quarta-feira, 9 de março de 2011

Feminismo e socialismo, dá samba?

O objetivo deste post nem é passar por perto da enorme produção de socialistas mulheres que dão mais que samba, dá carnaval nota 10. Citar as autoras também seria falsa erudição e injusto, dado que só conheço Rosa Luxemburgo e li um pouco de Rosie Marie Muraro, não mais que isso, ou seja, sou uma anta em  matéria de feminismo.

Também não vim aqui pagar de profeta do apocalipse ou dar esporro coletivo, nem pagar o mico do elogio ao dia internacional das mulheres, nem pra dizer que amo junto, porque além de pleonasmo é tentar trazer um pouco do que as moças lutadores tem de brilho pro ogro aqui.

A idéia do post é um pouco destilar um aprendizado minimo que a convivencia me deu com relação à militancia socialista e a feminista lado a lado enfrentando fogo amigo de parceiros e companheiros que na hora da faixa tão ali e na hora da cama, da mesa, do banho e do dia-a-dia rói a corda.

 Uma das coisas mais comuns é a secundarização de lutas por socialistas e uma das primeiras que dança é a luta de gênero.  Muitas vezes a companheirada coloca a discussão de gênero ou o debate sobre o ato de discriminação de gênero em assembléias mesmo, como assunto menor, e parte pra discussões "grandes" que em geral é o correr atrás do rabo das discussões sobre o papel da classe operária imaginária no combate ao imperialismo e outras histórias, colocadas aqui com a devida ironia e cinismo acolhedores e fofos.

 Prefere-se muitas vezes um longo e cansativo embate a respeito da influencia do galho seco na relação sexual dos macacos a discutir a questão de género e do papel das mulheres em ações políticas, no partido e da questão dos direitos femininos em si mesma, o impacto disso no papel do partido,da luta socialista,etc.. Da mesma forma a luta LGBTT e Anti-Racista apanha também. Ai de nego que não incluir uma critica longa e segura ao capitalismo com duas citações de Marx, três pitadas de Lênin e fogo brando por uma hora.

 Não cito diretamente um assunto em voga em debate ou outro, mas a prática de tanto colocar em segundo plano questões ímpares e fundamentais da luta feminista,quanto por vezes impor um certo silêncio com ocultação da voz dos movimentos e lutadores quando se opõe a práticas machistas dentro das organizações.
 Muitas vezes companheiros machos são mais companheiros que muitas lutadores, e mesmo as que saem da sombra tem de sair com muitos tapas, berros e chutes nos ovos. Já vi muita mulher berrar por sue microfone e ainda ser chamada de "histérica" ou na "TPM".  Como meu temperamento é de TPM eterna dou sorte de não ser mulher.
Já vi muita discussão sobre oposição ao governo Lula ter tido um pedaço tomando rodo porque "É papel da classe a resistencia ao Governo, incluir uma exclusividade pras mulheres é tornar o debate anti-classista", e isos quando se discutia como convencer a classe a ser oposição, tendo as casas maior parte da classe  comandada por mulheres, que foram as maiores beneficiadas pelo bolsa-Familia, que por inúmeros motivos são a maioria da classe, sofrem a diferença salarial com os homens e com eles sofrem mais a questão dos baixos salários e por aí vai.

Então a pergunta que não quer calar do título pode até mudar: Os socialistas estão dispostos a enfrentar a luta anti-machista e a si mesmos como parte dela? é possível colocar de lado a luta de parte da sociedade pro direitos literalmente iguais, fim de cerceações à sua liberdade e até à vida, vitimas que são da violência com tal gravidade que assusta a qualquer pessoa minimamente não míope?

Eu acho que não e com todos os erros que cometo e cometemos entendo que temos de ir além de parabéns e "parcerias" com a luta feminista, mas abraçarmos mesmo a idéia de mudarmos a nós e ao mundo de forma a sermos a luta feminista e socialista como uma só, assim como o anti racismo e anti homofobia.
 É preciso que sejamos socialistas que não acham que sua mulher tem de ter jornada tripla de trabalho, ou tem algo errado conosco ou com nosso socialismo que só quer derrubar o estado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Trasversalize