordo com a regra do  "não levar pro emocional" ou seja, de que tudo pode ser resolvido racionalmente de acordo com regras de etiqueta respeitadas nos salões, nas mesas e que tudo pode e deve ser leve o tempo todo, que tudo não pode ter a carga "negativa" da raiva, do emocional, da indignação santa, pois "somos todos amigos".

Já o argumento de "Não há como governar sem maioria parlamentar" tem uma inquietante lógica de ocultação de História e até de governos que estão hoje em movimento sem esta maioria, e realizando transformações de forma até radical. É inclusive um argumento que perambula pelas bocas "sábias" e "responsáveis" de partidos que de "combatentes dos interesses do povo" passaram a governantes e que lá "aprenderam" que não se governa com enfrentamento e com a população. 

Começou com o PMDB no pós-ditadura, teve um período de Brizola e suas alianças com José Nader e agora aterriza nos desmemoriados petistas que apoiados na cara de pau de Blogueiros Progressistas como Eduardo Guimarães e sociólogos surpreendentemente esquecidos como Emir Sader ressuscitam esta ladainha fingindo não ter existido por vinte gloriosos anos uma experiência de governar sem maioria tanto em Porto Alegre dos Governos Olívio Dutra,Tarso Genro e Raul Pont (de 1989 a 2005) quanto no Governo do Estado do Rio grande do Sul de Olívio Dutra (de 1998 a 2002). 

Claro que existe a possibilidade dos digníssimos senhores não terem, como eu, nascido naquela época, mas a lendária criação do "modo petista de governar" baseado no orçamento participativo foi uma agradável experiencia para os socialistas que viam uma alternativa de governo sem a necessária absorção do partido pela ordem. Outros exemplos podem ser tidos atualmente e lidos para os jovens blogueiro e sociólogo como o do Governo Evo e Correa, que mesmo enfrentando dificuldades governam apoiados basicamente pela população.

Claro que é mais fácil no entanto ocultar a história do que refletir e perigosamente pensar sobre os destinos de um partido que de dos Trabalhadores hoje utiliza discurso idêntico ao do Espantalho Tucano ao tratar de grevistas federais.

A justificativa Governista é incomodamente negada pela frase do próprio Olívio Dutra em 1998: "...temos a experiência de governar sem ser maioria no Legislativo. Há dez anos governamos Porto Alegre e nunca tivemos maioria no Legislativo do município.". 

Ambos os discursos a seu modo são uma chamada à acomodação, à ausência de enfrentamento com a ordem vigente e de buscas de superação de um sistema cada vez mais cruel com a população, cada vez mais excludente. Ao eliminar o componente de litígio da luta política pelo desarmamento do discurso e pela negação da busca de governar atuando como aliado da população na pressão cotidiana  na direção do parlamento, ambos os discursos apostam na controlada, regulada, educada, luta política sem povo, sem superação, que acomoda, pede um chá se senta com o patrão e o abraça sorrindo.

Outras faces destes discursos é a lógica da paz, que parece ser sem voz, e lembra medo, auxiliada pelo papo político tradicional que lista "realizações" cuja marca é a de ser um alivio aos mais pobres, sem no entanto alterar a estrutura que torna os pobres necessitados de "realizações" enquanto os ricos permanecem desigualmente sentados no trono de sua ostentação. 

A lista das realizações ostenta a inserção da população pobre no mercado consumidor, mas comodamente ignora as remoções de pobres de forma autoritária de suas casas para apartamentos longínquos que serviram para pagar dívidas de campanha com empreiteiras e que ganham o irônico nome de "Minha Casa, Minha Vida" enquanto derrubam casas e atropelam a vida de milhares de pessoas.

A lógica da paz e da busca de maioria parlamentar busca sociabilizar o debate político, suavizá-lo, enquanto rotulam candidaturas que discordam do coro de contentes como a de Roseno em Fortaleza e Freixo no Rio, nomeando-os "aventureiros" ou "Irresponsáveis", enquanto ambos atuam como representantes de todo uma série de questionamentos acadêmicos e populares ao modus governandi do melhor gerente do capital da história deste País, o PT, que na busca por mais aparatos para sua sanha prefere o abraço a Maluf do que ao povo.

Os suavizadores do discursos, cúmplices de racistas, reaças, homofóbicos, elitistas e machistas em sua sanha por uma acomodação perfeita, suave, dançarina e construída no amor ao inefável, acabam por sustentar a construção de um discurso que a cada porrada em pobre brande uma migalha de transformação que "muda a vida das pessoas" enquanto negam evidências cientificas, antropológicas, históricas para levar a cado o plano de expansão do capital a qualquer preço, com a "Responsabilidade social" do pequeno afago ocultando o trator que derruba casas, florestas e chama índios de nômades. 

Estão ambos os discursos apostando em uma política cuja superação de luta de classes é a principal apostas, só falta combinar com os russos.

Na busca da paz sem voz e do esquecimento de que é possível governar com apoio da sociedade, os discursadores do "não-conflito" acabam tão mergulhados no medo que entendem que é preferível criar espantalhos e ocultar porradarias do que enfrentar problemas, resolvê-los e tentar superar um sistema opressor onde a mudança do nome das coisas não muda a necessidade clara de uma luta constante, diária e presente para além do blablablá na Confeitaria Colombo.

Por isso enquanto o mundo explode é preciso lembrar cotidianamente de que ao sermos realistas e apostarmos no impossível não esquecemos que somos guerreiros, trabalhadores que encaramos todo dia nossa batalha, uma batalha desigual, dolorosa e que não dá pra ocultar no sorriso forçado.

Enquanto o mundo explode não podemos esquecer que temos passado, temos raiva e queremos mudar o mundo.

sábado, 30 de junho de 2012

Lula e Dilma: Um só governo

Muitas vezes vemos no discurso da oposição de esquerda uma separação entre Lula e Dilma, como se a segunda desvirtuasse o que o primeiro construiu em seu governo. Esse discurso encontra eco na mídia tradicional que opõe ambos, como se Dilma fosse superior a Lula e também entre os apoiadores governistas da blogosfera por vezes  se vê um argumento esquizofrênico de "continuidade e ruptura", ou seja, quando é bom é continuidade, quando é ruim é ruptura, isso nos que conseguem ainda articular argumentos para além da ladainha ufanista.

Confesso que essa lógica me incomoda por uma série de motivos: Primeiro porque a política de alianças, composição de ministério e de ação do governo não teve uma formidável alteração. Aliás, teve muito pouca alteação e a práxis do período Dilma inclusive já estava sendo desenhada nos dois últimos anos de Lula, tendo sido inclusive responsabilizada pela atuação do Brasil diante da crise mundial; Segundo porque a lógica de desenvolvimento do governo Lula e do governo Dilma em sua dualidade entre avanço da intervenção do estado na economia e a implementação de programas de garantia de renda estão ai, com  os mega empreendimentos, política energética e projetos de aquecimento do mercado da construção civil (Belo Monte e  Minha casa, Minha vida, por exemplo) aliados a uma imensa injeção de dinheiro no crédito para manutenção da industria e fomento ao consumo, investimento maciço do BNDES nas empresas nacionais e na expansão para a América latina e o eixo sul-sul da economia mundial, e também com o Bolsa-Família aliado à políticas de crédito barato ao consumidor ampliando a rede de consumo enquanto garante a sobrevivência da população na miséria; Terceiro porque o eixo de desqualificação de Dilma tem um estranho viés sexista e machista, que atribui à "estupidez" e "frieza" da "homofóbica" todos os pecados que o mito Lula não cometeu, sendo que toda a estrutura de ação política e de estratégia e tática estão ali, só que sem o véu do carisma para ocultar o rabo de capeta por trás a auréola de santo.

A eleição de Dilma inclusive serviu ao PT e a Lula como forma de  dupla estratégia, por um lado permitiu a ampliação do poder de Lula sobre o partido e sua massa de apoiadores, fiéis depositários de sua "infalibilidade" ao eleger uma tecnocrata insípida a presidente do Brasil e por outro satisfez a um PT cada vez mais burocratizado e que teve vários de seus principais quadros nacionais abatidos pela crise do mensalão em pleno vôo enquanto se consagravam como alternativas viáveis a Lula quando seu segundo mandato vencesse. Além disso, permitiu uma saudável ausência de Lula quando alguns dos efeitos ocultos da crise de 2008 se manifestasse, deixando no colo da "Tecnocrata" a bomba de resolver o problema e deixando Lula como uma carta na manga caso 2014 desandasse pro PT.

Para o PT Dilma caiu do céu, mantendo sua estrutura de ocupação do estado com os cargos que alimentam a massa de sua burocracia partidária e de parte de seus apoiadores, inclusive "virtuais", e evitando expor Lula a manobras para a conquista de um terceiro mandato e ao enfrentamento de restos da crise de 2008 e seu possível desgaste. Para Lula a eleição de Dilma o elevou ao patamar da genialidade e da santidade, genialidade para até observadores externos e oposição e santidade para seus fiéis seguidores, que hoje são maioria do PT quase expurgando a esquerda socialista que ainda teima em se agarrar ao resto que a burocracia lhe permite para se alimentar.

Para os movimentos sociais e apoiadores de esquerda do governo Lula/Dilma,  Dilma também serve como o espantalho que "traiu" as bandeiras que lhes levaram a se jogar na eleição de 2010, inclusive queimando pontes com quem desconfiava que Dilma não seria tão diferente de Serra na prática, especialmente nas questões sensíveis como LGBT e de gênero, onde houve uma clara opção pela base de apoio parlamentar conservadora para derrotar o tão conservador quanto José Serra, Tucano da pior cepa.


E aí é que está o busílis, Dilma não traiu nada, porque não se pode trair algo que nunca houve. Os Governos Lula se esforçaram em conferências intermináveis que geraram diversas linhas de atuação legislativa e de intervenção na sociedade que em sua maioria foram descartadas, ignoradas e ou simplesmente estripadas no congresso com anuência e cumplicidade da base de apoio, e maioria do PT em si.

O que foi gerado durante o governo Lula em sua maioria foi deixado para o governo Dilma vetar e lidar com a truculência que lhe é cara, exatamente para não indispor o mito com as exigências da realidade. Código Florestal, Kit Anti-Homofobia, Belo Monte, politicas de gênero, estatuto da igualdade racial, tudo isso já estava desenhado para que as decisões fossem estourar  no Governo Dilma, deixando para a "Tecnocrata" a responsabilidade de executar a parte da estratégia que livrava do mito o risco de arranhar os 80% de popularidade.

Essa inclusive é uma das maiores genialidades da coisa toda, e muito sim com as digitais de Luiz Ignácio, porém não é oculto e nem difícil de ler que o que está em ação é um Governo só, um projeto de poder levado a cabo desde 1996 pela ala majoritária do PT e que conquistou o poder em 2002 exatamente por ser um projeto sólido, que pensa em todas as áreas da administração pública e tem visão estratégica, se mantém em seu movimento pendular de adulação da população e de remuneração da burguesia e não pretende barganhar sua estratégia com gritos e sussurros da esquerda desamparada.

A separação portanto do projeto em dois é um serviço que se faz ao PT e seus apoiadores de manter o digníssimo líder livre das piabas do cotidiano enquanto o projeto se mantém com um quadro duvidoso se consolidando como manager do capitalismo brasileiro (Dilma) e um pusta quadro mitológico de reserva aguardando e pagando de Harry Potter da República, um neo-Getúlio democrata (Lula).

As peripécias em torno da candidatura de Haddad a prefeito de São Paulo inclusive obedecem a mesma lógica e reforçam a tática de lançamento de um quadro obscuro com potencial de crescimento para as feras, que se não der certo e cair tem todo um arcabouço de explicações prontas para deslegitimar críticas ao bruxo, e que se pretende um reforço das habilidades mágicas do todo poderoso líder genial dos povos enquanto cria-se uma base sólida para a candidatura petista ao planalto, seja ela a reeleição de Dilma ou um novo postulado de Lula.

Se a mídia corporativa erra ao desvincular Dilma de Lula pelas qualidades que agradam ao conservadorismo, enquanto por outro lado fortalece o projeto como um todo indicando sub-repticiamente que o Mago tem visão além do alcance, a oposição de esquerda erra pois acaba por personalizar a política, dando combustível à principal tática  do PT, que é a manutenção do carisma do grande líder intacto, além de acabar por não responder a perguntas que lhe fazem os que buscam nesta oposição uma alternativa ao projeto político hegemônico.

Portanto é preciso que não caiamos na facilidade de separar o projeto e sua continuidade da análise política que incluem todos os participantes nele, e não separa o líder da seguidora, como se a "pobre mulher" fosse uma incompetente homofóbica e conservadora e seu mentor um santo.



quarta-feira, 20 de junho de 2012

Dos 18 Brumários e outras histórias

Existem muitas similaridades na história recente do PT e a da Social-Democracia europeia, incluindo o Labour Party. Existe também similaridades entre PT e PSOL, em seu modus operandi e construção de tática e estratégia política e político-eleitoral. Essas semelhanças tendem a parecer uma repetição como farsa de histórias anteriores e suas similaridades podem trazer uma sombra de inexorabilidade nos atos, nas ações políticas, na política de alianças que por sua vez tem muito menos de determinismo histórico do que de manutenção de uma cultura de organização que acaba por repetir-se pela ausência de outras formas entendidas de ação.

As Social-Democracias europeias e o PT não atuam de forma similar na migração de partidos anti-ordem para partidos da ordem porque um lei natural assim determina, mas pelo compartilhamento de tanto métodos de organização partidária quanto de métodos de profissionalização da militância, de quadros e aparelhamento do aparato do estado, sindicatos, movimentos e organizações estudantis. 

Esse modelo de organização tática, com diferenças claras de contexto, conjuntura e particularidades regionais, acabam por afastar o corpo da militância "espontânea", não orgânica, e o militante ideológico, que entende por norte um conjunto de bandeiras e políticas cujo papel de transformação é mais importante que o da manutenção. 

E a questão da oposição entre transformação e manutenção é bastante simples de entender, o partido ao estruturar-se dentro do aparato do estado ou de aparatos sociais que são parte integrante da sociedade atual, e regidos pelo sistema político-ideológico e cultural atual, acabam substituindo o objetivo de transformação e superação do sistema pela redução de danos deste até o momento em que começam a defendê-lo de forma a evitar transformações consideradas radicais, mesmo que dentre elas estejam conquistas que são ainda bandeiras levadas a cabo por liberais quando das revoluções burguesas e abandonadas por estes, recuperadas pela esquerda e de novo abandonadas.

No caso das Sociais-democracias europeias a defesa da austeridade liberal e no caso do PT na defesa de mega-empreendimentos abertamente criticados por ambientalistas, na venda da defesa dos direitos LGBTT e das mulheres, no abandono de limites à aliança partidária e na participação (alguma vezes comandando) e apoio a governos que atuam atacando direitos da população mais pobre.

O preocupante disso tudo é que o espaço de atuação das forças de esquerda acaba reduzido a uma órbita de partidos que paulatinamente se afastam das lutas da esquerda, mantém refém a seu redor militância de esquerda valorosa e duvidosa do papel de alternativa desempenhado por partidos que não estão no círculo vicioso da burocratização, como o PSOL.

O PSOL não assume definitivamente o papel de alternativa à este processo de burocratização do PT exatamente por repetir alguns modelos de organização e de alianças que acabam por levar a dúvidas a quem está desiludido com as movimentações do Partido dos Trabalhadores. 

Ao mesmo tempo que o PSOL é valoroso defensor das bandeiras de esquerda abandonadas pelo PT, seus governos e muitos de seus militantes, atua no plano as alianças mantendo um perigoso desprezo à simbologia da busca do apoio do PV, que inclusive apoiou Serra. 

O PSOL também tem um perigoso domínio interno das figuras e aparatos parlamentares (excelentes parlamentares,é bom ressaltar)  e quadros que representam uma elite partidária muito mais afeita à decisões em petit comitée  do que a decisões coletivas que dependem de processos mais demorados e que envolvam um conjunto de militantes, que por irem além da claque também se tornam valorosos e incansáveis lutadores por participarem de todos os escopos das lutas e bandeiras (E candidaturas) levadas a cabo pelo partido.

A ausência de instâncias orgânicas estabelecidas e funcionais, com uma ampla capilaridade, não é falha, é também uma concepção de partido que estabeleceu um partido parlamentar e com perigosa tendência à burocratização. Isso vem menos pro uma maldade atávica e mais por uma similaridade de organização tática e estratégica, que acaba por criar elementos que parecem leis deterministas e  naturais. De tanto repetir uma mesma forma de "cortar uma madeira" cria-se um modus operandi que acaba por empiricamente reproduzir resultados similares.

Em um momento onde Lula rifa sua figura histórica ao ostentar o apoio de Maluf a Haddad em SP, onde a militância de esquerda entristece-se de ver o PT se transformar e mais que um partido da ordem, mas em um igual ao que combateu-se por anos e a candidatura Marcelo Freixo se liga a uma recuperação da esperança de uma luta aberta contra o sistema e que contenha o novo, o entusiasmo e a coragem para mudar o Estado, o sistema e a cultura do país, é fundamental termos em mente a reflexão sobre o que se quer e se fará  da forma-partido para que ela antes de tornar-se assassina de esperanças, se torne um catalisador das mesmas.

É neste quadro que é preciso e possível buscar mudanças que não torne a história da esquerda uma espécie de trabalho de sísifo sustentado em eternos 18 brumários.

PS: Não inclui Marina Silva ai, mas devia.. a lógica que gira em torno de seu modus operandi político-partidário não é muito diferente, e isso merecia uma análise mais acurada.  Vejamos se futuramente sai.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Manifesto Macunanímico

Um dos problemas paradigmáticos da ciência, de todas elas, mas em especial das humanas, é o viés eurocêntrico. A ideia de um processo racional linear de pensamento, de construção cultural, de entendimento do outro, do estado, do poder, da noção de coletivo e de transformação política, construída na base iluminista e mantida, levada a cabo como regra, cláusula pétrea de pensamento e vivência, de luta política e de transformação político-sócio-pessoal marca uma negação de qualquer modus operandi e de pensamento que não siga regras circunscritas em propostas de viés europeu, de Marx a Adam Smith, Hayek,etc..

Não há problema no ler, saber, viver e pensar entendendo a contribuição de quem quer que seja, mas torná-la manual prático de práxis, a ponto de ignorar variações culturais, de construção do arcabouço de realidade à mão de povos diferentes, construídos de barros diferentes por mestres Vitalinos plenos de uma vitalidade similar à de Michelangelos, mas independentes de uma Grécia Clássica e mais próximos de uma percepção de povo feito das mãos de um Deus colorido que de tez moura samba qual Malasartes.


Esperamos revoluções e entendimentos que incluam uma Pachamama tão parecida com Gaia que nos dá o vislumbre do cabelo Louro Greco-Romano-Anglo-Germânico-Saxão, de uma ideia de Deusa menos índia e mais presente nos salões cultos da gélida Europa. Pedimos democracia direta, mas sambamos de horror quando assembleias indígenas tornam-se um só voto, um só, unido, incontestável, criado numa coletividade que não leu Locke.

Criamos um paradigma de laicismo que torna a fé um anátema ao invés de combater fundamentalismos, entendemos o mundo religioso como externo a  ele mesmo, como uma copia fiel de uma fé construída na base do papismo dourado de uma idade média tida como das trevas e fingimos não ver Revoluções pintadas nas cores das Folias de Reis tão medievais quanto o dourado dos Bentos, mas com a pele herege tatuada de muito mais do que leituras de Lênin costumam perceber.

Precisamos de mais radicalidade real, criada do olhar da raiz, do beijo na raiz, de uma macaxeira frita em banha de porco e de uma raiz múltipla, contida de peles e mãos negras, mulatas, indígenas, Nagô, aimará, Tupinambá, Guarani, Banto, Gêge, Ketu.

Precisamos que Marx coma Tacacá, que Macunaima dance um Fox Trote na cara do Luiz XV. Precisamos misturar Chiclete com Banana e por bebop no samba.

Tá na hora da reeducação de alguém, de ver Pachamama devoradora de homens e irmã das Onças e não uma mistura de Gaia com India Potira. Precisamos ver o Admirável Gado Novo, o povo marcado ê, o povo feliz, do lado dele, olhando no olho dele, cheirando ele e não na distância próxima do arcabouço intelectual que cisma em ignorar Levi-Strauss que achava banguela a Guanabara

É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte de uma civilização sem civilidade, sem o civil mundo distante dos salões, feito de Funk, Hip Hop, Tecno-Brega, feito de transformações que zoam a estética de nariz em pé afrancesada.

É preciso ver a moeda número um do Tio Patinhas sendo tomada pelas mãos da criança feia e morta que nos estende a mão.

Precisamos de uma ciência e de uma política que vá além do manual prático do intelectual de esquerda Brasileira. Aquele sujeito com a barba por fazer de três dias, limpo, cheiroso, versado em Francês, que dança um tambor de crioula limpo, cheiroso, versado em francês, que ouve o sertanejo do Piaui, sem ouvir o Funk do Piaui, que fala de uma religião de almanaque, que fala de uma revolução de almanaque.

Precisamos devorar o Bispo Sardinha em nós mesmos, precisamos ser peça de churrasco na mandíbula do anárquico. 

Precisamos do popular e perigoso terreno da galhofa.

Precisamos do popular para além do sorriso burocrata do sindicato que deleita-se ao ver o bolsa-familia assinar a Veja.

Que vivamos o mundo Macunamicamente, que sejamos churrasco na lage, que sorriamos o caos, que lambamos o riso cruel dos ônibus da Avenida Brasil, o ódio surdo do sol na cara em três horas de percurso, a raiva descarregada no puta que pariu que xinga o Juiz.

Precisamos de um novo nós, com o umbigo dos descobertos, sem camisa, de havaianas, em cada esquina.

Precisamos andar assim de viés, tomar a praça como um salão, precisamos ser ralé.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Humano, demasiado humano

É comum chamarmos de monstros os vilões, os estupradores e ladrões, os assassinos. É comum também animalizarmos os adversários e os canalhas, eles são cachorros, burros, amebas, assim como  pessoas violentas e assassinos são feras.

É comum, muito comum. É humano sair, é humano interpretar o outro como o não-eu, como um externo a mim. É humano também devorar o outro, aquele não-eu,, destruí-lo, exclui-lo do espaço legitimo de convivência e debate político, seja pela via da violência, seja pela via do fundamentalismo, da interrupção do diálogo, pela mentira. 

A defesa do espaço conquistado, seja ele uma caverna ou uma sinecura governamental é quase um elemento atávico no humano. A defesa de uma posição politica, de um ponto de conquista de espaço, de território de ação política imediata, mesmo que imaginário, leva a embates e muitas vezes em coisa pior.

É por isso que é comum  a intolerância, a loucura coletiva em torno de posições, de espaços fechados, de debates interrompidos, de uma busca de soluções definitivas para essa rede de complexidades chamada real. O fundamentalismo e a intolerância são tão humanos e cotidianos, frequentes quanto a poesia, o amor e o desejo de paz mundial.

Eu mesmo não sou dos mais tolerantes entes humanos a passear por essa rocha, não sou muito fã de debates acalorados com golpes abaixo da linha da cintura, de polianices ou delíriuns tergiversandis construídos em torno do que considero mentira das brabas. 

A política não é a mãe das boas maneiras e nem filha da pureza, é uma selva bacana onde eu e minha laia rolando na relva (rolava de tudo) brigamos com piratas pirados. 

A política não é pura, nunca foi, é luta, considero que de classes, é pancada, é briga por espaço. A tal ética política ou "grande política" é a meu ver uma escolha baseada em limites humanos do chafurdar no eixo de um dos mais humanos elementos presentes na sociedade: A busca pelo poder. 

Ou seja a "Grande política" busca o poder tanto quanto os Serviçais da Grande ordem Vermelha, às vezes pelo mesmo método, mas em geral rola uma tentativa de não viajar na maionese e embarcar na canoa do poder de certa forma esquecendo pra onde ia. 

Porque é comum a  rapaziada ir com tanta sede ao pote no "Vamo mudar a porra toda!" que quando chega lá ,ao atravessar o rubicão da feérica luta do "bem contra o mal" do imaginário da trupe, acaba se perguntando "Que que a gente veio fazer aqui mesmo?" e ai pergunta pro PMDB. 

Todo mundo sabe que o PMDB, a Morte e os impostos são coisas inevitáveis na vida humana, nem que seja pra produzir medo, mas o comum ato de torná-lo conselheiro já é aquele transtorno por esforço repetitivo que faz esse demasiado humano mundo da política  um terreno que oscila entre o perigoso e o perigoso terreno da galhofa.

Então a rapaziada da "Grande Politica" é no fundo o "Movimento de evitar o PMDB" e tenta assim manter algumas bandeiras humanistas e tradicionalmente arrebatadas das mãos burguesas pela esquerda no alto, longe da mão do PMDB, que tem mania de tomar tudo.

Tudo muito humano, demasiado humano. 

E é nessa bagaça, nessa busca interminável pelo PMDB, ops, pelo poder que a galera fica, numa disputa interminável onde a esperança equilibrista parece professor municipal do Rio, sobrevive, mas ninguém sabe muito bem como.

Este escriba entende a disputa, respeita polianas, respeita a necessidade de defesa do ganha pão por políticos, parlamentares, assessores e aspones virtuais, só não entende a PCdoBzação do PT, a transformação dessa massa politizada que tomou as ruas e elegeu a Erundina em 1988 em uma galera com discurso de quinta série, com uma "argumento" que começa com "disputem eleições e ganhem para que eu possa discutir política com vocês" e termina com aquela sensação no interlocutor que o PT virou a maior UJS do mundo.

Tudo muito humano, tudo muito tipico e talvez tudo muito sintomático do motivo pelo qual o PMDB é uma espécie de igreja católica apostólica romana do mundo político, que parece estar ai desde Noé, dominando tudo e transformando tudo à sua volta em pequenos simulacros menos competentes de sua arte de sobrevivência.

Sei que deve ser difícil, complexo e brabo pro petista médio, aquele que compra pão na padaria, que veste as havaianas da humildade, que mete o pé na estrada pra fazer o seu,o meu, o nosso, trabalho de militância (No caso deles desconfio que com mais sustança financeira, digamos assim), votar no PMDB, ser base do PMDB, balançar bandeirinha do PMDB, dizer que é bom, que faz tchu, que faz tcha, que balança a pema, balança sem parar.

Sair do "Lula lá brilha uma estrela" pro "Agora é Paes" deve doer, especialmente nos mais velhos, alquebrados pelas dores do pragmatismo. Mas confesso que surpreende que estes mesmos, estes que se mexeram pra eleger a Erundina, o Patrus, o Tarso, o Olivio, pra por o Chico Alencar como fenômeno eleitoral, pra construir a candidatura Vladimir Palmeiras driblando o Zé Capiroto, desafiando o mal, estes mesmos sujeitos que tavam lá, que viram que era bom, não se contentam somente em ir lá balouçar a pema do PMDB, mas também enveredaram no perigoso terreno da vergonha alheia ao chamar de aventura algo que é muito similar a seu passado.

Chamar uma opção inclusive de agregação de valores à esquerda como um todo de "Santo das esquerdas" desagregadas, como se essa desagregação destas fosse bom, fosse legal,é de doer as bolas.

Surpreende que a tática atual destes seres tenha sido o ad hominem a Marcelo Freixo, tenha sido a escolha pela infantilização do debate, pela arma do medo de chamar uma candidatura que se busca de esperança como "aventura" (Regina Duarte, quem diria, transferiu o medo a sue algoz), como uma "Sebastianisse" de uma esquerda abandonada e "irrelevante". 

Surpreende mais ainda porque Freixo, sua candidatura, não se constituem como um discurso revolucionário de esquerda, que fuja tanto assim do discurso governista em seu cerne, no que se propõe, como "Salvadores do povo", apesar de ser um discurso radical que aponta as contradições deste discurso de "salvamento" pelas geladeiras e "carinhos".

Surpreende por ver um partido usar contra adversários, que inclusive tem em si seu dna, o discurso usado contra ele, apontado contra ele, quando da constituição do que seria o maior partido de esquerda da Ameŕica Latina.

Terá o PT, e seus correligionários, como Greta Garbo, acabado no Irajá?

A opção preferencial pelo PMDB deixou de ser um ato pragmático para ser um ato simbiótico, como a opção em BH pelo PSB em uma espécie de Dona Flor e seus dois maridos com o PSDB?

Será que esse humano, demasiado humano, desejo de conquista do poder tenha tornado o PT e sua militância uma espécie de Smeagol a falar para si mesmo em um delírio lisérgico que o inimigo de sua conquista do "precioso" domínio global da cena política é qualquer coisa que lhe lembre quem ele foi?

A política não é pura, nunca foi, e nem é justa, ou doce, ou adulta, ela é feroz, humana, demasiado humana, mas acho que já teve mais compostura.





quarta-feira, 25 de abril de 2012

Estratégica indignação

A indignação contra as ADIN impetradas pelo DEM contra a demarcação de terras Quilombolas e contras as cotas raciais para as universidades é saudabilíssima. 

Essa indignação precisa sim de braços, almas, vozes para ecoar e ser um mar de nãos a este partido racista, conservador, machista, homofóbico e cadinho do mais podre da alma política Brasileira.

Só que indignação nenhuma deve e pode parar no combate político eleitoral, focado, míope e por vezes, não poucas, torpe, que é infelizmente mato nesses dias de Blogosfera Oficial, manipuladora, militante e profissional.

Bater no DEM é mais mole que querer tomar cachaça de graça na Lapa depois de meia noite, ir contra TODA manifestação contrária aos movimentos populares em todo o país e sob TODO E QUALQUER GOVERNO, é que são elas.

A honestidade política não é artigo fácil hoje em dia, e não estou falando de não roubar, condição sinequanon, mas de não sapatear na cara da inteligencia da nação.

A desonestidade intelectual e política não é monopólio de ninguém, de nenhum partido: Está nos ensolarados que tem senador elogiando Demóstenes Torres; Nos Verdes que brincam com a inteligência alheia considerando artigos sobre trabalho de base como defensores de "teocracias" e usando morte de gays como ferramenta de combate desonesto ao Governo Lula/Dilma usando estatísticas vindas de políticas implementadas pelo mesmo governo; Nos independentes e Vermelhos Governistas, Azuis Tucanos,etc..

Não se pode, no entanto, negar que a rapaziada estrelada zoa, tá de sacanagem, quando pula vinte metros pra bater nos tucanos no caso Pinheirinho ou no DEM nas ADIN, mas some miudinho quando o caso dos Quilombolas do Recôncavo ou dos Pataxó do Sul da Bahia ou das cagadas de Belo Monte, vêm à tona.

Sei que na hora do pau precisamos de todos os braços, todas as vozes, mas me fode muito a paciência, sem perdão do mau uso da palavra, o oportunismo canalha e me aproveito do álibi dos tantos dedos e perdigotos infantilóides advindos da massa Governóide ao atacar todos como "radicais nefelibatas", para apontar sim o volumoso dedo pra isso, para esse oportunismo safado.

Vamos democratizar a indignação, vamos ser mais honestos e realmente atuar para a mudança do mundo, independente de que partido ou grupo esteja no governo, porque indignação estratégica pra mim é putaria e revela canalhas.