quarta-feira, 9 de março de 2011

Lobato não virou supervilão, mas tá longe de ser super herói.

 A partir do parecer do MEC a pedido do CNE ,  onde a obra de Monteiro Lobato "Caçadas de Pedrinho" foi incluido em um debate onde se pedia a revisão da publicação com notas explicativas e contextualizando o texto  para que os professores tivessem um papel de debater o racismo em sala de aula, se criou um Fla x Flu que faz até pessoas ditas inteligentes cairem em cruzadas pró e contra a literatura de Monteiro Lobato que chega às raias da estupidez coletiva.  Agora nem contraditório Lobato é, e eu fico pensando se o cara era de Vênus.

 Lobato foi capaz de ser nacionalista pró petróleo é nosso,elogiar Lênin, ser a favor da luta feminista à época,. elogiar a URSS pelos avanços da emancipação feminina e defender Eugenia. Pra mim isso é ser contraditório, como tantos outros. E também acho que as obras que o MEC indica sejam criticadas, renovadas e tratadas com cuidado que um ministério precisa ter, MEC que tem de zelar legalmente pelas obras que indica para que não tenham elementos que sejam contrários aos direitos humanos, contenham racismo,etc. Por isso quando li o parecer do CNE vi com naturalidade um cidadão pedir a um conselho que entendesse o que estava rolando e tomasse uma posição diante de problemas reais..

Qual o que? A coisa toda virou um clássico de final de campeonato onde a verdade foi a primeira vítima. Atendendo à necessidade de parte da imprensa alguns membros da "inteligentsia", com muitos SICs, jornalheira cairam de pau falando numa censura inexistente e num anátema anti literário. Não vou precisar repetir o bafafá porque o Idelber Avelar já foi brilhante em seu texto , mas quero ressaltsar que recentemente várias pessoas e o Ziraldo entraram numa de uma defesa maluca de Lobato entre o irracional "Racismo só existe com ódio" e a criação de moinhos de vento baseados em uma alucinação onde Lobato estivesse sendo vítima de uma "censura" porque não se encaixa em um "decálogo". Perái camaradas! Que decálogo é esse?

Cês acham mesmo que o fato do cara ter relevancia grande, pequena ou média o faz imune aos efeitos da critica do tempo e da adequação do uso de sua obra ao presente?Repito, adequação do uso de sua obra ao presente,porque é disso que estamos falando.

Lobato podia até voar e ter raios óticos, mas seus textos defendendo Eugenia e Racismo são criminosos hoje em dia, e devem ser lidos com tarja vermelha. Se em universidades ou edições não dirigidas ao publico infanto-juvenil que fique como está e que sofra a critica de professores, pessoais ou do editor se assim achar necessário. Para o público nfanto juvenil que tenha nota sim senhor e nota indicativa. Vai dar Marx pra publico infanto-juvenil? Coloque lá suas notas também. Qual o problema disso? Existem cânones universais inatacáveis e cujas ideais sejam aceitas pelo tamanho da pica político literária deles?

Pelo jeito pra uma galera a relevância intelectual de autores os livram do nazismo, do racismo, do cacete e quatro de sua obra dado  o contexto histórico permissivo a tais idéias em que viveram. Com todo o respeito: O contexto histórico mudou e sim isso deve ser ressaltado e apontado. 

Em geral as opiniões que justificam o racismo com o contexto são brancas e classe média, deve ser maneiro não se sentir atingido pela personagem negra ser chamada de macaca.Já um moleque negro na escola pode se sentir, como se sentiu em Brasilia. Se o politicamente correto é isso, eu virei politicamente correto, porque acho que sim: Não se pode deixar que determinados valores sejam passados à frente por nossa omissão. A obra deve circular, mas com o comentário do quanto estes valores são danosos. é preciso ter em mente que determinadas posturas são politicas sim, e devem ser políticas, no que política significa disputas de espaços na sociedade. Olha de quem se está do lado na hora de defender x ou y, nem sempre é agradável.

No contexto da obra chamar uma negra de macaca era natural, no de hoje não é e eu quero que as crianças tenham isso muito claro.

 Lobato não virou supervilão, mas tá longe de ser super herói.

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