segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dos limites das pontes

A esquerda precisa muito de pontes entre seus partidos, muito. A esquerda não é um ente monolítico, concordante, fofo mas um amontoado de grupos,partidos e  pessoas que saudavelmente são múltiplos e têm leituras diferentes sobre uma vertente da teoria política cuja raiz em Marx não faz ser fácil existir uma só interpretação,se contarmos com seus comentadores aí é que a coisa vira uma zona sem  fim. Se incluirmos a esquerda não marxista entonces a festa vira micareta anárquica, e não estou falando só dos anarquistas como coloco os tais bolvarianos, Brizolistas e jogadores de truco de Jundiaí no maledeto barco Sinitro.

Diante dessa afirmação a gente fica naquela de evitar chutar o balde de pontes criadas por causa da tal tolerancia, caminho do meio, busca de uma radicalidade sem rompimentos, mas nem sempre rola, quase nunca rola.

Existe uma esquerda petista? Existe, mas irrelevante dentro do partido, mesmo a esquerda que apoia o governo e não o Partido é irrelevante diante do total do apoio ao governo e não ferem nem coçam o  conjunto de decisões da Dilma e seus blue caps. Diante disso acho bacana uma porrada de gente que converso e discuto,mas acho que é ilusão acreditar em governo e partido, que configuram como um bloco de apoio à mudanças no código florestal, Belo monte, represálias à OEA, realinhamento aos EUA, condenação do Irã, abertura do País à empresas chinesas com relação trabalhista precarizadas, ameaça sombria de repetição disso no país,etc. Este Governo Dilma e seu principal partido,o PT, fazem parte de um governo que é inimigo dos trabalhadores, da população em geral, mesmo em se pesando parte de suas medidas que vão na direção de melhorar a vida da população mais pobre porque a longo prazo este governo, esta coalizão trabalham na direção contrária de um governo do os trabalhadores e para os trabalhadores. O limite da ação deste governo e  coalizão são as medidas compensatórias, que não avançam na construção de um projeto de educação, saúde, reposição salarial, avanço nos direitos de excluídos, respeito ás populações e risco social, de forma prática e real estruturada. 

Desculmpem se eu ignorar se citarem a comparação com o governo Tucano, não estou criticando o governo atual em relação ao governo tucano,mas em relação a um governo dos trabalhadores, um governo de esquerda ou mesmo um governo de centro esquerda. O governo atual é incomparavelmente melhor gestor que o governo Tucano, mas é isso, um exemplar gestor do capital e não um governo que busca ao menos sinalizar de longe querer ser um governo de centro-esquerda, nem de longe ele está á confortável como governo gerente qualificado do capital,e não recebe critica consciente de seus apoiadores e partidários com relação a isso, o limite de sua ação como gestor do capital é considerado o necessário diante da idéia de "é preciso ir devagar e ir mudando dentro da correlação de forças atual". Essa velha ladainha é repetida ad infinitum desde o governo Lula e sua reforma da previdência em 2003. E o Governo Lula conseguiu,mesmo com sua clara prestidigitação política de acordo clássico entre forças políticas divergentes, cooptação de movimentos sociais, lideranças,etc, era um governo que perto do atual é quase Leninista, com toda ironia possível.

Quer defender o governo? Beleza, quer dizer pra mim que vai lutar até a morte por uma guinada de esquerda no partido e governo? Vá na fé, a ilusão é sua, mas me respeite quando eu for criticar este governo. Se você se alinha a quem considera toa crítica e ele e ao partido uma crítica "de direita", como fazer uma ponte entre a esquerda de seu partido, se você de alguma forma ecoa o bumba meu boi do oba oba mais redutor politicamente? Sem chance. Quer ecoar seu partido por ser parte dele, com um torcedor anencéfalo mesmo discordando por ideologia do que o governo e partido fazem? Ok, direito seu, mas me permita destruir a ponte ideológica pois você hoje é um inimigo aliado dos ruralistas,por exemplo, na destruição do Código Florestal.

Que me perdoe a minoria de esquerda do PT que fica puta quando se dói porque o PT é criticado, mas quem está no partido que apoia as remoções criminosas do Rio de Janeiro, abrigam o Ministro da Agricultura que quer porque quer anistia aos ruralistas desmatadores, que retalia a OEA por defender os dieitos dos indígenas em Belo Monte,  que mantem o Jobim contrário à Comissão da Verdade e é espião dos EUA é vossa senhoria, não nós. E sim,  estas medidas não são de esquerda, estas medidas foram feitas por seu partido, e sim seu partido não é mais de esquerda, embora sua minoria ainda tente resistir ao estupro coletivo diário a que é vítima pela maioria que caga solenemente pra ela.
A minoria de esquerda do PT põe o pau na mesa pelo pouco de avanço que seus governo fazem, pelo seu tamanho em relação à  oposição de esquerda e fica puta quando é reduzida á sua irrelevancia diante da cúpula de seu próprio partido e suas decisões nada de esquerda?. Conselho? Saiam do partido ou assumam ônus e bônus de serem governo.Se sua contabilidade ainda acha lucro ser enrabado todo dia, o que vocês querem que nós dos partidos da oposição de esquerda façamos,os elogiemos pela ilusória estupidez cognitiva e ideológica? Sorry, mas não vai dar.
Cês vão nos dizer que somos irrelevantes? que somos gueto? pode ser o que torna trágico o quadro de uma esquerda ou incompetente ou irrelevante ou pior,cooptada, destruída pela sua cumplicidade com o pior da burocratização, a  síndrome de Estocolmo de quem se diz oposição a isso, mas chafurda no aparelhamento do estado por sua agremiação, que burocratizada só pensa no conforto da máquina.

Por estas razões e problemas imbecis e pontuais nas agremiações governistas, que adoram ser esquerda,mas tanto mais seus cargos, e da esquerda oposicionista que ignora a necessidade de ocupar os espaços abandonados pela esquerda governista  em sua loucura de manter os parcos mandatos em um discurso cuja única radicalidade é alheia ás necessidades coletivas do próprio partido, e cuja presença militante voz militante é desorganizada por uma transformação dos partidos ou em partidos de mandatos ou em partidos de Sindicatos e CAs, mas sem vida, rua, debate diversidade, é que as pontes entre agremiações e militantes são parcas, e quase inúteis, pois a crise da esquerda  é clara, e leva as grandes questões de transformação social pra vala comum da irrelevancia fora da vida virtual.

É assim que fica estranho a comemoração de uma crise da direita, que ignora a presença da direita no governo que apoia, diante da ausência de qualquer menção da crise da própria esquerda, que hoje ou é cheer leader de um governo que a ignora ou é uma massa perdida nos twitteres da vida.

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