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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Hoje foi o Kit anti-homofobia....

Hoje foi o Kit anti-homofobia....

Nestes dias de mais recuos, muitos mais do que o Governo Lula fez e em espaço de tempo muito mais curto, o obscurantismo e a devastação do ambiente sendo dados em troca da salvação de um canalha são uma marca de difícil raiconalização. 

É, a gente fica anos e anos numa luta inglória, e em refluxo de movimentos, contra tanta coisa e vê a destruição de um marco da esquerda ser orquestrada e construída ano a ano e com uma claque de estúpidos, inocentes ou interessados fingindo que tudo isso é em nome de um bem maior. Isso não revolta ou dá nojo apenas, choca. Só não imobiliza, não causa desesperança, porque a única coisa que temos além de braços é esperança, é uma colossal vontade de mudar as coisas que não se vende por nada, nem mesmo a  defesa irracional de projeto cujo único pragmatismo é o recuo. 

Hoje foi o kit anti-homofobia.. depois dos assassinatos que serão culpa de queda de encostas agora há sangue nas mãos deste partido e governo, sangue homossexual.

Podem chamar de chantagem,de incomodo, de burrice, é do jogo. Tô cansado de pesar palavras, movimentos porque gente que foi minha companheira resolveu ser cúmplice do escárnio com uma ideologia inteira, o assassinato de homossexuais, a derrubada de florestas, a opressão a indígenas, entre outras tantas barbaridades em cuja luta contra  formei o eixo de minha construção pessoal, de minha construção ideológica, intelectual e emocional. Tô cansado de ouvir, desde antes do governo atual, "Aos nossos filhos" esperando uma mudança e quando a possibilidade vem ela se transforma nesta destruição não só de um programa, de bandeiras, mas da fé de gerações inteiras.

Vi durante e depois das eleições Plinio de Arruda Sampaio ser alvo de escárnio, e pra que hoje a maioria do que ele disse se transformaram numa assustadora realidade. Não se respeitou um quadro, respeito esse que deve haver mesmo quando ele se equivoca, mas se respeita gente que estupra o código florestal e o kit anti-homofobia pra salvar um ministro? Ministro esse que ainda por cima é operador do mercado financeiro? Vão se catar.

Uma amiga ligada em Tarot escreveu que hoje pé o dia do 3 de copas, dia de celebrações, mas a única celebração que tenho hoje é estar vivo, ter ouvidos pra ouvir boa música e saber que ainda existe uma raiz tão forte, cujo sangue luso com origens no oriente médio faz siciliano parecer manso,´pra me manter pra outras futuras porradas.

Hoje eu tenho de escrever pra uma sociedade injusta, que ganhou companhia de ex-companheiros de luta, que o único homossexual que me incomoda é o assassinado. Hoje eu tenho de escrever que a única floresta que me incomoda é a derrubada. Hoje mais um capítulo da luta e da trajetória de traições do avanço da sociedade foi escrito, com sangue de gente morta em queda de encostas e de homossexuais surrados.

E esse rei nunca cai.




PS, ouçam isso porque os dias se parecem:

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O “humor” politicamente incorreto do CQC na internet


Imagine uma situação em que uma pessoa se encontra subjugada por outra. Bem, formas de subjugação existem muitas, então pensemos numa pessoa presa por ser considerada de “raça inferior”, acorrentada ou junto de outras vítimas num campo de concentração ou campo de trabalho. Agora pensemos no seu algoz: satisfeito com o tabalho feito e com a situação em que pode liberar seus impulsos perversos, ele ri. Sim, o riso nem sempre pode denotar uma situação agradável – pelo menos do ponto de vista da vítima. Alguém que seja agredido na Avenida Paulista pelo fato de não se encaixar nos padrões – no caso, por exemplo, um homossexual – dificilmente achará graça ao se ver apanhando no vídeo da câmera de segurança, quanto mais ao lembrar do momento em que sofreu a agressão.

Com o humor é diferente, ou pelo menos deveria ser. Pode ser puro sarcasmo, que tem a ver mais com o deboche. Pode se aproximar mais da ironia, que tecnicamente falando é algo como “dizer o contrário daquilo que se pensa”, em que essa contradição fica clara para o interlocutor e tem como motivação a crítica – que pode ser uma crítica aos valores vigentes ou a uma situação ou pessoa específica. No sentido da transgressão de valores, a ironia pode ser vista como elemento importante para que a poesia ou a literatura (de ficção) não se baste no belo, na elaboração estética, que pode ser apenas apaziguadora. Para o campo do humor, portanto, a ironia deve ser ainda mais importante. Mas o ponto principal: para ser transgressor, para provocar esse efeito distanciador (crítico), antes de mais nada o humor não pode se confundir com uma situação como as descritas no parágrafo anterior. Pois aí deixa de ser humor para ser no máximo um sarcasmo perverso. Algoz e vítima devem emergir na matéria crítica do humor, o que é diferente de ser o “humorista” o algoz ou seu porta-voz.

Um exemplo de humor transgressor que tiro de uma charge contada por um amigo (não sei a autoria): no primeiro quadro, uma senhora com aparência grã-fina (vestida elegantemente e com ar de enfado) entra no elevador social do edifício, e se depara com uma senhora negra, de expressão humilde e vestida de uniforme. Segundo quadro: a senhora grã-fina (branca) se dirige incomodada à outra e diz “Com licença, mas este elevador é o elevador so-ci-al”. Terceiro quadro: a senhora negra, sem graça, estende a mão à outra e diz “Puxa, senhora, me desculpa... Me chamo Maria de Fátima [se apresentando] e trabalho no 703...”. Ou seja, pelo fictício, que articula o verossímil (uma situação “bem real”) com a ironia, a charge nos mostra que a palavra social pode denotar tanto a comunhão como o contrário – no caso, uma rígida divisão social normalizada numa divisão funcional dos elevadores, para além da utilidade do elevador de serviço (como alguém me lembrou) para o transporte de equipamentos, latas de lixo etc. Mas esse raciocínio tecnicamente correto não elimina a agudeza da charge – e não é preciso o riso pra perceber a ironia, pois a ironia, ao ter potencializado seu ter crítico/transgressor, causa o efeito de impacto ou choque diante de valores estabelecidos e situações naturalizadas. Claro que a forma que eu interpretei a charge poderia ser contraposta a outra, sem senso de ironia (“ultra-realista”), que veria na charge a representação preconceituosa da ignorância da empregada doméstica.

Penso também que é – ou deveria ser – sempre saudável para um humorista profissional ter em conta que o humor deve conter auto-ironia, pois é esquisito um homorista pretender provocar um efeito de distanciamento crítico sobre valores, pessoas e situações quando deixa fora desse horizonte crítico a si mesmo – enquanto ser-humano também limitado e sujeito a erros. Auto-ironia parece completamente ausente quando o humor é confundido com uma espécie de cruzada contra o politicamente correto.

Claro, o politicamente correto pode muitas vezes ser tacanho quando se perde em coisas como querer abolir o uso da palavra “denegrir”, ligando-a ao racismo por conta da simples associação etimológica, desprezando o uso e o significado efetivo que tal palavra tem, que não se liga ao racismo – o que é completamente diferente de sugerir que não há racismo no mundo, incluindo o Brasil.

Mas é esse desprezo, digamos, pela contextualidade que os cruzados contra o politicamente correto vêm demonstrando. Por mais tacanho que por vezes o discurso politicamente correto possa ser, isso não elimina o fato de que a realidade que denunciam precisa ser levada a sério – não usei o exemplo de um homossexual sendo agredido na Av. Paulista por acaso.

Hoje temos a discussão no Congresso em torno da lei anti-homofobia. O que se deseja é apenas a expansão do Estado democrático de Direito que, no caso, significa que um homossexual tenha na prática os mesmos direitos que qualquer heterossexual tem, desde demonstrar afeto pelo(a) companheiro(a) numa mesa de bar até ter o direito de não ser agredido na rua por conta de sua orientação sexual (!). Mas os homofóbicos querem fazer crer que o que se deseja é a imposição de uma “ditadura homossexual” (!), como se defender os direitos de A fosse necessariamente diminuir o de B – a não ser que o que eles defendem seja mesmo o direito de alguém se colocar como algoz do outro. Isso é pelo menos o que sugerem piadas como essa: Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço”. Fazer piada com vítima agora é sinal de rebeldia?

A piada acima é de um dos integrantes do CQC, Rafinha Bastos. Recentemente, deparei-me com uma foto dele, na internet, com uma camisa “humorada” ridicularizando o movimento LGBT e, por conseguinte, toda a luta ampliação do Estado Democrático de Direito. Tudo em nome de quê? De uma suposta transgressão contra a ditadura do politicamente correto?

E hoje veio a novidade, o que me motivou finalmente a escrever alguma coisa sobre o assunto – depois também do impacto causado pela exposição que o programa deu ao deputado Jair Bolsonaro e a polêmica involuntária (?) decorrente da resposta de teor racista do deputado à pergunta da Preta Gil. A novidade de hoje tem um contexto: a polêmica em torno do cancelamento da construção de uma estação do metrô num bairro paulistano da alta renda devido a protestos de moradores, que não queriam o fluxo de pessoas “diferenciadas” para o local.  A piadinha de outro integrante do CQC, Danilo Gentili, pelo twitter: “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez q chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”. (O bairro tem muitos moradores judeus).

Seguindo o exemplo da charge do elevador, tentei pensar interpretações possíveis para essa tirada humorística (?), e só consegui pensar em duas: ou é uma explícita tirada (o termo mais adequado é esse) politicamente incorreta e, neste caso, brincando com/de nazismo, ou é uma forma cínica (o termo mais adequadao é esse) de usar a imagem de “velhinhos judeus traumatizados” para justificar nossos próprios e já não tão mais disfarçados racismo e discriminação de classe. Enfim, o que há de humor nessa tirada?

Quando houve a polêmica em torno de uma tirada irônica do mesmo Gentili – “Agora no TeleCine KingKong, um macado q depois q vai p/ a cidade e fica famoso pega 1 loira. Quem ele acha que e? Jogador de futebol?” –, interpretada como piada racista, eu me posicionei contra qualquer forma de censura ou sanção ao autor pelo fato de que o humor deve ser preservado, tanto porque quem tem que interpretar ou julgar uma piada não deve ser um censor, como também porque afinal toda sociedade precisa de certos espaços de válvula de escape, de escracho – e continuei a defender isso mesmo depois que o pseudo-humorista, diante da polêmica, fizera questão de posar de machão politicamente incorreto fazendo questão de legitimar a interpretação feita (de que a piada havia sido racista). Pois a questão é mais ampla que o direito do Gentili ser um péssimo humorista e um idiota, ela teria a ver com precedente jurídico.

O que preocupa é que tal cruzada politicamente incorreta (ou melhor, “anti-politicamente correta”) se dá num contexto de mobilização reacionária contra o movimento LGBT e explicitação, mediante especialmente à chegada da (preciosa, no saldo geral) internet, de preconceitos contra negros, pobres, nordestinos... O que parece é que essa galera “bem” humorada está mais a fim de surfar nessa onda que qualquer coisa, e fica mais “cool” posarem de ousadinhos e (pseudo-)transgressores – cabendo a moderação quando é conveniente, como no caso da resposta de Bolsonaro à Preta Gil.

Mas esse tipo de “humor” que se pretende engajado em uma causa (qual causa?) precisa ser combatido de frente, o embate é político. Como opinei aqui, deve-se questionar antes de tudo os pressupostos da cruzada desses “humoristas”. Há mesmo uma “ditadura politicamente correta” se formando no Brasil, que faria deles uns transgressores e rebeldes? Talvez o problema seja de déficit intelectual, até mesmo para entender o significado de ditadura, de opressão, de Estado de Direito... Mesmo o integrante principal do grupo, Marcelo Taz, já mandou as seguintes tuitadas: “E se o BOPE, a Polícia e as Forças Armadas, depois da operação no Rio [invasão do Complexo do Alemão], fossem limpar o Congresso Nacional?”; “Escolas de samba ressurgiram do incêndio melhores que antes. Se alguém tocar fogo no Congresso, aquilo toma jeito?”. Claro, nada tenho contra críticas à politicagem e aos problemas no Congresso, ainda que feitas da maneira mais rasa e clichê. Mas acredito que um cara tão inteligente, descolado, antenado e crítico como o Taz deve ter acesso suficiente à informação de que, na história contemporânea, ataques ao Parlamento sempre estiveram associados a regimes de força, e tais regimes de força sempre tiveram como parte de suas políticas, em graus variados, a discriminação e até mesmo o assassinato sistemático de pessoas ou grupos inteiros de pessoas tidas como incômodas para o “bem-estar” da sociedade. Quem é Bolsonaro, além de um homofóbico declarado (e não se declara racista certamente porque o racismo já é crime na letra da lei)? Um defensor da ditadura.

Então, termino transformando uma colocação acima em pergunta: é questão de déficit intelectual ou de neofascismo disfarçado de “humor”?

Victor Coelho

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Se Deus vier que venha armado!

 Peço emprestada a frase de um rap do Pavilhão 9 com titulo para ilustrar a perspectiva que a Religião, somada à doença mental e à irrresponsabilidade de pastores, dá quando tratada como uma cachorra leprosa e como auxilio de delírios tremens morais e fundamentalistas.
 Que me perdoem os fiéis de religiões pentecostais e suas ânsias de pureza, mas quando a pureza atira com armas de fogo, pedras ou incitação a crimes, a racismo e outras desumanidades ela deve ser tratada como é: Como uma manifestação de ódio e irresponsabilidade desumanas que transformam a dita fé e religião em cúmplice, seja de espancamento e assassinato ou de opressão psicológica e quejandos.

 O tom é duro mesmo e não é pra menos: depois do desfile por anos a fio de preconceito contra toda a fé que não lambesse chagas de Cristo, de opressão à mulheres, homossexuais e racismo enrustido (ou não) nas salas que servem de palco e púlpito para defesa de purezas que nada mais são do que etnocentrismo, machismo, misoginia e homofobia, cansa defender o direito democrático à religiões que no fim das contas são apenas pano de fundo para a distorção de todo e qualquer ensinamento do Cristo que pregou o amor em nome do inflar de egos e carreiras políticas de pastores que conduzem ovelhas nem sempre negras á escuridão do fascismo.

 É chegada a hora de defensores de preconceito e incitação de ódios, sejam os líderes que conduzem as ovelhas ou sejam as próprias ovelhas que conduzem seu ódio pessoal e se escondem na confortável e omissa posição de gado, serem responsabilizados pelos crimes cometidos em nome de um Jesus ou de uma pureza que é tragicamente similar à rotulação, perseguição e morte de tudo o que não é parte do dito "normal": papai e mamãe presos na sala vendo novela da globo e com medo de discutir como patrão. 

Os discursos dos pastores atingem o objetivo de conduzir seu gado a um estourar de violência e morte, ódio e opressão, cuja culpa só cai no couro da ovelha louca ou excepcionalmente crente que aperta o gatilho, e isso é o ápice da corrupção moral e covardia ética, intelectual e humana das lideranças que falam o que querem, conduzem a atos de violência e se escondem atrás da responsabilização individual do imbecil ou louco que segue seus ensinamentos.

 O direito a fé é inatacável, assim como o dever de manter sua fé longe do crime e das lideranças religiosas serem responsabilizadas pelos ecos de suas palavras, sejam elas ditas nos púlpitos ou nos terreiros. A noite de Sâo Bartolomeu deveria ser uma lição de tolerância, mas virou um modelo de prática de intolerância assumido por pastores e padres em nome da cristianização do mundo. E a partir disso fica engraçado o demonio ser negro e batucar enquanto quem mata meninas por misoginia misturada com religiosidade extrema pregada por um pastor qualquer o faz em nome de um Deus que parece uma mistura de general com torturador.

O negro batucador é acusado de tudo, de magia negra a servir às forças da escuridão, mas todo assassino em série fala é em Jesus, toda homofobia e racismo tem Jesus como pano de fundo, da mesma forma que foi m nome de Deus e de Jesus que se justificou a escravidão e o assassinato de índios, que se justifica a homofobia  e a opressão de mulheres. Pelo que me consta não foi a umbanda que escravizou europeus pra mandá-los pras colonias da África.

 A carta do assassino de Realengo cita tanto Deus que se juntarmos com o assassínio cujo alvo prioritário eram meninas parece um resultado muito claro do grau de misoginia, preconceito e ódio defendido por várias religiões que colocam mensagens de ódio bem sutis, como as do pastor Malafaia na Avenida Brasil no Rio de Janeiro, ou declaram de forma nada sutil, o mesmo Malafaia entre outros, seu ódio a homossexuais, claramente, e a negros, enrustidas nos ataques às religiões de matriz africana, a sambas de Zeca Pagodinho com cagaço da lei anti-racismo,etc.

 Quero ver a defesa clara da culpabilidade de pastores e padres quando ataques como esse ocorreram e com a mesma velocidade da satanização das religiões afro com relação ao sacrifício de animais! E aí incluo os Ateus fofinhos e "críticos" que como uma versão bizarra do fanatismo religioso são rápidos e rasteiros e mahcos pra cacete pra chamar os fiéis de criminosos e imbecis, mas somem quando é hora de assumirem a responsabilidade laica de defenderem a vida humana para além de pseudo-racionalismos que pegam bem em festas hype.

 Sou Umbandista, sou comunista e não tenho nadica de sangue de barata, nem me pretendo aqui racional ou frio, dada a tragédia ocorrida na minha cidade e no bairro vizinho de onde eu moro. Antes pediria desculpas se estiver sendo injusto, mas evoco minha trajetória e minha defesa contínua tanto da liberdade religiosa quanto das lutas anti-homofobia, anti-racismo e contra toda e qualquer opressão para defender claramente: É hora de pastores, deputados e demais figuras públicas serem responsabilizadas pelo que dizem,s e a institucionaldiade não o faz que façamos nós, seja por meio de protestos diários, ovadas, protestos nas escolas de seus filhos, residencia, local de trabalho, seja por cartas, processos constantes,etc.. 

Não precisamos da violência para protestar, mas precisamos da veemência, da luta diária e da revelação desses defensores de ódios aos demais, sejam eles líderes ou paspalhos seguidores. Se existe um em seu local de trabalho, é hora dele sentir na pele a veemência do laicismo e a força da liberdade. Se a luta esperar PLCs estamos literalmente fudidos, sem o perdão da palavra.

 A cada Bolsonaro e pastores que defendem crimes e ódios existem os loucos ou fascistas que estão prontos para apertar o gatilho. Seremos pra sempre ovelhas a espera do abate? seremos Pedros Pedreiros Penseiros esperando o trem do papai estado ou do papai parlamento pra tomarmos posições na rua, na chuva e na fazenda? 

 Na minha fé ovelha é alimento e o sacrifício de uma ovelha é do animal que tem a lã pra nos aquecer e a carne pra alimentar toda a tenda. Homens e Mulheres são gente, responsáveis por si mesmos e por sua tenda, inteiros, íntegros e vivos, não correm pro abate, mas podem correr pra guerra se necessário, conscientes de que tem hora de Ser Oxalá Velho, e tem hora de ser o Oxalá guerreiro, que com Ogum, Oxóssi, Xangô e Logun-edé transformam sua realidade e o mundo.

 É hora de sairmos da pasmaceira e revelarmos os assassinos e defensores do ódio, é hora da guerra, uma guerra sem armas, sem mortes, mas com pichações, com vídeos, com faixas, com gritos e com a demonstração clara de quem são os animais que permitem que suas palavras acabem em mortos.

PS: Se o doido for Muçulmano ou não, não diminuiu em nadica de nada o teor das crítica,s porque uma hora aparece um doido Malafaista ou Pentecostal, com as mesmas justificativas, e duvido que o cabra aí não frequentasse uma Assembléia de  Deus da vida.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O rosto reacionário de nossa cegueira: A esquerda dividida alimenta monstros

No último mês fomos bombardeados por uma enxurrada de homofobia, racismo, xenofobia, sexismo e outros hábitos reacionários menos cotados. Desde a abertura do esgoto da campanha de José Serra estamos vendo o pior de um país sair das latrinas das redações, das casas, faculdades e igrejas.

Somos vítimas de processo semelhante ao ocorrido nas cercanias do inicio do século XX, principalmente entre 1930 e 1940, e vitimas da mesma divisão entre democratas e esquerda, e entre a esquerda. As declarações de homofobia, racismo e xenofobia nas ruas, nas redes sociais da internet são semelhantes às posturas reacionárias que descambaram no fascismo. A divisão da esquerda, que prefere uma luta hegemonista e um debate raso, com inclusive um sectarismo que vai do PSTU ao PT, passando pelo PSOL e PCB, e que ignora o fato de sermos a cabeça de ponte da luta anti homofobia, anti racismo e  antifascismo, chega ao nível do imobilismo.

Enquanto estamos imóveis o mundo explode, e enquanto o mundo explode as divergências legítimas entre políticas, alianças, governos, nos reduzem a meros coadjuvantes do movimento de atropelamento de convicções e vidas que a direita utiliza, aproveitando nossa incompetência.

Nosso atropelamento com vítima pela direita não é fruto somente da ausência de avanços mais contundentes por parte do governo Lula e de seus recuos, da cooptação dos movimentos sociais pelo governo,da  desmobilizçãoa dos movimentos sociais, da incompetência da esquerda radical em ler as ruas e sair do gueto enquanto rola a briguinha pelas pequenas salas de CAs, DAs e Sindicatos. O atropelamento é filho da miopia generalizada que despreza o avanço de um tipo de reacionarismo , em especial nos mais jovens, que ignora o mínimo de humanidade em nome da imposição, se preciso com morte, de convicções racistas, homofóbicas, xenofóbicas.

Nossos inimigos por anos alimentaram nossa impotência, nos atacaram e nos encurralaram em um misto de incompetência com capitulação que hoje nos faz participantes ativos de um Ensaio Sobre a Cegueira,mais que realista, opressor e que nos ata. 

Enquanto o mundo explode estamos reféns de nossa cegueira em abandonar os limites de siglas e de consensos máximos para lutar por um mundo democrático onde nossa divergência sobre programas e ações sejam parte do movimento de avanço do todo. O inimigo usou nossa vitória de Pirro para alimentar os monstros que achávamos presos no inferno da história.Enquanto nos isolarmos na leitura parcial do real, lutaremos contra moinhos de vento, enquanto os monstros devoram nossas bengalas, e nos prendem nas prisões de nossas convicções.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A idade média contra-ataca

 O surto medieval da campanha, com padres e pastores assumindo o protagonismo do atraso ao atacar a legalização do aborto e a união civil de homossexuais, não é um fato isolado diante de uma correlação de forças hostil para avanços do campo da esquerda.  A neo-idade média é filha direta do avanços das forças conservadoras após 16 anos de ataques contra trabalhadores e movimentos sociais, guinadas constantes à direita em nome da conquista do governo pelo PT, do surgimento de partidos ligados diretamente à igrejas e ampliação da militância religiosa nos partidos, com ampliação do lobby religioso no congresso.

 Enquanto o combate a movimentos sociais e organizações de esquerda se intensificou, com redução de quadros inclusive, ampliou-se a presença de religiosos conservadores nas grandes cidades, com ampla organização, militância ativa e controle de meios de comunicação. Além disso a igreja católica assumiu o protagonismo na redução dos quadros de esquerda de suas igrejas, com ataques constantes que reduziram tanto os religiosos, padres e leigos, de esquerda, quanto as comunidades eclesiais de base e fiéis, com investimento direto e apoio à grupos conservadores, como a Canção Nova, e à movimentos "carismáticos" de conduta despolitizada e conservadora. Também ancorados tanto em mídia própria como apoio de grandes meios de comunicação, como a Globo e o uso do Padre Marcelo, estes grupos influenciaram fortemente a maioria dos fiéis, que bombardeados pela mensagem que reduz a fé a seu modus operandi conservador e à interpretação das escrituras baseada em fundamentalismos, misturam o ato de crer com a defesa de valores que estão além da religião e militam na política direta.



 Outro importante elemento é o da postura das organizações de esquerda e partidos de adaptação à um "jogo" político que se pretende "mediado". Assim o confronto contra posturas e idéias não-laicas, buscando avanços democráticos e construindo uma sociedade baseada em conceitos de igualdade, foi substituído pelo cálculo político eleitoral de não desagrado a determinados setores sem qualquer compromisso com a construção democrática, mas importantes sob o ponto de vista eleitoral. O lado da esquerda isso produziu a opção da negação do contraponto à ideais conservadores que pelo outro lado encontravam amplo terreno e oxigênio para a tonarem-se hegemônicos nos partidos da ordem. Assim os partidos de centro e direita tinham quadros cada vez mais ligados ao conservadorismo e a religiosidade reacionária enquanto a esquerda calava-se na opção de não desagradar eleitores, substituindo a luta diária pela luta eleitoral puro e simples.


 Neste contexto, a estagnação dos movimentos sociais e seu imobilismo cooptado diante do governo atual, o moralismo que grassou na esquerda socialista, a negativa da percepção da centralidade de lutas como a da legalização do aborto e união civil, em paralelo com as lutas de caráter classista, se juntaram a uma ofensiva das igrejas pela retomada do protagonismo político criando o palco perfeito pro desfile reacionário a que testemunhamos hoje. O debácle do laicismo tomando o PSDB, imobilizando o PT e fazendo parte da agenda de figuras públicas como Marina Silva e Heloísa Helena, tidas como progressistas causa estragos enormes em um quadro de avanços democráticos dos últimos 20 anos. O não enfrentamento da questão da comunicação permite que a concentração midiática da burguesia tenha aliados fortíssimos  no uso do aparato ideológico representados pelas igrejas e seus programas diários na TV aberta, rádio, jornais e revistas. Ou seja, templos e meios de comunicação unidos no bombardeio diário de ideais conformistas e reacionários, que tipificam indivíduos, negam direitos civis e se pretendem guerreiros de uma pureza moral que remetem a fascismos carolas.

 O medievalismo na eleição é um crime contra a democracia e precisa ser derrotado, combatido sem tréguas e com plena consciência de seu papel na derrota de qualquer projeto progressista, de qualquer partido, mas é preciso também entender em que condições históricas se dá o avanço de uma direita religiosa com poderes suficientes para serem mais que beatas em ladainhas aborrecidas. É preciso entender que o avanço conservador é também fruto de uma política deliberada de "governabilidades" e "coalizões" que não enfrentaram forças que barravam avanços democráticos inegáveis, além disso é preciso assumir que os moralismos udenistas da oposição de esquerda, a ausência de fortalecimento de concepções de partido que priorizassem a democracia radical em oposição ao personalismo, ajudaram na criação de um terreno fértil para  um retorno de uma inquisição eletrônica e seus meios canalhas de manipulação, via medo, da opinião pública.
 É hora da esquerda reocupar os espaços perdidos, dos movimentos sociais fugirem da cooptação, de ampliar os debates e as intervenções, ampliar a disputa de consciências, para além de governos, sob pena de assistirmos ao crescimento do fascismo de batina enquanto nos digladiamos na disputa de votos e "governabilidades".