Quando
foi anunciado que a Copa do Mundo de 2014 seria realizada no Brasil e
as Olimpíadas de 2016 no Rio as notícias foram saudadas como
panaceia para a modernização do país e a ideia do “Brasil
Grande”.Tudo daria certo e o barco do desenvolvimento nos permitia
comprar mais geladeiras e participar de festa antes só possível em
países ricos. Jornais e TVs avisavam que “agora” ia e estávamos
rumo a um novo lugar no mundo e depois da copa de 2010 na África do
Sul e da “democratização” da escolha das sedes dos megaeventos,
havia chegado a nossa vez.
Esqueceram
de avisar que os convites da festa são restritos. Os Megaeventos
anunciados com pompa e circunstâncias pela mídia e governos
escondem sob a máscara da festa o trator da especulação
imobiliária, remoção e exclusão de pobres e seu lançamento para
longe do centro urbano e com infraestrutura precária de transporte,
saneamento, etc.
Esta
reforma urbana compulsória e nunca é ligada às necessidades do
povo é já ocorreu na África do Sul quando, segundo a Rede de
Educação Cidadã, removeram mais de 20 mil famílias para regiões
empobrecidas da cidade.
Na Grécia o maior legado da Olimpíada de
2004 foi o aumento do passivo ambiental do país e ampliação da
dívida pública de forma avassaladora, com o nada desprezível
indício de ter sido uma das razões da enorme crise por que passa o
país nos dias de hoje. E o modelo Grego parece ser o utilizado tanto
na África do Sul quanto no Brasil, especialmente no Rio, hoje em
dia, quando o financiamento de estádios e obras obedece a um foco
que exclui benefícios sociais diretos em nome de opções
discutíveis como o investimento em estádios em detrimento de
hospitais e de investimentos na educação.
Não à toa o Rio de
Janeiro que gasta 30 milhões para sediar o sorteio dos grupos das
eliminatórias da Copa do Mundo tem professores e Bombeiros em
conflito com o Governo Estadual, com ambos tendo salários
baixíssimos. Os professores, em greve, ganham por vezes menos que o
salário mínimo e os Bombeiros têm o mais baixo salário do País.
E
os governos ainda consideram as remoções como naturais, pois “A
vida é assim”. Só no Rio podem atingir a cerca de 20 mil pessoas
conforme o comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de
Janeiro sem que os governos digam a verdade sobre a quem as remoções
servem. Segundo a observadora da ONU para assuntos de moradia, Raquel
Rolnick, a realização de mega eventos traz consigo o desrespeito
aos direitos humanos e encarecimento do preço da terra e com isso o
aumento da especulação imobiliária.
Isso
não é exclusivo do Rio de Janeiro, no Ceará o Governador Cid Gomes
segue política de remoção semelhante à carioca em São Paulo as
remoções atingem a população de Itaquera, local onde está
sendo construído o estádio conhecido com “Isentão” dada a
quantidade de isenções fiscais fornecidas aos seus proprietários.
Esse
processo de junção dos Megaeventos com reforma urbana exclusiva e
especulação é uma das faces do capitalismo que poucos dizem. Por
trás dos Megaeventos existe uma rede de especulação internacional,
que lucra, e muito, com a remoção dos pobres e valorização da
terra, mesmo que isso amplia a bolha imobiliária que pode ser o
calcanhar de Aquiles de nossa economia, como que uma continuação
aqui do que ocorreu nos EUA a partir de 2007.
Só no último ano o
preço dos imóveis subiu cem torno de 25% no Rio de Janeiro, São
Paulo e Porto Alegre, não coincidentemente as cidades são sedes da
futura Copa do Mundo. Hoje um imóvel nestas cidades pode custar mais
que em Nova Iorque e Miami. De 2008 até hoje o valor dos imóveis
subiu 96% no Rio e em São Paulo e não coincidentemente o ritmo das
remoções nas favelas e a criação de UPPs aumentaram.
É por
isso que a copa do mundo não é nossa e vai nos retirar de nossas
casas, nos impedir de ir aos jogos e deixar a economia cada vez mais
frágil com aumento do desemprego e com prejuízo de hospitais e
escolas cada vez piores. A única solução para isso é lutarmos
para impedir que a Copa seja uma cortina de fumaça para ataques ao
nosso povo, por isso é preciso ir às ruas e mostrar a cara suja dos
eventos que só enriquecem os velhos e gordos cartolas e políticos.
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