sexta-feira, 30 de julho de 2010

De responsabilidades transferidas a novas ordens camufladas

A nova modalidade de responsabilidade atribuída à esquerda socialista,em especial do PSOL, é a de ser responsável pelas derrotas do PT e por discordarem da lógica do "menos pior".  Aliás, é uma nova velha modalidade de chamar a esquerda de "Quinta Coluna da burguesia", isso enquanto sua vanguarda abraça Sarney no Maranhão, silencia o apoio de Collor em Alagoas, que só não ocorreu com partido e tudo pela coragem de seus militantes. Alguns  comunistas se aliam à Katia Abreu na mudança do Código Florestal e nos imputam a responsabilidade pelas derrotas da "esquerda" nas eleições.

O que diverte é que a cada busca de aprofundamento do debate sobre os rumos do país e das lutas das classes trabalhadores são levantados números inegáveis de avanços do governo federal na melhoria da vida da população pobre, colocando que ninguém havia feito nada. Mesmo concordando,o vício de analisar dados obriga-nos a contextualizar este fazer. Porque antes eram governos inegavelmente ligados às elites que expropriam e oprimem há séculos o povo brasileiro, hoje o governo é composto por um partido de esquerda, anteriormente socialista e cujo resultado de seu governo aponta sim para uma melhoria da vida da população,porém idem para recuos inimagináveis no que tange À política de direitos humanos, perda de espaço para a reforma agrária e redução do papel dos movimentos sociais no protagonismo das lutas, incluindo também a omissão governamental no aumento da criminalização de todos os movimentos sociais, inclusive o MST, aliado de primeira Hora do lulismo.

A ladainha do governo de coalizão é outro argumento circular que nos pretende acorrentar na rede de "recuos necessários", que nunca avançam. A cada abertura de consulta popular que nasce das conferencias nacionais há um recuo maior ainda na não implementação do decidido por elas, exemplo máximo foi o ocorrido no caso PNDH3.O que seria um instrumento de controle social do governo se transformou no sequestro dos movimentos sociais e sua "estatização" ao colocá-los a reboque do governo, atuando internamente via conferências e saindo das ruas.

As constantes fugas do assunto reforma agrária, a condenação sutil do MST pela candidata mor do reino, fora as alianças que matam militâncias importantes como a do Rio de Janeiro e Maranhão,onde o apoio a Sérgio Cabral e sua política de condenação da pobreza e Sarney, e sua existência, podem destruir qualquer vestígio de militância socialista do PT. Sem mencionar Alagoas, onde apesar da lutado PT local Collor aproveita sua ligação com Lula via apoio no Senado para reduzir as diferenças entre ele e seus antigos inimigos, colocando em situação precária a militância de lutadores vinculados ao PT.

As transformações do PT  são as responsáveis diretos pelas derrotas anteriores que o partido sofreu e não os ditos partidos radicais, que atuaram na busca de salvar bandeiras históricas dos trabalhadores entregues de graça pela cúpula do partido e pelo "governo de coalizão", na busca de manter o aparato do estado e a lógica eleitoralista recém assumida. A ausência do apoio dos partidos da esquerda socialista e redução dos quadros deste espector no próprio PTsão resultados de escolhas políticas que acabam por torná-lo se não igual, similar aos partidos da ordem e notórios perseguidores do povo e prestidigitadores das necessidades populares com PSDB e DEM.

Milton Temer é um dos que citam a enorme diferença de recursos lançados para o pagamento da dívida pública em relação aos do Excelente Bolsa Família..e nos faz pensar em como um governo que conquistou o apoio de uma massa enorme da população com migalhas nunca tenha pensado em dar um pedaço maior do mão para políticas de redistribuição de renda. Será que a esquerda socialista o impediu suas novas relações tornam difícil a quebra de alianças não mais ocasionais?

É necessário sair da superfície do discurso fácil do medo da direita e ver que o medo maior é ver nossa esquerda parecer cada vez mais com o que condenamos e lutamos. A necessidade de recuos momentâneos não pode ser álibi para tomadas de posição concretas que oficializam o recuo como nova ordem.

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