Maravilhado pelo Artigo "Os intelectuais no pós-lulismo" encasquetei com um ponto: O Pro-Uni e as cotas nas universidades públicas.
Os pontos de cultura fazem o surgir do intelectual orgânico? tá,pode ser,mas este tende a ser desprezado pela "tenda dos milagres" dos Especialistas. Este tende a ser ignorado, a não ser em casos especiais ou em grandes feitos.
Os caras que estão na universidade via programas levados a cabo pelo governo tendem a ser simpáticos a ele e, querendo ou não professores mais ou menos alinhados à critica da mídia (que na minha experiencia pessoal são poucos, mas existem), lerão aqui e ali intelectuais que independente de serem de direita ou esquerda ajudam com novas ferramentas ao pensar. Isso tem mais impacto em áreas como História, Comunicação, Pedagogia, do que em Administração e Engenharia,mas terá impacto. ninguém lê Thompson e Burke impunemente, Levi -Strauss, Umberto Eco, idem. E negozinho sai do "lumpem" pra ter contato com isso e passa a ter ferramentas pro pensar o real, e vai usar a ferramenta e assim surgem intelectuais.
O 1% , numa perspectiva pessimista, que sair dali com este impacto fará uma diferença enorme e terá mais chances de ser ouvido porque passou pelos critérios meritocráticos da "Intelectualidade amestrada", não vai ser facilmente desqualificado. E mesmo que seja ignorado pela mídia, são formados 1% anualmente em ao menos 5 anos pra cá. A Evasão é alta? é, mas mesmo assim é menor do que era antes, porque o cabra conseguiu chegar ali e se agarra com unhas e dentes. Então há uma geração de gente que começará a produzir conhecimento vindos de uma outra ótica, de um outro parâmetro social de percepção cultural.
Essa rapaziada pode ser conservadora, mas se o for será de outra forma onde o elitismo, se houver, não será igual ao clássico. Notadamente se houver o elitismo ele o será paradoxal e talvez combatido pela mesma comunidade do qual o cara saiu,e sabemos que não é exatamente fácil sair de uma comunidade e ir pra um outra comunidade, especialmente uma "mais branca", ou seja,a tendência é o cara não ir de encontro ao que ele chama de casa..
Então o que defendo é que estão sendo construídos intelectuais que pensarão o Brasil a partir de uma perspectiva pessoal de mudança via Governo Lula. Estes são os intelectuais do pós-lulismo.
A perspectiva do pós-lulismo vai além do que acreditamos ser certo ou errado em seu governo e vai além dos "planos" seja da mídia ou do governo e seus apoiadores. Idelber aponta um questionamento perfeito e coloca algumas questões sob o ponto de vista de tentar perceber o que a intelectualidade já em ação fará, pensará ou agirá. Entendo que numa perspectiva de "pós-lulismo" temos de pensar na intelectualidade formada por ele, sob suas políticas e sob a lógica do debate político levado a cabo durante esta era.
O impacto da entrada de mais gente nas universidades muda a própria lógica da formação "técnica" dos cursos formados sob este ponto de vista. A formação de professores, por exemplo, como é feita? que professores gerarão? O que eles lêem? E os universitários que foram mais longe e inundarem mestrados e doutorados, que produção terão? como ela influenciará o pensamento dos próximos?
Independente de classificações ideológicas cabíveis ou não sobre o governo a realidade produzirá um quadro a ser lido e analisado, e esta realidade terá um impacto, como já tem e foi exemplificado pelo Idelber ao citar os pontos de cultura, sobre a intelectualidade não só para a intelectualidade que já está na ativa, mas na própria cara do que será a intelectualidade em um futuro próximo.
Ótimas ponderações, mas faço uma observação, aqueles do ProUni de PUC's da vida ou universidades de qualidade que, infelizmente, são franca minoria no mundo do ProUni.
ResponderExcluirO projeto em si é ótimo, mas falha em não exigir qualqeur contrapartida da universidade, como o básico: qualidade.
Claro que sempre alguém pode se superar, mas é difícil esperar muito das UniEsquinas e apenas distribuidoras de diploma.
Independente da qualidade da universidade os alunos são expostos aconhecimento e não pode ser desprezado o fator do individuo.Estudei na Unisuam, ruim, mas os alunos são expostos a textos, a conhecimento e produzem..como eu disse, se for 1% é um percentual que nunca antes produziu e que produzirá.
ResponderExcluirConcordo,a qualidade é ruim, isso não foi contradito no texto, mas independente da qualidade haverá efeitos.Ninguém lê Thompson, Herder, Ginzburg impunemente. e em todas as pagas mais de esquina do Rio o curriculum é dado com isso ai e também por muitos bons professores,que se não são gênios das públicas, fazem um trabalho honesto.
Não to defendendo o Pro-Uni,mas entendo constatar um movimento na realidade que implicará em uma ampliação de gente que entrou em outro campo de conhecimento.
Chamo atenção aqui para a reflexão que Raymond Williams fez sobre a chegada de elementos da classe trabalhadora à universidade britânica no pós-guerra e os efeitos dessa chegada nos rumos dessas universidades, com o desenvolvimento, por exemplo, dos estudos culturais.
ResponderExcluirNão conheço essa reflexão, Paulo.. mas gostei sem ter lido, hehehehe... Tem a fonte pra eu fuçar?
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