sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Itaocara: o modo PSOL de Governar! | PSOL SERRAMAR

Itaocara: o modo PSOL de Governar! | PSOL SERRAMAR

Nota votada por sete membros da Executiva Nacional do PSOL*



As eleições de 2012 foram um momento de vitória política e eleitoral para o PSOL. Obteve 2,39 milhões de votos para candidatos a prefeito no primeiro turno, superando partidos tradicionais como PV e PCdoB. Saiu politicamente mais respeitado, ampliou sua bancada de veradores/as, elegeu seu primeiro prefeito no primeiro turno e foi ao segundo turno em duas capitais. Isto foi viabilizado tanto pela ação do próprio partido como por uma conjuntura mais favorável que a de 2008. Ainda que tenha havido diversidade nas campanhas, elas em geral foram feitas pela esquerda, diferenciando o PSOL tanto dos partidos da direita tradicional quanto dos partidos do bloco de sustentação do governo federal. A visibilidade do PSOL cresceu muito, e ele se tornou um partido atrativo para uma parcela importante da população, especialmente uma grande parte da juventude. Ao mesmo tempo em que isto abre boas possibilidades para a construção do P SOL como partido socialista e para o desenvolvimento de um projeto de socialismo, impõe também novas responsabilidades. As ações do PSOL passam a estar muito mais sob o escrutínio da população.


Tudo isto aumenta muito a gravidade de opções tomadas por setores do partido, em parte desde o primeiro turno das eleições, e muito mais no segundo turno; este se constituiu num verdadeiro desastre. De fato, foram feitas claras agressões contra o caráter de esquerda, socialista e democrático do partido.


As opções mais negativas foram feitas pelo setor dirigente no PSOL do Amapá, especialmente pelo senador Randolfe Rodrigues e pelo prefeito eleito de Macapá, Clécio Luís. O senador Randolfe e a direção do PSOL-AP já haviam sido advertidos pelo Diretório Nacional do PSOL em dezembro de 2010, por terem feito uma aliança informal com o PTB no primeiro turno, apesar da proibição expressa da Executiva Nacional, e pelo apoio ao candidato a governador do PTB no segundo turno. Em 2012, no primeiro turno, houve apoios do senador Randolfe Rodrigues e do PSOL-AP a candidatos de partidos com os quais o DN-PSOL havia expressamente proibido alianças. No segundo turno de Macapá, o quadro piorou: o PSOL celebrou, em ato político público, uma aliança com o DEM, o PTB e o PSDB; representantes do partido deixaram claro que a aliança se fazia também para governar, e para depois. À gravidade dos fatos em si mesmos se somou a duplicidade do discurso do senador Randolfe Rodrigues e do prefeito eleito Clécio Luís. Em declarações para o público de Macapá e para a grande imprensa eles têm reafirmado a ideia de que a aliança com os três partidos da direita mais tradicional foi realmente celebrada, e acrescentado que o PSOL deve aprender a compreendê-la e aceitá-la. Já em declarações para o público interno do partido eles têm procurado minimizar o fato, dizendo que houve apenas aceitação de apoios, e que, no máximo, “em momento de empolgação pelos apoios recebidos de parte dos que naturalmente se alinhariam com nosso adversário houve menção às eleições de 2014 que permitiu interpretação errada em nossa militância de que haveria acordos futuros”. Obviamente trata-se de uma explicação inverossímil. De conjunto, tem-se caracterizado um comportamento desleal em relação ao PSOL. Ora, a linha de alianças amplas e duradouras com partidos e figuras emblemáticas da direita mais tradicional, seguida pelos dirigentes do PSOL-AP desde 2010, é incompatível com um partido socialista minimamente coerente.


Diferentes, mas também graves, foram as opções tomadas pela candidatura do PSOL a prefeito em Belém (neste caso, sem acordo da direção municipal do partido, que não foi consultada). Se não descaracterizaram inteiramente o PSOL como um partido socialista, elas o descaracterizam enquanto oposição de esquerda aos governos Lula e Dilma. Confundiram as fronteiras entre o esforço do PSOL de construir uma esquerda socialista consequente e a linha social-liberal do PT, que não apenas subordina este partido aos interesses da grande burguesia brasileira e internacional como, de fato, o torna seu representante. É importante termos claro que o problema não foi o PSOL ter recebido apoio do PT no segundo turno; isto seria normal, nas circunstâncias. O problema foi, em primeiro lugar, este apoio ter-se dado por meio de declarações de Lula, Dilma e diversos ministros de seu governo no programa do PSOL; em segundo lugar, estas declarações terem feito a defesa dos governos do PT; e, em terceiro lugar, a adoção pela candidatura do PSOL da linha de que Edmílson seria um bom prefeito por contar com a parceria do governo federal. O que se sugeriu não foi uma relação republicana entre os vários níveis de governo, mas uma relação de acordo político especial. Com tudo isto, além de as fronteiras político-programáticas entre o nosso partido e o PT terem sido apagadas, o PSOL assumiu a responsabilidade pela defesa dos governos do PT feita por Lula, Dilma e seus ministros. Ora, sabemos que os argumentos usados por eles são falsos. Dar-lhes credibilidade implica mentir ao povo, coisa que um partido socialista, que aposta na auto-organização popular e, logo, no avanço da consciência dos setores explorados e oprimidos da população, não pode fazer nunca. Tão grave quanto isso, é que esse caminho, como mínimo, sugere, que estaria em questão no PSOL sua vocação de ser uma oposição de esquerda programática ao modelo global de política econômica, social e ambiental dos governos do PT 2003. Estaria em questão a razão de ser do PSOL para recolocar ao país o projeto de uma esquerda socialista coerente.


3) Os problemas da linha seguida pelo PSOL no segundo turno, tanto em Macapá quanto em Belém, tornaram-se piores por se vincularem a um grande deterioração da democracia interna no PSOL. Não houve democracia no PSOL de Belém na direção da campanha; e, nacionalmente, o presidente do partido agiu como presidente apenas de seu grupo político, recusando-se a permitir que o Diretório Nacional do PSOL ou sua Executiva Nacional se expressassem sobre o desastre em curso e pudessem evita-lo.


4) Além dos casos já citados do estado Amapá, houve em outros estados, no primeiro turno, coligações proibidas pelo Diretório Nacional. Tal como feito em 2008, o normal é que os vereadores eleitos nestes casos sejam desligados do partido. A análise da atuação destes candidatos eleitos, bem como a análise das ações de todos (as) os(as) responsáveis por estas coligações proibidas, devem ser remetidas à Comissão de Ética Nacional do PSOL.


* Votaram nesta proposta de nota 7 membros efetivos da Executiva: Camila, Zilmar, Sílvia, Robaina, Pedro Fuentes, Mario Agra, Leandro Recife. O companheiro Tostão, que também é membro efetivo e não esteve presente por motivos de saúde, também assina a nota. A nota votada por maioria teve 8 votos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Navegar é preciso: pequena avaliação das eleições 2012

A caminha da esquerda partidária nunca foi baseada no purismo simplista que arrotam "sábios" e "ponderados' membros da blogagem "progressista" ou da imprensa corporativa (cujo comportamento e modus operandi se confundem e refletem). 

A dura caminhada plena de contradições internas e externas, relações perigosas dentro ou fora do arco de alianças "puro-sangue", sempre foi marca de uma esquerda onde no passado logo após sair da cadeia abraçou o ex-algoz Getúlio em nome da resistência diante de uma direita entreguista representada pela UDN e que crescia para controlar o governo.

Também no decorrer dos anos 1990 a pressão para a ampliação do arco de alianças sobre o "radical" PT foi a marca daquela caminhada que corria em paralelo ao amainar também das lutas cotidianas e das necessidades e combates dos movimentos sociais, já imersos na correia de transmissão do projeto de eleição do primeiro operário presidente da república, que ocorreu afinal em 2002.

As contradições e a quase que universal pressão para "a ampliação das alianças" não são, portanto, novidades para a esquerda e, nem tampouco o PSOL se livraria do discurso que perseguiu o PT durante os anos 1990 e vencendo neste partido levou aos píncaros da ampliação e flexibilidade programática que foi o abraço ao Maluf em São Paulo, com resultado positivo eleitoralmente (Politicamente são outros quinhentos).

No próprio PSOL esse discurso permeou o partido no primeiro e segundo turno, com ênfase no nebuloso projeto de Macapá que incluiu até um apoio no segundo turno, com cheiro de aliança, do fatídico DEM, abraçado pelo senador Randolfe Rodrigues e seu pupilo Clécio com o ardor dos que vêem ali a saída para todos os males. 

Este ardor aliancista cuja lógica aparentemente "racional" não distingue "flexibilidade" e ampliação de alianças com acordos complexos com setores representantes da ala da sociedade cuja construção do PSOL se buscava combatente, fomentou discussões que retornam ao período onde essa mesma carga de debate era aplicada para a diferenciação óbvia entre aliança com amplo arco da sociedade de acordos com partidos que representam o controle político conservador sobre o estado. Ou seja, a discussão que havia de 1990 a 2002 no PT, não morreu lá, e continua no PSOL, numa busca de amainar uma "radicalidade" que muitas vezes é tachada de sectária quando pro vezes tem o cálculo político da diferenciação em prol da ampliação da capilaridade social para além da institucionalidade.

Confundindo capilaridade política com capilaridade eleitoral o "aliancismo" se joga numa busca de "musculatura" eleitoral que se utiliza do maior número de malabarismos possíveis pra justificar arcos de alianças pra lá de ecléticos e que pouco se assemelham a uma construção horizontal de alianças com a sociedade, tendo muito mais a cara, inclusive em seus atos de formalização, das velhas e velhacas alianças entre senhores e coronéis, no acordo de cavalheiros que sustentam não uma mudança estrutural, ou mesmo um ensaio disso, nos locais onde ocorrem, mas sim apenas mudanças pontuais de controle do aparato do estado, e isso quando vão além da mudança dos chefes de governo locais.

Sob a alegação da necessidade de crescimento partidário rumo a constituir-se uma alternativa ao poder atual repetem-se os erros que conduzirem o projeto atualmente hegemônico ao poder, e com singular similaridade.

O interessante é que estes movimentos ocorrem quando em centros maiores e com uma realidade política extremamente mais complexa, projetos com um saldo organizativo político-partidário local foram muito além das fronteiras  da cidade e se tornaram referências nacionais pela capacidade de ir além das fronteiras do partido e da concepção de alianças com legendas com pouca ou nenhuma proximidade ideológica como único eixo de atuação política. Esses projetos ocorreram em disputas eleitorais de profunda dureza como no Rio, Salvador e Fortaleza e com um saldo organizativo palpável, com ampliação de ocupação de espaço político à esquerda, sem sectarismo e  com diálogo amplo na sociedade e profunda aliança com movimentos sociais e coma  sociedade civil organizada sem nenhum tipo de discurso hermético ideológico e com um arco profundo de politização dentro dos marcos da discussão de projetos de cidade.

Esses projetos possibilitam um avanço para além do carisma individual desta ou daquela liderança e a construção de coletivos militantes que possibilitem um crescimento sólido e que penetre transversalmente na disputa política sem precisar de acordos estapafúrdios com caciquetes locais em nome de uma duvidosa vitória eleitoral com profunda desconfiança não só do partido, mas como da sociedade brasileira.

No mesmo plano de discussão a questão de Belém representa um ponto de reflexão sobre os limites de um determinado tipo de pragmatismo em busca da eleição por si mesma. Embora com menos ardor "pragmático'' que deu a Macapá o título de líder no quesito alianças sui generis, a ampliação de alianças em Belém também obedeceu uma certa flexibilidade  que foi tolerável no primeiro turno e que degringolou no segundo quando a sanha pela vitória tornou o apoio do PT em aliança programática com inclusive anuência de Lula em programa de TV.

De uma campanha com a presença de parte da base de apoio ao governo federal, mas ainda dentro dos marcos de um discurso do PSOL mais macio, a campanha de Edmilson Rodrigues no segundo turno tornou-se praticamente uma anti-campanha do PSOL ao tornar-se uma campanha ratificadora de um governo ao qual o partido mantém fervorosa oposição e concordância com programas deste governo cujo partido e movimentos sociais ao qual o partido é próximo compõe profunda oposição, combate mesmo, como o "Minha Casa,Minha vida" ou a  política de educação que gerou as prolongadas greves no ensino federal.

A participação de Mercadante na campanha de Edmilson representou um imenso problema pra metade mais um do partido que compuseram a liderança nas greves. A de Dilma ofereceu a quem combate a política ambiental do governo, Belo Monte, política indigenista, a dura face de verem-se desrepresentados pelo outrora candidato que em Belém era seu representante. Marta por sua vez lembrou a quem luta pela ampliação dos direitos LGBT a complicada ação da Senadora na negociação que levou ao arquivamento do PLC 122 no senado. Pra completar Lula em sue discurso auto-congratulatório pelas realizações de sue governo  representou como se uma vitória simbólica do projeto que ele representa sobre a dissidência que fundou o PSOL. 

O resultado disso tudo, obviamente somados a outros tantos fatores, não foi exatamente oque o partido em Belém esperava levando à derrota eleitoral e possivelmente política ao causar tantas fraturas na base de apoio partidário e nos movimentos sociais.

Neste mar de contradições, vitórias e derrotas que se ergue um PSOL que hoje possui um quadro muito mais complexo e positivo que outrora, desde sua fundação, dado que permite uma construção ampla, com participação coletiva e leitura ideológica sem ser fechada, hermética, e impossível aos não iniciados, e também inclui em debate o alcance de determinadas vitórias cuja metodologia pouco difere das dos quem abrimos fogo no combate político diário. 
Além disso o excesso de independência de determinadas instâncias com relação à direção nacional, como o de figuras públicas em sua relação com a conjuntura nacional e  local é um bom tema de debate, dado que tanto o Senador Randolfe sustentou as alianças sui generis em Macapá como atropelou a instância estadual do Acre ao poiar o mesmo candidato do PT que a instância local negou apoio.


A omissão de parte do diretório nacional na discussão destas questões também é uma pauta que deve ser debatida para que o PSOL não viva sequestrado como partido pelas suas lideranças ou correntes que controlem cargos dirigentes evitando que como em 2010 tenhamos ruptura pública ao ponto de sites serem furtados.

É neste mar que o PSOL hoje navega, o caminho que tomará dependerá tanto da mobilização dos navegadores quanto da conjuntura externa, das marés. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Da cidade Febril à cidade partida

Para quem milita contra a criminalização da pobreza e os projetos higienistas presentes ainda hoje no discurso da "modernidade" que grassa nas bocas, mentes e corações de políticos "jovens" do PT, PMDB e mais classicamente Tucanos do velho e bom PSDB de Guerra, o livro "Cidade Febril" de Sidney Chalhoub, publicado pela Companhia das Letras, é uma importantíssima ferramenta de acumulo de informações sobre a invenção da tradição do discurso higienista como embasador da perseguição, criminalização e justificação de atentados aos direitos humanos das pessoas pobres.

Ao nos apresentar o fato notório que desde o Império há um discurso que culpa a pobreza (Nada coincidentemente ligada à pele preta) tanto pela sua condição quanto pelos perigos das grandes cidade, assim como por doenças e problemas de saneamento, Chalhoub nos dá precioso meio de identificarmos como se cria um discurso "modernizante" que através dos tempos ecoa velhos preconceitos e nada "modernos" ou "novos", métodos de construção de uma modernização conservadora, de uma modernização de fundo tecnocrático, tecnicista, que despolitiza o cotidiano e a vida da sociedade, em nome de verdades absolutas "cientificistas" que consideram tudo o que estiver fora de sua "verdade" um absoluto inexistente.

Embasados pelo discurso que culpava a moradia das pessoas pobres como culpadas pelo contágio da Febre Amarela, vilã escolhida sob o manto da omissão com que tratavam a mortandade dos pobres e pretos por tuberculose, os motores da construção da nova cidade burguesa, construída sobre os escombros da cidade "colonial", iniciavam sua fome de derrubada de um "velho" muito similar ao pobre e no erguer de um "novo" muito similar à interesses de um já nascente mercado imobiliário.

No discurso dos médicos higienistas estava a base cientifica que muito interessava a construção civil da época e a indústria de transportes, assim como o embasar de um discurso de controle social que usaria um trabalho feito por um alto funcionário da polícia de Paris, M.A.Fregiér, pra justificar a construção de uma ideia de "classes perigosas" perigosamente vinculada, pra não dizer ostensivamente e conscientemente, à noção de "classes pobres", que no Brasil ganham o adendo de "população negra".

Também havia muito interesse dos mesmos especuladores para sustentar uma ação que continha a limpeza social, a sanitária e a "estética" da cidade, em nome de um conceito de civilização que tinha como ideia da cidade perfeita uma cidade sem negros, sem pobres e sem o contágio que para os philosophos  da época (Usando um termo do próprio autor) eram quase inerentes a pobres e pretos e suas moradias.

A própria opção pelo combate à febre amarela, doença que vitimava muito mais imigrantes e brancos do que negros, em detrimento de uma política de combate à tuberculose, que vitimava mais negros que os demais, dadas as condições de alimentação e abrigo das pessoas pobres, em sua maioria negros, tem em si a opção quase óbvia e sinceramente assumida de tentar facilitar à natureza o branqueamento da população.

Há inclusive uma declaração abertamente neste sentido emitida surpreendentemente por Rui Barbosa, autor de monta e vinculado a uma ideia de liberdade e república (que parece para ele não significar a mesma coisa com negros) e que é um poço de afirmação de que para a sociedade brasileira da época, e ouso dizer que ainda hoje, o branqueamento era não só preciso, como necessário e a qualquer custo.

Rui Barbosa dizia sobre a febre amarela:

                          É um mal que só a raça negra logra imunidade, raro desmentida apenas no curso das mais violentas epidemias e em cujo obituário, nos centros onde avultava a imigração européia, a contribuição das colônias estrangeiras subia a 92 por cento sobre o total de mortos. Conservadora do elemento africano, exterminadora do elemento europeu, a praga amarela, negreira e xenófoba, atacava a existência da nação em sua medula, na seiva regeneratriz do bom sangue ariano, com que a corrente imigratória nos vem depurar as veias da mestiçagem primitiva, e nos dava, aos olhos do mundo civilizado, os ares de um matadouro da raça branca. (CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril. Companhia das Letras. Rio de Janeiro,2011. página 95).

Esses dizeres, se não repetidos com esta clareza que a um homem de seu tempo como Rui Barbosa era permitida, são a fundação de um discurso de culpabilidade de parte da população no que diz respeito aos "dramas da civilização", leia-se civilização branca, repetidos até hoje. 

Se antes o uso da febre amarela como um problema aos planos de branqueamento da população era farto e com isso se sustentava uma política que unia o bota abaixo, o derrubar das casas de pobres, o policiamento indicando que pobres e negros eram a classe perigosa, como forma de ação civilizatória, este mesmo discurso retorna com o mesmo tipo de cerco quando as remoções sob alegação de "salvar vidas em área de risco", a pacificação das áreas onde vivem os mais pobres (e pretos), levando com elas a similaridade de uma especulação imobiliária que ocupava as áreas demolidas dos cortiços (preocupantemente ocupadores de valorizadíssimas áreas para os planos dos empreendedores), a internação compulsória das vítimas da epidemia do crack.

E em tudo isso há um leve cheiro de um tradição reinventada e cuja diretriz é uma percepção de uma noção de civilidade sem direitos humanos estendidos a quem não for branco.

É impressionante também como operações de guerra se assemelham. Em 1892 a vítima foi o Cortiço "Cabeça de Porco", e em 2011 foi o Pinheirinho, em 2012 está sendo a Providência, o Terreirão e outros tantos cantos onde os interesses do estado mal ocultam interesses poderosos privados. 

A tradição inventada para a corte no século XIX, não se resume à ela em pleno século XXI, como não se resumia no século XX, e ocupa cadeiras que vão desde os famigerados tucanos até os ex-esquerdistas e hoje neoPTistas do antigo Partido dos Trabalhadores.

À esta tradição é que deve ser feita nossa resistência para que a "modernidade" e o "aprendizado" que o sistema procura nos convencer ser um avanço em direção a um "progresso" demolidor de civilizações e direitos, não nos torne vítimas de um cientificismo tecnocrático que mal oculta seu racismo, seu horror ao povo que diz defender e suas ações de "melhoria da vida" que são tão parecidas com as ações dos elitistas racialistas do Império que parece que não se segue apenas uma tradição, mas na verdade uma compreensão do mundo que hoje se tornou crime ser repetida em voz alta.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vai ter segundo turno.

Eu queria falar da construção da tradição da guerra aos pobres, da criminalização da pobreza, das classes perigosas, aprendizado lido no livro "Cidade Febril" de Sidney Chalhoub.

Também queria questionar o combate ao fundamentalismo religioso em busca de uma razão neo-iluminista que no fim e ao cabo é a reprodução da lógica de que tudo e todos que possuem fé são imbecis.

Também pensei em escrever sobre a permanência de proto-intelectuais num nicho de lógica, se é que podemos chamar de lógica, que manifestam seu entendimento do real como superior ao de outrem, especialmente se estes outros não são doutos,letrados, e que definem o que não é científico, entendendo-se o científico  com uma fé enrustida na neutralidade da ciência que faria inveja nos intelectuais do século XIX, como subalterno, imbecil, idiota, como se o conhecimento tradicional (ou o conhecimento mágico) não fosse ele mesmo muitas vezes tão ou mais racional e empírico quanto o pensamento e conhecimento científico. 

Também pensei em retomar a lógica do vanguardismo, da defesa de uma antevisão que parte da sociedade tem que sua percepção do real lhe garantiria uma liderança automática por sobre os demais, ou em termos mais rudes, por sobre o gado, o populacho, a choldra.

Tudo isso foi pensado para ser escrito como tema de minhas atualizações do blog, que se buscam semanais, porém foram todos, um a um descartados, não por não serem temas importantes ou se não fosse possível escrevê-los, mas porque um misto de cansaço, sensação de dever cumprido e encanto se apoderou de mim ao fim desta belíssima campanha para tentar eleger Marcelo Freixo e Renato Cinco neste pleito de Sete de Outubro de 2012.

Durante todo o tempo de campanha lidei com novas pessoas, entendi novas paixões, novas razões, novos meios de entender o cotidiano, vivi, ri, chorei, tomei chuva; panfletei superando minha aversão ao panfletar; sai de casa para além das obrigações e da diversão superando um desejo e uma preguiça de quase nunca sair do teto; monitorei redes; enlouqueci de raiva a partir de ataques rebaixados de adversário, ex-companheiros e até ex-amigos; Sofri com raiva do fogo amigo que infelizmente se torna comum na esquerda; aprendi novas leituras; aprendi novas pessoas e realcancei a utopia, mesmo tímida, de mudar o mundo.

Foram quase três meses de muito trabalho diário nas redes, algum trabalho no cotidiano das ruas, de muito papo com colegas de faculdade, de muito texto, muito debate, muito sangue doado, muito suor e muito amor doado pra uma campanha. Só não doei dinheiro porque não tenho.

Foram quase três meses após mais de seis meses afastado do PSOL por divergências internas, por uma necessidade de reformulação interna minha de repensar o político pra mim, a política, a ideologia. Foram quase três meses onde a busca pela retomada da dimensão da utopia para a cidade e o país coincidiam no mesmo movimento para a retomada desta dimensão em mim.

Uma campanha onde deixei pendurada na porta uma vaidade minha, um desejo de ser vanguarda que sempre atrapalhou e que me impedia de aprender com tanta gente que hoje faz parte dessa tanta gente que trago em mim onde quer que eu vá.

Uma campanha onde reouvi canções minhas, eternas, nossas, de coração aberto, razão aberta, de estudo aberto, onde estudei a cidade para transformá-la e pra pesquisá-la, onde vi as cidades e a luta contra a construção do projeto de secessão nela no discurso do meu partido, da candidatura majoritária, do meu candidato a vereador, em meu projeto de pesquisa e mergulhei nisso, nessas convergências, convencido que nada deve parecer natural e nada deve parecer impossível de mudar.

Esse texto é o que eu consegui fazer para agradecer a todos, ao candidato e companheiro Marcelo Freixo, ao candidato e companheiro Renato Cinco, aos candidatos e companheiros Eliomar Coelho, Mc Leonardo, Babá, Futuro e tantos outros que tão ai e estarão tentando construir o PSOL e enfrentar a barra de combater milícias, empreiteiras, tratores, oportunistas, nesse cotidiano de tanta pancada que a gente leva como trabalhadores, com os trabalhadores, com os movimentos sociais. 

Esse texto é também um agradecimento ao Leo Uchoa, à Luisa Côrtes, Pedro Souto, Raoni Tenório, Paulo Cople, Cássio Venturi, Jorge Borges, Bid Teixeira, Luciene Lacerda, Luiz guilherme Santos, Silvio Pedrosa, Gustavo Ribas e tantas outras pessoas que fui de alguma forma conhecendo e achando bom e lidando com elas da tarefa de tentar fazer das redes e das ruas um espaço nosso, de uma campanha nossa, alegre, militante, amorosa, entregue à luta. Agradeço também a todos eles por me reapresentarem uma forma de fazer política, aguerrida, brigada, mas sorridente e feliz.

A gente agradece enquanto espera e descansa depois de um dia panfletando, guardando forças para abraçar o Maracanã amanhã dia 06/10 às 11:00 hs da manhã e pra depois refazer todo esse percurso no segundo turno.

Cês sabem,né? Vai ter segundo turno!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Do Orçamento Participativo a Russomano

"O PSOL precisa aprender a fazer a política de gente Grande", se lê por ai.

"O PSOL tem de entender como funciona a política", é outro adágio.

Ambos os adágios são expressões comuns na militância do novo PT, o PT que governa, faz alianças com Maluf, Sarney, Renan, Collor, que esquece Olívio Dutra, que agora diz que experiência é fundamental para governar, assim como maioria parlamentar.

Essas expressões são a mais forte indicação da transformação do PT em partido da ordem, digo mais, na segunda fase desta transformação, onde além de entrar para a ordem o partido se torna seu mais ardoroso defensor, como se o novato que precisa provar a todo momento estar apto e de direito neste confortável lugar que ocupa no Status Quo.

A transformação não foi tão rápida quanto pensa-se. Ela começa nos idos de 1996 quando a estratégia vencedora de José Dirceu em curso a partir daquele momento pode ser resumida em uma frase proferida no Rio Grande do Sul após a perda pela direita do PT de então ( tendência Articulação, entre outras) da direção do PT nacional para a esquerda: "Vocês ganharam o partido hoje, eu vou eleger o próximo presidente da República". 

E Dirceu estava certo, elegeu o presidente da república, esmagou a esquerda, conquistou o poder, mas a que preço? Para que fim? 

Quando a famosa frase de Maquiavel, "O fim justifica os meios", andava pelas bocas douradas da Articulação havia a lógica do "fim" ser um governo transformador, popular, o ápice do programa democrático popular, a expansão do "modo petista de governar" a todo o país.

 Só que com o tempo e os recuos constantes ("Temos de ir devagar"); As opções de aliança no parlamento e fora dele ("Precisamos entender a correlação de forças"); A ampliação de poder eleitoral, aprovação e absorção pela sociedade como um todo e o sucesso de medidas pontuais de ação social ("Estamos mudando a vida das pessoas e somos populares"), o "fim" foi abandonado e se chafurda no meio.


Ao invés de transformação se busca a manutenção, ao invés da mudança,s e busca uma estabilidade eterna, fanática dentro do estado que antigamente devia ser transformado.

A militância do PT está correta: O PT aprendeu a fazer política que nem gente grande, a jogar conforme o sistema, mas não por sabedoria ou "malandragem", mas porque se tornou mais um partido do sistema, mais um membro do clube onde estavam PMDB, PP, PRB, PR, PSDB, DEM.

Quando o PT profere um 'todos fazem" ao se referir ao aparelhamento do estado e à corrupção, ele assina o atestado de igualdade com o que antes combatia.

Quando o PT profere ataques que reduzem a capacidade de uma liderança política à sua falta de experiência administrativa, ataque prioritário ao Lula pré-2002, ele assina o ponto de funcionário do sistema, de reprodutor do sistema, da tecnocracia gerencial do capitalismo.

Quando o PT ataca adversários por sua defesa à legalização do aborto, combate ao crime organizado, legalização da maconha, combate à homofobia e se serve dos mais abjetos membros da sociedade em apoio a estes ataques, ele se torna não só mais um membro tímido da reação, mas um prócer do conservadorismo, nem que seja por omissão criminosa ou por apoio indireto.

Quando o PT recuou no combate à homofobia (que virou para Dilma "Propaganda de opção sexual) e fez vistas grossas A tenebrosas relações do PMDB do Rio de Janeiro (Cabral e Paes) com a milicia, tendo inclusive Paes membros de seu gabinete como deputado ligados à milicia, e membros de sua secretaria contratando milicianos, quando optou por fingir que não vê, o PT tornou-se cúmplice deste sistema que diz combater.



Ao confundir utopia e ideologia com infantilidade o PT assume que sua política adulta é na verdade capitulação ao que há de pior no plano ético, ideológico e intelectual até.

A políticas adulta do PT acaba por ir além de fazer vistas grossas, mas abraça candidatos como Elton Babu, irmão do miliciano preso Jorge Babu (Também ex-filiado ao PT), e citado na CPI das milícias por manter ainda relações com milicianos de Santa Cruz e Campo Grande no Rio de Janeiro.

Ai chamar utopia de infantil  e dizer que sua política é adulta o PT assume que a inovação e o desejo de transformar da utopia lhe parecem delírios em seu sonho de uma vida adulta onde a corrupção e degradação do indivíduo, grupos sociais e instituições são fatos consumados e garantir que as surras diárias que a população sofre nas mãos do estado não se tornem estupros é o limite máximo, e mesmo essa proposição, que é o que "dá pra fazer", é negociável diante das necessidades de manutenção de postos de poder.

Pra política adulta  do PT remoções são inevitáveis, são "coisas da vida", como diz Jorge Bittar (Secretário Municipal de Habitação do Município do Rio de Janeiro e militante do PT), e atender à proposições de Raquel Rolnick, de urbanistas da UFRJ, UFF, ligados à ONU, aos movimentos de luta pela moradia, são  nas suas palavras, infantilidades.

Pro adulto PT o povo é uma abstração que se transforma me classe média ao receber R$ 291,00 e cujas necessidades decididas de cima pra baixo são atendidas conforme a lógica tecnocrata do "Pra quem não tem nada apartamento sem infra estrutura em Cosmos, em local oprimido pro milicianos é mansão".

O PT aprendeu como funciona a política, tornou-se adulto, virou homenzinho dentro da lógica do sistema que outrora combatia e vê como infantil  a luta pela manutenção de bandeiras que a esquerda traz consigo da tradição do humanismo e soluções políticas de radicalização democrática que ele mesmo outrora defendia como seu "modo petista de governar".

Quem antes se orgulhava da maré vermelha de 1992 hoje tenta frear a primavera carioca e chama fazer comício de "estimular o culto à personalidade" e militância de "criação de fanáticos" (O que é irônico diante da transformação de Lula em Deus Pai ou "O Cara").

Quem antes criava inovações como o Orçamento Participativo, hoje cria Russomanos, e há quem ache isso bonito.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O elitismo das Feijoadas, o rebaixamento e as Vanguardas

A lógica da tutela ao povo que permeia os ataques cotidianos a Marcelo Freixo é nítida. 

O desprezo à inteligencia alheia, especialmente à popular, abrindo fogo com o uso do mais rebaixado em política não é só manifestação de ausência de recurso de debate, é uma opção pela lógica de que o leitor a tudo engole passivamente, sem reflexão e que uma imagem é o suficiente, por valer por mil palavras, para chocar ou formar opinião.

Essa construção de paradigma do uso do rebaixamento do discurso e do uso de imagens parte do pressuposto elitista que o recurso ao argumento é um problema pois as pessoas "não entendem" e "Se cansam", por isso o recurso à fotos, montagens, frases de efeito, ad hominem, xingamentos, etc.

Essa percepção do outro como um idiota incapaz da reflexão é irmã dileta da ideia emitida por famoso jornalista da Rede Globo de que as pessoas, a maioria delas ou o dito "povo", são como o personagem Homer Simpson da série de TV "Os Simpsons", ou seja, são idiotas cuja capacidade de entendimento é limitada, vinculando escolaridade com compreensão do mundo e assim erguendo uma barreira onde uma "elite iluminada" tem de levar o "povo" pelas mãos e indicar o que é melhor para eles.

Dentro dessa tática, que é uma distorção do vanguardismo preconizado e defendido por Lênin, ampliando seu aspecto dirigista, mas optando por ignorar seu aspecto de imersão no popular, a opção por um linguajar fantástico, pelo "Fla x Flu" ideológico, pelo insuflar de estereótipos, preconceitos e até noções mentirosas sobre os adversários, satanizando-os, é similar à toda a lógica da imprensa corporativa, chamada cotidianamente de PIG (Partido da imprensa Golpista) por blogueiros e militantes  aliados ao Governo do PT e seus aliados nos estados, como o PMDB de Eduardo Paes.

Neste aspecto a tão condenada Veja tem entre seus maiores adversários seus melhores alunos.

Utilizando a lógica do rebaixamento e da aposta na ausência de entendimento dos leitores, especialmente os do povo, os Blogueiros que se dizem "progressistas, emulam Veja em um tipo de embate político que reduz o leitor a um Homer Simpson sem memória, apostando que a esquizofrenia que os move, alternando entre negação e elogios a pessoas e partidos que ora são aliados e ora adversários, não será percebida no uso, por exemplo, de uma foto de Freixo com milicianos no dia em que tomava depoimentos destes para a CPI  para rebater fotos de Eduardo Paes, em reunião com milicianos para ceder a eles via licitação a exploração econômica das Vans na cidade.

Apostam com isso que eles apontando ao leitor e à população, inclusive enviando a foto a jornais, o leitor/povo automaticamente embarca, sem refletir, sem criticar, sem avaliar.


Em sua sanha de desprezo à inteligência popular buscam satanizar adversários que tem a seu lado uma imagem consolidada de enfrentamento ao ponto de sofrer cotidianas ameaças de morte.

Chamam de "Frouxo" um adversário ameaçado de morte e elogiam a coragem de um aliado incapaz de posturas que possam ir além de repreensão em aliados como Guaraná, Pedro Paulo, Rodrigo Bethlem, ou citados na CPI das milícias ou que organizaram reunião do atual prefeito com milicianos ou que nomearam ou milicianos ou pessoas ligadas a eles para cargos comissionados na prefeitura ou no governo do Estado do Rio de Janeiro, conforme se pode ver na matéria acima linkada ou no relatório final da CPI das milícias (Experimentem buscar no documento o nome de Rodrigo Bethlem, e dos candidatos a vereador da chapa PMDB/PT). 

Apelam pro popular arquetípico, o sambista, o sujeito que vive rindo, o "alegre" e satanizam o Funk, fazendo parte do corpo de governadores e prefeitos que ampliam a pressão sobre o funk, proibindo-o via comandos das UPPs, por exemplo, e limitando seu acesso à cultura, editais inclusive. 

O Samba torna-se o popular  possível, definido pela elite, aceito pela elite, um popular mediado pela elite, e que só pode ser feito dentro dos limites da elite, dados por ela, por isso quando ele é dito como cultura  por Marcelo Freixo, o ataque é imediato, pois o Samba não é cultura para esta elite, é evento, é festa, não é uma marca do povo, já que apreendido pela elite é apenas uma festividade pitoresca e turística.

Já o funk não, o Funk agride ao bom gosto da elite e por isso ele é atacado, inclusive pelo pai do governador, como um anátema, como algo que não precisa  e nem pode ser valorizado, não é a boa cultura ou bom gosto  que agrada à elte, que determina o que é o povo.

Tentam definir o que é o popular , mas é um popular sem povo, datado num popular de redoma, numa noção de samba, de arte popular de redoma, de gosto popular de redoma, onde o "Povo" é um ser cujas pretensões e inspirações são apenas o consumo e o  acesso a qualquer presso às migalhas doadas por "iluminados", via programas do governo que de boa ideia tornam-se limitados grilhões.

Incluem via consumo e uma redução da penúria que de bem vinda não possui ampliação no que tange à construção de um projeto sustentável de manutenção da dignidade.

Gritam "Damos casa ao povo!", mas as casas são em locais sem infra-estrutura, o mais longe possível do centro de onde as pessoas foram removidas, sem saneamento, sem segurança, muitas vezes em áreas controladas por milicianos.

Gritam "O povo agora é emponderado e consome" só que mora em casas sem finalização, morando longe, sem ônibus, tendo saúde e educação péssima, sem internet, com péssima telefonia. O cara tem Tv de Plasma pra ver TV aberta apenas, e computador pra internet discada.

Gritam "O povo vai na faculdade" é e se forma de forma parca, com péssima infra-estrutura, professores mal pagos e por vezes tendo de suar para ter o diploma porque as faculdades que dão bolsa nem sempre se preocupam em regularizar seus cursos, fora que as bolsas são limitadas a cursos que no fundo são apenas treinamento para absorção no mercado, e treinamento ruim, como Engenharias de Petróleo e Gás que não são absorvidas pelas petroleiras, ou Engenharia civil que não são aprovados nas construtoras ou o direito que não passa nas provas da OAB.

Optam pelo acesso apenas, ignoram qualidade. Pois para eles ao povo que nada tinha, o qualquer coisa é ouro.

Chamam os adversários de elitistas, mas optam por mentir a combater o crime organizado para-estatal, formado por gente ligada ao estado, por ou com relação com políticos da base aliada.

 Dizem-se populares, mas optam por se omitir a enfrentar as máfias de Transporte Público, Transporte alternativo, ao criem levado a cabo pelas milícias, às criminosas OS que prestam péssimos serviços de saúde e as desvios de dinheiro em obras de construtoras aliadas do poder, e olha que nem falei das perigosas relações relativas à Siderúrgica do Atlântico, onde os "populares" destruíram a vida de pobres pescadores dando isenção para a construção  de uma companhia em nome da geração de empregos que nunca vieram, dando licença para a destruição de áreas de proteção ambiental em nome de empregos que nunca vieram e para uma empresa acusada de usar milicianos como seguranças.

Tutelam o povo, defendem um povo de fancaria, um povo arquetípico, tido como idiota, necessitado e uma liderança paternal que não reflete, não raciocina; dizem-se populares por lançarem migalhas através da inclusão pelo consumo sendo cúmplices do transporte que aprisiona metade do dia do trabalhador; Dizem-se populares, mas são cúmplices dos criminosos que matam e oprimem a população em suas áreas onde não são enfrentados pro seus aliados; Dizem-se populares, mas não produzem mudança significativa no cotidiano da educação e saúde voltada para a população pobre.

Dizem-se populares, baseados em pesquisas, mas o são?

A vanguarda do rebaixamento político é também a vanguarda da tutela de um povo criado, arquetípico, anacrônico, de um povo de fábula que vive rindo enquanto é explorado, oprimido, que mofa no transporte público ou é assassinado pela milícia tratada com leviandade por blogs e militantes que se dizem populares, mas preferem tentar destruir quem combate as milicias do que o embate político através de defesa da cidadania.

Preferem o rebaixamento ao embate por não terem política.

Preferem o rebaixamento ao embate por desprezarem o leitor, o povo e sua inteligência.

Dizem-se populares, mas são só elitistas.