Capitão América é um grande filme de entretenimento, nos faz sorrir, chorar, sonhar, nos tira do chão, nos faz perder a descrença e acreditar em super poderes, em corações de uma bondade incomensurável e que sempre põe os interesses da coletividade acima dos seus. Capitão América nos inspira a combater o mal, e o mal é sempre absoluto, tem cara, tem sotaque, tem postura arrogante, quer ser Deus, estuda, se forma, se torna mais forte que o mais destemido ditador, é uma caveira, é um horror e é vermelho.
O Bem é a liberdade e é o garoto do Brooklin, o simplório que luta e faz tudo pela chance de lutar contra o mal e pelo bem de todos, até arriscar-se a morrer, sentindo muita dor, pra ser um supersoldado.
Capitão América é um excelente filme de entretenimento com bons feitos, atuações, uma direção de tirar o fôlego, mas também é um belo Panfleto sobre o American Way Of Life, sobre uma idéia de liberdade que é baseada numa fantasia de vida que diz pra todo mundo que com trabalho e esforço todos tem a liberdade e são transformados, viram super heróis, ganham a mocinha, batem no bandido e são admirados pelos amigos e pelo povo. Só que na vida Real o Mal não é uma caveira e o bem não te dá soro do supersoldado.
Em tempos de crise Capitão América é um divertido meio de passar a tarde, mas a suspensão da descrença que a boa versão cinematográfica do personagem dos quadrinhos causa não pode esconder que ali o Capitão também é o homem branco e louro que representa um país que por anos foi o principal patrocinador de ditaduras.
O Capitão América não conta que pra seu país vencer a guerra matou duas cidades com bombas atômicas e depois dominou a maior parte dos países da América Latina sustentando elites que torturavam seu povo e enriqueciam na base de imensa exploração do trabalho, poucos direitos e muita polícia violentas.
O Herói diário que vai e volta do trabalho em ônibus lotados e luta por sua liberdade sem nenhum glamour pode e deve ver Capitão América, mas deve também saber que o Primeiro Vingador não lhe dará seu merecido soro do supersoldado, porque sabe que essa transformação pode lhe custar o sistema.
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