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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Manifesto Macunanímico

Um dos problemas paradigmáticos da ciência, de todas elas, mas em especial das humanas, é o viés eurocêntrico. A ideia de um processo racional linear de pensamento, de construção cultural, de entendimento do outro, do estado, do poder, da noção de coletivo e de transformação política, construída na base iluminista e mantida, levada a cabo como regra, cláusula pétrea de pensamento e vivência, de luta política e de transformação político-sócio-pessoal marca uma negação de qualquer modus operandi e de pensamento que não siga regras circunscritas em propostas de viés europeu, de Marx a Adam Smith, Hayek,etc..

Não há problema no ler, saber, viver e pensar entendendo a contribuição de quem quer que seja, mas torná-la manual prático de práxis, a ponto de ignorar variações culturais, de construção do arcabouço de realidade à mão de povos diferentes, construídos de barros diferentes por mestres Vitalinos plenos de uma vitalidade similar à de Michelangelos, mas independentes de uma Grécia Clássica e mais próximos de uma percepção de povo feito das mãos de um Deus colorido que de tez moura samba qual Malasartes.


Esperamos revoluções e entendimentos que incluam uma Pachamama tão parecida com Gaia que nos dá o vislumbre do cabelo Louro Greco-Romano-Anglo-Germânico-Saxão, de uma ideia de Deusa menos índia e mais presente nos salões cultos da gélida Europa. Pedimos democracia direta, mas sambamos de horror quando assembleias indígenas tornam-se um só voto, um só, unido, incontestável, criado numa coletividade que não leu Locke.

Criamos um paradigma de laicismo que torna a fé um anátema ao invés de combater fundamentalismos, entendemos o mundo religioso como externo a  ele mesmo, como uma copia fiel de uma fé construída na base do papismo dourado de uma idade média tida como das trevas e fingimos não ver Revoluções pintadas nas cores das Folias de Reis tão medievais quanto o dourado dos Bentos, mas com a pele herege tatuada de muito mais do que leituras de Lênin costumam perceber.

Precisamos de mais radicalidade real, criada do olhar da raiz, do beijo na raiz, de uma macaxeira frita em banha de porco e de uma raiz múltipla, contida de peles e mãos negras, mulatas, indígenas, Nagô, aimará, Tupinambá, Guarani, Banto, Gêge, Ketu.

Precisamos que Marx coma Tacacá, que Macunaima dance um Fox Trote na cara do Luiz XV. Precisamos misturar Chiclete com Banana e por bebop no samba.

Tá na hora da reeducação de alguém, de ver Pachamama devoradora de homens e irmã das Onças e não uma mistura de Gaia com India Potira. Precisamos ver o Admirável Gado Novo, o povo marcado ê, o povo feliz, do lado dele, olhando no olho dele, cheirando ele e não na distância próxima do arcabouço intelectual que cisma em ignorar Levi-Strauss que achava banguela a Guanabara

É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte de uma civilização sem civilidade, sem o civil mundo distante dos salões, feito de Funk, Hip Hop, Tecno-Brega, feito de transformações que zoam a estética de nariz em pé afrancesada.

É preciso ver a moeda número um do Tio Patinhas sendo tomada pelas mãos da criança feia e morta que nos estende a mão.

Precisamos de uma ciência e de uma política que vá além do manual prático do intelectual de esquerda Brasileira. Aquele sujeito com a barba por fazer de três dias, limpo, cheiroso, versado em Francês, que dança um tambor de crioula limpo, cheiroso, versado em francês, que ouve o sertanejo do Piaui, sem ouvir o Funk do Piaui, que fala de uma religião de almanaque, que fala de uma revolução de almanaque.

Precisamos devorar o Bispo Sardinha em nós mesmos, precisamos ser peça de churrasco na mandíbula do anárquico. 

Precisamos do popular e perigoso terreno da galhofa.

Precisamos do popular para além do sorriso burocrata do sindicato que deleita-se ao ver o bolsa-familia assinar a Veja.

Que vivamos o mundo Macunamicamente, que sejamos churrasco na lage, que sorriamos o caos, que lambamos o riso cruel dos ônibus da Avenida Brasil, o ódio surdo do sol na cara em três horas de percurso, a raiva descarregada no puta que pariu que xinga o Juiz.

Precisamos de um novo nós, com o umbigo dos descobertos, sem camisa, de havaianas, em cada esquina.

Precisamos andar assim de viés, tomar a praça como um salão, precisamos ser ralé.


sábado, 24 de setembro de 2011

Lula foi inventado pela Ditadura?


Com todas as criticas possíveis e inimagináveis que qualquer personagem político, histórico, socialista ou não, possa e deve receber há limites óbvios quando elas passeiam pelo perigoso terreno da calunia.



Vou ser curto e grosso porque o tempo urge e a vida idem, mas Luis Ignácio Lula da Silva pode ser acusado de inúmeras coisas, inclusive quando de sua trajetória inicial pro vezes recuar e dar sinais de posições que tomaria futuramente enquanto presidente da república, inclusive a sanha de acomodação que dá anéis pra não perder os dedos e às vezes mais que isso. O evitar de confrontos, o fato de nunca ter sido socialista e mesmo às vezes dar sinais de que deixou de ser de esquerda faz mais tempo do que entendemos são outras criticas, que repito, são inúmeras e são maiores do que as que citei.

Lula também foi e é demagogo, manipulador, centralizador, maquiavélico e por ai vai.. não dá pra deixar de criticar em, repito, desde seu aparecimento.

Mas a repetição aqui da eterna balela e boataria que nutre além de preconceito de classe o desprezo solene pela inteligencia de meia esquerda que junta de Dirceu, Sérgio Buarque, Plínio de Arruda Sampaio, Mário Pedrosa, Lélia Abramo, Perseu Abramo a um sem número de pessoas e coloca Lula como produto da ditadura é de causar náuseas amplas, gerais e irrestritas.

Ser oposição e divergência de esquerdas tem o limite da honestidade, que vai além, muito além de não roubar. Ser oposição, ser socialista exige, por dever de honra, buscar informações e posturas com clareza. E a honra ai não é um conceito vago burguês é a idéia da transparência do socialista, de não caminhar pelas táticas de desmoralização ad hominem, mas parece que o autor do artigo e o PCB preferem usar a velha tática Stalinista de deturpação, destruição da individuo ao invés de por na rua o embate político, é mais fácil destruir reputações do que construir critica.

No entanto é importante entender o motivo pelo qual o PCB ressuscita essa ladainha que despreza qualquer compromisso com uma critica política e não ad hominem e qualquer tipo de pesquisa com algum tipo de honestidade intelectual, este tipo de nojeira ajuda a esquecer a oposição do PCB à  formação da CUT com apoio a Joaquinzão e sua política de minar o PT nascente, percebendo sua força como alternativa de esquerda que eclipsaria o então Partidão.  O PCB não levou tanto esforço a  cabo pra explicar porque o apoiado Joaquinzão foi um dos sindicalistas mais atuantes por toda a década de 1970 quando os sindicatos eram altamente oprimidos e alinhados diretos à ditadura.. isso não importa,né?

Como também não importa do mesmo Joaquinzão ter sido interventor da ditadura nos sindicatos. Da linhagem de Joaquinzão veio  Medeiros e Paulinho da Força.

Pro PCB é mais importante ocultar suas incompetências, mesmo que pra isso ressuscite uma das mais nojentas, desonestas e imbecis acusações já vistas no meio da esquerda. Não sou do PT, sai recentemente do PSOL e da militância direta, mas entendo que ativismo político não pode ser calcado em tal desonestidade. E talvez seja essa a explicação da irrelevância do PCB a partir da década de 1980 e que dura até hoje.